Introdução ao UX Frameworks na Pesquisa de Experiências, essa é uma segunda aula que a gente está tendo sobre criação de metodologias de pesquisa para pesquisa de experiências. E na semana passada tivemos um exercício com UX Cards, nessa semana nós vamos, de novo, fazer o exercício com UX Cards, mas também com o UX Frameworks, que amplia as capacidades do UX Cards da gente aprender a construir metodologias robustas e consistentes. O UX Frameworks é também uma ferramenta de meta design, assim como o UX Cards, mas ele está num nível de abstração maior. A gente vai trabalhar com questões mais amplas do que a gente já trabalhou na semana passada. Estamos aprofundando, mas talvez ampliando, seja a palavra mais correta, a nossa percepção do que é um projeto. Do patinho, lembra esse exercício que a gente fez nos patos, agora a gente vê processo e hoje a gente está vendo os projetos de pesquisa mais amplos que incluem esses processos. E o objetivo do UX Frameworks, dentro dessa ampliação de escopo, é ajudar na triangulação de métodos de pesquisa. Triangulação significa, três, né, triângulo, pelo menos três, pode ser mais do que três, mas pelo menos três métodos de pesquisa, um complementando o outro, mas também às vezes confrontando, desafiando, trazendo dados diferentes, maneiras diferentes de ver o mundo. O que é um framework, que está nessa palavra, o UX Frameworks? Frameworks é um esquema abstrato que permite fazer coisas complexas. Um exemplo de framework físico é o teá de pregos. Então, alguém já viu um teá desses? Já? Já experimentou? Teá com ele eu só vi. Já vi, assim, é bem complexo de fazer. É, então, a trama que você começa a produzir em cima do teá é complexa, mas a estrutura básica de um teá, assim como qualquer esquema de um framework, ela é simples. Qualquer estrutura básica do teá, é uma malha de... não, não é uma malha, é uma carreirinha de pregos grudados numa moldura e aí você vai usando essa agulha aqui especial, que eu acho que é uma agulha de crochê, eu não sei exatamente o nome, né? Você vai trançando e dando a volta nesses pregos e puxando o fio e você usa um... um bend ou algum tipo de estrutura para fazer um alinhamento dos fios para eles não encavalarem. Isso aqui é a estrutura básica de um teá manual, mas o teá pode ser muito mais complexo, pode ser automatizado, eu tô trazendo esse exemplo aqui para vocês perceberem que o que a gente tá fazendo com UX frameworks é criando essa estrutura básica simples aqui como uma moldura e o que vocês fazem com os UX cards, escolhendo as estruturas de pesquisa, os processos de pesquisa, é como se fosse essa trama aqui, tá? Então hoje eu vou passar alguns critérios para vocês perceberem isso de maneira abstrata. Isso aqui é uma espécie, uma metáfora do que eu tô fazendo com o teá de pregos. As dúvidas concretas que vocês já se depararam ou vão se deparar quando tiverem um projeto de pesquisa de experiências é o seguinte, que métodos eu devo usar? Então eu vou tentar ajudar a dar critérios para você selecionar esses métodos. A proposta do UX frameworks é essa. E saber como que os métodos vão se complementando, vão se confrontando, vão se fazendo coisas que um faz, o outro faz. Isso aqui o UX frameworks ajuda a trançar. Aqui é uma visualização ampla do algo que a gente daqui a pouco vai aprofundar. São os planos cartesianos que a gente utiliza no UX frameworks. A gente classifica os métodos, cada método aqui no caso dessa imagem é uma caixinha laranja, como é uma cartinha do UX cards. E esses planos cartesianos são como se fosse aquela moldura do teá de pregos. Então você sabendo classificar e organizar as cartas em diferentes molduras, em diferentes planos cartesianos, você começa a entender como fazer esse trançado aqui, essa costura de cartas. Você selecionar essa carta, com essa carta, com essa carta, com essa carta, com essa carta, para poder construir a metodologia necessária para o teu projeto. Isso não é trivial, é difícil de saber e demora bastante tempo, às vezes anos, para você desenvolver a habilidade de ir boa para planejamento de pesquisa. Mas se você tiver ferramentas de meta design avançadas como essas que eu estou trazendo aqui para vocês, vocês aprendem mais rápido porque vocês contam com um conhecimento materializado em ferramentas. Aquela história que a gente vem discutindo desde o começo da disciplina, na epistemologia do design, o conhecimento não está só na cabeça das pessoas, não está só nos livros, ele também está nas ferramentas e nos objetos de design. Na medida que você usa essas ferramentas, usa esses objetos, você está aproveitando esse conhecimento. Então vamos relembrar o que é a pesquisa de experiências, até para saber de onde vem o conhecimento que está embutido nos UX cards, nos UX frameworks. Ela é uma pesquisa para expandir a consciência da diferença entre designers e usuários. Então eu já mostrei algumas vezes esse diagrama, vou mostrar de novo porque ele é bem importante para entender a diferença entre experiência do designer, experiência do usuário e a proposta da pesquisa de experiências é contrastar isso aqui, mostrar que é diferente a experiência do outro. Essa pessoa que tem um grupo social diferente, os chamados usuários, essas pessoas são desconhecidas e você vai fazer uma pesquisa para conhecer essas pessoas até o limite do que é possível, dependendo do teu método. Tem métodos que permite que você conhecer em maior profundidade, outros mais superficialidade, outros que permite conhecer mais pessoas, outros menos pessoas. Então esse é o objetivo da pesquisa de experiências. O UX frameworks, como é que contribui para a pesquisa de experiências? Ele mapeia o espaço de conscientização dessas diferenças. E ele também orienta como se posicionar nesse espaço. Onde você está e onde você precisa estar depois da pesquisa. Então a maneira de você se colocar dentro da pesquisa, dentro de uma ferramenta visual. Isso aqui seria o espaço de conscientização abstrato da pesquisa de experiências. Você tem em um eixo o mesmo, que é você, os designers, a cultura dos designers, a cultura do grupo social que tem privilégios para ter acesso ao design, a ter acesso aos meios de produção. E o outro está no eixo horizontal, que são as pessoas que não têm esse mesmo privilégio, que não têm esse acesso, que não compartilham muitas vezes da mesma cultura que você, da mesma raça, classe, etnia, gênero, condição física e por aí vai. Então o UX frameworks, falando de maneira geral, ele vai ajudar vocês a navegarem por essas diferenças, tentando encontrar oportunidades de confronto entre uma cultura e outra, entre um grupo social e outro. Momentos de ponto de contato em que possa haver uma transformação dos dois lados. Existem vários tipos de diferenças que podem ser mapeadas dentro desse plano cartesiano que eu mostrei agora para vocês, mas eu vou focar em três aqui que são aquelas que eu já consegui mapear melhor na minha pesquisa. E que eu também utilizei como critério para outras pesquisas de experiências no passado. São três tipos, epistemológica, que tem a ver com conhecimento, cultural e política. Então a diferença epistemológica é o seguinte, que uma mesma situação do mesmo é diferente para a do outro. O mesmo vai ver a situação de um jeito e o outro vai ver a mesma situação de outro jeito. Por quê? Porque os repertórios culturais são diferentes, o conhecimento é diferente. Isso vai influenciar na maneira como você vai coletar dados e construir a sua base empírica sobre o outro. Então vai haver um momento que você vai perceber que o seu jeito de conhecer o mundo, enquanto o mesmo, é diferente do jeito de conhecer o mundo do outro. E a pesquisa de experiência é uma coisa bacana de descobrir isso. Isso não é uma coisa ruim. Você querer impor a sua maneira de conhecer o mundo é que é o problema, isso não é pesquisa de experiências. A pesquisa de experiência é abrir-se para a maneira diferente de conhecer do outro. Isso vai se desdobrar de maneira mais ampla numa diferença cultural, de que a visão de mundo do mesmo é diferente da do outro. Então parece que eles estão em mundos diferentes. É uma outra perspectiva completamente diferente de como que é estar no mundo, ser humano, viver em sociedade, viver em comunidade, ter certos valores. Um nível de diferença cultural tão grande que parece que está vivendo em outro mundo. Isso vai influenciar a atitude ética. Então a maneira como você vai se relacionar com esse outro devido a essa diferença cultural vai ser no sentido de reconhecer e aceitar e apreciar de repente essa diferença. Isso é uma atitude ética. E outra atitude ética possível é você odiar essa diferença, você achar que o outro é inferior, você achar que o outro tem que ser exterminado da sociedade porque ele é um câncuro, ele é um grupo social que não deveria existir, é um problema social que tem que ser eliminado, resolvido. Isso é uma atitude ética, embora talvez a gente possa até chamar de atitude antiética. Em todo caso, o que é antiética também pertence à ética. Mais estranho que pareça. E por último, a diferença política que é, digamos, a implicação cotidiana dessas duas outras diferenças. Porque existe a diferença de conhecimento e de cultura, existe também uma diferença política para determinar quem é que vence o debate, qual cultura, qual conhecimento que vale mais. Em uma hora vai valer um, outra hora vai valer outro. Há disputas para ver como que essas diferenças vão ser gerenciadas pela sociedade. Vão ser eliminadas, isso é uma decisão política, normalmente chamada de higienismo ou também no limite o totalitarismo, que é eliminar a diferença social. Se o sujeito é diferente, uma outra cultura, vão matar simplesmente daí a gente tem só uma nação de uma única raça, a raça superior. Então isso é uma política. Agora tem a política também de convivência, com diversidade, de você ter diferença, isso ser positivo, não negativo. Então isso se reflete então nos interesses. O mesmo tem um interesse diferente do outro e isso vai influenciar o nível de engajamento. Uma vez que você tem um interesse, você pode querer fazer parte ou você pode querer ficar distante do que está acontecendo, do que você está estudando, da experiência em todo caso. Então agora a gente vai desdobrar essas três experiências, mapear essas três, desculpa, essas três diferenças, dentro do modelo básico do UX Frameworks, o tal do plano cartesiano. Então aqui vocês veem no eixo horizontal a base empírica, que pode ser construída com dados quantitativos ou qualitativos, dados numéricos ou dados textuais, colocando de maneira bem simplificada. Daqui a pouco vocês vão receber uma folhinha impressa que vai detalhar melhor o que significa cada um desses eixos, porque vocês vão ter que aplicar isso no projeto de vocês. Por ora vocês não precisam entender o que significa quantitativo, qualitativo, mas entender basicamente a mecânica do UX Frameworks, o que a gente está tentando comparar em linhas gerais. Então você tem a base empírica, quantitativo, qualitativo no eixo horizontal e a leitura de situação no eixo vertical. Então você tem uma perspectiva de atitude individualista, uma atitude subjetiva e a perspectiva do comportamento em massa, um comportamento de grupo que é a comportamental. Às vezes pode ser mais atitudinal, às vezes mais comportamental. Então tem variação, tem graus em cada um desses eixos. Então não é só é quantitativo ou não é quantitativo, é mais quantitativo ou menos quantitativo. E mesma coisa para todos os outros extremos de cada um desses eixos. Esse tipo de malha, esse tipo de plano cartesiano pode ser usado para classificar os métodos do UX Cards. No último semestre, na última turma a gente fez um exercício de classificação de todos os métodos dentro desses espaços de conscientização. Deu muito trabalho, não vou repetir com vocês porque acho que não há necessidade, tem essas imagens depois quem quiser olhar nos slides com calma. Mas basicamente cada método desse pode estar num desses extremos ou pode estar no meio. Então o teste de usabilidade, por exemplo, ele é um método mais entre o quantitativo e qualitativo, ele pode gerar métricas quanti ou quali, mas ele é essencialmente comportamental. Ele não foca muito na subjetividade de cada pessoa, ele tenta encontrar padrões coletivos. Então isso é uma justificativa de porque essa carta ficou aqui, nessa posição inferior do plano cartesiano. A mesma coisa, cada carta dessa pode ter uma justificativa, agora não é o caso da gente detalhar, mas é algo que se vocês quiserem depois olhar com calma e conversar comigo a respeito, fiquem à vontade. Esse plano cartesiano não foi o que inventei, foi proposto pela Newsome e Norman Group, que é uma das empresas que mais pioneiras na área de pesquisa de experiências nos Estados Unidos, e eles propuseram então classificar os métodos de pesquisa dessa área nessas duas variáveis, quantitativo e qualitativo, atitudinal e comportamental. O layout do plano cartesiano é um pouquinho diferente, porque eles colocam as variáveis nos cantos esquerdo e inferior, mas funciona da mesma maneira que o outro plano cartesiano que eu estou utilizando. Agora, um ponto importante que eu queria falar desse plano da Newsome e Norman Group é que a maioria dos pesquisadores de experiências ou os tais UX researchers só conhece esse plano de triangulação de métodos, só usam esse. Eu acho que existem infinitas possibilidades de combinação de critérios para você gerar planos cartesianos. Eu estou mostrando três para vocês, então eu estou ampliando um pouco a perspectiva profissional de mercado, porque afinal de contas é isso que uns pesquisadores na universidade como eu têm que fazer. Mas vocês podem, se forem trabalhar na área ou pesquisar na área, desenvolver em novos planos. O UX Frameworks não é um framework só, por isso que ele tem o S, plural. Ele é uma maneira de criar vários frameworks, inclusive em áreas que não são tradicionalmente usadas para pesquisa de experiências. Por exemplo, você trabalhar com experiência de produto físico, que é algo que ainda está para ser pesquisado. Mas esse daqui é o espaço das diferenças culturais, então a gente vê o espaço da diferença de conhecimento, comportamental, atitudinal, quantitativo e qualitativo, agora a gente vê o espaço das diferenças culturais. Tem a ver com a maneira como as pessoas vão construindo valores na sociedade e visões de mundo. Então aqui tem a visão de mundo no eixo vertical, que é o mesmo. Então tem a visão de mundo caótica e a ordenada. Caótica acredita que o mundo tende ao caos, a entropia reina. Então se você quer tentar entender a realidade, você vai ter que ter um método caótico também. O contrário é a visão de mundo ordenada, de que tudo se encaixa perfeitamente, tudo tem uma estrutura. Se você quiser entender a realidade, você vai ter que ter um método que estruture a realidade tal como ela é. E aqui no eixo horizontal é o que você faz com isso, o que você faz com essa percepção da realidade. Você vai querer solucionar algo que você acha que está errado ou você vai querer problematizar algo que todo mundo acha que está certo. Então são essas possíveis atitudes éticas que a gente tem principalmente no design. Tentativa de questionar algo que está posto e para transformar, claro, e por outro lado solucionar algo que as pessoas já sabem ou já acham ou já querem ou você acha que tem que ser transformada, consertada, solucionada. Então aqui tem o mesmo exercício de mapeamento dos UX cards. Alguns cartões puxam mais para a problematização e são mais caóticos como a entrevista contextual, que ela só problematiza. Você não vai para uma entrevista e pergunta como é que resolve esse problema. Você quer entender o problema. Só que ela não tem estrutura, tem entrevista que você simplesmente senta e conversa com a pessoa e ela pode levar você para caminhos muito inesperados. Já o questionário é uma ferramenta muito mais estruturada. Você tem perguntas previamente definidas, então ela é muito mais metódico ou ordenado. Antigamente eu usava o termo metódico, hoje eu estou usando ordenado. Então o questionário é mais ordenado. E no oposto você vai ter o benchmark, por exemplo, que é tão ordenado quanto o questionário, mas ele visa mais uma solução, visa mais encontrar algo que está faltando no seu produto, no seu serviço, mas que seu concorrente já tem. Então tem vários métodos já mapeados. Depois vocês podem andar com mais calma. O último espaço de conscientização que eu vou apresentar para vocês é o das diferenças políticas. Dada a diferença de conhecimento e diferença cultural, existe um debate, um embate, existe uma disputa, uma arena. O projeto de design também faz parte disso. Então você vai ter pessoas que vão ter interesse mais de descrever o que está fazendo aquela experiência, quem são aquelas pessoas, porque elas fazem o que fazem, entender sem querer necessariamente interferir, sem querer mudar. Já o prescritivo é oposto, não quer entender ou já acha que já entende. Você quer transformar essa prioridade, você quer interferir, quer prescrever e dizer como as pessoas têm que se comportar. Mais comum aqui num trabalho parecido com a lei, um trabalho de normas, ergonomia, por exemplo, muitas vezes é prescritiva, porque ela vai dizer como que você pode evitar um acidente de trabalho causado por uma lesão de esforço repetitivo. Já o descritivo é você descrever como as pessoas são, especialmente o que não se sabe sobre elas. Então você está mais aberto, você estrutura um pouco menos a sua pesquisa. E a antropologia seria o exemplo. A pesquisa etnográfica é uma pesquisa que não parte de um princípio de como as coisas vão ser, como elas devem ser. Ela está mais aberta do que a pesquisa ergonômica. Agora no nível do outro, a relação com o outro, é que você vai ter um engajamento de distanciamento, de você estar não participante da atividade, da experiência que você está observando e a possibilidade de você participar em primeira mão. A gente já conversou um pouquinho sobre isso em outras aulas, de que se você participa de uma experiência, você tem uma perspectiva de dentro para fora. Você entende a subjetividade daquela pesquisa, ou melhor, daquela experiência, porque você participou dela diretamente, você teve os sentimentos. Às vezes você não quer ter esse sentimento, até porque ele pode criar conflitos de interesses. Então o distanciamento está ligado, ou a participação está ligada também aos interesses políticos. O engajamento também é um posicionamento político, uma maneira de você se posicionar em relação aos interesses. Então aqui tem mais uma vez a classificação dos UX cards. Você vai ter os mapas conceituais como uma maneira prescritiva e distanciada, você faz um mapa com base no que você compilou de dados, então não tem participação de usuários aqui normalmente, é um método mais amplo, que você olha as coisas de cima. No oposto você tem o diagrama de afinidades, que é mais participativo, os usuários e os stakeholders e participantes da pesquisa podem de alguma maneira organizar as informações, mas ali o objetivo não é dizer como tem que ser uma intervenção de design, ou solução de problemas, é apenas descrever aquela realidade que foi mapeada, entender os seus padrões. No meio do caminho você vai ter o questionário, por exemplo, no meio, como uma ferramenta pouco participativa, mas um pouco distanciada, mais pro descritivo do que pro prescritivo e por aí vai. Há controvérsias nessas classificações também, tem gente que vai pensar diferente a respeito desses métodos, isso é uma maneira também de a gente entender o nuance, porque esses métodos realmente eles podem estar, o mesmo método pode estar aqui ou aqui, dependendo da maneira como eu modifico esse método. Os métodos não são estanques, eu tô querendo estimular vocês a criar os seus próprios métodos, mas também transformar os métodos existentes, adaptar eles, esse é o princípio básico da educação para liberdade que eu tenho passado pra vocês. Então pra resumir, a pesquisa de experiências ela não precisa percorrer todos esses espaços de conscientização, mas ela devem passar pelos espaços que fazem a maior diferença, se forem na hora do conhecimento, na parte da política ou na parte da cultura. Uma das maneiras de redescobrir o que faz mais diferença é refletir sobre a filosofia da empresa, do cliente ou do projeto. Então esse é o que vocês vão fazer agora no próximo exercício, vocês vão pegar a filosofia da empresa de novo usando o Philographics, que é esse baralhinho de cartões de filosofia, a gente já tirou pra vocês na sorte, vocês vão só lembrar, tiver foto aí e tal, pega esse cartão, coloca num quadro branco e tenta descobrir quais são os extremos mais coerentes com aquela filosofia. Então dentre esses diferentes eixos que eu passei nos três espaços de conscientização, pega cada um dos eixos e diz "olha só, essa filosofia do estoicismo, por exemplo, os estudantes da outra turma acharam que ele era mais solucionador do que problematizador, mais qualitativo do que quantitativo, mais atitudinal do que comportamental". Vocês vão obviamente ter que se aprofundar um pouco mais na compreensão da filosofia pra fazer isso. Na prática real, que aqui é uma simulação, a filosofia corresponde, por exemplo, ao jeito como que a empresa faz as coisas, a cultura corporativa, abordagem de negócios, os interesses políticos, eu tô trazendo um elemento simples pra representar algo que pode ser muito mais complexo na prática profissional. Depois que vocês fizerem essa definição dos critérios mais relevantes pra cliente de vocês, aí vocês vão refazer a metodologia de pesquisa, tentando se contemplar o melhor possível os critérios relevantes pra esse cliente. Então se a filosofia do cliente indica métodos qualitativos, você vai priorizar métodos qualitativos, mas não é uma regra geral, você pode até ter algumas exceções se muito bem justificadas. E aí, pra fechar o exercício, eu vou passar verificando essa compatibilidade entre a metodologia que vocês propuseram e a filosofia escolhida. Então, pra fechar, o UX Frameworks é uma abordagem para triangular métodos de pesquisa, assim como se produz em malhas de tecidos. Essa triangulação metodológica, colocar mais de um método em interação, vai abrir espaço pra reconhecer a diversidade do outro na diversidade do mesmo. Se você quer reconhecer pessoas diferentes, com histórias de vida diferentes, com classe social diferente, gênero e por aí vai, você precisa de métodos diferentes pra chegar nessas pessoas. Pra algumas pessoas, o questionário é uma excelente ferramenta de expressão, porque ela gosta de escrever, mas também porque ela tem um computador e um celular na mão. Tem certas pessoas que o questionário nunca vai chegar nelas, porque elas não têm os meios pra escrever, porque são analfabetas, ou porque não têm os meios de acesso digital, porque são excluídas digitalmente. Então, a diversidade de métodos é fundamental, essa diversidade no mesmo é fundamental pra dar espaço pra diversidade do outro. Isso é um esquema que a gente já tinha conversado em aulas passadas também. Agora, cada framework que você vai criando pode dar origem a diversas triangulações metodológicas. Assim como você, a partir da mesma moldura, mesmo padrão de pregos, você pode fazer diferentes padrões de costura, diferentes padrões de trançados, que estão três exemplos de trançados que você pode fazer com essa mesma estrutura básica, esse mesmo esquema, esse mesmo framework. Aqui é a analogia que a gente tá fazendo a metáfora com UX cards. Então, com o mesmo framework, mesmo esquema, você pode criar diferentes metodologias de pesquisa de experiências. E isso significa que quanto mais você faz, quanto mais você cria diferentes metodologias em cima do esquema, você começa a olhar "sabe que eu não posso mudar esse esquema? Será que eu não posso trocar por outro esquema? Por outro espaço de conscientização? Ou por outro critério, você mudar os eixos, por exemplo, ali?" E é isso que acontece, por exemplo, quando no trabalho manual, quando você tá aprendendo a fazer esse crochê com essa básica, essa moldura, você às vezes vai querer trocar de moldura, pegar uma moldura um pouco mais avançada. É basicamente isso que acontece no UX framework, você tá estimulando a gente a trocar os nossos pontos de referência pra fazer um meta design. Então assim como nos trabalhos manuais, o conhecimento de meta design se desenvolve na praxis. E praxis significa prática mais teoria. Por isso é tão importante praticar enquanto se teoriza. Então a gente tava trabalhando com coisas bem abstratas, mas a gente vai ter um trabalho manual aqui físico, que é manipular essas cartas. Isso é porque a gente tá tentando trabalhar com design, com uma praxis que envolve teoria e prática juntas e não separadas em profissões diferentes. Uma das maneiras de ensinar esse assunto é ensinar só o meta design teórico, que é o que algumas pessoas fazem. E aí você tem um profissional estratégico que é aquele que vê as metodologias, desenvolve os design systems das empresas e determina de cima pra baixo o que os outros designers e outros trabalhadores têm que fazer. Eu apoio muito mais um processo de cima pra baixo e de baixo pra cima participativo e horizontalizado em que todo mundo pode participar. Mas pra isso precisa ter produção teórica na base também e por isso preciso formar vocês pra pensarem e construírem metodologias por conta própria e não só aplicarem a metodologia perfeita que o professor acha melhor para o projeto. Isso seria matar o pensamento teórico da parte de vocês. É isso, gente. Então vamos fazer o exercício. Se tiverem dúvidas...