Então vamos lá, minha apresentação é sobre teatro do oprimido para corporificar contradições de ciência, tecnologia e sociedade. Eu sou professor do departamento de desenho industrial, da UTFPR. As contradições clássicas de CTS, só fiz uma lista rápida aqui, que é o nosso tema. Determinismo versus não determinismo, a tecnologia determinando a sociedade ou não determinando. E aí não é nem lá nem cá, no CTS se discute que existe uma dialética entre esses polos, por isso eu uso o termo contradições para lidar com essas, às vezes, chamadas dicotomias ou oposições. Como eu gosto de trabalhar com a perspectiva da dialética, eu estou enquadrando dessa maneira. Então só para citar algumas outras, neutralidade tecnológica versus tecnologia com uma função específica e funcionalizando aqueles que usam essa tecnologia. Ou outra, conhecimento científico versus conhecimento cotidiano, ou às vezes chamada de senso comum, mas aqui na questão da contradição, se eu chamo de senso comum, já perde força, então coloquei dessa maneira. A existência corporal versus a consciência mental, essa aqui é a contradição que eu vou abordar mais nessa apresentação, porque ela me dá acesso a essas outras contradições aqui. Para você perceber e entender essas outras contradições, você precisa primeiro ter essa, lidar com essa contradição entre a sua existência corporal e a consciência mental, as outras contradições elas interferem umas nas outras. Existem vários métodos dialéticos em CTS, avaliação construtiva, avaliação participativa da tecnologia que são bastante populares lá na Europa, especialmente na Holanda. Existe análise do sistema da atividade, do Engelstrom, existe rastreamento de gêneros do Clay Spinozzi, dessas duas aqui vinculadas à teoria da atividade, psicologia sócio-histórica. Existe um mais recente movimento de mapeamento de controvérsias inspirado no trabalho do Latour, do Calon, e capitaneado pelo Venturini, que é um dos assistentes que trabalhou e colaborou com o Latour, que deu origem a um movimento bem forte de criação de visualizações ou também chamadas às vezes de humanidades digitais. Aqui no Brasil nós temos o professor Fábio Malini, na UF, acho que é da Universidade Federal de Espírito Santo, que produz vários desses tipos de visualizações a respeito das discussões sobre política nas redes sociais. Essa daqui é uma recente que mostra a controvérsia ao redor da publicação de mensagens da Lava Jato, ou seja, aquela série de reportagens conhecida como Vaza Jato. E desse lado a gente vê pessoas que estão contra a Vaza Jato e desse lado pessoas que estão a favor. Então ele está tentando basicamente mapear quem está dominando o espaço de discussão. Nesse momento aqui, quem está a favor da Vaza Jato. Em outros momentos, em outros mapas, ele vai mostrar outro tipo de interações. E na área de design, nós temos uma reflexão também, um professor que trabalhou junto com o Latour, o Pelém, de criação de coisas. E é difícil um pouco traduzir para o português porque "things" vem originalmente do sueco e daquelas línguas nórdicas e significa uma assembleia, um momento que as pessoas estão juntas para discutir alguma coisa. Aqui no português, quando traduz pra "coisa", se perde alguma coisa aí no meio. Bom, esses métodos todos descarecem de uma explicação, de um engajamento, um aprofundamento com certas abstrações cujos métodos dependem para serem efetivos. Eu já tentei, experimentei várias vezes com meus estudantes de design, aplicar alguns desses métodos. Aqui vocês estão vendo uma tentativa dos meus estudantes de utilizar análise da atividade. Mas eles se perdem bastante, demoram um tempo porque sem você fazer a leitura dos textos base, que é uma linguagem científica difícil de acessar, você dificilmente consegue implementar e aplicar esses métodos de uma maneira eficiente ou eficaz. Então eu tenho encontrado muita referência e inspiração no trabalho do Augusto Ball, que também trabalha com métodos dialéticos, só que a partir de um pensamento sensível. Ele contrapõe o pensamento simbólico, que é esse que é baseado em fala, baseado em discurso, baseado em livros e textos, ao pensamento sensível que é um pensamento que vem antes da definição em palavras, vocabulário, meio que uma comunicação consigo mesmo com as outras pessoas a partir de gestualidade, de corporeidade, de relações espaciais. E o teatro obviamente é uma arte que aproveita e mantém, digamos assim, vivo a importância desse pensamento sensível na nossa sociedade. E ele pega e aproveita essa poética do teatro para apoiar a causa dos oprimidos. Então ele cria o teatro do oprimido, mais ou menos junto com outras pessoas. Ele não é a única pessoa que conceitualiza, mas acaba sendo aquele que sistematiza o teatro do oprimido como um arsenal de técnicas teatrais para ensaiar as reações do oprimido. E o teatro do oprimido, então, basicamente é uma poética que ele sistematiza, em que você aproveita esse pensamento sensível para compreender as opressões e, a partir do corpo, ensaiar reações para o corpo estar mais preparado para lidar com essa opressão no cotidiano. Então eu vou apresentar agora os resultados de um experimento de aproximar o teatro do oprimido com o CTS, dentro de um projeto de extensão, uma atividade de extensão, ainda não chegou a se consolidar como um projeto, que visa fortalecer pessoas e coletivos que se sentem oprimidos pela tecnologia. Então eu já estava trabalhando com o teatro do oprimido anteriormente, com o Gonzato lá na PUC. A gente trabalhava o teatro do oprimido mais como uma ferramenta para apoiar o processo de interação. Agora, aqui, na UTF-PR, eu estou pensando como é que o teatro do oprimido pode ser a abordagem principal, ao invés de ser dentro do design, ao invés de ser um método, uma ferramenta, ele ser a abordagem para lidar com essas contradições de CTS. E partindo do princípio de que as pessoas, eventualmente, se sentem oprimidas pela tecnologia. Então a gente publicou essa atividade e eu fiquei na dúvida se realmente as pessoas se sentiam oprimidas pela tecnologia. Mas vieram lá umas 20 e poucas pessoas participar da atividade, pessoas que sentiam isso, se identificaram com essa relação de opressão. E aí eu, a parte do princípio, ou da premissa, de que essas pessoas são oprimidas não pela tecnologia, mas através da tecnologia, que é uma discussão que o Gonzato faz na tese de doutorado dele, ele lança essa possibilidade do usuário ser um oprimido nas relações de produção, de distribuição, consumo de tecnologia. E aí a tecnologia não é a opressora, a tecnologia media a opressão que pode vir dos produtores da tecnologia, que não pode, mas normalmente vem, a própria tecnologia já vem embutida com essa intenção de oprimir, dos opressores oprimirem os usuários, até na própria denominação e colocação do limite daquele usuário, você já está oprimindo ele a partir disso. Mas também uma tecnologia que amplia a possibilidade dos outros usuários dessa tecnologia oprimirem os próprios, um usuário oprimir um outro usuário, que faz parte de grupos sociais diferentes. E aí como é que na prática se dá uma sessão de teatro do oprimido tecnológico, desse projeto, dessa atividade de extensão? Então a gente não começa explicando nada, não tem uma exposição, a gente pede o consentimento dos participantes de que a gente discute usando o pensamento simbólico depois de passar pela experiência do pensamento sensível. Então as pessoas chegam no espaço e a gente começa já direto com os jogos dramáticos, que são jogos que prescindem da fala, são jogos que você joga utilizando o corpo, você se comunica ativamente com várias pessoas, mas evitando usar a palavra. Essa é uma das premissas básicas da estética do oprimido, que é uma parte do teatro do oprimido que trabalha e prepara o corpo para desmecanizar as suas opressões. As opressões por boa, elas estão mecanizadas nos nossos músculos. A gente já começa, por exemplo, a desenvolver uma postura curvada, para a gente estar se curvando para o opressor em vários momentos da nossa vida. Então esses jogos dramáticos, eles ativam o corpo das pessoas, aí a gente constrói imagens corporais, é um tipo de técnica que visa a improvisação de peças a partir de imagens estáticas, o que é muito fácil, muito acessível para uma pessoa que não tem uma experiência com teatro, não gosta ou às vezes tem timidez. Depois que a gente constrói imagens, a gente passa ao teatro-fórum, que esse é dinâmico, ele é um teatro improvisado também, mas ele normalmente é ensaiado algumas vezes, já o teatro-imagem não tem ensaio, ele é somente improvisado, no fórum existe um ensaio. E a diferença do fórum para a imagem é que no fórum você tem uma interrupção do drama para haver um debate com a audiência, a plateia, e essa plateia ela eventualmente troca de lugar com os atores, por isso que o Ball não usa esse termo nem plateia, ele chama de espectadores. Então todo mundo é espectador no teatro doprimido. E a gente termina essas atividades com o corpo, daí sentando no chão, fazendo uma roda de conversa, agora sim usando o pensamento simbólico para refletir e consolidar aquilo que a gente experienciou com o corpo e também para compartilhar, porque nem sempre as pessoas, nem sempre não, quase sempre as pessoas experienciam coisas completamente diferentes na mesma dinâmica. E aí por fim, ao final desse projeto, dessa atividade de extensão, a ideia é que surjam projetos de tecnologias para ações sociais concretas e continuadas, que é o objetivo e a motivação do teatro doprimido, para que não seja apenas um ensaio, mas que de fato já gere algum tipo de ação. Agora eu vou mostrar para vocês algumas reflexões dos participantes, mais ou menos umas 20 pessoas, só para ter uma noção de quem são essas pessoas. A metade mais ou menos são estudantes da UTFPR, a outra metade são pessoas curiosas que são da comunidade, digamos assim, que foram receber esse convite por meios digitais, o único modo de veiculação foi um grupo do Facebook que circulou por alguns perfis, e aí essas pessoas já tinham algum tipo de preocupação ou atividade de fato para democratização ou crítica da tecnologia. E aí agora eu vou apresentar para vocês uma foto, essa foto vai mostrar uma cena desses jogos dramáticos, ou do teatro de imagem, ou do teatro fórum, vai ter identificado o que essas pessoas estão representando nessas cenas, e embaixo vocês vão ver uma reflexão, usando pensamento simbólico, que foi dita depois dessa cena, ou seja, no momento de roda de conversa. Então essa frase que vai aparecer embaixo não foi dita no momento da cena. Então aqui nós temos uma cena em que temos um feed de notícias emocionantes, poderia ser no Facebook, no Instagram ou qualquer outra rede social, ele está se mexendo para atrair a atenção de um usuário, que acaba se frustrando em determinado momento, porque todas essas notícias mostram para ele coisas que ele gostaria de ser, mas ele não pode ser. E quem está ganhando com isso é um anunciante que pode oferecer um produto para esse usuário frustrado comprar, e aí sim se tornar feliz ou sentir as emoções que estão aparecendo na sua timeline ou no seu feed. Esse tipo de cena leva a discussões como essa, ou reflexões como essa. A tecnologia não é uma entidade autônoma, sempre tem alguém por trás dela. Então nessa imagem, nessa cena, a gente vê o anunciante como sendo aquele que desenvolve ou financia o desenvolvimento dessa tecnologia emocionante. E muitas vezes durante as sessões, os jogos, a gente tinha eventualmente essa pessoa ausente ou esse grupo social ausente. E aí pela interação com as outras pessoas, outros grupos sociais, ficava impossível você reagir à opressão se você não soubesse quem era o opressor. Porque logo ficava claro que a tecnologia por si só não configurava um opressor, ela era uma ferramenta de alguém que estava escondido. Essa característica de esconder os opressores que estão por trás da tecnologia foi também uma evidência que ficou clara em várias imagens. E aí sempre, graças a essa dinâmica de improviso, sempre aparecia alguém disposto a representar o opressor que está por trás dessa tecnologia. Aqui nós vemos uma pessoa que está levando o celular para as férias ao invés de deixar em casa ou de deixar desligado. E aí por conta disso recebe notificações ou algum tipo de interrupção do seu momento de entretenimento, lazer ou descanso com ofertas de produtos e ofertas também de algum tipo de vantagem falsa, que na verdade era uma estratégia de phishing ou alguma coisa que iria roubar os dados dessa pessoa. E a discussão associada a esse tipo de cena, toda vez que usamos um produto gratuito, nós se tornamos o produto. Para quem? Para o anunciante. Então aquela tecnologia vende os dados desse usuário para um anunciante direcionar mensagens. Aqui nós vemos um músico que, na verdade, é uma pessoa que está numa condição precária de vida produzindo música para atrair a atenção dos transeúntes e pedir esmola. E aqui nós temos uma digital influencer, uma pessoa que utiliza ativamente redes sociais para compartilhar sua vida, suas percepções de mundo. E ao invés dela dar uma esmola para um músico, ela grava um vídeo e posta um stories no Instagram. E não dá nenhuma esmola para esse pobre músico. E enfim, refletindo sobre essa cena e outras, o participante disse que a tecnologia não é acessível para todos e por isso serve para distinguir as pessoas e reforçar o status quo. Então o que ele está percebendo aqui é um estatuto, uma premissa básica da tecnologia. Ela por estar tentando aproveitar recursos que são caros, ela já está por si só reproduzindo essa desigualdade social, essa distinção entre aqueles que têm acesso e aqueles que não têm acesso. Isso seria, digamos assim, uma constante no desenvolvimento, na comercialização da tecnologia. E uma característica também de opressão mediada pela tecnologia. Aqui é uma cena clássica do teatro da oprimida, é um jogo didático chamado "Os quatro em marcha". E aí, os participantes da oficina têm que descobrir uma maneira de reagir a essa opressão. E aí, aqui tem um dos improvisos para tentar reagir. Estas duas moças aqui estão dançando lateralmente ao movimento da marcha. E elas conseguem, de fato, dançar. Eu acho que foi uma das tentativas de reações mais eficazes, porém não do jeito, não todos os tipos de dança que elas gostariam de dançar. Elas tiveram que dançar um polichinelo ali dos lados. E aí, uma coisa interessante, bastante impactante e forte que uma participante refletiu no final desse dia é que "eu sou o meu corpo, se eu morrer, acabou mesmo". Porque em vários momentos durante essa cena, que ela é bem pesada, os soldados acabam executando, matando os participantes que querem dançar. E vice-versa, eventualmente, aqueles que dançam acabam pegando em armas e matando os soldados. E é pesado. Isso aqui é teatro, as pessoas estão trabalhando com o corpo e percebendo a materialidade desse corpo que, muitas vezes, através de imagens na mídia, ele é trucidado, torturado, morto trocentas mil vezes e dá essa sensação de que a gente não morre nunca. O videogame, por exemplo, acho que é o caso mais formalizado de você ter várias vidas, mas isso não é uma experiência que coincide com a realidade do corpo. Então, rapidamente agora só citar alguns desdobramentos. Eu não tenho ainda terminado essa investigação do que esses participantes fizeram depois dessa atividade de tensão, mas tem algumas coisas aqui preliminares. Um aplicativo que um participante desenvolveu sobre contradições da empregabilidade. Ele estava estudando e pensando e refletindo sobre esse discurso do empreendedorismo que está muito forte hoje nas universidades. E aí ele fez um aplicativo que você podia escolher abrir o próprio negócio ou entrar no emprego. É um aplicativo que utiliza uma estrutura de árvore para interação, uma narrativa interativa com várias ramificações das escolhas. E aí você vai vendo o que acontece se você for um excelente trabalhador e seguir tudo que o seu chefe pede. No final, o seu chefe vai explorar você mais e mais e na hora que não precisa mais de você, te manda embora. Então o aplicativo faz isso, roda esse ciclo inteiro e você pode refletir. E eu vejo esse tipo de aplicativo como uma espécie de materialização do tipo de interação e de exploração do campo de ação que a gente faz durante o teatro oprimido, em especial na técnica do Teatro Fórum, que de fato a gente tem essa ramificação de possibilidades de ação e a gente verifica o que acontece, experimenta para ver o que acontece. Esse aplicativo ainda não está publicado na loja de aplicativos, mas eu estou incentivando o nosso participante para publicar, porque eu acho que é uma discussão interessante. Não sei se ele vai ser aprovado, mas só o fato de você submeter esse tipo de material para essas lojas, porque existe um sistema bastante controlado para distribuição de aplicativos nessa plataforma que ele usa, mas já é uma reação à opressão. Além disso, tiveram algumas oficinas de teatro oprimido organizadas pelos próprios participantes. Isso era um objetivo desde o começo da oficina da nossa atividade de extensão. Eu propus "olha, eu quero que vocês saiam daqui formados, coringas, que vocês possam reproduzir essas técnicas e abordagem do teatro oprimido em seus contextos de opressão para que isso aqui não seja uma atividade de extensão desvinculada de uma atividade de transformação da sociedade". E aí aconteceu já alguns casos, um grupo de participantes que estava vinculado a um trabalho de uma ONG chamada "We are all smart", que trabalha com robótica educacional para crianças de baixa renda na cidade industrial em Curitiba. Eles organizaram uma oficina no quarto seminário de uso de tecnologias de informação por crianças, adolescentes, jovens e adultos. E se depararam com dificuldades de usar o método porque o teatro oprimido tem uma série de jogos e eles propunham esses jogos para as crianças. E como as crianças não conhecem esses jogos, elas estão acostumadas a jogar só os jogos que elas conhecem nas aulas de educação física, elas ficavam falando "não, mas esse jogo aqui está errado, tinha que ser daquele outro jeito, porque eu já conheço esse jogo". Mas não era o jogo, era parecido, então isso gerou uma certa confusão. Mas enfim, é um começo. Tem um grupo também de mulheres na computação, na UFPR, um dos participantes desse grupo já utilizou algumas técnicas lá na UFPR. E nós temos também esse mesmo participante participando de outro grupo que está construindo um centro cultural para jovens na periferia. Ele também está organizando a oficina de teatro oprimido lá. Por enquanto é isso que eu tenho de desdobramentos. Concluindo algumas reflexões sobre esses conceitos que a gente está trabalhando, né, contradição, normalmente não é um conceito trabalhado a fundo pelo teatro oprimido, embora o Augusto Ball mencione eventualmente que a opressão é uma manifestação da contradição, mas não existe ainda uma articulação muito clara entre o termo contradição e opressão. E aí na minha visão, que eu estou trabalhando, digamos assim, temporariamente, é esse tipo de articulação. Contradição não é o mesmo que opressão, mas existe uma relação entre as duas coisas. A contradição é uma tensão acumulada historicamente, por exemplo, entre o capital e o trabalho, que dá origem a relações de opressão entre grupos sociais. Então quando essa tensão começa a se manifestar entre grupos e cindir a sociedade, a tensão inicialmente pode não estar, pode estar no dedo de um grupo só, mas quando ela começa a articular relações entre grupos, aí você tem opressão. Por exemplo, a opressão de classe, que é a clássica do Marx, né, entre burguesia e proletariado. Então, opressão, agora colocando numa linguagem que é fácil de você trabalhar durante esse tipo de atividade, é quando, a opressão é quando a contradição é sentida na pele e vivenciada no cotidiano. Então aqui, a contribuição que é o conceito de opressão dá ao materialismo dialético, aos métodos dialéticos, que a contradição muitas vezes ela é um dispositivo mental, uma articulação abstrata às vezes para algumas pessoas e uma dificuldade de você configurar de fato uma contradição na sua análise, ela pode ser muito melhor desenvolvida a partir de uma vivência, uma experiência ou de um começo com a opressão. Então eu vejo o teatro oprimido como uma maneira de trabalhar contradições a partir da opressão, embora ontologicamente coloque a contradição como origem da opressão, enquanto o processo de aprendizagem eu vejo a opressão como um primeiro passo para você entender a contradição. Então, por fim, qual o estatuto da tecnologia em relação à opressão? Ela é uma mediadora de relações de opressão e aí ela também vai reproduzir contradições na sociedade. Então a tecnologia, obviamente não é neutra, mas nesse caso aqui ela também não é antideterminista, não é não determinista nessa visão do teatro oprimido. A tecnologia ela é um veículo, uma ferramenta, uma amplificação das opressões e, consequentemente, reproduz contradições. Então a tecnologia ela é um dispositivo de reprodução das estruturas que são, por um lado, origem de opressão, por outro lado também são origem de libertação. Então eu vejo a contradição como sendo uma oportunidade de transformação social, uma fissura no tecido social que pode ser explorada para a libertação. Aqui estão algumas referências e é isso.