Táticas para expandir o objeto de design. A gente viu três tipos de pensamento projetual. O tipo de pensamento projetual sistemático, o intuitivo e o expansivo. Então eu vou recapitular esses pensamentos projetuais e mostrar exemplos que vocês desenvolveram. Pensamento projetual sistemático, ele define requisitos, projeta módulos, cria sistemas que conectam os módulos e componentes, evita erro e toma decisão baseadas em quantidades. Um exemplo aí de pensamento projetual sistemático se manifestou no exercício de projetar um sistema para projetar casas. A equipe de vocês, eu acho que foi a equipe que mais sistematizou a casa como um sistema de informação. A casa como uma informação, a gente viu também que é uma técnica de abstração que foi utilizada nesse projeto, onde você não vê mais o desenho de uma casa, você vê apenas as informações constituintes. Então a casa foi quebrada, digamos assim, nessas informações que constitui como um sistema de informação. Sem querer querendo vocês usaram o pensamento projetual sistemático. Pensamento projetual intuitivo, ele é desenvolvido a partir de uma inspiração, de uma observação do mundo. O conceito é visualizado com esboços, gera alternativas e o projeto, ele tende a um alto grau de coerência interna. Uma diferença fundamental dos outros pensamentos projetuais é que o pensamento projetual intuitivo não implementa as ideias que isso te desenvolve, apenas visualiza. Os projetos de sobrancelhas que vocês fizeram para os colegas na primeira da primeira exercício, tem muito essa característica de ser intuitivo, apesar de vocês terem visto um vídeo que dava algumas ideias... das questões que vocês deveriam tomar cuidado na hora de projetar uma sobrancelha, vocês fizeram aquilo baseado no olhar o outro colega e fazer um desenho, de repente fazer uma experimentação diferente, um outro desenho alternativo. Mas vocês não adotaram uma maneira sistemática de projetar sobrancelhas nessa etapa. Adotaram isso quando eu pedi realmente para vocês projetarem o sistema, e aí eu acredito que alguns de vocês tenham tido o aprendizado, se não tiveram eu vou remarcar, que o projeto de sobrancelhas também tem uma complexidade, tanto quanto tem a complexidade de um projeto de casa ou de website. Quando fizemos, quando o Peito, isso ficou claro, pelo menos para mim. As equipes que fizeram o projeto de sistema para projetar sobrancelhas, demoraram o mesmo tanto de tempo que a galera do website e da casa. O pensamento projetual expansivo, ele é desenvolvido a partir da empatia, com tipos de pessoas diferentes, que você mesmo, né. O processo de trabalho, ele é colaborativo, por isso os modelos tem que ser simples e acessíveis a todos. Ele prioriza uma visão holística do projeto, todos os fatores são considerados, e as interações vão se dando através de prototipação rápida. Você faz vários modelos e vai mudando e modificando. Vocês fizeram um projeto na última aula, que eu considero expansivo. Alguns mais, outros menos. O projeto para repensar a casa acabou chegando na pergunta, para que ter tanto para aproveitar tão pouco? Uma pergunta que a princípio se você olhar não tem nada a ver com casa, mas se você ler a construção desse pensamento, os colchis que estão em volta, você vê a ligação entre esse objeto muito mais complexo, muito mais também genérico, que é essa contradição entre ter e aproveitar as coisas da nossa sociedade. Então eu volto para aquela pergunta que a gente viu na segunda aula, né. Qual é o objeto de design? O que nós projetamos, quando projetamos? Antes de eu passar para a minha resposta, eu queria ouvir de vocês. Depois desses experimentos, com casa, sobrancelha, com website, qual é o objeto de design? O que é um objeto de design? O que se qualifica? Casa era um objeto de design? Foi um objeto de design para vocês? Foi ou não foi? Website é um objeto de design? Sobrancelha é um objeto de design? Sim? Há alguma controvérsia sobre isso? Se houver controvérsia, levantem. Não? Todo mundo concorda que sobrancelha e design existem? I wrote design. Existe isso? É difícil de falar. Minha padrinha estudou, apesar de sobrancelha, ela fez aula e ela tem um caderno cheio de coisas. Eu ia trazer os que vocês precisavam. Ah, que legal. Bacana, traz aí, compartilhar. Então você confirma que é uma prática com elementos similares, se você comparar o seu sketchbook aqui do design digital, é parecido com o sketchbook que ele é? Sim, muito igual. Desenhos, como fazer as coisas. Está vendo? Olha só que interessante. E se eu for um pouco mais além e falar, vocês acreditam que bolo também pode ser um objeto de design? Cake design? Pode ser. Pode ser? Agora a pergunta é, o que não pode ser um objeto de design? O que não pode ser, por exemplo, a projeção de projetos. A gente fez projetos. Algo que é criado de uma forma que não tenha especialmente design, como a gente sabe que é o design digital, que é algo que é bem expansível, não é algo de montado, não pode ser criado como objeto de design. O que não pode ser um objeto de design? Algo que a gente não possa projetar. Algo que não possa projetar. Caso algo não tenha uma função, ou você acha que todo e qualquer objeto tem uma função, pode vir a ter uma função mesmo ele não ter. A sobrancelha tem uma função? Para o nosso corpo se pegar. Mas é porque ela tem uma função que ela se torna projetável? Não, não, fora disso. Mas assim, você pega uma escultura de arte, sei lá, principalmente é só para ser admirada. Quando você pega o mesmo objeto e utiliza ele para alguma outra coisa, não é em sentido. Entendi. Gente, eles estão colocando o argumento de que você só pode ser um objeto de design se você puder projetar a coisa. Mas se você vai ver uma obra de arte, ela não tem uma função específica. Ela não é feita para você utilizar ela. Mas você pode falar que existe um projeto de uma obra de arte? Por que ela não é um objeto de design se existe um projeto? Daí, estou jogando um contra o outro. Se você pode projetar a obra de arte, por que ela não é um objeto de design? Mas é, Lucas, se comparar com essa questão de definição, existe, sei lá, uma parte da normaldade, uma parte da responsabilidade da gente. Claro, tinha toda a questão da personalidade pessoal, estética, mas eu pensava que isso era uma questão de dignidade. Não é um design. Não é um design, é um estilo de uma gravata. Por exemplo, se eu quiser ter uma casa, eu posso simplesmente abrir quatro paredes. Mas se eu quiser pensar em como posturar ela mais confortável, se ela seja melhor, qual vista que eu posso ter, esses parecidos de gênero, eu estou fazendo o conceito de casa, mas melhorando ela a partir de gosto. Para mim, é uma gravata. Tá bom. Vou falar algumas palavras para ver, vamos fazer um teste rápido, para ver o que dá para projetar e o que não dá para projetar. Aí vocês vão respondendo bem rápido, tá? Sim ou não, tá bom? Eu espero é sem pensar muito. Vamos lá, bem rápido. Carro? Sim. Casa? Sim. Prédio? Sim. Árvore? Sim. Mensalha? Sim. Mensalha? Não. Rua? Sim. Ponte? Sim. Sim. Sim. Não. Aquário? Sim. Mar? Não. Você consegue, a partir do momento que você consegue criar, por exemplo, um nístilo ou qualquer coisa desse tipo, você está alterando o formato do mar. Então, se você insiste o mar, você coloca dentro desse mar, por exemplo, uma ponte, você já está intervindo nele de uma forma utilizada. Você tem também piscinas de ondas, que em certa forma se mudam o mar. Então, talvez, não como o oceano pacífico, você consiga projetar, mas você consegue sim projetar um mar, inclusive simulando todas as características dele, porque corais recifes, salinidade, temperatura, formato de onda, tudo isso você consegue fazer sem ter que saber. Beleza, vamos continuar então, ótimo. Avião? Sim. Nave espacial? Sim. Máquina do tempo? Sim. soja de dentes, cadeira, mesa, cortina, roupa, pijamas, gambiarra, que tipo de gambiarra? Direito para a policia com bomba. Bomba, bomba, bomba. Bomba, sim, bomba. Ataque terrorista. Sim, sim, bomba. Claro cara, sem dúvida. Vamos atacar o meu carro, vamos. Isso é atacar o terrorista. Eu quero fazer, eu quero meter medo da galera. Eu vou no meu carro, vou colocar uma bomba no meu carro. Se eu colocar na padaria da esquina, é um monte de bola, terrorista. Se for um tipo, dois prédios, um dos caras mais altos, um dos prédios mais altos. Você vai começar com o seu nome de nome? Claro, eu tive que pensar nisso. E vocês tem que começar com a conta da designer. Comida. Não é só comida. Sim, sim. Atendimento do garçom. Sim. Quem falou não? Não, pode? Sim, ele estava conversando com o professor de etiqueta. O garçom tem um lado onde ele vai tirar o prato, o lado que ele torce o prato. Ah, é. É o vídeo. Comportamento no trânsito. Não. Não? Quer dizer, você tem que escolher o comportamento. Se for verdade ou se não, verdade é cada um dos dois lados. Sim, sim, sim. Comportamento no trânsito pode projetar. O controle do tráfico, sim. Tipo, comportamento na questão de você xingar um carro no trânsito. Isso também. É, respeito no trânsito, mas é uma coisa emocional, não tem como projetar emoção. Não pode projetar emoção? Pode. Se não é uma coisa difícil. Pode projetar uma música? Sim. Pode? Você está ouvindo o compositor, aquela super sinfonia. Sim, sim. Você pode? Pode projetar um gosto? Sim. Pode projetar um gosto artificial? Sim. Pode projetar um cheiro? Sim. Pode projetar uma dor no coração? Pode. Pode? É, a não ser que você mate a pessoa, né. Mas, tipo, a dor no coração com decorrência de, você disse, catrismo, né. Por exemplo. É. A dor no coração vai ser uma... Não entendo como é que vai ser isso. Efeito, né. Tipo, você não vai conseguir projetar. Ah, não sei. Então, é possível projetar uma informação? Sim. É possível projetar uma interação? Sim. É possível projetar uma experiência? Sim. É possível projetar a fé? Sim. Sim? Sim. É possível projetar o corpo humano? Sim. É possível projetar o cérebro humano? Não. É porque a gente ainda não... Não, eu não vi o cérebro humano é emoção, né. O cérebro humano é de emoção? Não, não de emoção. Qual que é o problema com a emoção que você tem? Não pode projetar emoção? Não, não pode. Não pode? Não pode projetar emoção, gente? Existe algum robô que tem emoção artificial nele? Que não seja emoção? Pode. Que não seja algo que só seja gravado com o robô, sem que coisa? Tem um robô da Microsoft que virou nazista. Ah, tem um robô. Mas o robô tinha emoção? Não. Não, não. Mas e se eu projeto um robô para causar emoção em alguém? Ah, mas a gente já colocou o robô. Ele não tem emoção? Se o robô causa emoção em alguém, ele não tem emoção? Não. Então eu posso projetar uma cadeira para ter emoção também. Uma cadeira que provoca uma emoção. Posso? Pode. Mas aí a cadeira também tem emoção, não tem? Não. Não? Você pode projetar para emoção, mas você não pode projetar a emoção. E se eu sou um artista, um ator, melhor dizendo, um ator, e eu vou interpretar um personagem, eu não estou projetando a emoção do personagem? Não. E eu não posso projetar uma cadeira que estimula as pessoas a serem atores e atrizes no seu dia a dia? Uma cadeira. É. Que estimule as pessoas a terem emoções artificiais? Quando você projeta uma joia, você pode projetar a joia? Sim. Pode. Você projeta a joia por quê? Apenas para ser uma joia? Então você pode projetar a status social? Pode. Pode projetar a status social? Sim. Você pode projetar o holocausto? Pode projetar o holocausto? Pode projetar uma cidade? Sim. Pode projetar uma cidade? Brasil. Uma cidade grande, gigantesca, tipo São Paulo, dá para projetar? Brasil. Sim? Vocês acreditam que dá para projetar tudo, né? Não. Não? O que não dá para projetar então, Falle? Depois dessa discussão toda. O que vocês acham? O que sobrou aí? O que sobrou? O cérebro. O cérebro é a única coisa que não dá para projetar? É? Então pode-se dizer que a única coisa que não dá para projetar é aquilo que projeta? Ôôô! Você tá brincando com meta aí, Jair. Pesado. Você tá brincando com meta aí, Jair. Mas é o partir do momento que aquela coisa que projeta começar a ser projetada, aí você entra no meta. Porque aí você só vai conseguir sair dessa na hora que você encontrar aquele que projetou ou que projeta. Aquela mão que desenha mão. É, mão que desenha mão, exatamente. Beleza, galera. Era só uma discussão mesmo. Agora, fechamento. Quero deixar em aberto para vocês terem a sua própria perspectiva a respeito. O que pode ser projetado e o que não pode. A minha perspectiva é de que existe uma expansão dos objetos, uma tendência. Eu já falei sobre isso vendo da minha tese de doutorado. Antigamente pensava-se em materiais de construção. Hoje em dia, ou melhor, de uns 50 anos para cá, existe a noção de entidade complexa como objeto de design. E mais recentemente, a performance emergente. Então, aqui eu coloquei na linha a expansão do objeto casa, de uma casa de tijolos para uma casa moderna, para a experiência de morar. E aí, independente de ser através de uma casa. Todos esses três objetos podem ser projetados, na minha perspectiva. E o que vai mudar vai ser a evolução, digamos, da atividade de design. Às vezes a atividade de design vai estar focalizada em casa de tijolos. Mas, outras atividades de design, mais vanguardistas, vão estar focalizadas na experiência de morar, independente de se for de tijolos, ou mesmo se for uma casa. Sobrancelha, né, objeto de sobrancelha. Antigamente era a questão da remoção de pelos, depilação. Hoje você já fala em design de sobrancelhas. E eu acredito que a tendência é pensar no tratamento estético como um todo. Mesma coisa nos websites. Antigamente se você dominava HTML, "Ah, sabe programar HTML? Ah, você é webdesigner." "Ah, você vai fazer um site aqui pra mim." HTML e JavaScript, eles eram os objetos. Você manipulava o código HTML, se você era um webdesigner. A partir do momento que você teve websites mais complexos, a divisão do trabalho surgiu, surgiu front-end developer, back-end developer, surgiu o arquiteto da informação e o webdesigner. Mas hoje em dia o webdesigner se separa até entre o user experience e o graphic user interface designer, GUI designer, qualquer nome que se coloca, né. Quando você coloca uma pessoa especificamente pra lidar com esse objeto da performance imediante. Então eu tô colocando esses exemplos aqui, não porque eu quero que vocês decorem, mas pra mostrar que os objetos de design, eles escapam da nossa capacidade de descrevermos. Conforme você vai evoluindo na sua carreira, você vai vendo que o que é projetado pela sua profissão vai mudando. Então eu vou agora introduzir uma teoria sobre objetos, né, mudança de objetos nas atividades, que é a teoria da atividade. Ela diz que um objeto é aquilo que orienta uma atividade. Aquilo que é transformado num produto ou num resultado. Aquilo que encerra vários motivos, inclusive os conflitantes. Aquilo que, removido de uma atividade, deixa sem sentido algum. Olhando essa foto, eu me pergunto, qual é o objeto dessa atividade? Qual é essa atividade, primeiramente? Qual é o objeto da atividade? Veja a definição ali, hein. Pra o que esse homem tá orientado? O que ele tá orientado ali? Ele tá assoprando pra provar, certo? Ele tá orientado para o sabor. O sabor do quê? Da comida. O que ele tá transformando? Ele transforma ingredientes em quê? Em comida. Porque os ingredientes dos alimentos, cruz, não são comida. Você não come, não pode comer eles ainda. Quais são os motivos que estão em jogo? Por que ele tá cozinhando? Pode estar com fome, mas ele pode também estar querendo agradar alguém. Uma outra pessoa pode estar, o filho dele, por exemplo, participa dessa atividade xingando, reclamando e dizendo que não vai comer nada. Tá sem fome. Mas ele, não, não, filho, você vai comer, vou fazer essa comida, você vai comer. Se você tirar a comida da atividade de cozinhar, ela não faz sentido algum. Tá? Então essa é uma definição da noção de objeto. Tomem cuidado com a diferença entre objeto e instrumento, que vai vir daqui pra frente. Alguém falou colher, que o objeto dele era colher. Não, o objeto não é colher, porque a colher é apenas um instrumento para modificar o objeto comida. Assim como é o objeto de comida. Instrumento para modificar o objeto comida. Assim como é também outros instrumentos. Quem pode me citar outros instrumentos que aparecem na foto? Panela, que mais? Fogo, fogão... Tem dezenas aí. Agora, o pimentão, o que ele é? O pimentão é recurso que faz parte do objeto. Ele faz parte do objeto comida, mas ele vai ser transformado em comida. Mas ele é objeto, não é instrumento. Quando você tem duas atividades separadas, muitas vezes você tem uma transação entre essas atividades. O objeto de uma atividade se torna o objeto de outra atividade. Só que nesse processo de transição, um objeto se transforma no outro, porque a qualidade que é buscada no objeto para a outra atividade é completamente diferente. Por exemplo, por que a comida servida não é a mesma que a comida degustada? A atividade de cozinhar tem o objeto comida servida, ela quer servir a comida. Mas a atividade de comer, ela não está preocupada com como foi cozinhado. Ela quer degustar. Então, olha essa imagem aqui. Do lado esquerdo, são as qualidades do objeto comida que interessam para a atividade de cozinhar. Facilidade de preparação, custo de alimentos, ponto de obra, margem de lucro, conservação e prazo de validade. Do lado direito, são as qualidades do objeto comida que interessam a atividade de comer. Sabor, textura, gosto social, nutrição, preço e combinação de pratos. O objeto comida não é um, é dois. Pode ser o mesmo prato fisicamente, mas a atividade de cozinhar tem uma relação completamente diferente do que a atividade de comer. Esse objeto comida é... Como é que diz? Ele é... (Você pode falar, Luís?) É trocado entre a atividade de cozinhar com a atividade de comer. Mas ele poderia também ser compartilhado entre a atividade de comer e a atividade de cozinhar. Nesse caso, você teria uma cozinha colaborativa, que normalmente acontece em casa quando você tem um convidado que participa, dando dicas de como cozinhar, ou até mesmo cozinha junto para depois comer junto com você. Nesse caso, as duas atividades, comer e cozinhar, têm o mesmo objeto. Porque as qualidades são as mesmas buscadas tanto na cozinha quanto na hora de comer. Uma atividade... Alguém tem alguma dúvida sobre isso? Tá claro, diga. (Eu tinha uma dúvida sobre o seguinte.) (Nesse caso, por exemplo, a atividade da esquerda, na direita, não dá água, mas o objeto comida descoberta, né?) Depende. Qual o caso que você está falando? O caso de você cozinhar em casa com um amigo teu? (Não, mas é o seguinte, por exemplo, imagina que você está cozinhando para você mesmo comer, só que vocês têm que comprar comida. Mas, no mesmo tempo que você se preocupa com a preservação e a qualidade que você traga para o material, você também se preocupa com o preço desses negócios, a digestão, o sabor. Mas, nesse caso, essa pessoa que participa das duas atividades, não é meio que torna ela uma só?) Eu acho que sim. Porque, no caso de você cozinhar para si mesmo, talvez seja uma atividade só. Uma atividade de se alimentar, digamos assim. Em que o objeto comida desempenha esses dois papéis, de uma vez só. E por isso que é tão diferente cozinhar para si mesmo do que cozinhar para uma outra pessoa. Pode ver que é praticamente uma outra atividade. Até a questão de motivação é completamente diferente, né? Isso impacta no tipo de prato que você faz. Você faz o prato do jeito que você mesmo gosta, ou então, na maioria dos casos, você faz um prato que é rápido, porque você não aguenta cozinhar para si mesmo, não tem graça cozinhar para si mesmo, faz qualquer coisa no miojão lá e come, né? Mais alguma dúvida sobre objetos, de atividades? O que interessa para os designers, que tem a ver com essa discussão, é que as atividades mudam quando o objeto se expande. Então, quando eu estou falando de objeto de design, eu também estou falando de um objeto que vai ser trocado com uma outra atividade e que ele vai ter uma outra qualidade, certo? Assim como a comida é atividade de cozinhar e você pode mudar a atividade de comer, mudando o objeto comida, você também pode mudar qualquer outra atividade a partir dos objetos de design. Então, pensem no poder que isso tem, né? Não existe uma fórmula pronta para expandir um objeto de uma atividade. Nem sempre essas táticas que eu vou passar aqui para vocês vão funcionar. Eu apenas, rapidamente, compilei algumas táticas a partir do que eu vi que vocês fizeram na atividade de design de fancil e resolvi compartilhar com vocês, tá? Vamos lá, Alisson, com os exemplos do projeto de vocês. Rastrear sobre a origem do problema do design de sobrancelhas. Aqui tinha essa pergunta, né? Qual a função social da sobrancelha? Então, rastrear a origem do problema é a primeira e talvez a mais utilizada técnica de expansão do objeto. Então, você começa com o objeto sobrancelha para ser projetado e você começa a ter um objeto da função social da sobrancelha. Já é um nível meta. E aqui uma expansão ainda maior, eu diria, né? Chegando aí numa contradição que está por trás de ter uma casa. Para que ter tanto para aproveitar tão pouco? A minha tese de doutorado focaliza muito na questão da contradição. Quando você encontra a contradição, você encontra o núcleo em que você pode desenvolver várias coisas diferentes e essas coisas terão um grande impacto porque elas reproduzem essa contradição. Então, aqui vocês podem ver quantas possibilidades foram levantadas, né? Possibilidade de mudança de verdade para ser, fazer e pensar, status, para deixar uma boa herança, guardar alimentos, para fazer parte de algo, para intervir até a velhice. São muitas questões que eu tenho certeza que se eu pedisse para vocês "projete alguma coisa a partir do exercício que vocês fizeram na semana passada, vocês vão inovar, vocês vão repensar a ideia de casa". E talvez não venham com um projeto de uma casa, talvez venham com um projeto que enderece uma dessas questões sem necessariamente cair no clichê. Esse outro projeto também expandiu bastante, né? Foi até uma questão de motivacional, né? Por que o ser humano tem uma relação com a natureza? Por que o ser humano é individualista? Então, é individualismo como uma motivação para você ter uma casa. Ou também, aí eu vou aplicar aos outros, acho que isso aplica muito bem aos outros objetos também, sobrancelha e website, todos eles têm a questão do ego, da felicidade, necessidade de personalizar, segurança, satisfação. Se você tem uma sobrancelha muito grossa, as pessoas não acham que você é da rua. Onde eu ando? Outra tática de expansão do objeto, criar uma solução provocativa. Uma solução que não parece real, meio ridícula, às vezes, pensamento lateral. Mas ao ver essa solução, por exemplo, e se as sobrancelhas fossem tratadas e cuidadas como fosse bigode? Você começa a pensar "pô, mas meio estranho isso, né?" E aí, quando você interage com essa pergunta, com essa provocação, pode vir uma nova ideia, uma outra maneira de lidar com a questão da aparência que ainda não tinha sido considerada. Ela é meio que uma ponte entre uma ideia ruim e uma ideia boa. Uma ideia provocativa. Esse mesmo exemplo serve também para um instrumento que vem de uma outra atividade, importado. No caso, o bigode. Tanto é que eles até usaram um modelinho de um bigode que eu tenho aqui nessa mala, sem porquê, e botaram o bigodinho lá. O bigode não faz parte da atividade de design de sobrancelhas, que era o que estava sendo originalmente analisado. Mas trazendo o bigode, colocando ele ali em contraposição ao objeto antigo da sobrancelha, começam a surgir novas ideias de como lidar com sobrancelha. Embora esse projeto não pareça viável, ele com certeza é um projeto que estimularia a pensar ideias viáveis num processo de exploração. Por último, a tática de induzir ao confrontamento. Juntar essas diferentes visões e confrontar elas. Aqui eu achei interessante nas perguntas que foram feitas, o que é uma casa? Algumas perguntas são um pouco questionadoras e até mesmo desconfortáveis. O que você tem em uma casa? O que tem valor financeiro? Ou o que as pessoas sentem inveja de você, por você ter uma casa? O que pode uma casa, pensando no potencial dela, ser roubada, vendida, demolida, comprada, alugada, vandalizada? A pergunta inicial era "Repense a casa". E aqui já tem um pensamento de casa como um objeto problemático, um objeto que pode levar ao confrontamento. E isso aparece nessa exploração desse projeto. Até chegar numa pergunta extremamente distante da pergunta inicial, o que é uma casa? Quem é você? Vejam que o processo de expansão está muito claro no próprio diagrama, no andar da folha. Compartilhamento do objeto e sobrancelha entre duas atividades. Uma outra tática é compartilhar o objeto. No caso, eu já dei o exemplo da atividade comer com a atividade cozinhar. Se você compartilhar esse objeto, se você for no restaurante, o restaurante falar "Hoje, todo mundo que vem aqui no restaurante cozinha", com certeza vai ser uma atividade nova. Então aqui você tem a proposta de pensar, por um lado, por que usar a sobrancelha, o lado do usuário, a atividade de ter uma sobrancelha, ou usar, de mostrar na sociedade, e a atividade de cuidar dela profissionalmente, a parte de baixo, mais no meio, ou do lado esquerdo. Então você tem nessa pergunta uma possibilidade de unir essas duas atividades. Eu acho que esse projeto não explorou muito isso, mas é para onde ele iria se ele continuasse nesse caminho. Bom, é a parte de instrumentos para expansão que eu não vou apresentar hoje. Queria só perguntar se vocês têm alguma dúvida sobre essa avaliação que eu fiz dos trabalhos de vocês. O senhor tem uma dúvida mais técnica. Nosso grupo tinha cinco pessoas, e daí eu precisava entrar no grupo e não conseguia entrar no grupo. Na Ureca? Eu acho que eu já mudei isso. Eu acho que eu mudei isso. Alguém me pediu para mudar e eu acho que eu mudei. Mas se não eu vou dar uma olhada lá na Ureca. Mais alguém tem alguma dúvida sobre o conteúdo? Não? Então tá. Então... Vamos fazer a testemunha.