Boa noite a todas e a todas. Sejam bem-vindas ao Lado Laboratório Design contra opressões Estamos aqui na CB007 no subsolo Vugo Submundo da UTF-PR Centro Curitiba E eu vou fazer uma rápida introdução hoje sobre essa temática Design contra opressão que a gente vai ter várias apresentações de TCC nesta noite Daqui a pouco na sequência a Bárbara Silva vai apresentar o TCC dela Então como uma maneira de dar uma visão geral de coisas que tem sido feitas neste laboratório em especial conectando extensão com ensino Eu vou fazer uma rápida contextualização da história deste laboratório Então eu vou falar sobre Design contra opressão Primeiro ponto, não é uma coisa normal falar de Design contra alguma coisa Em geral Design é um campo que se pensa e se faz como sendo a favor de algo e não contra algo Uma evidência rápida para você provar esse ponto é você pesquisar no Google Scholar, no acadêmico Quantos resultados de pesquisa aparecem se você digitar Design para Quantos aparecem Design contra A quantidade para a primeira opção é muito maior, gigantescamente maior É dez, na verdade é cem vezes maior Isso significa o que? Que pelo menos do ponto de vista acadêmico não se pensa o Design contra alguma coisa Se pensa o Design para a acessibilidade, o Design para a usabilidade o Design para a inclusão, o Design para o capitalismo o Design para os negócios, o Design para a destruição ambiental mas o Design contra a destruição ambiental, contra o capitalismo, contra o capacitismo Esses são raros de ver Mas se a opressão que é o nosso tema é uma coisa que a gente não quer que exista mais A gente tem o desejo pelo menos de diminuir, como projetar contra a opressão? Essa é a pergunta básica que a gente faz nesse laboratório todo o tempo A história desse laboratório remonta a 2019 Um momento em que a gente teve uma ascensão muito grande de uma política de extrema direita que colocou como foco um dos personagens o próprio Paulo Freire Nosso patrono da educação brasileira Então a gente vê nessa imagem uma das manifestações públicas contra o Paulo Freire como se fosse um doutrinador marxista As universidades públicas estavam sendo atacadas junto com o Paulo Freire E a gente reagiu, a gente também fez as nossas manifestações A gente também leu o Paulo Freire Principalmente aqueles que ouviam as críticas, achavam legal o Paulo Freire, mas nunca tinham lido Foram lá ler, justamente para ter argumentos para rebater essas críticas Então nunca se vendeu tanto os livros do Paulo Freire quanto na época em que foram feitos esses ataques sistemáticos Por isso a própria ex-esposa dele que comentou que achava ótimo essa onda porque finalmente as pessoas estavam lendo e discutindo E não é só no Brasil, no mundo inteiro as obras dele são discutidas Bom, a gente estava fazendo manifestações também Se você lê Paulo Freire você não pode ficar só na leitura teórica, no blá blá blá como o Marco sempre lembra a gente Precisamos ter praxis, que é a ação junto com o pensamento Então a gente foi para as ruas, no começo de 2019 tivemos várias manifestações e a presença das entidades representativas aqui da universidade seja pelos descedos estudantes, seja pelos nossos sindicatos, professores, técnicos, administrativos seja com as articulações com outras instâncias de representações de trabalho mas também grupos feministas, movimento negro se unimos para defender a ciência que estava sob ataque e que depois da pandemia se tornou ainda pior esse ataque porém a gente perdeu esse espaço, essa forma de articulação Então o nosso querido professor Marco Mazzarotto em 2020 como uma das atividades que ele propõe de maneira ingênua sem saber a dimensão da que aquilo tomaria ele lança, ok, estão criticando Paulo Freire será que tem alguma coisa a ver com design? Ele lança então esse convite para uma roda de conversas online para experimentar inclusive esse tipo de formato que é um que a gente não tinha um costume de utilizar aqui na nossa universidade quando a gente tinha grupo de estudos, era grupo de estudos presenciais então foi uma iniciativa bacana, quando eu recebi esse convite eu aceitei de primeira e já encaminhei para uma série de outras pessoas que eu conhecia a gente ficou lendo Paulo Freire uns três meses logo após fundamos a rede Design e Opressão com os participantes desse grupo de estudos e os participantes vinham de várias regiões do Brasil a gente se encontrou não só na profissão, não só na luta, mas na vida nós somos pessoas que somos muito amigas depois de ter de então mantemos bons relacionamentos mas a gente fez um trabalho de educação popular, eu diria, na área do design de tentar buscar uma linguagem, uma forma, mas também um conteúdo de origem popular que falasse sobre a nossa relação entre o design e aquele momento pandêmico de muita exacerbação da opressão que a gente estava vivendo tivemos um capítulo de livro acerca dessa história, tem outros textos também eu vou resumir rapidamente os principais pontos que a gente aprendeu nessa trajetória o primeiro ponto é que o Discord é uma das melhores ferramentas para permitir o diálogo plural com várias pessoas falando em diferentes linhas, falando sobre vários tópicos sem parar ou diminuir esse diálogo por conta de uma limitação do canal que é algo que acontece em outras ferramentas que não permitem a simultaneidade de comunicação que a gente tem num diálogo face a face presencial o Discord talvez seria aquele que chega mais perto do que a gente consegue fazer presencialmente então em 2020 até 2021 a gente teve mais ou menos umas 60 reuniões desse grupo de estudos, toda semana lendo e discutindo algum artigo, algum texto algum livro interessante sobre opressão e fazendo relações com o design mais de 60 pessoas participaram, fizemos muitos experimentos para trazer essa questão da corporeidade que é importante para entender opressão como por exemplo teatro doprimido em 3D, modelando corpos usando o Magic Poser que é uma ferramenta de desenho e ilustração para discutir formas de opressão diferentes e como as pessoas reagem a ela. Essas aprendizagens do nosso grupo de estudos estão documentadas nas lives que a gente transmitiu no nosso canal do Youtube, essas identidades visuais muitas delas se não todas foram produzidas também pelo Marco em participação com o nosso grupo dos chamados complicadores como chamam aqueles que estão tecendo essa rede, mantendo ativa essas atividades a Poliana Andrade que vai apresentar o TCC na sequência também participou de organização de algumas dessas lives, também é uma das complicadoras e ela vai falar muito sobre essa história daqui a pouquinho. A Bárbara também participou em alguns momentos durante essa época pandêmica que eu me lembro, mas ficou bem quietinha, só o vinho né Bárbara? O curso Designs of the Press que a gente ofereceu no ano passado, 2021 e agora 2022 foi a nossa iniciativa para compartilhar as aprendizagens com pessoas que não falam português então depois das 60 sessões em português a gente fez pelo menos 16 em inglês para incluir pessoas de vários lugares do mundo e no ano que vem pretendemos oferecer um grupo de estudos semanal ou talvez bissemanal, quinzenal com a participação de pessoas do mundo inteiro, então quem tiver interessado em ter uma espécie de intercâmbio virtual e desenvolver a língua inglesa melhor lugar não tem. A gente também no ano passado teve um interessante movimento de articulação do professor Marco, eu e a professora Cláudia Bordim e fundar o laboratório Design contra a Opressão, o LADO primeiramente com atividades online, depois a partir de 2022 nós ocupamos esse espaço aqui, que vocês estão presentes muito obrigado por terem vindo e ocupando esse espaço, boa noite, sejam bem-vindos também e esse aqui é um dos experimentos que a gente tem feito aqui só para dar uma visão geral nas paredes, vocês vão ver alguns materiais e resultados dos nossos experimentos de Design contra a Opressão nesse caso estamos jogando o grande jogo do poder e não estamos batendo nos alunos isso aqui é apenas uma demonstração simbólica de como a violência se aproveita do espaço para estabelecer relações de poder a ameaça na verdade é uma característica principal da opressão a perspectiva de uma ameaça mais do que a violência explícita porém nesse caso dessa peça acabou acontecendo tudo em câmera lenta para não machucar ninguém uma das características bem importantes do LADO é que ele é um organismo autogerido, autogestionário, ele é dividido em vários grupos de trabalho cada grupo de trabalho cuida de uma tarefa, de uma execução de algum projeto de libertação dos oprimidos e qualquer estudante qualquer membro da comunidade externa da UTF-PR pode participar propor um novo GT e conseguir colegas para executar os seus projetos nesta reunião semanal chamada Bate-Bumbo Bate-Bumbo é uma espécie de ritual, dura mais ou menos uma hora toda semana estamos lá mantendo o ritmo dos GTs é um momento muito bacana que eu convido a todos a participar os Bate-Bumbos de 2021 já acabaram, 2022 já acabaram agora nós vamos para 2023 em março, retornaremos com os nossos Bate-Bumbos e todos estão convidados a participar, sejam estudantes, sejam professores sejam comunidade externa. Por fim, queria mostrar aqui o recapitulado que é a publicação que nós estamos elaborando para ao mesmo tempo comemorar e lembrar, registrar as diversas atividades que aconteceram dos GTs ao longo do ano e eu destaco a estética que a gente tem desenvolvido aqui que lembra um pouco o pós-modernismo, mas que a gente está tentando superar os vieses autorais, os vieses individualistas e os vieses estilísticos que esse pós-modernismo tem, porque aqui não são escolhas de uma pessoa só genial que criou, mas sim um projeto coletivo, uma cocriação coletiva assim como várias outras criações que a gente tem aqui do lado e a gente espera que também com isso está criando, desenvolvendo melhor dizendo, uma estética que enfatiza a criação coletiva, o corpo coletivo a responsabilidade coletiva, uma ética libertadora e por aí vai. Então, se... - Não permite, não permite a criação aqui individual, né? - Pois é. - Escrever, escrever, desmuralhar, é bem antético. [Risos] - Então, para concluir gente, se você está contra algo, tem um outro aspecto se você olhar para uma outra perspectiva, você vai ver que você está a favor da mudança, porque o que está posto, né, precisa ser contra para transformar. E qual que é a mudança que a gente quer? Bom, oprimidos projetando para oprimidos. No lado, a entrada é um processo de conhecimento para você se ver como oprimido mesmo que também você se veja como designer e também se veja como opressor. Mas primeiramente se identificar pela analogia à opressão dos outros. É isso gente, muito obrigado. E agora?