Então design impulsionado por contradições. Muita gente fala que design é solução de problemas. A minha tese tenta propor que existe algo por baixo dos problemas, que é a tal da contradição. E aí a gente é parecido com a ideia de problema raiz ou causa raiz que algumas pessoas trabalham em gerir esses sistemas, mas eu trabalho um pouquinho diferente. Muita gente define design como a aparência das coisas, ou a função, forma dessas funções, por aí vai. E mostram vários exemplos de projetos para definir o que é design. Computador, software, espaço físico, as produções gráficas, os impressos. Eu particularmente acho que tudo isso é design, na verdade todo o que é projeto é design. Mas eu vou trazer uma definição aqui para vocês, só para a gente ficar na mesma página, a definição mais fácil de entender o que é design é essa. Design é dar sentido às coisas. Do Klaus Krippendorf. E como é que é isso, história? O que é isso de dar sentido às coisas? Então eu vou começar a partir de um jogo, para vocês entenderem rapidamente o que é design. É muito simples. Vocês vão formar um grupo, vocês têm papel já com vocês aí? Quem tem papel para compartilhar? Uma folha de papel para cada um. Pode ser pequeno. Uma folha de papel para cada equipe. O sentido que vocês trabalharam nesse jogo surge de uma contradição. A contradição pode ser várias. Pode ser várias contradições. E na verdade é uma mistura delas que vai dar o sentido. Por isso que o jogo, eu gosto de jogos. Jogos colocam você numa situação contraditória e você tem que sair dela para você poder jogar. Então para você ganhar eventualmente. Então nesse jogo eu tinha várias coisas. Eu não sei o que é, mas eu quero saber. Tanto a pessoa que desenha quanto a pessoa que olha, passam por essa contradição. Ela precisa criar alguma coisa, mas ela não sabe o que é. Isso talvez seja uma das maiores contradições do design. Você quer criar algo, mas você não sabe o que é que você quer criar. A segunda, eu suponho que alguém saiba, mas eu não sei. Então o que eu vou fazer? Vou atrás das pessoas, ver o que elas falam, o que elas dizem, observar. Talvez eu consiga descobrir. Eu dou sentido a uma coisa, mas levo em consideração outras coisas. Nenhum sentido é isolado do resto do mundo. Por isso que é tão difícil você fazer uma coisa que tem sentido. Porque o sentido ele vem através de uma teia de sentidos. Você olhou o desenho no papel e falou de várias coisas que existem no mundo. Que se você não soubesse o que eu existisse, você não poderia ter dito. E pior, se você for fazer uma descrição do que era realmente que você tinha feito ali, você tinha colocado átomos, moléculas de tinta esperográfica ou de grafite em cima de uma superfície de papel. Uma descrição pura simplesmente crua do que é o que você fez, é isso. Mas por que você não deu esse sentido? Por que ninguém falou isso? Ninguém falou isso. Porque a gente já está numa tradição, independente de ser designer ou não, de que quando você passa esse material sobre uma superfície de papel, aquilo adquire no sentido outro, que não é o objetivo. E a gente está falando de design. Eu construo o meu sentido, mas eu sou influenciado pelos sentidos compartilhados. Isso no jogo, quando uma pessoa fala o sentido, você vai gravando, vai pensando, e depois quando você vai gerar o seu sentido e o seu desenho, você vai se basear naquela linha de pensamento, naquele train of thoughts, que a outra pessoa fez, e você vai provavelmente falar um sentido que continua essa exploração. Conclusão, o sentido é uma coisa disputada por várias pessoas, e organizações, e empresas, e empreendedores. Então, quando você cria uma empresa e você fala "O objetivo da nossa empresa não é colocar um produto no mercado, mas é repensar aquele tipo de produto, ou repensar uma atividade, ou repensar um desejo, uma coisa, qualquer coisa". Quando você fala isso, é que você está se posicionando como empreendedor para tentar modificar o sentido das coisas no mundo. Por isso que a minha abordagem tem a ver com mudar o mundo e não necessariamente projetar um produto, ou um serviço, que é o que eu vou enfatizar hoje de manhã. Vamos contar alguns exemplos de como designers e arquitetos utilizaram a contradição como recurso para gerar sentido. A Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 é considerada um dos melhores trabalhos de design gráfico da década, feito pela Tate, uma empresa do Rio de Janeiro, que gerou colaborativamente essa logo, e que deu um processo muito mais grande para quem quiser estudar o internet. Olhando para essa logo e olhando esses conceitos, que é o sentido que eles quiseram colocar dentro da logo, eu pergunto, isso aí é o Rio de Janeiro? Quer dizer, isso representa o Rio de Janeiro? Natureza soberante, energia contagiante, diversidade harmônica, espírito olímpico, excelência, inspiração, sustentabilidade, isso é o Rio de Janeiro? - Não, mas eu ouvi um Rio de Janeiro, parece que é um passado do resto. - É, mas é um Rio de Janeiro também, tem natureza soberante, tem, tem inspiração, tem inspiração, tem tudo isso, só que tem uma coisa que a logo não mostra, que é isso aqui, desigualdade social, conflitos, tráfego terrível, violência e por aí vai. Então quando você lê essa logo aqui, você lê também o que ela não é, você dá sentido para as coisas em relação às outras coisas ao redor. Então, claro, a logo das Olimpíadas é para enfatizar o lado bom das coisas, mas ela é tão forte nessa logo porque ela deixa de dizer certas coisas também. E de uma maneira que você olha e você vê isso, você vê que é o Rio de Janeiro tentando parecer cool, é o Rio de Janeiro tentando parecer colaborativo, você sabe que não é bem assim. E por isso que essa logo ganhou, digamos assim, ela se posicionou na contradição, exatamente, que existe entre o Rio de Janeiro, que quer ser centro de excelência do mundo, centro do mundo nas Olimpíadas, e o Rio de Janeiro que não consegue, enfim, ter um mínimo de organização de uma cidade grande. O Robert Venturi, para quem é interessado em saber um pouco mais da história da arquitetura e do design, ele foi o primeiro cara que escreveu sobre esse assunto, uma tradição, referência bibliográfica para quem quiser ir mais atrás disso. Ele, na verdade, é um dos fundadores do pós-modernismo, que é um estilo arquitetônico que tenta trabalhar com a oposição entre formas, formas que você não vê, que são harmônicas, que são desarmônicas. Então, o que você tem aqui desarmônico? Você tem uma confluência aqui do teto que é interrompida bem no meio, cortada, quebrada por uma espécie de átomo. E aqui você tem uma linha também em formato curvo que também é quebrada, mas ela continua. Então, o que é isso? É uma contradição. Ela é uma linha, mas você só vê essa linha porque você imagina ela, porque ela não está aqui, ela não continua, são duas linhas. Então, esse tipo de recurso que começou a ser utilizado a partir do pós-modernismo. Projetos que levaram isso mais a sério e conseguiram demonstrar a beleza da contradição, digamos assim, como recurso arquitetônico, é o Pompidou Centrain, em Paris, que o que eles fizeram? Pegaram o... Criam... você pegar um negócio e virar do avesso. Então, pegaram o prédio e viraram do avesso. Toda a parte de instalação e serviços que normalmente fica escondida virou a fachada do prédio. E ele é uma espécie de atração turística por conta disso. É uma contradição, porque em geral você guarda e esconde isso, mas ali eles quiseram mostrar que isso também era bonito. O Parc Lavillette, outro em Paris, também tem essa mesma estrutura do Bernard Choum, a ideia de você projetar um espaço arquitetônico para acontecer eventos e não apenas para você ter um espaço. Então, são várias, digamos assim, estruturas vermelhas que você tem nesse parque, que se conectam e você pode fazer eventos em um lugar para o outro. É uma ideia bem diferente, desafiando a ideia de que a arquitetura é um prédio. A arquitetura aqui, no caso, é um espaço mais amplo. Então, o que é uma contradição? A gente vai ver hoje, vamos usar esse termo várias vezes, talvez voltemos para esse slide algumas vezes. Então, preste atenção. Uma contradição é uma tensão acumulada na sociedade que uma pessoa empreendedora pode se aproveitar dela para transformar a sociedade. Ela não é um tecnicamente, ela é um embate entre duas forças. Se uma contradição, você só conseguir perceber um dos lados, você ainda não pegou a contradição inteira. Nenhuma das forças pode ser eliminada. A contradição não é assim, você pode pegar um lado e falar "olha, esse aqui é obsoleto, esse aqui está errado, esse aqui eu elimino". Justamente a ideia da contradição é que não existe um verdadeiro ou falso, os dois são verdadeiros. E isso por isso é uma contradição. Isso desafia lógica. Na verdade, eu vou passar para você de uma maneira de pensar que não é lógica. Se prepara. Pode ser superado pela criação de uma terceira força. Essa terceira força, ela contém as outras duas forças opostas e mais uma outra. Uma outra força que ela inove, digamos assim. Ela transforma a configuração daquela contradição. Isso é abstrato, eu sei, porque talvez vocês não estejam acostumados com essa maneira de pensar. A ideia é justamente essa. Eu vou mostrar exemplos e espero que isso vai ficando mais claro. O que vocês estão vendo aqui? Uma imagem? Uma imagem do quê? Mas é um cachimbo? Não é um cachimbo? É o cachimbo do Popeye? Olha, eu vou dizer para vocês o que é isso aqui. Isso aqui no momento atual é uma reflexão de raios que estão saindo de luz de dentro do data show, batendo nessa... centrando no olho de vocês. Isso é o que é, certo? Ele chegou quase próximo, colocando a imagem. É a segunda vez que eu estou jogando essa para vocês. Só que é claro que não é isso. Ninguém é idiota o suficiente para falar isso, porque... porque o que? Existem os sentidos... Porque os sentidos que a gente já tem dos objetos, das coisas, a gente está acostumado a usar imagens para falar de objetos quando eles não estão presentes. Então eu posso usar essa imagem, posso usar esses raios para falar de cachimbos, apesar de não ter nenhum cachimbo aqui. Mas apesar de tudo ele vai continuar sendo uma imagem que não é um cachimbo de verdade. Eu não consigo pitar nesse cachimbo. Eu não consigo cheirar o cheiro desse cachimbo. Então isso é uma contradição. Inclusive, o nome dessa obra já fala tudo, né? A traição das imagens. E aqui em francês está escrito que isso não é um cachimbo. É uma obra famosa do René Magnéter, que é a artista belga do surrealismo, que para mim é o melhor exemplo do que é uma contradição e que você não consegue escapar dela. Você não consegue falar "bom, isso aqui é só um raio, não escapa da contradição", porque todo mundo vai falar "não, espera aí, a gente usa isso aqui para dizer que é cachimbo e é cachimbo, mas não é cachimbo, porque não posso pitar". Se a gente poderia ir numa discussão interminável aqui, metade das pessoas que você... é um cachimbo, outra metade dizendo que não é cachimbo, nunca vai chegar uma conclusão de quem está certo e quem está errado. Por isso é uma contradição. Quando você consegue encontrar isso no teu projeto, você encontra uma força transformadora ali dentro. E vocês vão ver por quê. O que não é uma contradição? Não se engane. Se você, muitas vezes, tanto na faculdade de design, quanto na de engenharia, quanto na de administração, ou em qualquer outra área que trabalha com solução de problemas, vocês vão estar começando a pegar um dos lados da contradição quando vocês identificarem o problema. Então, problemas técnicos não são contradições. Por quê? Porque eles podem ser resolvidos. A contradição não pode ser resolvida. Como eu falei, é verdadeiro e verdadeiro. As duas coisas são verdadeiras, não se resolve. Um problema se resolve. Mas por que é legal pensar na contradição? Porque quando você resolve um problema, às vezes você cria outro. E às vezes você não está consciente de que isso está acontecendo. Por isso eu focalizo na contradição. Então, tudo isso aí não é contradição. Não é uma questão de opinião. É uma questão, uma característica da sociedade. Então, eu vou passar a perguntar alguns exemplos para vocês. É uma contradição ou não é? Um guarda-chuva que esgaça no vento forte. O que vocês acham? É ou não é contradição? Não é contradição? Por quê? Porque pode ser resolvido. Na Holanda tinha um guarda-chuva aerodinâmico. Lá chove muito. O guarda-chuva não era em formato redondo, era em formato meio triangular. Era em a vênega 1. Ele não esgaçava. Então, pode ser resolvido. Motoristas que desrespeitam as leis. É uma contradição ou não é? Não. Não é uma contradição? É, eu acho que é uma contradição. É, mas não tem que lidar a visão mesmo. Pode incentivar, pode falar. Isso, agora você chegou numa contradição. Então, isso aqui é uma contradição, na minha opinião. Porque eles deveriam seguir as leis, mas dependendo do contexto, você não pode seguir a lei. Às vezes, seguir a lei é perigoso para você e para outra pessoa. Por exemplo, no Rio de Janeiro, parar no sinal vermelho de madrugada. Não siga a lei. No Rio de Janeiro é de noite. É perigoso. Em algum lugar em Curitiba também são. Mas o pessoal aqui respeita a lei. Aqui em geral não atravessa no sinal vermelho. Mas no Rio de Janeiro pode atravessar e todo mundo faz isso. Crianças que pedem dinheiro no sinaleiro. Problema ou contradição? Os dois. As duas coisas, né? Se você for lá e falar "proibido criança pedir dinheiro no sinaleiro", o que vai acontecer? A criança vai pedir ele em outro lugar. O problema não é a criança pedir dinheiro no sinaleiro. O problema é uma família que não tem estrutura, não tem uma condição de vida. Esse é o problema. E talvez a falta de educação também dessa família. Então você não consegue diretamente resolver o problema. Não adianta também dar bolsa a família, dar escola, enfim. É um complexo, digamos, de coisas. É uma contradição. Falta de opções no supermercado. Seja opções veganas ou qualquer tipo de opção. Problema. É problema ou é contradição? Eu acho que é duas coisas. Que é o problema, mas pode não ser o problema. Tá, diga. Como assim é um problema? Eu acho que é o problema. É uma falta de oferta. Certo. Mas se for um supermercado supersegmentado, pode ser uma solução. Você quer oferecer somente aquilo. Isso. Se todo mundo está oferecendo um monte de coisas, de repente você tem um supermercado que só tem poucas opções selecionadas. Então, nesse sentido, o que você está chegando à conclusão de que isso é um problema, mas também uma solução. Logo, existe uma contradição por trás disso. E o que é essa contradição por trás disso? É a contradição entre o paradoxo da escolha. Alguém já ouviu falar disso? Do Barry Schwartz? Que a gente, hoje, vai no supermercado, tem um monte de opção. Você compra um e você fica pensando "será que eu comprei o melhor?" E daí você fica se martirizando, pensando "aquele suco, poxa, podia ser melhor aquele suco". "Eu vou comprar outro da próxima vez". E aí você compra outro e "poxa, aquele outro é melhor". Agora você tem que comprar os dois para provar um do lado do outro, para ver. Então isso é uma contradição, com certeza. Vamos tentar descobrir qual é a contradição do projeto de vocês? Vamos tentar? Não vai ser fácil nem garanto que vocês consigam pegar a contradição já nesse primeiro exercício. Mas a gente vai trabalhando durante amanhã. Isso aqui é um método chamado PSP, problemas, soluções, problemas. A foto que eu estou colocando aqui é da aplicação do método que eu fiz lá na presidência da república, antes da Dilma, ex-presidenta Dilma, ou, enfim, presidenta afastada Dilma, antes dela ser afastada. E parece que a equipe deles não conseguiu absorver, digamos assim, a contribuição que eu tentei trazer para eles. [Risos] Não, sendo bem, rapidamente, eu fiz várias coisas com eles, mas a minha mensagem principal era vocês não vão conseguir resolver a contradição eliminando um dos lados, que era eliminando os coxinhas da equação. Se vocês não conversarem com os coxinhas, não desenvolverem um debate, uma conversa, não escutarem, digamos assim, a catássia que eles têm, as reclamações deles, incorporarem isso com parte do governo, vocês vão... Rui! E foi, não deu outro. O que aconteceu? A Dilma fez um governo muito centrado em falar apenas com os aliados. Isso não só do ponto de vista político, mas também com a população do modo geral. Eu propus que eles mudassem isso e a gente conseguia algumas coisas, como o aplicativo Dialoga Brasil, só que chegou tarde demais, já estava afadado a cair o governo. Enfim, eu espero que reerga, porque eu prefiro muito mais a Dilma do que o Temer do jeito que está. Mas enfim, de qualquer maneira, independente de questões políticas, vamos usar a nossa técnica de PSP. Como é que funciona? Vocês vão desenvolver várias carreiras de exploração de problemas e soluções do seu projeto. Cada carreirinha dessa explora um problema. O problema está requisitado em uma cor, a cor rosa, e a solução é representada na cor amarela. É também um jogo que é um tempo. Vocês vão ter tempo para gerar problemas, tempo para gerar soluções. A solução gruda em cima do problema. Depois você cria o problema da implementação daquela solução. E depois a solução do problema da solução do problema. Vocês vão fazer isso por algumas sequências para perceber que nenhum problema é fácil de ser resolvido. Nesse momento eu peço que vocês juntem nas equipes. Se estiver incompleto aqui, tem alguém que está sozinho? Ah não, todo mundo tem equipe, né? Então beleza. Eu vou explicar aqui as regras do jogo, mas formem as equipes primeiro. Agora vocês vão olhar então os problemas insolúveis. Provavelmente eles encerram uma contradição. Tem uma contradição por trás desses problemas insolúveis. E também tem uma contradição por trás das soluções que vocês não tiveram problemas. Então eu vou pedir para vocês fazerem uma breve leitura agora com calma. Vocês vão ter cinco minutos para discutir em grupo, o grupo todo. Qual que vocês acham que é as contradições que tem no projeto de vocês? Desculpem, quais vocês acham que é as contradições? Se vocês tiverem dúvidas sobre o que é uma contradição, olhem aqui nos slides. Descutam cinco minutos aí para ver o que é as contradições principais do projeto. A gente procurou aqui o respeito na impressão e a consciência, você viu que a alma é a gente sem nem ceder. Sem nem nos três permanecer na mesma ideia. Aí, nunca a gente colocou essa da fora, porque acho que acabaria o grupo que seria o problema. Então na verdade eu acho que a solução seria a outra. Se você ficar uma terceira solução, você vai ter que fazer a mesma coisa. Então eu acho que a solução seria a outra. Então na verdade eu acho que a solução seria a outra. Se você ficar uma terceira solução, ninguém vai pensar assim nem ceder. Provavelmente vocês nunca vão encontrar, né? Essa divergência de opiniões, né? Sempre leva a uma situação que às vezes ela tenta se eliminar através da censura, através de decisões unilaterais, mas isso acumula uma tensão e depois volta através de resistência, através de sabotagem. Então não tentem resolver esse problema. É a minha sugestão. Tentem conviver com o fato de terem opiniões divergentes e apesar disso continuar desenvolvendo o projeto. Torne isso uma coisa saudável, é a minha sugestão. Pode ser. Beleza? A minha sugestão foi qual é a nossa verdade, o nosso propósito. Cada um tem suas sonhas, eu acredito, então isso é um ponto. É a questão dos sonhos, né? Cada um tem um sonho diferente. E apesar disso o negócio tem que continuar, né? Mais alguma? Vocês aqui estão falando bastante, fala então pra todo mundo. Quais são as contradições aí que vocês encontraram? A primeira é a implementação do Mata. A gente tem referências, a gente não quer entrar na referência, a gente quer modificar, só que... A gente não tem um moço ainda. É, e tá meio que retinando isso. A contradição também é violência, como avisar o horário que o lugar é perigoso, eu vou até com eles para que tipo, se a pessoa for perigosa, porque a pessoa tem um aéreo lá, pessoal, a gente quer que o cara explore a cidade, mas se o cara dá um feedback, até consegue saber que o lugar é perigoso, mas a gente não consegue mudar o comportamento do horário, se ele vai querer roubar pessoas, como que a gente vai mudar isso? Tipo, se o cara é um dinossauro, isso é o que eu quero no computório. E a outra contradição é que a gente não sabe como fazer pra receber dinheiro disso, porque ao mesmo tempo que a gente dá uma proposta gratuita de sair lá e explorar um lugar que você não precisa trabalhar nada, a gente não tem muito tornado de ser isso. É, tem um âmbito meio essencial, mas também... É, eu diria que o primeiro do mapa é um problema que vocês precisam desenvolver o mapa de vocês. Não é uma contradição. Talvez esteja uma contradição entre o que vocês querem fazer do mapa e o que vocês conseguem fazer do mapa. Digamos assim, mais uma contradição dos princípios por trás do mapa do que o mapa em si. Talvez algumas pessoas no grupo tenham uma concepção diferente. Já o problema, o último problema que você falou, o problema da violência, eu acho que é uma contradição, com certeza vocês vão ter que conviver. E o terceiro, eu acho que é mais um problema, que vocês têm que descobrir como ganhar dinheiro, é o modelo de negócio e a solução é o PIBEP. Vocês, qual é a contradição de vocês aqui? Então, a gente tem um pouco de dificuldade em achar, em definir realmente o que é contradição, o que não é. Mas uma coisa que a gente achou é a cultura da reciclagem, colocar isso nas pessoas. Por exemplo, não importa como você fala com todas as pessoas, assim, "ah, reciclar faz bem, jogar lixo errado faz mal", sempre vai ter gente que não vai reciclar. Então, para trabalhar em cima dessa contradição, a ideia seria já ver como são as pessoas. Mas aí você tem uma contradição, porque aí a pessoa vai começar a fazer isso, não porque ela quer reciclar, mas por causa do dinheiro. Mas isso não tem como evitar, é justamente, você vai ter que trabalhar com esses dois lados, o incentivo do discurso, de viver um mundo melhor e mais sustentável, e para o outro lado, o discurso do dinheiro é um incentivo objetivo. Acho que esse incentivo também não pode ser assinamento de um grande, às vezes como experiência. Pois é, isso é interessante, a relação da experiência. Mas você não é um ser humano, não é? Não, por exemplo, o senhor falou que nem a gente estava conversando sobre a mesma coisa, onde a gente está se sentindo, aí tem uma experiência de lixeiras na Alemanha, que você coloca e ela faz um "psssshhh" Ah, é verdade, o "fun theory", né? Fun theory. É uma referência legal para vocês. É isso que você vê, já é uma experiência do usuário. Então o cara vai reciclar só para escutar o barulho dele lá, como se fosse uma bomba caindo lá no fundo da lixeira, e aí você faz um "psssshhh" e gera uma experiência do usuário e o cara vai... Mas sabe o que eu pensei quando você falou de experiência? Você dá um voucher, de repente, de você... Você não ganha dinheiro, você ganha uma experiência de, sei lá, fazer uma hora de musculação numa academia. A gente pensou nisso, de uma altura de comediado. E daí por que, como é que você faz isso? Porque você pega da academia, que tem a lixeira também, e a academia paga, digamos assim, o serviço ali para um outro que vai usar. Se você tem uma ecologia de diferentes negócios, você tem uma oportunidade de criar valor sem precisar gastar dinheiro. Porque o pessoal entra com permuta, né? Ao invés de entrar com... Enfim, uma ideia interessante. Aqui, como é que foi a contradição de vocês, hein? [SOM DE ASSISTAÇÃO] A alta aceitação em si, o provasão. É mesmo porque isso, claro que vai... Em demanda, vai aumentar o lucro, mas também vai aumentar a quantidade de gastos. Você vai ter que trabalhar com mais, você tem que ter uma logística mais... Sem falar na pressão dos produtores de alimentos ali que talvez não consigam dar conta da demanda, né? É como, por exemplo, algumas redes sociais que às vezes você quer ter um monte de usuário, mas quando você tem um monte você não consegue dar conta. Ou você não consegue mais tornar sustentável ele porque é gente demais. Isso é com certeza uma contradição, vocês vão ter que conviver com ela. [SOM DE ASSISTAÇÃO] Mais alguma? Mas eu acho que essa é a principal. A questão de vazão e demanda, né? E capacidade de oferecer o resultado. Vocês? Gente, eu acho que são dois pontos. Principalmente, conhecimento técnico da equipe. Digo, tem parte dos negócios mesmo. Estou sentindo que tem integrantes que estão olhando pro foco do lado do projeto e os outros estão olhando pro outro foco. Então, enquanto a gente se confrontar, nunca vai chegar em alguma opinião. Perfeito, bem interessante essa ideia. É a terceira, quando vocês se confrontar o que vai sair? A terceira é força. E a outra é a gente estar com muito receio do deadline. Porque a gente está lidando com o processo de crescimento da planta. Se a gente não tem o conhecimento técnico ainda, desenvolvido, a gente não sabe se vai conseguir fechar o deadline. Então, tem esse conflito de saber se realmente vai acontecer. Eu entendi, o protótipo da Caponis, que eles querem construir antes de terminar o BDEP, é isso? É, a gente queria já demonstrar. Mas isso não é necessário. Não é necessário. Eu acho, na opinião, que seu mentor vai dizer melhor. É porque a gente já teve uma conversa inicial e a gente já vê que a equipe está querendo isso. Ah, entendi. Mas não é esse o ponto. O ponto é formatar um projeto, um produto, um serviço, eu acho, um plano de negócios pra depois implementar quando você tiver maior investimento. Sim. Não, beleza. Acho que é isso. Isso seria um problema, diria. É uma tradição, o segundo é um problema que pode ser solucionado. Eu acho que é isso, que a gente conseguiu enxergar. Tá bom. Beleza, então, galera, vamos continuar. Aguarde esses post-its que eu acho que vocês viram que é ouro pra vocês, tá? Pro projeto de vocês. Depois escutem em mais detalhes esses post-its que eu acho que vai dar material bom pra o desenvolvimento do projeto, tá? Lembrando que vocês gastaram muito pouco tempo nessa atividade, foi mais ou menos 20 minutos, vocês conseguiram fazer uma mega exploração do projeto de vocês. Se gostarem da metodologia, utilizem depois o projeto de vocês por conta própria, tá bom? O nome é PSP, Problemas, Soluções, Problemas. [Risos] Galera, agora eu vou passar um outro ponto pra vocês, tá? Vamos colocar um pouquinho mais, vamos entrar um pouquinho mais a fundo no conceito de contradição. Então, quero passar o conceito pra vocês de concretude da contradição. Pra mim, contradição não é uma coisa abstrata, ela não tá no pensamento, ela tá nas pessoas, ela tá no corpo, ela tá nas relações sociais, ela é concreta. O que é isso aqui que eu tô mostrando pra vocês? Quem sabe? Quem sabe o que é isso aqui? Concreto. Concreto? [Risos] Oh, terceira vez, hein, Sérgio? Então, galera, isso aqui não é concreto, isso é uma imagem de concreto. Mas pra algumas pessoas que sabem reconhecer o material, isso é concreto. Pra Xeres é concreto porque ela viu concreto, ela sabe, ela lembra, ela vê a imagem, ela faz sentido. Mas tem gente que nunca viu, prestou atenção, isso aqui, e olhou e falou um monte de bolinha. É um desenho abstrato. Mas pra Sérgio é um desenho concreto, ela sabe que aquilo é concreto. Mas pra algumas pessoas é abstrato. Então, isso aqui não é concreto, é uma imagem de concreto. Agora, isso aqui que eu tô mostrando, pense no que eu tô representando, não a imagem em si. Isso aqui não é uma coisa abstrata, a desigualdade social é concreta. E ela se manifesta até mesmo na maneira como a gente constrói as cidades. Essa imagem aqui de São Paulo, acho que isso aqui é Paraisópolis, e aqui do lado é um condomínio de luxo conectado diretamente, tem uma transição nenhuma entre a favela e o condomínio de luxo. Ela circulou o mundo, ela representa o Brasil. Não sei se vocês já viram isso em exemplos, assim, quando todo mundo fala desigualdade social, Brasil mostra essa imagem. Porque é realmente um absurdo, olha o naipe da sacada que tinham essas pessoas, e a situação que moram as pessoas a menos de 50 metros de distância. Então, é concreta, não dá pra dizer que essa contradição da desigualdade social é apenas um conceito criado pelos petistas. Não, você tá vendo aqui, tá acontecendo ali, na hora, você vivencia isso, se você estiver nos lados, qualquer um dos lados. O consumo também é uma coisa muito concreta, já é grandes massas de lixo, né? Aí eu tô trazendo aí a obra do Vick Muniz, que transformou esse lixo em arte, um documentário muito legal sobre esse projeto dele chamado "Lixo Estraordinário", recomendo altamente pra pensar, galera da lixeira aí, vocês têm que assistir isso aqui, tá? É, vocês já viram? Ah, então, é isso aí, eu recomendo. E aí a história da transartista transsexual que se vestiu de Jesus Cristo e saiu na parada de orgulho gay como se tivesse crucificado, né? Viviane Beleboni. Depois de fazer isso, ela sofreu vários ataques nas redes sociais, violência verbal, e por aí vai na rua. Então, preconceito não é uma coisa só que as pessoas falam, mas é uma coisa que as pessoas fazem também. Então, o que eu quero dizer, que a contradição é sentida na pele. Ela não é, mesmo que você não perceba ela, não pense, não tenha um conceito, não saiba que ela existe. Mesmo que você não saiba que ela existe, ela tá afetando você. É diferente de um problema. Quando você tem um problema, é porque você definiu uma coisa, você pensou, a partir do momento que você pensou virou um problema, mas antes não era um problema. A contradição não tem essa característica, ela é uma coisa que tá na sociedade. Aí um exemplo de uma contradição interessante no filme "A pele que habito", do Almodóvar, quem assistiu. O médico de cirurgia um plástico, ele tem a filha dele praticamente quase estuprada com um namoradinho, e daí o que ele faz com esse namoradinho? Ele vai transformando esse namoradinho numa mulher através da cirurgia plástica dele. E aí várias contradições surgem na relação entre os dois. Eu não vou dar spoiler mais do que já dei, é um filme muito interessante, sobre como a contradição é sentida na pele. É possível conceitualizar uma contradição, porém o conceito é insuficiente para compreender. O que quer dizer? A maioria dos casos, o que você consegue conceber da contradição é incompleto. Sempre que você cavucar, você vai encontrar mais, você nunca vai completamente entender a desigualdade social no Brasil. Você nunca vai conseguir entender o estupro. Você vai no máximo conseguir experimentar o estupro, se você quiser. Porque é uma diferença muito grande entre compreender uma contradição e você experimentar ela. Então a minha recomendação é não perco muito tempo tentando compreender ela, mas tenta agir sobre ela. Agindo sobre a contradição, tentando superar ela, é que você vai entender melhor. E para isso a gente vai fazer um exercício de teatro e imagem. Teatro e imagem é uma técnica que vem do cabedal de técnicas chamada teatro do oprimido, criada pelo Augusto Ubal, que é um dramaturgo brasileiro. Ele inovou no teatro nos anos 60, propondo que o teatro não era apenas uma maneira de representar a realidade das pessoas, ou a imaginação das pessoas, mas também uma maneira de mudar a realidade das pessoas. Teatro como uma maneira de transformar a sociedade. E aí ele pedia para as pessoas representarem no teatro as contradições que elas viram nas relações sociais. E aí através do teatro também se imaginava como poderia ser diferente essas relações. Agora vocês vão fazer apenas a primeira etapa, depois vocês vão ter a segunda etapa de dinamização, antes de tentar superar a contradição, mas para essa etapa vocês vão fazer uma coisa muito simples. Vamos fazer uma cena, uma cena estácula, em que a contradição principal do projeto de vocês, escolhem uma delas, se manifesta nessa relação entre as pessoas. Então, por exemplo, se a contradição tem a ver com pessoas que querem ter autonomia ao mesmo tempo que outras que querem ter controle, você vai, de repente, representar com uma pessoa assim e a outra pessoa, sei lá, tentando escapar. E você faz essa cena, tira uma foto, beleza? E aí apresenta para todo mundo. Vocês vão usar, a equipe de vocês vão dividir metade da equipe ou vocês vão dividir a quantidade, se vocês quiserem. Umas pessoas vão estar modelando os corpos das outras. Então quem vai atuar não vai atuar, na verdade vai ser atuado pelos outros. Então não se preocupe se você tem vergonha, alguma coisa assim de atuar, que você não vai precisar atuar. Você vai apenas oferecer ao seu corpo, ele deve ser o seu projeto, tá? Se você quiser usar alguns apetrechos para você conseguir, aqui você tem várias, algumas marcas. Se tiver um plano que você pode usar no seu corpo, quiser se esconder, pode usar uma mástera também, ou pode usar qualquer outro material para construir a imagem de vocês. Vocês têm cinco minutos para construir essa imagem. [Som de conversas] Mostra a imagem, mostra a imagem e explica o que é lá, faz de novo. Em cena de novo e explica. Não, não mostra no celular, não, em cena de novo e explica. Não, só faz a cena, né? E aí explica para a galera. [Som de conversas] Vai, explica a cena aí galera. Não é vocês, você explica a cena para a gente. O Rafa seria o usuário, nosso usuário, que estaria andando pela cidade, usando a deriva e o cara estaria soltando ele, porque teria que celular na mão. Você tem que pensar uma maneira de superar essa contradição então. Tá bom. Beleza, próximos aqui? Faz a cena aí. [Som de conversas] No caso dele é o cliente, tem uma fila de demanda, como a demanda é grande, tem umas pessoas que estão desesperadas querendo comer porque o horário ao tempo já está passando ali, e temos o cliente que está estressado porque não vai ter tempo de entregar todo o produto. Entendi. Legal, interessante. Acho que deixa ele até deixar mais uns 15 minutos de parada. [Risos] Vocês aqui, a cena de vocês. [Som de conversas] Explica a cena. Nós temos a nossa principal contradição, são ideias diferentes. Então ele não aceitando uma ideia que ela considera excelente. Entendi. Ela tem que aceitar? Vocês acham que é essa a solução? Não é a solução, é a contradição. Não é a solução. Tá bom. Tá, vocês aqui? Faz aí a cena. Vai, faz aí. Vai, explica aí qual que é a contradição. Explica aí a contradição do colega. A falta de motivação. O que? A falta de motivação. Vamos estar representando o cara aí, descansando. Mas é a falta de motivação com o projeto? Como é que é? Como se dirige? Explica aí isso melhor. A gente acredita que, principalmente nesse inicial, vamos agora. A gente tem que ter uma manipulação, né? Claro. Não tem sentido isso. Ah, entendi. Tá bom. Beleza. Vocês aqui? Ah, já foi, né? Não, vocês aqui. Faz aí a cena. Não, só se não atrapalhar. Assim. A gente fica lá, pra fora, pra dentro. A gente fica aqui, pra me ouvir. Seu. Aqui a gente tem, por um lado, o usuário desmotivado em reciclar, e por outro, a gente oferecendo uma recompensa, caso ele tenha uma atitude positiva, que é reciclagem. Porque ele vai pensar, tipo, "Ah, pra que que eu vou fazer isso?" Muita gente sabe que é errado julgar lixo em qualquer lugar, mas não consegue, tipo, falar, "Ah, por perigo isso eu não vou fazer." Mas quando você tem um incentivo, você acaba fazendo. Porque o nosso maior problema é criar hábito nas pessoas. Beleza? Legal. Muito interessante. Então, o conceito que eu quero passar de vocês pra vocês de contradição, é que não é que ele seja oposto ao problema. Na verdade, ele é o problema raiz, a contradição, mas ele também é a solução. E ali, se você estudar a contradição, você for na tua pesquisa, que vocês forem fazer agora, pros próximos dias, você focalizar nessa contradição, que vocês selecionaram aqui agora, depois de ter todos esses problemas, vocês fizeram uma mega seleção. E agora vocês usaram o corpo pra representá-lo de uma maneira que fique na cabeça, na memória, focalize nisso nas próximas semanas, tenta descobrir como superar essa contradição. E agora eu vou falar um pouco sobre isso. Como superar a contradição? Primeiro de tudo, quem supera a contradição não é o empreendedor, não é a tecnologia que o empreendedor coloca no mundo ou o serviço. Quem supera a contradição é a sociedade. O que o empreendedor faz, ele ajuda. Ele pode colocar, digamos assim, design no empreendedor, ele pode tornar visível essa contradição e dar ferramentas e instrumentos pras pessoas criarem a terceira força na sociedade. O que eu quero dizer? O Google, ele nos tornou o gigante porque era uma tecnologia boa, mas porque as pessoas usaram essa tecnologia pra caramba, entendeu? Então esse é o ponto. A contradição, ela carrega um princípio de mudança, e você como empreendedor tem que conseguir capitalizar em cima desse princípio de mudança, digamos assim, soltar ele. Ele às vezes está travado e você vai lá, você vai ajudar soltando esse princípio de mudança. Então a terceira força não surge como uma ideia na cabeça. A terceira força é uma ação do corpo inteiro que sopa o mundo. Então quando vocês realmente colocarem o protótipo de vocês em teste, é que vocês vão começar a saber se realmente supera a contradição ou não. Tá bom? Aí existe uma maneira de pensar, uma metodologia de pensamento chamada dialética, que é, digamos assim, um complemento à lógica. É uma maneira diferente de pensar. Ela pode talvez ajudar a trabalhar com contradições ou confundir vocês ainda mais. Então a primeira lei da dialética é que tudo está em constante mudança. Assim como na natureza, existe mudança das ações, existe a mudança nos seus estados mentais, na sua constituição física. Por mais que você acredite que você é a mesma pessoa sempre, se você olhar para trás você vai ver que a cada dia você está mudando. Esse projeto do Noah, é verdade, é fantástico. Ele tirou foto dele mesmo todo dia na mesma posição durante cinco anos. Aí você pode ver todas essas fotos na internet e perceber como ele mudou, digamos assim, apesar de ser a mesma pessoa. A segunda lei da dialética diz que o que impulsona a mudança é a contradição. Essa imagem é uma imagem que explica como que o passo, o que a gente dá para andar, na verdade é uma queda controlada. Então uma queda controlada é uma contradição, porque você não está querendo cair, mas você precisa cair para poder andar. Isso é uma contradição. Então existe até um nível físico você consegue ver essa contradição, que você só consegue andar porque a força que você exerce sobre o chão é igual à força que o chão exerce sobre o seu pé, porque senão você ia cair eternamente. A física explica isso. Então existem contradições na física e existem contradições no movimento das pessoas. Se você analisar de um ponto de vista cinematográfico ou de animação, que é um livro famoso aí do design de animação que tem essa imagem. A terceira lei, na verdade isso não é uma lei, isso aqui é mais um princípio. A contradição muda quando o objeto se expande. O que significa o objeto expandir? Que ele adquire um novo significado, um novo sentido. Então isso aqui é uma obra do Duchamp, famosíssima, que inaugurou a arte conceitual, que é a ideia de que qualquer coisa pode se tornar arte se ela estiver num lugar em que ela é reconhecida como arte. Então ele pegou um mictório, mas ele podia ter pegado qualquer outro objeto. A escolha do mictório foi justamente para causar o choque e provocar a discussão do que era arte. E aí ele colocou num local onde nunca tinha entrado antes o mictório e redefiniu o que é arte. O objeto da arte já não é mais a escultura, já não é mais a forma do objeto, mas sim o conceito que esse objeto tem na sociedade. E isso, digamos assim, fundou a arte contemporânea. Muitas vezes você vai ver uma obra de arte contemporânea e você não entende ela. Por quê? Porque a forma dela não é para ser entendida. Ela é um conceito. Vamos analisar um exemplo mais próximo do empreendedorismo para ver essas leis da contradição, essas leis da dialética, melhor dizendo, sendo aplicadas. O smartphone é um instrumento que tem vários objetos que foram trazidos de outros instrumentos. Quando eu falo objeto e instrumento são duas coisas diferentes. Por exemplo, qual o objeto de um instrumento de MP3 de que tocar música? O objeto dele é a música. Qual é o objeto do livro? É a história. Qual o objeto do GPS? A sua rota. Qual o objeto da máquina fotográfica? A imagem. Qual o objeto da agenda? É os seus compromissos. Qual o objeto do jornal? A notícia. Qual o objeto do caderno de notas? As notas. O que aconteceu? Qual o objeto do telefone celular? Antigamente era a comunicação. Agora o objeto telefone celular é todos esses. Então ele expandiu os seus objetos. Ele adquiriu novos sentidos. Só que o que acontece? Criou uma contradição com os métodos de input dele. Quando existia apenas o BlackBerry, que era o celular mais avançado na época que foi lançado o iPhone, o Steve Jobs fez uma crítica bem interessante. Ele falou que o problema dos BlackBerry e dos simulares é que eles não podem mudar de acordo com o objeto que você está lidando. Então se o seu objeto é foto, não muda. Se o seu objeto é música, não muda o input. Você continua tendo aquele mesmo teclado. Então o iPhone surge como uma tentativa de resolver essa crise no sistema. O número de aplicativos estava crescendo bastante para os celulares. Ou seja, os celulares estavam incorporando outros objetos. Só que o método de input não estava acompanhando essa diversidade. Então existe uma contradição entre o instrumento e o objeto. Isso aqui que eu estou mostrando para vocês é um sistema da atividade. É um modelinho que eu utilizo muito nas minhas aulas para você analisar em qual contexto vai se inserir uma tecnologia ou um serviço que você vai projetar. Daqui a pouco vocês vão aplicar isso no projeto de vocês. Então fique atentos a esses elementos. Os smartphones permitiam rodar aplicativos, mas os botões não contavam os múltiplos objetos que eles introduziam. O iPhone propõe o teclado on-screen e você tem uma reconfiguração no sistema da atividade. Já não tem mais a contradição entre o teclado e o objeto. Porque o teclado pode mudar e pode ser um teclado diferente quando você está digitando uma URL, pode ser um teclado diferente quando você está fazendo um desenho e por aí vai. Pode nem ter teclado. E aí você tem mais espaço para fazer outras coisas. Só que tem um problema, ele é impreciso. Você aperta o dedo ali e você erra mais do que você errava quando você usava o teclado físico do BlackBerry. Porque você não tem mais o input tático. Quando você está tocando o botão no BlackBerry você sabe qual botão você está tocando, mas no iPhone você não sabe. Você tem que ver só que o seu dedo está na frente. E por isso é muito difícil de memorizar e menos eficiente. Além disso, você tem que lidar com todos esses objetos e mais aplicativos e você fica muito confuso. Então existe uma contradição agora entre o instrumento e o resultado. Você vai produzir coisas mais imprecisas, imperfeitas e menos otimizadas para a função. Talvez você voltasse a utilizar uma máquina fotográfica se obter tivesse melhores fotos. Tentando redimir essa contradição e criar outra, o teclado da tactus tem micro-bolhas que se levantam para você ter o feedback tático. Vocês conseguem imaginar novas contradições criadas com isso? Ou novos objetos? Eu consigo imaginar vários objetos novos, usando o celular para coçar as costas e coisas do gênero. E outras utilizações mais íntimas. Sobe na tela toda. Na tela toda pode ter elevação. Depois elas baixam. É só na hora que aparece. Outra maneira que tentaram superar a contradição é através do reconhecimento de voz na Siri. A Siri, assistente do iPhone, escuta você falar. Quem é que usa isso? Só para brincar. Você fala e sai tudo errado. Nem dou trabalho digital. É melhor mandar uma mensagem no WhatsApp em áudio do que usar esse reconhecimento. Ela faz a beatbox. Ela faz. Isso aqui é como a Apple e a tactus tentaram resolver a questão da contradição de que o celular está adquirindo muitos objetos e torna impreciso o resultado. Olha como a Electrolux tentou resolver essa mesma questão. Ela criou um outro objeto. Um objeto que puxou... desculpa, um outro instrumento que puxou objetos do celular. O instrumento é a geladeira, ou refrigerador, que puxou funções do tipo mostrar fotos, agenda, calendário, contatos, o que mais tem aqui? Enfim, puxou funções que tinham, aplicativos que tinham no celular para dentro do refrigerador. Esse foi um projeto que eu pude participar da elaboração na Electrolux. Projeto bem interessante. Só que faltou essa visão, digamos assim, que eles estavam competindo com o celular no dia a dia das pessoas. Só que eles competiram e não foram melhores do que o celular. Acabou sendo um sucesso de vendas, esse refrigerador. Foi mais um projeto de inovação que ajudou a equipe a fazer outras coisas que se deram mais certo, como por exemplo um fundo micro-ondas com tela touchscreen. Esse deu mais certo que o refrigerador. Então a tendência agora que está sendo experimentada é a internet das coisas. Ela pode superar assim com tradição entre os instrumentos genéricos e múltiplos objetos, puxando objetos para outros instrumentos específicos dedicados. Então você vai ter a geladeira com os calendários, você vai ter a previsão do tempo no próprio guarda-chuva. Esse guarda-chuva aqui já existe, ele muda de cor se vai chover ou não. Você pode ter um caderno de notas físico com papel, mas esse papel é especial, ele consegue detectar o que você está desenhando, transmite direto para um aplicativo no seu tablet para ficar guardado no formato digital suas notas. Existe. Televisões, Smart TV já tem a funcionalidade de tirar fotos de videoconferências, Skype, por aí vai. O GPS no carro, embutido dentro do dashboard. E os e-book readers, esse aqui também é uma coisa meio rara hoje, mas é um dispositivo para rádio de internet. Um rádio que toca rádio de internet. Então tem uma tendência aí do internet das coisas. A contradição continua entre instrumentos e objetos, mas ela transforma, digamos assim, o sistema. Então aqui é o conceito de expansão do objeto. O objeto comunicar foi repensado para um objeto de consumir e produzir. O smartphone serve para isso, para consumir e produzir informação. Ele não é só para falar. Já a internet das coisas tem a ver com o objeto relacionar-se com pessoas, com tecnologias, com ambientes. Então o que fica interessante para vocês nessa história toda é que quando vocês forem propor um instrumento, que vocês vão colocar no mundo, pense que esse instrumento deve tentar buscar a expansão do objeto. Repensar o delivery, digamos assim. Não é só fazer o delivery. É repensar o conceito do delivery, que quer expandir o objeto. Tá bom? Então vamos fazer um exercício. Esse exercício vai ser um pouco difícil, porque tem novos conceitos aí para vocês trabalharem. Vocês vão pegar uma pedaça de cor aqui, vou cortar para vocês de tamanho. Vocês vão mapear a atividade onde a contradição que vocês estão focalizando acontece. Mas agora, ao invés de usar a atividade de projeto, algumas contradições têm mais a ver com o projeto de vocês aqui. Focalize na atividade que vai usar o produto ou serviço que vocês estão bolando. Então, por exemplo, a atividade de vocês é a propunia, uma atividade, a produção de alimentos, me dá a dizer. Analise a atividade e a produção de alimentos. A atividade de vocês seria mais relativa ao consumo de alimentos. Vocês lá seria atividade de... na verdade não é atividade de delivery em si. Delivery é o serviço. A atividade é alimentar-se na universidade, digamos assim, nos intervalos. Vocês, a atividade é reciclagem, com certeza. E vocês, a atividade é explorar a cidade, andar pela cidade. Certo? Aí vocês vão pegar essa atividade e vão mapear. Quais são os instrumentos que as pessoas hoje utilizam? Não é de que vocês vão colocar. Primeiro, vamos analisar como é. Quais são os sujeitos, quem são as pessoas que estão nessa atividade envolvidas? Faz uma lista. Qual é o objeto? Defina esse objeto. Lembre-se, não são de objeto que eu usei aqui, né? Regras, quais são as regras? Quem é a comunidade envolvida? Quais são as características dessa comunidade? Quem é a pessoa jovem? Faz um perfil mesmo. Como é que é a cabeça dessas pessoas? E aqui na divisão do trabalho, como é que as pessoas se dividem pra fazer acontecer essa atividade? Que é um desses sujeitos que utilizam as regras pra se organizar, basicamente. E daí, por fim, o resultado. Qual é o resultado da reciclagem? Qual é o produto que sai da reciclagem? Provavelmente a reutilização de recursos naturais. Mas isso vocês vão ter que discutir e pensar melhor. Beleza? Vocês vão ter 15 minutos pra fazer essa atividade, uma pouco mais complexa. Tá por aí? Vocês têm uma carreira grossa pra vocês aqui pra fazer, tá? Só. Vamos ver se alguém tá dando de carta. Vamos lá, então? Eu pedi pra vocês mapearem a atividade que vocês vão interferir com o projeto de vocês no mundo, a atividade que vocês vão mudar no mundo. Porque eu queria que vocês percebessem, que fizessem uma reflexão do que vocês sabem e o que vocês não sabem. Porque daqui pra frente vocês vão ter tempo pra entender melhor essa atividade. Então a ideia pra fechar essa atividade agora, de mapeamento da atividade, é vocês utilizarem um sistema de votação ponderada, em que cada pessoa recebe um voto verde, três votos vermelhos, o voto verde você vai votar no que você acha que já sabe bem sobre essa atividade, o voto vermelho vocês vão votar no que vocês acham que não sabem bem. Isso vai ajudar vocês a priorizar o que vocês vão querer pesquisar nas próximas semanas. Entendendo? Então todo mundo vota, não vale votar na mesma. Você vai ter que votar os três votos em coisas diferentes. Valendo. Dois minutos lá em cima. Galera, então vamos falar um pouquinho sobre, resumir a minha visão sobre mudança por contradições. Contradições não são boas, nem ruins, são fatores de mudança. Mas mudanças acontecem em ciclos, enquanto a contradição não é superada. Então você acaba entrando num ciclo vicioso, a contradição leva isso. A superação da contradição, ela se dá pela criação de uma terceira força que sintetiza os opostos contraditórios numa nova configuração. Vamos ver como é que se dá essa terceira força. A terceira força é um conceito que surgiu na segunda metade do século XX como uma alternativa ao socialismo e ao capitalismo. Até a teoria da contradição vem do socialismo. Só que o pessoal da terceira força falou "Não, não adianta você ir para o outro oposto do capitalismo, você tem que buscar uma alternativa do meio". Quem seguiu essa alternativa do meio? Foram os países da sociodemocracia na Europa, foram os países em desenvolvimento como o Brasil e a Índia. Eles não são nem socialistas nem completamente capitalistas. Se você quiser um país bem capitalista é os Estados Unidos. O Brasil tem muito mais política social que tem nos Estados Unidos. Por isso ele tem alguns elementos de socialismo também. E aí na votação de 2014 muitas pessoas resolveram a questão da diferença entre ideologias e partidos políticos postando isso aqui na rede social, no seu perfil do Facebook, o Dioméssio. Para você que não quer brigar com os amigos militantes, vote 58, 13+45. Então isso contém as duas forças opostas, lembrando, os opostos dentro deles de uma nova configuração, que é uma humorística nesse caso. Agora vamos ver uns exemplos sérios. São três maneiras que vou apresentar para vocês terem ideias de criar uma terceira força. A primeira delas é criar híbridos. O Iblibus da Volvo é um motor que tem o elétrico e o diesel juntos. O elétrico dá a partida, aí depois quando precisa pegar uma atração mais forte entra o diesel e o elétrico começa a ficar, digamos assim, sendo utilizado para carregar a bateria. Daí na verdade você não precisa colocar na tomada esse ônibus elétrico. Ele carrega pelo próprio movimento do motor a diesel, que é uma ideia fantástica para utilizar o melhor de cada um. O elétrico tem uma arrancada melhor, mas ele tem uma velocidade menor que ele consegue atingir. Já o diesel tem uma arrancada pior, mas consegue alcançar uma velocidade maior. Então esse é o motor híbrido aí que reduz a emissão de poluentes também como um efeito. Gambiarras. O acesso à internet em Cuba ocorre por meio de pendrives, acredito se quiser. É uma gambiara que eles fizeram porque o acesso à internet é muito caro, não tem uma base privada, digamos assim, de acesso à internet, com um mercado com bastante competição como tem no Brasil. É um mercado socialista mais controlado, então a internet não se desenvolveu lá. Então o que eles fazem? Tem uns piratas que ficam captando sinais de internet a rádio nas fronteiras do país, eles baixam os arquivos via torrent, via redes de compartilhamento de arquivos, que trazem para dentro do país através de pendrives. E aí você vai lá e copia, compra, digamos assim, paga uma continha pequena para poder baixar o filme que você queria, para poder baixar a música que você queria. Então tem pessoas que têm a profissão de ser pirata digital lá em Cuba. Então uma internet centralizada versus as redes peer-to-peer que tem acesso através de internet não oficial, você acaba criando uma gambiarra que é o pirata digital. E por fim, modelos ambíguos. Um exemplo aí são os andrógicos. Eles questionam a cisão entre as entidades de gênero, do tipo masculino e feminino. Então aí exemplos da cultura pop de andrógicos, o Neymar Tugrosso, o David Bowie e o Marilyn Manson. São personagens andróginos aí que misturam elementos na sua indumentária tanto masculinos quanto femininos, tentando criar, digamos assim, o reconhecimento de que as pessoas podem mudar de gênero de um lado para o outro. É o conceito de transgênero. Se você olhar isso de uma perspectiva histórica, você vai ver que a noção de transgênero não acaba com a destrução. Ela cria uma outra noção, que é a do cisgênero. O que é o cisgênero? É uma pessoa que mantém a mesma orientação sexual prevista para o seu corpo, digamos assim. E aí o transgênero é aquele que tem uma orientação sexual imprevista de acordo com os padrões da sociedade. Por exemplo, ele troca de identidade gênero prevista, um outro gênero. Aí você tem, se você pensar no futuro, essa oposição transgênero de cisgênero pode levar a pansexualidade ou a assexualidade. Pansexual é aquele que não tem preconceito com nada, então se faz tudo o povo. E o assexual não faz nada, nem gosta de sexo. E aí você pode ter no futuro, imaginado pelo confronto desses dois, a formação de um ciborgue intersexual, inclusive contando com outros tipos de conexões que a gente ainda não explorou, através de nossos dispositivos. Então aqui eu estou colocando para vocês que uma contradição é uma configuração, entendeu? Hoje a contradição já está aqui, né? Eu acho que o masculino e o gênero feminino na nossa sociedade já foi superado. Hoje a discussão é se queremos transgêneros ou queremos cisgêneros. E tem uma bancada conservadora falando "Temos que ter apenas cisgênero, podemos que proibir os transgêneros". Enquanto os transgêneros estão... eles dizem "Não, nós temos que ter liberdade e tal". A discussão entre masculino e feminino que era, por exemplo, na época do feminismo, na época do chauvinismo, esse batinho, né? Isso já meio que deslocou para essa questão aqui. E pode ser que a próxima discussão seja entre pansexualidade e assexualidade, tá bom? Mas isso é só uma suposição. Então o que eu quero colocar aqui é que a contradição se modifica e você, quando você vai entrar com o seu projeto aqui, se por acaso o seu projeto fizer parte desse processo, ele vai ajudar a constituir a terceira força. Mas isso aqui, como eu disse, é a sociedade que faz. Você apenas precisa estar consciente de onde você está se metendo. O que você pode fazer com o design para ajudar a formar a terceira força? Você pode criar modelos híbridos, trabalhar com gambiarras e modelos ambíguos. Você pode analisar contradições, conflitos e problemas e sintetizar novas configurações da contradição, que são iguais, mas diferentes. E aí eu vou mostrar, digamos assim, a minha teoria de design, como eu acho que design acontece no mundo. Eu acredito que é um ciclo de criação, análise e síntese. Criação, análise e síntese. A cada vez que você completa esse ciclo, você entende o seu projeto, ele está, digamos assim, num processo mais avançado de desenvolvimento. Por mais que você esteja repetindo a mesma coisa, você já faz aquilo com um conhecimento mais avançado do que aquela coisa que você está modificando. Exemplo, um projeto que eu fiz na Holanda de uma praça que estavam querendo construir um centro de natureza, de apreciação da natureza, para as pessoas que queriam fazer algum tipo de entretenimento relacionado à natureza. Queriam construir isso dentro de uma praça no centro da cidade, e eu fui lá estudar como era a praça. Fiquei um dia inteiro lá olhando, criando observações sobre essa praça. O que as pessoas faziam na praça, quem eram os usuários, que tipo de atividades aconteciam. Encontrei coisas curiosas como, por exemplo, tráfico de drogas na praça, lixo, pessoas namorando, velhinhos que utilizaram a praça para jogar esportes num lugar onde não deveriam jogar. Eles jogavam um esporte até perigoso, que é uma búlis, que é uma bola de ferro, que eles jogam no meio da praça, um lugar que podia atingir alguém, então, muito louco. E aí, eu estava criando essas observações, analisando o comportamento das pessoas e sintetizando um diagnóstico da praça. Então vejam, completei o ciclo. Depois eu peguei esse ciclo e levei para a minha mesa notações, usando um programa especial de análise de observações etnográficas. Criei um mapa de questões, ao redor do parque. Então, questões do tipo, é um jardim ou é um parque? A localização perto do centro ou longe do centro? As lojas, como elas vão ser afetadas por essa mudança no parque? O cara que queria colocar um lapiário dentro dessa casa, porque ele achava que as abelhas eram fundamentais para o ecossistema e tal, como é que vão sentir os vizinhos com a ameaça de as abelhas, ele picar eles e por aí vai? Isso aqui se chama Compendium. Se você olhar no meu blog, você vai achar mais informações sobre como... o meu blog é inglês, tem mais informação, tá? Compendium. NG, desculpa, Compendium NG. Aí depois disso, eu peguei essas observações, refleti e pensei, puxa, essas pessoas que estão envolvidas com o parque precisam pensar nessas coisas também. Então a gente criou um workshop, tipo Design Think, parecido com o que a gente está fazendo aqui agora, com os moradores da região, com as pessoas que iriam fazer atividades no centro. E aí a gente colocou um template lá, perguntando onde vão acontecer as suas atividades se você for fazer perto desse parque. Aí tinha dentro da casa, dentro do centro, no jardim de inverno, que é uma área coberta mas sem enraquecimento, no parque, provavelmente dito, e nas endodezas. Aí a galera ia colocando as atividades como post-its para a gente poder mapear e ver o que queria ser feito nesse centro de fato. Então a gente criou o template, analisou as possibilidades de uso e sintetizou uma proposta de workshop. Depois, no workshop em si, a gente criou uma visualização das atividades, usando esse modelo, analisamos a localização e sintetizamos uma estratégia de ocupação do parque. Por exemplo, percebendo coisas que a gente não tinha percebido antes, do tipo, vai ter algumas atividades que não vão acontecer no centro mas vão precisar do centro para começar ou para terminar. Por exemplo, discursões pela natureza. Vão começar no centro, as pessoas vão usar como ponto de saída, depois vão voltar todas sujas, que de barro, e vão querer se limpar usando algum tipo de pia que teria sido colocado do lado de fora do centro para não sujar o centro dentro. Então essa ideia só teve depois que pensou nessas atividades, normalmente esse tipo de projetos, você só descobre isso e depois você constrói o centro. Aí você vê que precisava ter uma pia do lado de fora e você acaba fazendo uma gambiarra, que não fica tão boa, né? Mas esse tipo de trabalho você consegue evitar esse tipo de coisa, né? E aí, a ideia é que esses ciclos não ocorrem apenas na tua cabeça, no teu grupo, mas eles ocorrem na sociedade com todas as contradições que a sociedade impinge. E vocês já viram sentir na pele a contradição quando vocês fizeram o exercício do chato-imagem, mas isso é claro que vocês vão sentir mais na pele quando vocês começarem a colocar os protótipos no mundo, quando vocês começarem a conversar com as pessoas e sentir as resistências para implementar o projeto de vocês. Então aqui eu estou representando graficamente algumas contradições que vocês podem encontrar e como elas vão empurrar, digamos assim, o projeto de vocês mais para criação, mais para criação, vão reduzir talvez o tempo de criação, o tempo de cintes e o tempo de análise de acordo com o que vocês forem encontrando no projeto. Então lucratividade versus satisfação, tradição versus transcendência, controle versus autonomia. São algumas contradições que pode ser que vocês encontrem. Lembrando que contradição centra o embate de forças opostas. Mas isso não significa que o seu projeto vai parar. Ele vai se aproveitar dessas contradições para que? Se vocês sentirem ela, deixarem aquela ajuda em vocês adquirir e direcionar o projeto, o projeto vai estar impulsionado por contradições, que é o conceito fundamental que eu estou passando nessa apresentação. Em vez de tentar solucionar um problema, você tenta encontrar a raiz desse problema e na raiz você encontra também a solução desse problema. E aí é um exemplo de contradições que apareceram nesse projeto. Os vizinhos que moravam em volta do parque tiveram a reação "don't clean my backyard", em inglês chamado "mimbi", que é o seguinte, acho muito legal a ideia desse centro, mas não quero nome nessa praça. Façam em outro lugar da cidade porque não querem um monte de criança aqui fazendo barulho todo o final de semana, a gente não quer barulho de obra, então os vizinhos fizeram uma petição assinada dizendo que não queriam que implementasse o centro nesse parque, que era para ser um lugar bucólico e tranquilo para relaxamento. Então isso gerou muito debate na cidade, as pessoas da cidade também. Não é do vizinho só, do que moram ali, o parque seria para toda a cidade. Outra contradição também, o aluno da Universidade de Twente, que é onde eu fiz o doutorado, ele fez esse rendering, essa ideia de como seria esse centro muito louco, impossível construir isso aqui arquitonicamente, muito caro, não tem essa madeira que nunca vai suportar o peso desse telhado verde, que tem muita terno, não é um telhado leve, ainda mais pessoas passando em cima. Então esse projeto é bonito, ele inspirou a galera, mas ele gerou expectativas que não poderiam ser preenchidas pelo projeto. Então houve muita debate, muita discussão também sobre essa visualização gráfica. E por último a questão da viabilidade financeira, quem vai pagar pela manutenção desse centro, quem vai construir, como é que vai ser isso? Essa aqui é a apresentação do projeto na Câmara dos Vereadores, lá da cidade de Almeida, que é uma cidade pequena. Então mostra que o projeto nunca é muito simples de se implementar, todo projeto vai ter que passar por resistências e a capacidade de vocês de superar isso, de vocês trazerem as pessoas para o debate, tornarem a contradição uma coisa visível e acionável, é justamente o que consiste um projeto. Não pense que ter uma ideia é o projeto, ter uma ideia é o começo. Você transformar essa ideia numa coisa real, num mundo, passar pelos processos, pelas contradições todas, é o que consiste de fato, o que eu acho que é design thinking. Então o projeto não se desenrola somente na história, ao longo do tempo, mas também no espaço. E aí eu trago a questão da exploração das possibilidades no projeto. Quando você começa a explorar sua exploração inicial, você pensa numa possibilidade. De repente, por causa das contradições, você muda totalmente a base do seu projeto, isso pode acontecer durante o feedback. Vocês totalmente mudaram o conceito fundamental que vocês estavam pensando, porque vocês perceberam que não é viável aquele conceito inicial. Isso é o que eu chamo de mudança de base. Depois que vocês validaram e perceberam que as contradições estão diminuindo, estão ficando menos tensas com o projeto de vocês, vocês vão fazer uma exploração focada, detalhando o que vocês estão fazendo. Aí entra a parte técnica. Vocês estão aqui, não queiram adiantar as coisas e começar a definir coisas técnicas, na minha opinião, minha sugestão. Claro, o mentor de vocês é quem vai dar a palavra final. Mas não pensem nas questões técnicas, pensem em validar o modelo de negócio de vocês. Depois tem a questão da exploração ampla, que é colocar o contexto de seu projeto numa visão ampla de sociedade. Para onde nós estamos indo, como que a gente se relaciona com outras tendências globais? Porque é isso. Na hora que você vai ter um projeto bem focado, ter um contexto que você validou, você precisa mostrar para o mundo que ele existe. E aí você vai precisar se vincular com tendências para poder mostrar que o seu projeto é interessante. Por fim, e na verdade não importa quando você vai conhecer isso, você pode que o teu projeto talvez provocar uma mudança global, do tipo do que as pessoas acham que é possível. Aqui é quando você cria ideias totalmente fora da caixa, você começa a expandir a caixa. E depois as pessoas "puxa, essa ideia é fora da caixa, funciona, ela é real". Logo, você expandiu a caixa. A partir de agora aquilo ali é considerado possível. Então isso é o que eu chamo de expansão do espaço de possibilidades, pela criação de novas possibilidades. E o que eu estou falando parece às vezes meio abstrato, mas vou mostrar concretamente como é que se dá essa exploração do espaço de possibilidades. Basicamente, quem é designer trabalha muito com esboço de desenhos. Isso aqui é um projeto que eu desenvolvi junto com o professor Rodrigo Gonzáte, no Instituto Fabergures, alguns anos atrás. A gente estava criando uma instalação interativa para a conferência de cidades inovadoras, que é a FIEP Organism, e a gente pensava uma espécie de construção colaborativa de uma cidade virtual. E aí pensamos em touchscreen, pensamos em totem, pensamos em várias telas grudadas uma na outra, uma visualização de panorâmica, e a gente fez várias alternativas para essa instalação. E aqui eu analiso todas as alternativas que a gente considerou. A primeira ideia que nós tivemos de fazer uma instalação na SIS, ela está ainda em laranja porque ela foi implementada. Depois dessa ideia a gente veio para cá, aproveitar o crachá dos participantes para interagir, usar o crachá. A pessoa tem uma informação e vamos saber onde as pessoas estão indo, vamos criar algum tipo de interação. A gente tem esse recurso, vamos interagir. A gente ficou pensando, pensando como vai ser isso, como vai ser essa interação, e aí chegamos à ideia de que vocês poderiam achar uma visualização de uma cidade de origem dos participantes, de poder ter uma tela assim, aí o cara passava o crachá e mostrava a cidade dele, então ele já tinha vindo. Essa ideia não foi implementada, ela foi uma ideia que ajudou a gente a ter a quarta ideia, que era utilizar o dado de entrada da sala como tema. Então quando a pessoa entrava na sala sobre sustentabilidade, a parte de sustentabilidade era valorizada numa visualização da conferência. Como essa visualização, uma cidade tipo Sin City, uma cidade que cresce de acordo com o que as pessoas estão entrando nas salas. Se as pessoas estão entrando muito na sala de sustentabilidade, a cidade fica cheia de luxeiras sustentáveis. Isso foi no Arquipete? Foi no próprio CETEP, Centro de Treinamento, mas isso faz muito tempo, 2011. Mas não foi aqui em Curitiba? Foi aqui em Curitiba, 2011. E que eu vi muitos anos. É? Talvez alguém tenha feito, pegado a mesma ideia. Então a gente criou, está aqui. E aí depois? Construção de uma cidade virtual que cresce de acordo com o interesse dos participantes. Eeeeh! Depois disso, a gente teve a ideia de jogar um jogo por SMS, tipo descartada. Depois disso, leitura via código de barro. Ah, legal. Leitura via Rekha Fadim. Não deu. Mas a gente desperdiu bastante tempo aqui para viabilizar essa ideia. Para a gente conseguir fazer uma leitura mais rápida. E aí por aí vai. A gente foi explorando o processo. Vocês estão vendo, digamos assim, como que é um processo de projeto que se desenrola ao longo do espaço. Aqui, lembrando, não é uma cabeça de uma pessoa. Várias pessoas tiveram essas ideias. Muitas vezes até pelo embate e o conflito entre diferentes pessoas do projeto. Essas possibilidades que a gente considerou também foram confrontadas com o que era de fato possível fazer lá no CETEC. No centro ou em algum lugar onde a gente ia ter a conferência. Então a gente foi para lá, tirou uma foto, analisou o local e depois começou a fazer umas photoshopadas aí, colocando a instalação. Para quê? Para ter resistência do material no espaço. Para que o material influenciasse o que era possível a gente realmente fazer. E claro que a gente usou essa imagem também para mostrar para outras pessoas se ela é viável essa ideia que a gente tinha. E isso aqui é o resultado final, como foi implementado pela FIEP. Aqui nesse lago você tem uma visualização da cidade virtual. Você pode pegar o teu graxá e passar aqui e ver informações do que você afetou nessa cidade. Onde você morou e o que você construiu na cidade. - Senhor, eu fui nesse negócio, é isso que eu estava falando. - É isso que você foi? - É, isso é dentro do Instituto Slacktech de Pestiza. - Pode ser, não sei. - A gente fez um... Como que é o nome daquilo lá quando as pessoas começam a dançar de nada? - Flashmob. - Flashmob. A gente fez um flashmob aí. - Ah, que legal. - Daqui a hora de eu dançar de nada. - Ah, que massa. Ah, entendi. Ótimo. Coincidências. Nós estamos com um tempo muito curto, eu vou ter que pular esse exercício de Boardstorm. Mas eu vou deixar como lição de casa pra vocês. Peguem e façam aquela imagem de novo e tentem, na imagem, ensinar agora em movimento o que você faria pra superar a contradição. Um exercício, de repente. Usar o corpo todo, às vezes você tem mais ideias do que se você usar apenas um papel. Você fica mais travado. Então tente usar o corpo e tentar fazer isso como um exercício depois desse workshop. Como lição de casa, design não lida com certezas, ele lida com possibilidades. Então toda ideia é apenas uma possibilidade e também uma dentre várias possibilidades. O que quer dizer que a primeira ideia nunca é uma melhor ideia. Então vocês que estão nas fases das ideias iniciais, não se grudem demais a essas ideias. Tentem ficar abertos pra deixar as contradições transformarem o projeto de vocês. Lembre-se que uma ideia ruim pode servir de ponte pra chegar a outras ideias. Como foi aquela ideia de ter um jogo, VSMES, na SIS, não tinha nada a ver com isso ali. Mas ajudou a gente a pensar outras coisas. Novas ideias surgem quando você testa a anjia. Se você ficar pensando numa ideia e você tiver uma segunda ideia, provavelmente não vai ser uma ideia tão nova assim. Mas se você tiver uma ideia e implementar não deu certo, provavelmente a nova ideia vai ser nova, mesmo e diferente. Então uma ideia impossível pode se tornar possível se você começar a agir e tentar fazer ela acontecer. Tomem cuidado pra não cair na ilusão de que você conseguiu superar a contradição. Parece que a Coca Zero superou a contradição. A Coca Zero não tem asfulta, logo as pessoas não vão ficar gordas. Ele pode tomar o quanto Coca quiser. Só que na verdade ela está escondendo uma outra contradição, que é a questão do Aspartame. Aspartame também faz mal para a saúde e já existe alguns estudos dizendo isso. Pode não engordar, mas ele tem outros efeitos colaterais. Por exemplo, até mesmo está associado a causa de depressão em produtos psíquicos, se você consumir excesso. Então o que a Coca-Cola está fazendo aqui? Ela representa a contradição como se tivesse sido solucionada e apresenta uma única possibilidade. Qual é? Beba Coca-Cola. Vejam como é diferente dessa visualização sobre o mesmo tema. Quanto açúcar tem no seu refri? Aqui é o tipo diferente de Coca-Cola e aqui você vê que die de Coca e a Coca Zero não tem açúcar. Mas aí você pensa, você tem duas possibilidades, você pode beber ou você pode não beber. Aqui está diferente, aqui não dá ideia que você tem que beber, porque ele dá ideia com isso. Só que assim, esse aqui também não deve ser muito bom, então você fica desconfiado. Então o que acontece? São duas possibilidades. Você pode escolher o sabor dessa Coca aqui e você pode escolher a saúde da Coca Zero. São duas possibilidades para você agir. Ainda assim não é tão interessante quanto o suco do bem, por exemplo. O suco do bem é um suco feito apenas com suco integral de laranja e não tem açúcar, não tem conservantes. Ele coloca aqui, é possível, nós fizemos. Quando eles fizeram isso, eles criaram uma demanda de outros competidores de realmente fazerem suco e não Nectar. Você sabe a diferença entre Nectar e suco, né? Nectar tem 20% de suco, o resto é açúcar e água. Isso faz mal para a saúde, porque muita gente escolhe suco porque é uma alternativa ao refrigerante e acha que é mais saudável. Mas no final, quando eu consumo Nectar, está detonando a saúde pior às vezes do que o refrigerante que tem mais açúcar. Então, quando o suco do bem faz isso, aumenta, digamos assim, expande a possibilidade. Mas, lembre-se, continua a manter a contradição, só que numa nova configuração. Continua tendo a questão do sabor versus saúde porque se você quiser mais saúde mesmo, você não vai querer essa caixa aqui porque tem alumínio em volta. E alumínio também deposita-se no corpo e faz mal no prazo se você beber muito desse suco aí. Então não resolveu a questão sabor versus saúde e continua ali, né? Mas é uma nova configuração, com certeza. Então, design impulsionado por contradições, resumindo, o que eu estou tentando passar para vocês é que reproduzir uma contradição numa nova configuração não significa eliminá-la. Deixar o projeto em aberto é interessante para estimular a adaptação e interpretação, multiplicando assim as possibilidades de ação e de sentido que os usuários e as outras pessoas vão ter quando tiver contato com o seu projeto. Então, no final das contas, o design impulsionado por contradições mantém a esperança viva das pessoas. Ele não entrega a solução de todos os problemas da vida. Ele deixa as pessoas, estimula as pessoas a terem esperança de que é possível um mundo melhor se ela fizer alguma coisa, não apenas comprar o produto que vocês estão desenvolvendo. Também não dá tempo de fazer esse exercício. A gente está, já está no meio dia, né? Beleza, galera? Aí queria, antes da gente fechar, então abrir para a gente falar umas discussões, questões que vocês querem colocar, comentários finais, o que vocês acharam da oficina. [SILÊNCIO] Então, quem quiser se aprofundar em design thinking, a nossa escola de arquitetura e design vai oferecer uma optativa para outras escolas no próximo semestre com esse tema. E eu acho que vai ser em inglês, vai ser do inglês de semestre. Até o termo, né? Design thinking já é em inglês. Então, quem tiver interesse fica de olho na nossa escola de arquitetura e design, acho que no próximo semestre vai sair. Essa disciplina aí a gente tem muito mais tempo. Aí dá para fazer muito mais coisa. Acho que são 80 horas a disciplina. [SILÊNCIO] Complementário, Dili. [SILÊNCIO] É uma maneira diferente de você trabalhar com usuários, trabalhar com o mercado. O design trabalha muito mais com a questão de você realmente construir um valor de uso e não um valor de troca. O marketing está interessado em vender. Vendeu, acabou o marketing. O marketing não tem mais interesse no que acontece depois de vender. Em geral, isso é uma visão mais antiga do marketing. O design não. Para o design o interesse dele é o que acontece depois que vendeu. Como que as pessoas usam? Isso é uma questão que o design vem batendo na teta há muito tempo já. O que mais vocês querem comentar alguma coisa? [SILÊNCIO] Beleza, então galera. Eu deixo meu contato para vocês. A disposição tem no Facebook também. Tem no Twitter. Tem o site Usa Vini Doido para quem quiser saber mais informações sobre essa abordagem. Eu vou botar esse material também lá online. Vou colocar no grupo de Facebook de vocês. Quem quiser me encontrar também estou na Escola de Articultura e Design. O que mais? Vocês vão ter alguns encontros comigo que provavelmente eu posso ter feedback mais para frente. Então fica à disposição. E principalmente a minha equipe aqui. Eu vou querer que vocês vejam. Por exemplo, é legal que vocês refletirem o que vocês vão fazer com a inventoria de vocês. A gente discutiu nessa semana que o ponto principal do projeto deles da lixeira sustentável é agora ver quem são as pessoas que iriam acolher a lixeira sustentável, que estabelecimentos, que locais e quais seriam os tipos de benefícios que essas pessoas queriam ter, digamos assim, da lixeira. E, por outro lado, o que elas acham que seria viável oferecer em troca para os consumidores que iriam depositar o lixo lá. O que eles vão ter que fazer é entrevistar essas pessoas e ir lá no bar, no restaurante, no shopping, na escola. Todas as ideias de locais onde vai ser a cita de lixeira vão estar indo nas próximas semanas para ver a viabilidade disso. E também uma ideia que surgiu é de prototipar a experiência dessa lixeira usando cartulina para poder ser mais móvel. Eu já usei um protótipo já de até funcionar usando... o que você usou lá, PIC, alguma coisa assim? Usei hardware. hardware. Fiz um protótipo de hardware e tal, hardware. Mas esse hardware não é tão fácil de montar nem de levar. E o que eles estão querendo é apenas receber um feedback, digamos assim, no local do conceito do produto. Eu sugeria apenas trazer um protótipo de papelão para as pessoas visualizarem o conceito do que é, o que é que vai colocar dentro e como é que vai sair as coisas, que coisas vão sair dali de dentro. Pode ser o voucher de um serviço, pode ser um ticket, pode ser um vale-compras. Eles vão ter que pensar ainda... isso constitui, digamos assim, o modelo de negócio. Só depois que eles vão realmente desenvolver mais o design dessa lixeira, na minha opinião, é o que eu sugeri. Claro que o mentor ele sugeri. Vocês fazem o que vocês acham mais importante. Porque vocês é que são os empreendedores. É isso, galera. Então, beleza. Terminamos por hoje. (Aplausos)