Então vamos lá gente, o papo hoje vai ser sobre pesquisa de Exu no mercado e na academia. Então vamos lá, porque Exu, que história é essa? Para explicar porque eu resolvi colocar isso no meu título, a gente tem que relembrar um pouquinho aí alguns momentos históricos dessa carreira que a gente já vem desenvolvendo há quase 20 anos. Olha só que interessante, essa profissão mudou de nome várias vezes, assim como os job titles, os job titles que você utilizava para ser reconhecido e identificado. Mas apesar de ter mudado tanto, ainda assim as pessoas não entendem nem o que eu faço e eu imagino o que vocês também fazem. Então, webmaster, que hoje em dia, falecido, hoje em dia, graças a Deus esse cara, esse Deus, que era o mestre da internet, já não existe mais porque uma pessoa só não consegue mais segurar isso nas costas. Webdesigner, ainda tem algumas pessoas, depois arquiteto da informação, notem a mudança da indumentária, tentando parecer um consultor, um cara sério, né? Essa época aqui foi uma época que os arquitetos tinham autoridade sobre a taxonomia, o controle das arquiteturas da informação estratégicos, falavam que como consultores, analistas, o cara tinha um background de comunicação, de biblioteconomia, os caras muito loucos que vinham brincar com essa história de digital. Mas aí eu e junto com outras pessoas começamos a pensar, "pô, isso aí não é arquitetura, isso é design". E aí a gente começou a debater que na verdade o que a gente estava estruturando informações não era PC, como um biblioteconomista que fala, "estrutura a informação do sistema para a biblioteca", a gente estruturava informação para promover interações. E aí começou uma fase nova do designer de interação, né? Que aí o Faber Luders, que eu vou falar um pouquinho mais, vem nessa época aí, mais ou menos dos idos de 2006 a partir de 2007, né? E quando eu voltei ao Brasil, na verdade enquanto eu estava na Holanda, né? Estava fazendo doutorado lá, pesquisando esse assunto, nesse meio do caminho o termo que se utilizava no mercado mudou de designer de interação para UX designer, né? E hoje mais recente UX researcher. Aí quando eu voltei para cá, em 2015, eu era um pesquisador de experiência do usuário, mas esse termo não cabia em mim, não entendia muito bem, né? E eu comecei a brincar. Por que que vocês estão traduzindo user experience, né? Como experiência do usuário abreviado UX? Tá incorreto. Tá incorreto, né? Porque se você quiser manter user experience abreviado como UX, beleza, tá correto. Mas se você abrevia experiência do usuário como UX, infelizmente é uma tradução incorreta. Então eu comecei a brincar que a tradução para UX poderia ser "echu". Aí você fala "por que echu?" Por isso, echu o que que é? O orixá da comunicação, né? É uma referência que tem muito mais a ver com a nossa cultura brasileira, com as nossas matrizes culturais, nossa formação miscigenada desse povo maravilhoso, do que com essa cultura de corporativismo que o UX traz, que vem muito dos Estados Unidos, nem tanto da Europa, né? Porque na Europa ainda se utiliza muito esse termo "designer de interação". UX é um termo que vem dos Estados Unidos. E a gente incorpora isso sem pensar, sem refletir, o que que acontece? Ninguém entende. Então fica que nem o próprio echu, né? Às vezes umas pessoas acham que é Deus, outras pessoas acham que é o diabo, né? É uma entidade incompreendida, assim como esse profissional que se diz especialista em UX. Então ele na verdade prefira chamar esse cara de "echu designer", assim como tem "echu tranca rua", "echu disso", "echu daqui", "echu cadeira". E também "echu designer", né? Não é uma boa tradução? É o "echu designer". E esse cara aqui é tão esquisito que olha só, não sou eu que estou falando, a brincadeira não é minha, os próprios profissionais da área falam que às vezes se sentem como um unicórnio. O que que é unicórnio? É aquele bicho assim mitológico que ele tem características de um animal e de outro. Ele pode voar, tem asa, tem pata, pode correr, e além de tudo tem poderes mágicos com um chifre, um colorido, pode até vomitar arco-íris e coisas incríveis. E é isso, o "echu designer" é esse profissional que não tem um perfil muito bem definido. Algumas pessoas acham que ele é um arquiteto, outras pessoas acham que ele é um analista, outros acham que é front-end. Mais recentemente tem a história do UX strategist, o estrategista e o tal do unicórnio, que no mercado de trabalho se utiliza essa dominação para aqueles UX designers que também sabem programar. Além de saber projetar para experiência usuária e ter um repertório visual de conseguir resolver um layout, por exemplo, ele também consegue programar e implementar esse layout. Esses caras são muito raros, mas curiosamente a maior parte dos job descriptions procura esses designers. Então, abrindo o parênteses, eu fiz uma das pesquisas, é quem está com esse perfil do "echu designer"? A gente começou a chamar ele de "deviner", até para diferenciar dos outros perfis. O "deviner" é o "developer plus designer", e a gente encontrou, então a gente tem um estudante lá na PUC do Paraná que está defendendo o mestrado dele exatamente sobre esse assunto, o perfil transdisciplinar do profissional "deviner". Voltando do parênteses, então essa área de experiência dos usuários vem passando por vários processos de generalização e especialização. Generalização e especialização. E o foco dessa conversa aqui é sobre uma especialização que está se consolidando, que é o tal do "echu pesquisador", ou UX researcher, que está começando no Brasil a se consolidar. Algumas pessoas estão utilizando esse job title até para enfatizar que o seu foco não é a produção de layouts visuais, nem tampouco a programação, que seria o caso do unicórnio, que é um animal raro, nem todo mundo sabe onde que está, mas algumas pessoas acreditam, outras não acreditam que seja possível. Eu acredito, enfim, tenho uma tese, desculpa, uma dissertação de mestrada ser defendida que mostra que isso é possível, mas o foco dessa conversa hoje é o tal "echu pesquisador". Mas aí voltam novos questionamentos, não está muito bem definido esse perfil, não. Será que ele é um cientista, então? Ele é um antropólogo? Ele é um sociólogo? Ele é um psicólogo? Ele é o queólogo? Um uxólogo? Eixólogo? O que seria, né? E quando ele está dentro de uma empresa, ele faz que tipo de pesquisa? Ele faz pesquisa quantitativa? Ele analisa dados? Ele olha para os analytics? Ele interpreta? Ele também cria esses sistemas? E, por outro lado, ele faz pesquisa qualitativa? Mas que tipo de pesquisa qualitativa? Pesquisa prospectiva para futuros produtos? Pesquisa qualitativa para avaliação dos produtos atuais? Ele faz teste de usabilidade também? Tcharam! Está difícil de responder, essas questões todas estão bem abertas. E uma das pessoas que eu gostaria muito de destacar, que está, sim, tomada liderança para definir melhor esse perfil, é a Isabela de Fátima, com o movimento UX. Ela está fazendo agora uma série de entrevistas com profissionais ao redor do mundo que trabalham, como eXu Pesquisadores. Ela está muito interessante, recomendo o podcast dela. Mas voltando para a minha fala e a minha contribuição, eu tenho pesquisado eXu, não só com a perspectiva de mercado, mas também com a perspectiva da academia. E algumas pessoas, especialmente agora, neste momento que a gente vive do país, tem um preconceito muito grande contra a pesquisa que é feita sobre eXu na academia. As pessoas acham que nós, professores e pesquisadores de universidades, vivemos o dia inteiro sentados nas cadeiras lendo alfarábios e teorias que já estão antigas e que não servem mais para nada. E quando a gente fala, a gente fala as coisas que ninguém entende no mercado, então por isso eles são descartados. Não faz sentido não há necessidade de ter esse diálogo, porque a academia virou um antro de pessoas que vivem com dinheiro público, gastam esse dinheiro e não dão resultado, impacto para a sociedade. Só ficam escrevendo paper que ninguém consegue ler e entender. Então a gente vive hoje uma situação bem complicada de descrédito da academia brasileira, especialmente nessa área também, porque é uma área que curiosamente no Brasil foi aberta, aplicada pelos pesquisadores acadêmicos. Esse é um dos pontos que eu vou falar lá no Dex. As primeiras pessoas a fazer eXu no Brasil foram os pesquisadores que estavam antenados com o que estava sendo feito nos Estados Unidos, que estava sendo feito na Europa no começo dos anos 90, quando o Renê estava no Aqui Agora, com esse seu passado. Vocês podem ter ideias muito interessantes sobre isso. Mas voltando, então eu estou fazendo essas palestras dentro de empresas e recebendo todos esses convites com maior convicção do mundo, porque eu acho que é uma oportunidade eu como professor de universidade pública de desconstruir esses mitos, desconstruir esses preconceitos e mostrar que existe pesquisa muito valiosa na academia, que o mercado precisa conhecer melhor, mas também que o mercado precisa colaborar e construir parcerias, porque a academia precisa de insumos, precisa de estímulos, precisa de colaborações. Então o foco dessa conversa hoje, como é que a gente pode estabelecer pontos entre academia e mercado na pesquisa eXu? Eu já tentei fazer isso de uma outra maneira, não estando nem na academia nem no mercado. O Instituto Faber Ludens foi uma entidade sem fins lucrativos que eu fundei junto com vários colegas em 2007, lá em Curitiba. Eu estive lá. O Renê teve a oportunidade de estar lá, fez uma visita, foi sensacional. O que você viu lá, Renê? Cara, foi bárbaro. Está gravado, inclusive. Como sempre eu gravei eu vou compartilhar com ele. Tinha desde aqueles kits da Lego, do Mindstorm, foi muito bacana, foi muito legal. Eu nunca tinha visto uma abordagem da Kelly, por isso que eu fiz questão de gravar e divulgar, foi muito legal. Então o Instituto Faber Ludens realmente foi um marco para o ecossistema local. Curitiba na época não tinha um cenário de experiência do usuário e a gente começou a agitar. A gente tinha várias atividades que não eram só de formação. A gente tinha um curso lá, uma pós-graduação. Algumas pessoas que participaram dessa pós-graduação depois foram para outras pós-graduações, foram para várias empresas. Então se for dar uma olhada no histórico da área, Faber Ludens foi bem importante naquela região. E nosso foco era desenvolver projetos que eventualmente dialogavam com a academia e eventualmente dialogavam com o mercado. Tinha gente inteira fazendo. Sim. Aliás, acho que até vale a pena, de onde vem o nome Faber Ludens, alguém que não são, o que acontece é o seguinte, quando a gente define o que é o ser humano, tem gente que fala que a gente é o homofábrio, que é o homem que faz. Mas tem uma outra tese que a gente é o homo Ludens. Ludens vem de lúdico, de brincadeira. A gente é uma criatura que brinca. Então acho que é isso, é uma mistura do fazer e do brincar que ficou o Faber Ludens. Então a gente tentou desenvolver esse tipo de pesquisa nesse meio termo. A gente colaborou com várias empresas, com várias universidades, mas chegou o momento que a gente começou a travar pela falta de recursos para pesquisa e pela necessidade de ter, uma coisa que eu acho bizarra, títulos. Precisava ter alguém com doutorado na equipe e resolvi deixar minhas atividades no Faber Ludens para fazer o doutorado na Holanda. O Faber Ludens continuou depois que eu saí, mais alguns anos, mas aí perdeu um pouco o foco inicial e hoje em dia já não tem mais as mesmas atividades como tinha naquela época. Infelizmente, mas acho que foi também um marco, teve o seu momento, foi um momento de experimentação muito importante. Uma pessoa que é bastante conhecida hoje que estava à frente do Faber Ludens junto comigo é o Érico Fileno, foi um dos principais fundadores e agitadores nessa época, não só do Faber Ludens, mas também da Ex-Jay, que também foi muito importante para essa área. E aqui estão algumas imagens de experimentos que a gente realizou lá naquela época. Então hoje em dia a gente acha design thinking uma coisa trivial, mas você fazer design thinking numa época que ninguém se falava de design thinking com essas palavras foi bem interessante. O design thinking era o DNA do Faber Ludens, mas a gente não chamava de design thinking, a gente chamava de design, depois é que acaba se tornando uma oportunidade de exportar isso para outras áreas e a gente começa a usar esse termo. Então a gente tinha a prototipação de hardware, os arduinos, os Lego Mindstorms e projetos com uma visão de impacto social, de impacto acadêmico, sempre como premissa básica. E agora o que a gente continuou e fez depois disso? Agora falando um pouquinho dos desdobramentos do Instituto Faber Ludens. Eu diria que o principal desdobramento que ainda existe até hoje é a plataforma Corais. A plataforma Corais foi um projeto de um ecossistema aberto, de inovação aberta, para que tudo aquilo que os estudantes experimentavam dentro do Faber Ludens pudesse ser experimentado por quem estivesse fora do Faber Ludens, para que as pessoas não sentissem que elas estavam colocando a azeitona nempada do Faber Ludens e pudesse desenvolver projetos com a estrutura de meta design que a gente tinha criado para os nossos estudantes. Então lá dentro do Faber Ludens tinha um ecossistema, os estudantes usavam N ferramentas digitais para colaborar, eles vinham de vários lugares do Brasil, eles viajavam todo mês para fazer o curso da pós-graduação e nesse meio tempo, enquanto eles estavam distantes, eles trabalhavam online e a gente desenvolveu uma metodologia de aprendizagem baseada no conceito de ateliê de projetos online. E depois a gente pensou melhor, por que a gente não pode implementar isso numa ferramenta específica, customizamos um software livre e isso deu o resultado de plataforma Corais. Essa plataforma foi inicialmente pensada para profissionais de UX, os "zexus" da vida, mas os zexus designers não entenderam essa plataforma e eu acho que ainda não entendem atualmente porque inovação aberta ela vai um pouco no sentido, ela traz uma filosofia, uma abordagem de trabalho que é um pouco antitética com a maneira como a pesquisa em UX é feita, com um foco centrado no usuário e tal. Eu já vou falar um pouquinho mais sobre isso depois, mas o fato é que essa plataforma hoje ela é utilizada por produtores culturais, ativistas culturais e pessoas que estão tentando manter a cultura viva no país. São mais de 600 projetos, mais de 6 mil pessoas ativas utilizando a plataforma e ela dialoga com vários tipos de instituições, ela tem vários desdobramentos, só vou mostrar um deles que é o UX Cards então a gente tenta a plataforma ter uma base de conhecimento, mas a gente sabia que essa base de conhecimento não estava na mão das pessoas quando elas precisavam usar. Quando que elas precisavam usar? Na hora que elas estavam planejando o projeto colaborativamente com a equipe e definindo no início de uma sprint, na época a gente nem usava esse termo, o que elas vão fazer? E aí a gente criou um baralho de cartas chamado UX Cards, alguém já tinha ouvido falar? A gente disponibilizou ele como um código livre nesse endereço aqui, quem quiser baixar pode baixar, pode imprimir, várias empresas imprimiram, customizaram, mudaram a estrutura. Uma coisa básica que tem no UX Cards que foi a grande inovação, diferente de outros baralhos como IDO ou Method Cards, aqui tem estrutura, então uma carta tem um input e um output. Se você for fazer um Ariframe, você tem que ter as informações básicas para colocar no Ariframe. O que retorna no Ariframe? Estrutura básica dos layouts das páginas. E o que você vai fazer depois disso? Você tem que procurar alguma carta que tenha como input algo parecido com o output do Ariframe. Então você tem uma estrutura emergente que surge de acordo com a demanda que o projeto vai manifestando a partir dos diferentes stakeholders que estão reunidos para planejar esse projeto. Essa estrutura, esse Meta Design, como a gente está chamando porque a gente está projetando o design do design, ela foi reproduzida em vários outros projetos, eu vou só citar o último deles aqui. A avança aí do Faber Ludens de 2011, a gente criou o UX Cards, para a PUC do Paraná, que é a universidade que eu estava até ano passado, 2018, então quase sete anos. A gente usou em vários projetos e o último projeto foi na estruturação do projeto Copel+, que é uma plataforma de inovação aberta para a companhia elétrica do estado do Paraná. E lá a gente usou esse sistema parecido com o XCards, só que aqui ao invés do conteúdo ser conteúdos relacionados à experiência usuária exclusivamente, aqui os conteúdos envolvem também modelagem de negócios, descoberta de oportunidades, inovação e todos os outros conteúdos que normalmente são vistos dentro de um processo de empreendedorismo iniciante. Essa plataforma é focada em empreendedores iniciantes que estão ainda na sua fase de formação, universitários, então a gente esteve usando esse sistema aqui, usando essas cartas, mais de mil empreendedores ao redor do Brasil, mas o mais legal na verdade não é esse projeto da Copel+, mas todos os outros projetos que a Copel pode desenvolver e todos os outros projetos que a Hot Milk, que é a aceleradora de startups da PUC, pode desenvolver-os utilizando essa mesma estrutura de meta design que são os Cards, mais uma plataforma online que eu não vou mostrar aqui para vocês para não desviar um pouco do foco, mas são esses slides que eu inseri de última hora para comentar a meta design aqui, então a gente faz muita pesquisa sobre esse assunto, mas antes de entrar na apresentação do que eu acho que seria o próximo passo na pesquisa em echu no Brasil, que a gente está vindo da academia, eu queria primeiro fazer a mostrar que eu estou a par do que a pesquisa em echu é desenvolvida no mercado, então agora eu vou falar um pouquinho sobre isso rapidamente também porque imagino que vocês também devem ter práticas relacionadas a isso, trago aqui o resultado de uma pesquisa sobre a pesquisa em echu, que é o padrão UX, que é uma pesquisa muito bacana, feita todo ano pela Saiba Mais, a Carolina Leslie está à frente disso e ela publica esses resultados gratuitamente online através do site do padrão UX, mas também através de conferências e uma coisa que me chama a atenção são os métodos, eu sempre fico olhando o metodologias como preferem chamar nessa pesquisa, que são mais utilizados pelos pesquisadores de echu ou os echu pesquisadores brasileiros, então aqui vemos prototipação como principal, benchmark, cocriação interna, teste de usabilidade presencial, persona, jornada do consumidor, veja a maior parte desses métodos, os mais utilizados são métodos dentro da zona de conforto, você está dentro do seu ambiente e o usuário entra como um estranho, ao invés de você ir até o ambiente do usuário, isso vai precisar mudar, a etnografia não pode ser um dos menos utilizados, se a gente quer realmente consolidar a pesquisa de echu no Brasil, porque tudo isso aqui que são feito aqui em cima, são feitos por outros profissionais e outras especialidades também, não é só o profissional especialista em UX que faz esse tipo de coisa, então a gente precisa pensar um pouquinho mais sobre isso, mas para quem não estiver familiarizado com esses métodos, eu vou rapidamente mostrar algumas imagens de alguns projetos que eu já participei, em que a gente utilizou esses métodos, eu vou reuni-los em grandes categorias, aqui você vai ver o dia a dia de um echu pesquisador coletando dados, seja através de um shadowing, como nessa imagem, está acompanhando um usuário de Uber para ver quais são as dificuldades que ele tem ao esperar, na verdade é sua rotina do seu dia, utilizando essas ferramentas de transporte digital, aqui você vê os pesquisadores mapeando esses dados num painel típico com post-its, tentando fazer sentido usando diagrama de afinidades, tem alguns profissionais hoje em dia que já estão utilizando também plataformas digitais, usando nuggets e outras estruturas de consolidação de evidências, existe um momento da cocriação também que é o meu momento favorito e um dos momentos que eu mais tenho dedicado para pesquisa, você envolver os stakeholders, envolver as pessoas interessadas no projeto, inclusive o próprio usuário para cocriar a proposta de valor, cocriar a maneira como esse valor é entregue, cocriar as interfaces, as interações, as experiências e por aí vai, essa é uma das características que eu acho bem diferenciadoras do profissional especialista, pesquisador, é essa capacidade de facilitar processos de cocriação e apresentar esses resultados, apresentar de uma maneira interativa, criativa, apresentar de uma maneira simples e direta, apresentar fazendo slides, apresentar fazendo relatórios e várias maneiras, então esse trabalho de compilar e comunicar os resultados e convencer às vezes as pessoas de aquele resultado é importante, é fundamental para o eixo pesquisador. Porém, nesse momento da comunicação é que os eixos pesquisadores começam a se lembrar que existe a academia e começam a se perguntar, "Puxa vida, como é que eu garanto a credibilidade ou como eu aumento a credibilidade das minhas pesquisas? Como é que eu reproduzo essas pesquisas ou como outras pessoas reproduzem a minha pesquisa e chegam num resultado parecido e similar? Como que alguém vai fazer, escrutinizar o resultado que eu encontrei e ver que eu não estive enviesando aquele resultado para que ele confirmasse a minha opinião inicial no projeto? Como é que eu não demonstro que aquilo é só uma opinião? Como é que eu mostro que aquilo ali tem um embasamento, que pode não ser científico, mas é um embasamento disciplinar que não vem só do que eu penso, mas vem do que a minha comunidade profissional pensa? E aí vem também, por último, a questão do futuro. Como é que você pensa no futuro, experiências futuras? Como serão as nossas experiências no futuro? Uma coisa é você fazer uma pesquisa para observar a experiência atual de uma ferramenta que já está no mercado. Isso é fácil relativamente de fazer. Agora, como você faz uma pesquisa para pensar como vai ser a ferramenta do futuro ou quando não existirem ferramentas, quando o paradigma for serviço? É um outro tipo de relacionamento. Então, aqui, muitas vezes, os pesquisadores de IXU começam a buscar nos pesquisadores da academia. E aí eu vou falar um pouquinho como que está o estado atual, o estado-arte da pesquisa de IXU no Brasil. Fora do Brasil é outro cenário, mas eu gostaria de enfatizar o Brasil porque eu acho que é mais interessante a gente estabelecer laços com a Academia Brasileira até para fortalecer nossa economia local do que ficar colaborando com as universidades fora do país como muitas grandes empresas têm feito de maneira, eu acho, lamentável. Porque nós temos um cenário muito interessante. Aqui algumas pesquisas que a gente tem desenvolvido em várias universidades. Aqui eu estou mostrando uma que foi feita lá na PUC do Paraná, que eu estava lá até ano passado. São experimentos com vídeos improvisados. Utilizando um smartphone, você consegue criar, e não estou falando prototipado, criar interações antes mesmo delas serem concebidas. Você cria interação com o corpo. Utilizando técnicas de ensaio teatral misturadas com improviso, com técnicas de encenação, cinematográficas, técnicas de edição de vídeo, técnicas de comunicação, basicamente, juntas com técnicas de design tradicionais. Então a gente tem experimentado e classificado nesse artigo aqui 10 maneiras diferentes de você usar um smartphone para criar interações. Esse outro experimento aqui envolve uma apropriação do LEGO Series Play, que é uma ferramenta para comunicação e inovação através de metáforas, e a transformação disso numa espécie de UML, ou United Modeling Language, que é uma ferramenta muito utilizada na engenharia de software para documentar software, aplicativos complexos. Então existe um formalismo lá dentro que a gente simplifica ele e representa utilizando o LEGO. Para o que LEGO? Porque LEGO é muito fácil de manipular, é tangível, e as pessoas podem mudar muito rapidamente o que elas estão representando nesse formalismo. De maneira que um stakeholder, um usuário que não é especialista em engenharia de software, que não conhece esse formalismo, que é o UML, ele consegue participar da modelagem desse software. Então a gente escreveu um artigo sobre o LEGO Modeling Language, que infelizmente ontem a gente descobriu que esse artigo foi rejeitado na conferência, porque dentro da academia eles ainda não conseguem perceber muito valor, às vezes, de aplicações práticas. Eles falaram "olha, vocês enviaram isso aqui como uma pesquisa acadêmica, mas na verdade isso aqui é uma pesquisa profissional de mercado, então você deveria ter mandado para outra parte da nossa conferência que eu coordeno curiosamente, o IHC na prática". Mas enfim, a gente está nesse cenário tentando fazer essas pontes e às vezes a gente não é tão bem recebido nem de um lado nem de outro, porque a gente fica nesse meio termo, nem mercado, nem tão de 100% de academia, e aí a gente leva porrada dos dois lados. Mas tudo bem, eu estou acostumado com isso, não é isso. Agora vou falar um pouquinho das pesquisas que eu estou fazendo na Universidade Tecnológica, então percebam a diferença, no começo do ano eu aceitei mudar de uma universidade privada para uma universidade pública, nesse momento de mudança de governo muito doida essa decisão. Por quê? Porque eu havia tentado nessa universidade privada há quase quatro anos, desenvolver uma pesquisa de ponta na área de pesquisa de Chu, ou vocês já vão ver um outro nome que eu estou usando agora, porque eu descobri nesse meio de caminho uma outra área que na verdade eu já sabia que eu descobri, eu só precisava de recursos e pessoas juntas comigo para fazer um negócio bacana nesse sentido, mas dentro da universidade privada eu não consegui. Por quê? Porque a universidade privada está muito focada no curto prazo, porque ela precisa pagar as contas no final do mês. Então fazer uma pesquisa visando uma mudança de paradigma, que é o que eu vou mostrar para vocês no final, mudança de paradigma demora um 10, 20 anos, não é um tipo de investimento que a universidade particular vai fazer no momento atual que o país está passando. Então eu fui negado, várias vezes que eu tentei propor um mestrado nessa área, mas agora eu estou quase conseguindo dentro da universidade tecnológica, eu vou falar um pouquinho sobre isso. Mas mesmo sem ter um programa de mestrado a gente já está fazendo pesquisas com os nossos estudantes, experimentando extrapolar essa questão da pesquisa de Chu, da pesquisa de experiências para experiências que hoje não são muito exploradas pelos profissionais da área, porque muitas vezes estão focadas em atender uma demanda específica de mercado, que é software, que é aplicativo, que é website, que é o digital, mas às vezes perdem o foco da experiência humana por estarem nesse meio, tentando parar o bonde, ou tentando segurar um pouquinho, porque é um bonde, um trem da tecnologia que está vindo e aí o profissional especialista em Chu vai lá e fala "Gente, temos que ver se o bonde está indo para o lado certo, para um pouquinho aí" "Não, não dá para parar, não, não dá tempo, então peraí, peraí, uma semana de ZEISprint pelo menos, vamos lá!" Então às vezes a gente tenta segurar mas na academia a gente tem mais tempo para pensar e refletir sobre esse lado humano da experiência, então eu tenho trabalhado com meus estudantes música ampliada, é um experimento muito simples, que a gente toca uma música no headphone e sincronizadamente nós estudantes oferecem estímulos multisensoriais enquanto a pessoa está com os olhos fechados, ela vai sentindo a música arrepiar os pelos dela, vai sentindo a música gelar o corpo, vai sentindo a música pressionar, pinicar o corpo, tudo sincronizado, para que os estudantes percebam que um projeto de experiência não é um projeto de um sistema, é um projeto de experiência, e nesse caso você consegue fazer isso de maneira tangível. Segundo exemplo, parecido com esse também, gastronomia transformadora, então hoje nós temos um problema sério que as pessoas estão cada vez mais com gosto querendo sempre mais do mesmo, né, nos Facebook, infelizmente as redes digitais como Facebook, Instagram e outros que são baseados na ideia de like você gosta, gosta, gosta, gosta, gosta e você consome mais o que você gosta, gosta, gosta, e isso tem um impacto também na nossa saúde alimentar porque você começa só a comer aquilo que você gosta e aí você não come mais o agrião, né René, eu lembro dessa discussão aí quando é que você vai comer o agrião no digital né não René? O brócolis, essas coisas que realmente alimentam a gente, então a gente começou para, vamos parar de pensar em algoritmo que essas coisas abstratas às vezes as pessoas não entendem e não relacionam, nem mesmo os pesquisadores são especialistas nisso, vamos falar de comida, comida todo mundo entende, como é que você projeta uma experiência para uma pessoa experimentar novos gostos e gostar de uma coisa que ela não gostava, então o que os estudantes fizeram nesse experimento? Eles compraram vários tipos de backers e recipientes diferentes de químicos, sei lá, de conjunto químico e colocaram em cada um desses conjuntos um tipo de comida com uma cor diferente, um tipo de líquido, um pózinho e não diziam para a pessoa que ia participar da experiência o que era então a proposta era você combinava esses diferentes ingredientes num shot e você tinha que tomar esse shot com os olhos fechados para se concentrar no sabor e tomar devagar para você perceber o sabor entrando nas suas papilas gustativas, entrando na sua garganta chegando no estômago e depois disso conversava e refletia sobre essa reação, filmava também, depois a pessoa se via filmada via as reações por exemplo, aqui parece que não ficou muito bom o cheiro, ele nem provou, nem teve coragem de provar ainda e depois as reflexões da relação dessa experiência encarnada com essa experiência digital abstraída que a gente tem com redes sociais bom, o que eu mostrei até agora, imagino que você já deve ter falado "nossa, que interessante isso aqui, isso aqui é só a ponta do iceberg" isso aqui são os primeiros experimentos que eu estou fazendo em 5 meses de universidade tecnológica, onde eu quero chegar não é fazer experimentos isolados estou interessado em mudança de paradigma e experimentos isolados a gente faz alguns dias, alguns meses como eu estou fazendo lá mas a gente precisa evoluir na pesquisa acadêmica de experimentos isolados para métodos, para projetos de pesquisa, programas de pesquisa como o programa de mestrado mas o programa de mestrado ele serve para que? Para estabelecer escolas de pensamento e dialogar com essas diferentes escolas que já existem visando com isso mudanças de paradigmas. Por que é tão importante mudança de paradigma? Porque a pesquisa em Exu é fruto de uma mudança de paradigma e trabalho de pesquisadores como eu falei da academia que lá nos anos 90 estavam vendo esse assunto e falando "gente, isso aqui vai mudar a paradigma da produção de digital" na verdade nem existia esse termo na época, mas a produção de tecnologia e esses pesquisadores como é que eles fazem para comunicar essas mudanças descobertas através de publicações acadêmicas como artigos em periódicos ou em conferências no caso aqui eu estou destacando a Info Design que eu acho que é um periódico que se esforça bastante em tornar acessível e fácil de ler bem lealtado as pesquisas que são feitas nessa área, mas existem vários outros. Aqui para vocês entenderem um pouquinho do objetivo dessas publicações é que elas tenham relevância e a relevância é medida através de citações. Esse é um esquema básico que deu origem ao Google isso aqui já existia antes do Google, mas o pessoal do Google, os fundadores, se inspiraram nesse tipo de referência que os pesquisadores fazem para dar relevância aos trabalhos, no caso da Web é o hiperlink essa citação, e eles construíram esse motor de busca que foi uma revolução também na busca de informações e também na distribuição de informações ao redor do mundo, mas esse sistema que a gente chama de publicação entre pares ele continua até hoje e o foco dele é gerar uma comunicação que outras pessoas vão continuar daqui para frente seguindo numa mesma linha consolidando esses pontinhos em vermelho, são pontos de passagem essenciais para compreender os trabalhos que vêm depois isso a gente chama de escolas de pensamento. E no Brasil na área de experiência do usuário eu destacaria cinco escolas existem outras escolas, existem outras escolas fora do Brasil também, mas eu diria na minha visão as escolas que estão consolidadas hoje na academia são a interação no computador muito ligada a computação, design de interação ainda muito ligada a computação, mas também com algumas incursões da área de design, design de informação que é totalmente design, ergo design que também vem do design e cyber cultura que é o pessoal da comunicação esses são as escolas e se você for pesquisar sobre experiência do usuário na academia você não vai encontrar muitas vezes esse termo de experiência do usuário porque ele é um termo como falei no começo meio echu, meio indefinido, meio impreciso, incompreendido, então muitas vezes os pesquisadores vão preferir esses termos aqui definir o que eles estão fazendo do que usar echu, e aí você vai falar, se você for meio newbie né, você vai lá "ah vou pesquisar o que tem de pesquisa em echu no Brasil" você vai entrar no Google Schola, vai digitar pesquisa, experiência do usuário, método para resolver um problema específico que eu tenho aqui agora e você não vai encontrar, as vezes você não sabe como que a academia chama aquele fenômeno que você está precisando, as vezes já tem uma solução, tem um método perfeito para o que você precisa fazer, mas você não sabe o nome disso aí bom, agora então vamos para a parte mais interessante da conversa que é, que vem depois nós como pesquisadores da área de experiência do usuário ou dessas diferentes escolas a gente tem se preocupado com um novo paradigma que está surgindo aí a própria experiência do usuário já foi uma questão que surgiu de uma mudança de paradigma então nós tínhamos lá até o mais ou menos anos 90 projetos voltados para objetos simples, objetos que eram estáticos, que não se transformavam objetos que concentravam informação, conhecimento, embutiam esses conhecimentos e permitiam que as pessoas tinham acesso a esse conhecimento a grande era da informação é poder, esse era o paradigma antigo quando você começa a ter conexão desses bancos de dados, conexão desses desses objetos e eu não falo conexão só informática 011 mas conexão entre diferentes pessoas, entre diferentes comunidades, os objetos começam a ser compartilhados existe uma entrelaçamento muito maior de atividades, ele começa a se tornar o que a gente chama de objeto complexo onde as relações que são transformadas por esse objeto, ou seja, o impacto que esse objeto tem e não o potencial, porque aqui é o potencial que é a performance que interessa aí você tem uma nova, um novo paradigma e a experiência do usuário é uma das maneiras de você mensurar um aspecto da performance desses objetos que é o quanto ele atende uma necessidade do usuário final, tá? E isso é uma das coisas que saiu dessa mudança de paradigma porque a XU não é a única, tem várias outras, eu não vou aqui citar porque já tenho estudado essa questão na arquitetura, na engenharia e em outras áreas a gente vê esse padrão ocorrer no objeto simples, objeto complexo em diferentes maneiras Qual seria então esse novo paradigma que a gente tenha percebido dentro da área do design, da computação e engenharia, arquitetura, por aí vai? Bom, a gente ainda não tem um nome muito claro para isso, mas a gente está arriscando definir isso como algo focado, um paradigma focado em relações, não mais objetos tira da frente o foco em objeto, tira da frente o foco em software, software não é software, aplicativo não é aplicativo, são mediadores de relações e o que interessa são as relações que você testa, em um momento essa relação vai se acontecer pelo software, outro momento vai acontecer de outro meio e se você tem um projeto focado em relações, esse meio pode mudar, esse meio pode ser feito upgrade, pode ser 2.0, 4.0, 5.0, acabou os zeros, ainda você vai ter a relação e isso talvez seja o que os clientes, os usuários e as pessoas mais queiram nesse mundo e mais tenham sentido, sentido no momento falta e carência de relações, relações aí é um conceito já um pouco mais avançado do que interação e até mesmo de experiência você pode ter uma interação micro, aqui eu aperto um botãozinho aqui, estou gravando e tal, isso aqui é uma interação, a gente pode ter uma experiência compartilhada dessa conversa que a gente está tendo aqui agora, mas eu vou embora daqui, que relação que vai sobrar? Será que eu tenho certeza que vou continuar minha relação com o Renê, mais um abraço aqui para relembrar os velhos tempos, essa relação continua o Renê agora está na BRQ, amanhã ele está em outro lugar, o que o Renê traz com ele, qual o valor principal que o Renê traz para as organizações onde ele está? Para as relações, isso é o principal valor que esse paradigma vai focar, então isso também desconstrói totalmente a visão anterior focada em objetos se você for pensar no design centrado no usuário que é o paradigma predominante da pesquisa echu hoje em dia, ela transforma as pessoas, os usuários em objetos tanto é que muitas vezes eles são até modelados como objetos, mas você fala "não faço isso", faz, mapa de empatia você faz, não faz? Então, transformou a pessoa num objeto que tem apenas cinco dimensões, reduziu uma experiência de vida ao negócio e nem validou para ver não, tudo bem, tem algumas pessoas que se validam, mas a maioria não pega o mapa de empatia e mostra para o usuário e fala "você está se sentindo assim?" a maioria não faz isso, mas pelo menos isso deveria fazer, agora se você não pensar em usuários e pensar em outros tipos de relações, a relação de uso que você está tecendo mas tem vários tipos de relações nesse mundo, falar de experiência de usuário num sistema, por exemplo, onde o usuário cria alguma coisa e não só usa que eu acho que é o caso de vocês, é uma coisa meio estranha, porque na verdade não é um usuário, ele é um produtor, ele está co-criando junto com você então como é que você cria esse tipo de relação? E agora se você for pensar mais a fundo, usuários ou pessoas são só uma parte desse mundo são só um tipo de ser vivo que tem nesse mundo, e a gente fica centrando tudo no ser humano como se ele merecesse, fosse dominante da natureza tem criado problemas terríveis de sustentabilidade, como mudanças climáticas, globais, como poluição que a gente não sabe o que fazer isso aqui está destruindo nosso planeta, essa lógica do design centrado no usuário, me desculpem, mas isso aqui será o fim da humanidade se a gente quiser ter um planeta centrado no ser humano, vai chegar uma hora que não vai ter mais planeta, o que a gente precisa ter, a gente já está chamando de design descentrado ou um design relacional que é focado em relações entre diferentes seres vivos e não só seres vivos, como também outros elementos da natureza como os rios, como as águas, como os mares, como as nossas reservas naturais e pensar isso como participantes ativos de um projeto você está pirando, sim, estou pensando em mudança de paradigma para a gente reverter um negócio que pode acabar com a humanidade, estou falando sério então, é uma das escolas de pensamento que nos influencia então, o que a gente está querendo pensar nesse tipo de design é criar novos possíveis, porque é um problema sério que a gente tem hoje as pessoas não acreditam que é possível fazer diferente, isso a gente tem chamado no momento atual temporariamente como design prospectivo, então a gente está dando esse nome, é um nome super recente que a gente criou lá na Universidade Tecnológica faz uns 4 meses e eu vou mostrar para vocês o que está em construção, então isso aqui ainda não está completamente estabelecido é o primeiro momento que eu estou fazendo uma comunicação pública sobre esse assunto, então até gostaria de um feedback para ver se vocês acharem interessante essa proposta, acho que a gente está viajando muito, está se descolando muito da realidade, por favor nos ajudem a agendar a nossa pesquisa então, qual a problemática do design prospectivo? você tem um possível e você tem um impossível mas nesse meio do caminho tem gradações, você tem o provável e o improvável, e a maior parte do design ele tenta focar no que é provável mas para você focar no que é provável você vai ter que pensar o que é improvável, então você separa o joio do trigo mas raramente o design, especialmente o design que é focado no ser humano, atender necessidades atuais, ele vai tentar fazer o impossível até porque o foco dele é conservador, projeto de experiência do usuário em geral não tem aquela característica que tem a pesquisa mais orientada à tecnologia como a inovação exponencial, que ela tenta impor uma maneira nova de ver o mundo, transformar um da partir da tecnologia nós que trabalhamos com pesquisa de Ressure, a gente tenta adaptar a tecnologia ao ser humano, enquanto que na perspectiva da singularidade é o contrário, a tecnologia na verdade é o novo ser humano, mas essa é uma conversa que vai além que seria na verdade não o neomanismo, é transhumanismo mas eu não vou entrar nesse detalhe aqui agora, senão a gente fica aqui a noite toda agora uma coisa que é pouco discutida, que o design prospectivo traz é o impensável, o que é o impensável? aquilo que ninguém está se preocupando, por exemplo profissionais que trabalham com experiência do usuário, que acham que estão fazendo um excelente bem para a humanidade projetando centrado no usuário, mas com isso estão aumentando os índices de produção de lixo, porque é mais fácil usar daquele jeito mas aquilo ali a pessoa desenvolve uma relação de descarte, ela fica incentivada a sempre ter os seus desejos supridos, então ela fica mimada a gente gera uma geração de usuários mimados, então a gente tem um problema sério aí que a gente não está pensando então o design prospectivo ele estimula a gente a pensar o impensável, e ao fazer isso a gente vai transformar o impensável, o impossível, o improvável no novo possível, através de cenários do tipo "e se?" uma coisa que é improvável se tornar possível, e se uma coisa que é impossível se tornar possível? e o "mas?" que é um elemento novo de cenário, e se uma coisa impensável acontece também? e se por exemplo há uma mudança sociopolítica gigante que a gente não estava esperando, por exemplo a reemergência do fascismo, uma coisa que era impensável alguns anos atrás hoje em dia é cotidiano, então agora eu vou falar um pouquinho sobre, beleza, isso aqui é uma visão conceitual que ainda está em construção mas como é que a gente tem feito isso na prática? tem alguns projetos que tocaram um pouquinho nesse paradigma do design prospectivo mas nenhum deles que falou desde o começo vou fazer um projeto design prospectivo até porque esse nome nem existia, as coisas estão em consolidação no momento isso aqui é um projeto de um cenário futuro onde as pessoas poderiam ter alimentos e energia compartilhados entre elas através de redes inteligentes por exemplo alimentos orgânicos que são produzidos por cooperativas de agroecologia que trabalham com orgânico, muitas vezes não conseguem chegar no usuário final por causa dos atravessadores esses atravessadores eles tiram uma grana tão grande do processo que acaba que se torna inviável esse tipo de produção mas se essas pessoas começam a se conectar e diferentes tipos de ofertas são feitas no ecossistema você pode viabilizar produções alternativas em larga escala então eles estavam pensando em relações veja, nesse projeto os nossos estudantes e não em objetos ou aplicativos específicos que muitas vezes é a opção padrão digamos assim para lidar com isso aqui nós vemos professores e estudantes que estão fazendo parte de uma incubadora, a gente chama de TecSol dentro da Universidade de Tecnológicas é uma incubadora de economia solidária, tecnologia social que tenta ter esse tipo de relação trabalhando com produtores rurais, trabalhando com artesãs, trabalhando com moradores de rua tentando gerar esse tipo de dinâmica para que essas pessoas consigam gerar valores de uma maneira solidária sem precisar cair dentro de uma lógica de exploração do trabalho e usando ferramentas digitais para criar moedas digitais, criar alternativas coisas que hoje às vezes são discutidas com o blockchain que poderia ser uma solução para o sistema financeiro, um capitalista mundial eles estão tentando trazer para o dia a dia como uma solução para viabilizar essas redes locais de produtores aqui um outro projeto, pensando em futuros, como é que seria o nosso futuro daqui a 10 anos se tivesse tido uma guerra nuclear, uma cataclisma nuclear em 1970 então não só prospectar o futuro, mas prospectar passados, alternativos para a gente com embasamento pensar o que aconteceria se por acaso uma coisa que aconteceu no passado 40 anos atrás acontecesse agora de novo curiosamente algo que é muito comum na história humana, porque na mudança de gerações às vezes se perdem algumas aprendizagens e a gente tem que aprender de novo e aí os nossos estudantes estão refazendo essa construção para se tornar consciente disso aqui é teatro do oprimido que é uma metodologia fabulosa para pensar em projetos de relações que eu tenho experimentado a Bumi tem sido minha companheira também, ela é coringa formada, teatro do oprimido e a gente tem pensado como você constrói uma rede social que as pessoas não ficam se relacionando de maneira superficial e eventualmente caindo no bullying, caindo naquela vaidade então a gente tem usado teatro para experimentar isso, vocês podem ver nas cordinhas aqui é uma maneira de experimentar essas relações visíveis mas também invisíveis por exemplo na comunicação corporal que as vezes não é tão explícita mas que é muito rica e ajuda a gente a entender e materializar relações então o design prospectivo ele tenta desenvolver o que a gente chama de projetos de transição ao invés de você viajar na maionese ficar só pensando em pensável você volta para o novo possível e você começa a pensar bom esse é o possível atual esse é o novo possível e eu vou focar aqui como é que eu faço uma coisa que é do novo possível se tornar possível atual então o projeto de transição ele visa fazer experimentos muitas vezes piloto muitas vezes local muitas vezes circunscrito a uma comunidade que pode escalar e depois se tornar por exemplo é uma esfera regional ou até mesmo global nesse processo a startup é uma das maneiras como esse tipo de relações podem ser escaladas mas normalmente um ecossistema poderoso ele não tem só a startup então não pense só em objetos pense em relações aqui algumas tentativas de fazer isso já nessa perspectiva de projeto de transição que bem recente a gente tem pensado nisso desde o ano passado o projeto da copel que eu tava falando é o foco deles de investir em startups não é porque eles querem mais um programa startup fazer um marketingzinho se apropriar desses jovenzinhos estão cheios de ideias e fazer um trainee sem pagar ninguém não é isso eles querem realmente fazer uma transição para tal do smart grid eles sabem com o ecossistema é que um smart grid precisa de um ecossistema de empreendedorismo e por isso eles estão começando a nutrir entender isso e o interessante da participação da copel nesse da Copel nesse projeto, é que eles estão internalizando esse modo de se relacionar com ecossistema para dentro da empresa e para os fornecedores com que eles trabalham, inclusive pensando em relações futuras. Aqui você tem uma foto de uma oficina que eles organizaram de dois dias para pensar a Copel do futuro, daqui há 20 ou 30 anos, utilizando legacy display, zain thinking e vários outros métodos que eles aprenderam com a APUC do Paraná, porque eu estava lá na Hot Milk, que é a aceleradora de startups, a gente fez esse tipo de atividade para o Copel+, que era aceleração de startups, depois eles usaram, incorporaram isso nas práticas e fizeram sozinho. Esse Lego aqui é deles, eles que compraram Lego, você imagina uma empresa, companhia elétrica comprando Lego, foi um grande mudança de cultura organizacional que está acontecendo por conta desse projeto, a gente espera que isso tenha desdobramentos futuros muito interessantes, mas é a longo prazo. Aqui temos um outro projeto, uma estudante agora na UTF-PR, a Raffaella Eleuteri, ela está estudando as mulheres café e culturas do norte do Paraná e vendo como elas estão se adaptando às mudanças climáticas que estão afetando a produção de café. Por exemplo, antigamente, os cafés, essas frutinhas aqui, elas amadureciam todas ao mesmo tempo, então a cor era sempre igual, mas agora as frutinhas estão amadurecendo em diferentes épocas do ano, porque não existe mais uma coerência, uma consistência no nosso clima, naquela região, e isso eu imagino que esteja acontecendo em vários outros lugares do mundo. E é aí que elas têm que fazer várias colheitas, e essa colheita como é manual artesanal, e elas buscam com isso aumentar a qualidade, está aumentando o preço também, e isso está talvez no futuro inviabilizando esse trabalho manual que essas mulheres fazem, e que elas fazem muito bem, e que gera um café de excelente qualidade. Como que você faz para ter uma transição para um futuro que não tem mudança climática? Obviamente que elas não vão reverter a mudança climática, mas elas podem ser um símbolo dessa reversão. Então a Rafaela está pensando como que essa comunidade pode mostrar esse problema, o impacto da mudança climática sobre o plantio de café, e que os consumidores desejem financiar esse tipo de transição para uma agricultura ecológica, orgânica que não tem um impacto ambiental tão forte. Então ela está projetando experiências e serviços nesse sentido para essa comunidade. Aqui nós vemos uma proposta bem interessante, aí visando a mudança do perfil de homem, e também de mulher, que as mulheres têm um adereço de roupa íntima que foi imposto para o corpo delas, elas são obrigadas a usar sutiã em situações sociais, porque se não está usando sutiã, "ah não, ela é prostituta, ela é uma vadia, ela não está bem vestida, ela não está cuidando bem dos seios dela". Isso quem diz são as outras pessoas, não é a mulher que diz isso dela mesma, mas ela é obrigada a utilizar pela convenção social. Então as nossas estudantes começaram a pensar como é que a gente faz para ter uma sociedade onde se aceite uma mulher não utilizar sutiã numa situação social. E aí elas criaram um projeto que vai na contramão do que você imagina, não é um sutiã mais bonitinho ou um sutiã menorzinho ou um sutiã... não, esquece sutiã, escrotiã mesmo. O negócio é fazer o igual com o homem. Então o que seria o equivalente do sutiã? O escrotiã, que é aquela peça íntima que o homem vai utilizar para manter o escroto dele bem cuidado, na posição correta, firme, para que ele não caia quando ficar velho, sempre com saúde, evitando assim problemas como assaduras, tornando muito mais confortável a vida do homem. E tem várias versões, inclusive a versão esporte que é dry fit, é uma tecnologia que os homens adoram utilizar na camiseta porque não usar no escroto é muito melhor que cueca, acabou cueca, o homem do futuro é o homem que compra o seu próprio escroto e não pede para a mulher comprar cueca. Então vejam toda a mudança de comportamento que está embutida nesse projeto, que parece piada, é engraçado, mas isso aqui na verdade é uma provocação para nós pensarmos, a gente não pode, no presente, começar a quebrar esses paradigmas. Vocês hoje estão vestidos de maneira descolada, estou vendo aqui, essa é cultura organizacional, alguém nessa empresa aqui em algum momento falou "pode", porque não podia antigamente. Eu já fui barrado em várias empresas como consultor externo, imagina, eu não preciso estar aderindo, aderir ao código de investimento de uma empresa se eu sou um consultor externo, mas eu já fui barrado em algumas empresas por estar vindo de bermuda. Isso aconteceu dez anos atrás, acho que hoje em dia não vai acontecer, não me barraram aqui pelo menos, hoje não estou de bermuda, mas eu vim mais casual, porque faz sentido, eu estou tentando trazer esse tipo de mudança, porque eu acho que as pessoas têm que se vestir confortavelmente. Então esse tipo de mudança de comportamento é o que a gente está chamando de projeto de transição. Eu não tenho muito mais exemplos para mostrar para vocês, como eu falei, algo que a gente está construindo, estado atual das coisas. Eu entrei na Universidade Tecnológica há mais ou menos cinco meses, com essa proposta que me deram junto com os outros professores de construir um programa de mestrado em design, e no meio do caminho a gente descobriu esse conceito de design prospectivo, estamos neste momento enfiando para o MEC a proposta de um mestrado, se for aceito, e se a gente tiver esse apoio do governo para abrir esse programa, a gente no ano que vem vai ter abertura de turmas, é o mestrado Universidade Pública, lembrando, é gratuito por enquanto, o governo está tentando mudar as regras, mas eu também acho que esse tipo de parceria com empresas pode ser uma coisa muito bacana, é algo que a gente fazia na PUC, que eu fazia na PUC muito bem, como eu mostrei Copé, o Renault e outras empresas, tentei fazer isso na UTFPR, foi um pouco mais difícil, na verdade até agora eu não consegui emplacar uma parceria, acho que com essa mudança que o Futurice, que é o novo programa do governo, está tentando propor, pode melhorar isso, por outro lado pode piorar outras coisas, como por exemplo o foco a curto prazo, porque é muito difícil uma empresa só querer financiar uma pesquisa que foca em 20 anos, que a empresa nem sabe se vai existir até lá, o capital é volátil, no produtivo ele não fica, às vezes não tem essa perenidade, mas eu acredito muito em articulações de ecossistemas, em consórcios, parcerias, porque eu vi isso acontecer na Europa, fiz o doutorado na Holanda, e na Holanda qualquer pesquisa acadêmica necessariamente tem que ter um parceiro da indústria, ou seja, tem que ter uma empresa, senão o projeto não é aprovado pelas órgãos de financiamento. É claro que a empresa não precisa financiar tudo, porque é muito difícil você colocar esse tipo de tarefa nas costas de uma empresa que tem que fechar a balancete todo ano, mas se você tem uma parceria público-privada, eu vejo como um caminho bem interessante pro futuro, é esse tipo de coisa que eu vou tentar construir na UTFPR, estou aqui conversando com vocês, visando esse tipo de relações, e se vocês acharem interessante, por favor comentem, reflitam, me digam se estamos na linha certa.