Todo mundo aqui se faz perguntas. Quem sou? O que sou? Como sou visto? Como é que eu consigo ser entendido ou lido por aquilo que eu me identifico como minha própria existência? Acontece que por questões de linguagem, por questões de interação social, toda vez que a gente define algo que somos, por exemplo, sou brasileiro, automaticamente eu acabo definindo também o que eu não sou. Se eu digo sou brasileiro, estou dizendo que não sou italiano, não sou americano. Ao você afirmar uma identidade, você acaba afirmando também uma diferença. Se eu sou brasileiro, os outros são o que? Se eu digo que nós somos brasileiros, os outros são o que? A gente vai acabando sempre que a gente se identifica com uma categoria, a gente acaba criando também uma categoria para o outro que não é. Fazer só esse processo de você dizer que você não é, toda vez que você cria uma identidade, uma diferença, não teria nenhum problema. É natural que aconteça. A questão é que toda construção de identidade não se dá só pelo que eu afirmo que eu sou. Se eu digo que eu sou brasileiro é uma coisa. Agora se vem uma pessoa e diz assim "seu brasileiro", você não passa de um brasileiro. Fica fazendo coisa de brasileiro. Aí eu discurso do outro sobre a pessoa. Tentei dramatizar aqui um pouquinho. Se eu tento afirmar agora veja a diferença de eu pegar e autoafirmar. "Ah, eu sou brasileiro mesmo". Tem uma coisa que eu gosto é de ser brasileiro. Tem nada como ser brasileiro. Uma afirmação da identidade é diferente de uma afirmação do outro. Pode ser positiva ou negativa, tanto dos dois. A identidade acaba criando uma diferença, que eu sou e não sou, porque quando eu digo que eu sou brasileiro, eu tenho que trazer valores junto com isso. Ser brasileiro é uma coisa boa, ser brasileiro é ser divertido, ser brasileiro é ser animado, ser brasileiro é ser violento, perigoso. O que os seus valores estão trago e quais eu estou me opondo. Ser brasileiro é não ser igual aqueles outros que levam a série tudo, tudo preocupado, levam a vida muito regrada. Uma vez que afirmamos identidades, ou nos é afirmado identidade, surgem algumas falas, essa preocupação com a imposição do outro em ser alguma coisa, ou se comportar de certa maneira. Se comportar de certa maneira, a gente se sente no corpo também, porque a gente tem que se adequar e se conformar. Que é o quadradinho que surgiu num outro, que você conformou no centro, porque as nossas diferenças, aquilo que a gente não é, ou que é dito pra gente não é, elas são classificadas. Por tipos e arquizadas. Ser brasileiro está aqui ou aqui? Quando eu afirmo sobre mim mesmo ou sobre alguém. Ser brasileiro é melhor ou pior? Qual pararquia? A gente quer ser brasileiro ou não? É o que a gente evidencia ou oculta? Fica visível ou invisível? Ele está cima ou abaixo? Vem antes ou depois? Como é que a gente se estrutura perante esse outro, nessas outras questões? Uma também importante questão do artigo passivo, se tem agência ou não, se consegue fazer alguma coisa ou não. Eu usei o brasileiro, mas a gente poderia usar todas as questões e outras. Então formas de você classificar e arquizar a sua identidade no outro, por classe. Veja que eu posso usar as coisas de várias maneiras, como... Sabe aquele "esquitinho"? Sabe aquele que a gente cobra? Só estou falando, mas tentando já uma noção de hierarquia, de posição, vem antes, depois. Pra quem a gente vai dar preferência? De quem a gente fala, quem a gente não fala? A questão do classe e poder econômico, elas são parecidas, elas têm umas pequenas diferenças. Classe pode ser tanto a questão de trabalhadores ou pessoas que utilizam o trabalho de outras pessoas, ou de poder econômico, com faixas de quantidade de dinheiro. Sexo e gênero também estão juntos, mas tem diferença. A questão de sexualidade geralmente traz uma questão mais biológica, que tradicionalmente é no binário homem e mulher. A questão de gênero tem uma faixa de outras questões que incluem sexualidade, afetividade, intersexo, trans. Ou seja, você consegue classificar pessoas e a identidade delas, o que elas são, o que não são, por aqui. Por questão de raça etnética, inclusive por geopolítica. Quando eu falo brasileiro é uma raça, se eu falo essa raça brasileira, ela é uma etnia? Que é muito louco, né? Porque fora do Brasil, por exemplo, mexicano, brasileiro, argentino, são uma raça. Para algumas pessoas, como se fossem todas iguais. -Latinos, né? -Latinos. Todos iguais com uma identidade em comum. Quando a gente mesmo estando aqui, a gente sabe que não é. Ou a gente constrói uma identidade que não é, com essas diferenças. Idade e geração. Uma coisa que a gente pode compartilhar, porque aqui na comun, a gente tem uma estrutura de educação que geralmente pega bastante forte a geração e a idade. Temos uma geração em comum, mas é quando o adendo é muito criança, ainda é jovem, ou já está velho demais, criação e identidade. Questões do corpo. Como a gente vê, por exemplo, na da Criatividade Curitiba, quantos dedos a pessoa tem na mão, quantos braços ela tem, ela consegue fazer o que o homem vai fazer, ela consegue enxergar. E como a gente utiliza isso para enerquizar o capacitinho, a eficiência. Uma atitude muito na nossa década, provavelmente vai ser muito marcada no futuro por uma questão de migração, mas aqui em Curitiba está muito forte a questão de Aitiano. Quando você fala alienado, Aitiano, quando você classifica as pessoas, você já está trazendo uma série de valores juntos. Uma ideia da proveniência, quem ele é, o que ele está fazendo aqui, ou se eu falasse um alemão, um italiano, hábitos, tradições, cultura, religião e crenças. Isso aqui com certeza não é uma lista definitiva, mas são coisas muito fortes de utilizar para você classificar e enerquizar a identidade diferente. Daí onde entra a pressão nisso? A gente utilizou bastante esse termo, especialmente a aula passada, hoje a gente não surgiu muito o termo pressão, a gente se chama pressão. Mas pressão foi um conceito, como conceito, e a gente tem que diferenciar. Uma coisa é pressão, o termo que a gente usa no dia a dia, a gente usa de forma cotidiana para um monte de coisas. Pressão também é um conceito acadêmico, digamos assim, onde ele tem um jeito, uma forma específica, quando você fala pressão você está falando de coisa específica, e não de qualquer coisa. A gente vai tentar passar aqui uma forma estruturada. Pressão nos viés que a gente está trazendo aqui, que é baseado no Paulo Freire principalmente, e numa pesquisadora que também se inspirou no Paulo Freire, pressão significa desumanização, retirada daquilo que caracteriza um ser humano como ser humano. Você cria classificação de quem é humano, geralmente sou eu, e quem é menos humano, que é o outro, que eu digo que a identidade dele é diferente da minha, geralmente ele é oposto de mim. Se ele é oposto de mim, eu sou humano, ele é menos humano, então eu posso fazer coisas com ele, como por exemplo, oprimir, e pela pressão, pegar e desumanizar o meu serviço, botando ele como inferior, fazendo as coisas que eu não quero fazer, por aí vai, ou mesmo com violência. Opressões, elas têm algumas características. Então, por exemplo, só hora bem como tem relativo a nossa história do Brasil, índio não era considerado humano inicialmente, então podia matar os índios, daí depois um tempo o Vaticano foi lá e assumiu que índio também tinha alma, o índio se tornou humano. Por um tempo os escravos negros que vinham da África também não eram considerados humanos, não tinham alma, e depois o tempo mudou e hoje eles, enfim. Eu acho que eu vou falar a mesma coisa que um enteim invertendo para talvez se reconstruir, que é, por que você poderia escravizar alguém, seja indígena ou afrodescendente, no caso, colocado como escrava na América Latina via portugueses, europeus? Você consegue escravizar alguém se você não considera ela igual a você. O escravo só pode ser escravizado porque ele não é considerado como igual, existe uma diferença que tem que ser muito nítida para você separar quem é escravizado e quem não é. E a pessoa é escravizada, então ela tem algum caractere que deixa de ser humano que lhe permite dizer que ele não é um gnose. A separação dele e do outro é essa diferença que você coloca. E daí, os N artifícios que existem para você criar essa diferença, como a ideia de não ter alma. No caso do indígena ele não tinha alma, então ele não é humano. Depois, com o reconhecimento da alma, você estabelece que se ele tem alma, então ele tem que ser tratado mais ou menos parecido. Então, por exemplo, ele precisa ser catetrizado, precisa ser incluído nessa forma de cultura. Então vamos espalhar essa cultura para que ele seja um de nós. Isso parece muito distante quando a gente fala desses exemplos, mas a gente tem ainda opressões que se baseiam na negação da humanização. Elas são um pouco mais sutis, talvez não seja tão fácil de observar, é porque a gente está envolvido nisso. Mas eu vou usar para explicar melhor depois. E no início que você coloca, talvez a gente coloque exemplos antigos agora para começar, porque opressões não são pontuais, não acasam. Elas são construídas ao longo da história. Elas são contínuas. Então, sempre quem está falando de uma opressão está falando de algo que não surgiu só em 2017, ou nos anos 2000, ou nos anos 90. Ela vem se construindo, mudando ao longo da história, mas ela vem sendo aplicada em um certo tempo social por alguma identidade dele há um bom tempo. Ela vem sendo construída. Então, nos anos 60, uma que foi muito debatida e que tem sido resgatada essa historicidade é a opressão às mulheres. Todos os indícios foram mais informados nessa década. Engraçado é que em décadas passadas isso não estava tão forte, porque isso aconteceu agora. Mas ela não surge só agora, ela vai sendo construída. Elas se interseccionam, porque uma opressão às vezes parece que é de uma coisa, mas ela é de duas coisas, ou três coisas juntas. E vai se juntando. Pode ser a religião, junto com o classe, junto com a orientação sexual, junto com o sexo, vai se intercalando e se interseccionando de maneira que nem sempre é fácil você ver onde ela está. Porque ela está em um monte de coisas, coisas pequenas que estão se impermeando. Ela também não é uma coisa que... Essa aqui também é a principal, né? Diferente da pressão que a gente sente... A pressão todo mundo sente. Ao longo do dia, talvez algumas pessoas tiveram a oportunidade dessa semana de não sentir. Mas quando a gente sente uma pressão a gente fica incomodado. Parece que algo não está certo. A questão de a gente falar que a opressão é estrutura é que uma coisa é eu, Rodrigo, sozinho, me sentir pressionado. E outra é que qualquer outra pessoa que compartilhasse uma identidade comigo e estivesse na minha situação, também iria sentir isso. Então, como exemplo, poderia ser... Questões de discriminação são uma das formas de você executar a opressão. Você se sente discriminado por alguma questão de identidade sua. Se não fosse você, mas fosse qualquer outra pessoa, seria discriminado igual. Isso significa que opressão é uma estrutura. Se você é discriminado, por exemplo, em sala de aula ou em algum lugar que você vai, em algum contexto, não só porque é você e outro indivíduo, mas qualquer pessoa que compartilha, significa que é uma estrutura. Todo mundo sexual será discriminado em tal contexto, independente da individualidade dele ou dela. Significa que é uma estrutura. Não é o que acontece às vezes. É um ponto para separar a pressão da opressão. A opressão irá acontecer não só com você, mas com todas as pessoas que compartilham aquela identidade. Você fala "opressão", Raimundo? "Opressão" só para entender. Às vezes está parecendo "pressão", "opressão"... E quando eu... não é histórico, não é estrutural, mas eu acho que é muito mais humano, mais filosófico. Sempre existiu? É. É um negócio que você sabe. Você fica imaginando as pessoas que é agonia de resistir. É um negócio que você sabe. Eu existo, entendeu? Eu sou obrigada a existir porque eu estou aqui, eu nasci, sou eu quem tem a opressão, acho. Mas sou eu, sou eu. Todo mundo que existe, sente isso. Agora, a pergunta é só... é uma pergunta filosófica sobre existir, ou é porque tem que... A pergunta é uma das primeiras perguntas que você colocou, tipo "quem sou eu?" Não, a diferença é porque eu tenho que existir assim? Eu acho que é um motivo. É, eu acho que é um motivo. Porque se todos fazem isso comigo, e daí comigo daí se faz com nós, com pessoas como eu. Por exemplo, a... você entendeu? Por exemplo, assim, "ah, eu sou Nicole e eu estou usando uma luz a ver". Eu me sinto... tipo, estou olhando agora e estou ficando parada de você. Tipo, "ah, você me está me estudando muito na casa e você está me estudando comigo". "Ah, você está me estudando muito na casa e você está me estudando comigo porque eu sou a Nicole". As pessoas como Nicole falam muito na aula, se me enfeite também, mas para sair uma pressão, como essas pessoas falando comigo, se sentem olhadas, já tem que ver, entendeu? Daí é uma pressão. Não só uma pressão sua, não é? Mas não tem nada o que eu vou falar, não é que diz. Não, mas eu entendi o teu ponto. Eu falo de sentido mais... aberto, né? Para questionar a própria existência, né? É, então, não é histórico, não é estrutural. Mas, se eu estiver no estado desde que o humano existe, ele fica se sentindo angustiado, não é? É uma forma dela. Vou dizer o seguinte, o Heidegger defina o seguinte, o que separa o ser humano dos outros seres é que ele faz essa pergunta sobre quem eu sou. Você é ser humano... tem ser humano quando se pergunta por que você é ser humano, por que você existe. Mas essa seria uma coisa natural do ser humano, não seria uma pressão. Não, não seria. A pergunta é... Eu não quero entrar muito nesse detalhe, mas existem vários filósofos que analisam que existe um nascimento do ser humano moderno. Lá no século XVII, por aí, eu ouvi do meu livro. Antes as pessoas não tinham angusti e começa a surgir a dualidade no humano moderno. A dualidade passa a ser uma característica que vai falar sobre isso ao Corbusso. É ali que o primeiro filósofo começa a perceber essa mudança. Na história da filosofia, o problema de existir ou não existir não era uma questão até de começar, por exemplo, a renasciência. Começa aqueles trabalhos, começa, por exemplo, o Shakespeare, começa a colocar "ser não ser" essa questão. Não existia isso antes. Existia... Não é isso, é estrutural. É cultural. É estrutural. Mas não é uma pressão exatamente. Eu já sabia que isso é uma questão de sensação, uma realidade inérgica. Mas não é uma... ele tem furiosos? É, eu quero perguntar de novo para o nome, para o que ele está. Diz que uma diferença entre você se perguntar sobre a própria existência e isso ser um devaneio e uma exclusividade, se você quer ser um... Outra é que isso te apeta a maneira que você sente mal por essas questões. Porque as questões são mentais, por exemplo, se ele não é inérgico ao questionamento e surgiu depois de algo, tipo, é uma coisa moderna, então implica que algo fez, por isso surgisse, né? Então, que é isso? O filme "O Dome da Rosa" é abordado, é abordado isso. "O Dome da Rosa" mostra o caso de uma sociedade que não afirma esse questionamento e alguma pessoa que questiona e prevalece, eu dano brumo, também é outro filme que faz isso. Acho que vamos preencar, chegar a essa pergunta do ser com pressão. Uma das populações que eu vejo mais difícil do Brasil é indígena. E essa pergunta do ser não é uma pergunta só de metafísica de filosofia, é uma pergunta mesmo qual é o meu lugar, sendo que toda a minha tradição é explorada, é negada, como coisa que não deveria existir. Eu como indígena, né? Seria pergunta. E essa pergunta eu levo para estar... Tem uma frase muito boa, que eu não vou lembrar agora, eu nem queria notar, não sei se tem uma notada, não é? Mas é tipo, a oportunidade que eles falam ali, eu vi que estava bem brava assim com essa questão, mas é tipo, nada do que eu tenho direito, nada do que eu me sinto... Nada do que eu sei o que, eu tenho direito, sabe? Tudo que me oprime são coisas que eu não tenho... tudo que a gente sente como opressão pode mudar. Ai, não vou me abraçar, não vou me abraçar. A gente fala que quando a gente nasce, a gente é... nasce de que nascer, sabe? A gente não pode escolher o nosso teste, onde a gente nasceu, as coisas, as nossas ordens, a coisa da nossa pele, a gente é obrigado, todas as outras coisas são só para a gente ficar escrevendo e devalendo sobre isso. Porque normalmente o que a gente deveria sentir oprimido, pressionado, é essa questão de tipo, tudo o que a gente não escolhe, a gente nasce de que não tem como, sabe? Mas é a minha atual pensão sobre esse vídeo, que eu vou ser assim, o que você faria quando a gente ganhasse um milhão de reais? Um milhão não, mas muito dinheiro hoje. O que você faria? Eu já não tenho, né? O milhão já não dá, é pouca. Mas tipo, muito dinheiro hoje. Tipo, cara, a coisa mais libertadora talvez seja você comprar uma nova identidade. Porque você poderá escolher o teu nome e tudo que você é, porque você, tipo, deixa de ser livre disso. Você pode escolher o seu nome, mas você não pode mudar seu corpo, você não pode mudar o tempo de vida, você não pode mudar com o que as pessoas que tem em sua volta. É, exatamente, você compra um novo lugar, uma nova história, uma nova com você, sabe? Ele não faz muito pouco, é uma coisa mais... É lá na Hot Wheel que a gente tem uma aceleradora de satacos para ideias de... Não sei se vocês quiserem desenvolver um negócio. Eu acho que realmente é uma oportunidade boa. Gente, aqui a gente não está falando de opressão no senso comum, ou mesmo outros conceitos de opressão. A gente está pegando um conceito de opressão, tá? Você quer falar de opressão? Sim, sim. Mas vale a reflexão. Vale a reflexão. Não faz, a gente está discutindo. Mas eu gostaria mesmo que a gente conseguisse tirar dúvidas sobre essa noção. Ou seja, quando ela perde o caráter individual da eleição. Ou seja, ela não é só uma pessoa, ela é uma estrutura que está posta. E por ser uma estrutura é tão difícil você identificar, porque ela fica mudando. Bem, o Paulo Freire foi quem dá essas ideias. Ele vai dizer que, para a gente sempre lembrar, o que é opressão é lembrar da ideia de desumanização. A opressão é desumanização e ele vai dar essa ideia que desumanização é ser menos. Como ser da pessoa, que ela é, acaba diminuindo em relação aos outros. Ele vai dizer, por exemplo, que opressões são, por exemplo, formas de autoritarismo, formas de se executar uma opressão contra a identidade das outras pessoas. A marginalização das pessoas, a dependência, a exploração, a desigualdade. Outra pesquisadora de país, Mari Umdum, ela trabalhou isso mais como um sonho de jeter. Mas ela conseguiu especificar algumas coisas, por exemplo, desempoderamento, acupabilidade, marginalização, exploração, violência. São formas de você executar na prática, identificar onde pode ter opressão. E ela que deixa bem claro, né? Opressão é sobre grupos, pessoas, e não só sobre indivíduos. A opressão age diretamente no indivíduo e ele sente aquilo, mas a opressão não fica só nele. Ela não deixa de existir quando um indivíduo sozinho consegue se libertar da opressão, porque é o exemplo do Preto, que deu a passada. Já para aqui está um pouco melhor. Então, opressões são pessoas que defendem o potencial de outras pessoas de serem plenamente humanas. A definição é um termo interessante. Opressões, elas vão estar em vários lugares, como por exemplo, na língua, na educação, na tecnologia, na cultura. Elas se manifestam em termes, várias coisas, tanto que elas tendem a se tornando visível, como natural, que a relação acontece. Um exemplo da característica da opressão é a não satisfação de quem é oprimido nas decisões que impactam a existência do próprio oprimido. É definido por outro. A pessoa pode comprar a relação da opressão só assim, não bem, porque alguém consegue controlar alguma coisa sobre a outra pessoa. Então, se em algum momento da sua vida alguém decidiu algo por você, é possível que você tenha sido vítima de uma opressão? Você tem que investigar melhor se há outras pessoas na mesma condição que você. Eu não estou dizendo que seja o caso, mas casamentos arranjados. Ou antigamente as famílias decidiam o que você iria estudar na faculdade. E aí seria um corte, né? Por exemplo, o acesso de mulheres antes dos enormes foi mais reduzido para uma questão de opressão. Agora, a imagem da opressão não é tirando cruel, que uma pessoa guarda todo o poder sobre a opressão, e que ela causa isso nas outras pessoas com só a figura do ditador, a figura do capitalista do mal, ou a figura de uma pessoa que é do mal, simplesmente. Ela, na verdade, está diluída entre várias pessoas que vão mantendo aquela opressão no dia a dia, para permear o dia a dia das pessoas. Então não dá para reduzir para uma única pessoa uma opressão, como quem faz ela. Essa aqui é a raiz filosófica da ideia da opressão que vem no Hegel, depois que é interpretada por pessoas que a ideia é dialética do senhor do escravo, ou a dialética, entre opressor e oprimido, a relação entre opressor e oprimido. O opressor é o nome que se dá à pessoa que se beneficia com a opressão, com esse sistema, com essa estrutura de opressão. Porém, apesar de se beneficiar, ele também sofre com ela. A pessoa que mantém esse sistema opressor tem que se dedicar àquilo, tem que se dedicar a tantas coisas àquilo que ela também vai perder alguma coisa da sua própria existência, porque ela não vai poder ser algo diferente daquela relação que ela criou. Ela tem que manter uma relação opressiva. Uma pessoa preconceituosa, por exemplo, não pode ser uma pessoa não preconceituosa. Quer dizer, é difícil que ela se livre à uma pessoa preconceita. Um bom exemplo, ela tem que se manter tanto esforço naquilo que ela acaba limitando a sua própria identidade a executar essa opressão. E ao dia que aquilo ali se torna politicamente incorreto, ela tem uma dificuldade muito grande de se deixar superar, digamos assim, aquele preconceito. Às vezes ela até esconde, acho que não é uma pessoa preconceituosa, mas você percebe que a pessoa tem um preconceito. O oprimido fica claro, ele é o que mais perde com a opressão, principalmente porque sofre com ela. A opressão o limita de ser alguma coisa ou de se expressar, ou então o impede de passar certo nível de quem ele é. Ele fica preso ao que ele já conseguiu e não consegue passar aquilo. Beleza, resta aqui. Aqui tem uma questão curiosa que é interessante, que é o oprimido pode aspirar a ser opressor. Se você está nessa relação de opressor oprimido, quem está sofrendo com isso pode pensar que a sua libertação e a sua forma de mudar as coisas é o dia que ele for opressor, o dia que ele tiver a hierarquia dessa posição. O problema é que a opressão nunca acabará se os oprimidos se tornarem opressores, porque outras pessoas terem de ser oprimidos e continuam a ficar. Mas isso acontece porque muitas vezes o oprimido já é tão historicamente oprimido que não vê alternativas de lidar com aquela situação. A não ser você tornar opressor, que é o que acontece em certas comunidades que ao ganharem poder acabam oprimindo outros. Você transfere para um outro grupo. Como é que faz se fica nessa relação oprimido, pode virar opressor ou opressor pode virar oprimido? A saída para isso eu não vou explicar porque está tão complexo, mas basicamente é o seguinte, precisa surgir uma terceira ideia. O opressor e o oprimido para sair dessa relação não se dá as mãos porque eles não vão se dar as mãos. E o opressor não deixará de vir a violência de ser opressor, mas os oprimidos vão ter que forçar a relação com o opressor para não se tornar opressor, mas surgir algum novo. Uma outra cultura, uma outra forma de se relacionar, uma outra forma de criar uma sociedade seria simples dessas ideias. Isso não é simples e não dá para aprender. Isso aqui a gente nem vai entrar como a solução das coisas. É somente que nessa visão sobre opressão existe uma saída, só que a saída vem que acontecer na prática. Que é uma coisa que quer surgir na aula passada também. Mas nós não conseguimos superar opressões, mas conseguimos no mínimo criar consciência dos opressores. Pessoal, essas são as ideias básicas. O que vocês acharam disso? Louco? Diferente? Estranho? O termo opressor surgiu no debate público, com virtude de certas figuras políticas, de uma maneira bem relaxada, como se fosse qualquer coisa. Tem um conceito mais trabalhado, só numa explicação inicial. A ideia de trabalhar com desinteração, o link dela, está por ter... Aqui um exemplo. No nosso artigo da aula passada, a gente falou que existem tecnologias que são opressivas. Ou seja, acabei de falar, a opressão enquanto estrutura se manifesta em várias coisas. Nessa estrutura de sala de aula, pode se manifestar, na forma como os professores se comportam, na forma como a gente fala, na jeito que a gente fala, mas também nas tecnologias, nos objetos e no design. Um exemplo de tecnologia opressiva, a tecnologia é opressiva e não opressora, porque quem é opressora é sempre um ser humano, um conjunto de seres humanos. A tecnologia não pode ser opressora, ela pode refletir e manifestar opressões, servir para a opressão. Mas ela não é opressora, ela é opressiva. Isso aqui é uma categoria que a gente vai usar até o final do semestre. Um caso que eu tive que analisar, é a partir de eu pegar um estudo de outra pessoa e daí, utilizando esses conceitos, é a de operadoras de telemarche. Uma coisa que todo mundo não gosta, né? Conversar com operadores de telemarche, telefone, que geralmente está comprando coisas ou oferecendo coisas. Porém, se você pegar um dia de trabalho com as pessoas, é que ele tem essa pressão. Alguém que já trabalhou ou conhece alguém próximo que trabalha? Eu já trabalhei com um amigo, o pior é que ele tem que ser minha vinda. Eu trabalhei por duas semanas e fui demitir. Pode contar um pouquinho? Cara, eu não sei dizer, eu lidava com muita gente me xingando, porque eu ficava no meu computador, sabe? Só de ligar pra lá e pra lá aqui, tipo "ah, então, eu tô ligando ali, lá eu tô ligando as roupas e não sei o quê". A gente que ligava na cara, a gente que se é mentindo, a gente que se é me xingando. E foi por isso que eu não chorei. Mas quais te desistiram? Muitas vezes eu queria devolver, porque eu sou explosivo. Então, eu não tenho que me edurar. Ou eu me demitia ou alguém ia me demitir daqui um mês, no máximo. E essa questão que você sentiu ali, como é que era participar? Que ponto a tecologia participava disso? Assim, né, tipo, as pessoas que eu tinha que ligar me dava automaticamente. O sistema, ele dava. "Pô, você vai ligar pra isso aqui agora". Então era uma tela que aparecia no... Sim. Já descava pra você? Oi? Já descava pra você? Eu só tinha que botar um botão pra ele descava, porque às vezes eu pensava que tinha que escrever, uma coisa dava um tempinho, né? Mas era tipo... Então você tá no trabalho, o computador, sem número e você vai apertando número e falando? Uhum. Apertando número e falando, tinha metas? Tinha, assim, eu não cheguei a ver muitas coisas de meta, porque o que me importou era não lá, né? Mas tinha, nessa minha área de cobrança dessa loja, tinham 8 pessoas. E eles tinham meio que uma competição pra ver quem que conseguia mais dinheiro de volta, sabe? É, tipo, o número 1 sempre ganhava uma bonificação, não sei como é que funcionava, mas eu sei que acontecia isso, né? Então, eu peguei um... um teu estudo num livro chamado "Infoproletários". O pessoal tava estudando, nesse artigo era só a pressão do telemark em Brasil, que tem um perfil específico, e você não tá nesse perfil específico de pessoas que se dão bem nesse tipo de trabalho. É um trabalho que tem bastante pressão, né? Pressão de tempo, de metas, de eficiência, ele é bastante informatizado, né? Porque, por exemplo, não deixa você o tempo de você descarjar, automático o sistema, já tem os telefones, você não escolhe muita coisa, você só fala com as pessoas, porque não deu pra automatizar isso ainda. É um trabalho com bastante pressão, então, dos companheiros, das pessoas, dessas metas, certo? Não dá tempo de você fazer muitas coisas no intervalo também, porque você tem que ficar ali no telefone o tempo todo. E o perfil de pessoas que esse estudo identificou, eram dois tipos de pessoas que preferiam ser assistentes de telemark, né? Operador de telemark. Um, no caso, eram homossexuais. Dei por quê? Geralmente são rejeitados por causa de aparência, por causa de forma de se posicionar, em outros espaços, e no telemark, como essa pessoa já foi excluída de outros espaços, essa pessoa tá procurando um local no mercado de trabalho, né? Ela aceita mais trabalhar num lugar que tem bastante pressão. E outra, era mulheres casadas. Mulheres de maior idade casadas. Eu era o único cara lá. É? Eu era o único cara lá. E não durou. Não. Então, por que mulheres casadas? E gente de maior idade? Porque eles tomaram os seus chegados? Nossa, não pode ser. É, pode ser. Eu percebi que elas não eram tão sérias também. Não, eu percebi que não. Na verdade, eu pongo o contrário, porque elas estavam aceitando mais coisas. Justamente porque, como elas geralmente... o perfil, esse estudo relatável, né? Que eu tô pegando. Como elas, em casa, geralmente são negadas a trabalhar fora, e elas têm a vontade de trabalhar fora, né? Mas, inclusive, eu acentei a dificuldade de filhos, tenho que ter um marido. Quando elas vão trabalhar fora, elas têm muito medo de não conseguir entrar no trabalho e dizer depois que não conseguiu ficar. Por isso, elas aceitam mais a pancadaria do dia a dia, justamente pela vergonha que teriam de voltar pra casa e dizer que não conseguiram trabalhar fora. Ser horrível. É, foda. Ser muito horrível. Mas, agora, consegue ver como a tecnologia tá no meio dessas questões, ajudando a forçar, ir pra certa virtude de pessoas, né? Como opressiva e não opressora, mas esse sistema se beneficia de uma série de opressões, que acontece em outros espaços, e ele encaixa. Por isso, não é fácil de ver essas questões. Mas elas estão ali, estão perdendo vários sistemas que a gente utiliza. Talvez vocês tenham uma experiência com os sistemas acadêmicos, de como eles direcionam e utilizam os tempos de vocês. Mas, eu... Como é? Um ponto de vista, sim, é muito pessoal. Eu acho que o sistema acadêmico, ele tenta, sabe? É um padrão que deve ser seguido porque ele vê objetivos, sabe? O próprio sistema organiza você pra um objetivo. Isso aí, quem dá opinião é quem tá... Tipo, o sistema acadêmico, por exemplo, eu não acho que ele tá se aproveitando de problemas de saúde, de improvisação. Por isso, ele tá... Eu tinha dado a foto do computador, mas eu acho que ele tá... Mas tipo, parece que o sistema acadêmico, ele não se aproveita de se processar com essas opressões. E aí, tem muito uma pessoa por trás que ele teve essa ideia pra essa... parece que... Eu acho que eu não consegui falar nenhuma frase inteira hoje. Tá bom, vou dar um exemplo que eu conheci. Então, tenta... traga um pouquinho mais de propriedade no exemplo meu, porque eu sou de improviseado, sim, por questão de... a cor, a erguência, né, de prevenção, mas é... Tive um aluno de trânsito, e por exemplo, ele... até pouco tempo ele não conseguiu, num momento, afirmar a identidade dele aqui, então deu do contrário, entendeu? A identidade dele negada ao longo de todo o período da carreira. Mas mudou, mudou. Ele não tava se aproveitando dessa condição dele pra conseguir algo de droga, eles tavam continuando com a coisa que tinha existido. Aí eles tão, tipo, previamente calculando, estratégicamente, quais são as opções disponíveis, e como poder estudar isso da melhor maneira pra você ir ao paro, pra você procurar. Por que ele incluiu uma opção no cadastro do sistema desde o começo? Agora acho que tem, eu tenho. Não, agora tem você poder fazer o pedido depois que esse aluno foi o primeiro a executar o design a fazer o pedido de mudança do sistema do nome, né, pra você mudar o nome social. Mas é... uma, daí tá. Se a gente tratar com o normal e o normativo, as coisas como... elas falam assim do que é normal, e o normal é você ter essa impressão estudando. Entende? Como, por exemplo, você não considerar importante, ou como é um minoritário, são só algumas pessoas, e isso você aplica desde mulheres que tá dentro da população, até que realmente são pequenas de proporção. Eu sei, eu acho que são algumas coisas muito diferentes, assim, porque isso é uma coisa que ainda está em desenvolvimento, e sempre está em desenvolvimento, eles estão mudando, eles estão evoluindo junto com o tempo, que algumas percebem, algumas elas são forçadas a perceber, desmudam. Isso é uma coisa que já existe, que não vai mudar. Então, como é que... como é que é for... vamos só pegar isso aqui, como é que é forçado a perceber, entende? O momento é esse de mudança, entende? Não acontece naturalmente. Provavelmente tem pessoas que estão lutando por isso, falando dessas coisas. Eu acho que a gente não precisa entrar no mérito do que acontece aqui na PUC, especificamente, mas... as tecologias estão ao serviço de alguma coisa, né? E nosso objetivo daí vai ser encontrar essas coisas e propor como que a tecologia pode humanizar mais. E essa é uma pergunta diferente que a gente tá acostumado no curso de, por exemplo, como é que a gente pode criar umas coisas mais rápidas, mais simples de usar. Agora, uma pergunta diferente seria como que a tecologia pode humanizar. Vou participar nesse processo de humanização, porque não é a tecologia que tá humanizando, né? São as relações de pessoas, entre as pessoas que estão se tornando mais humanas. Dois? Foi? Poucas áreas de pessoas, não? Eu achei um pesado. Eu achei algumas coisas que a gente não pressa pra resolver. Talvez a gente tenha que pegar a pressão e reduzir um pouco a carga, tipo, ninguém pode ser opressor, ninguém pode ser oprimido, pra gente conseguir trabalhar com esses conceitos. E reconhecer também como a gente participa nas coisas, né? Desse processo. A gente vai estar na posição do opressor às vezes. É mais benéfico que a gente tire a carga e solta o mouse, dos distantes que estão lá, pensando de forma maquiavédica como que vão reproduzir a pressão dos outros, e trazendo o cotidiano, porque tá participando do cotidiano. Só que a gente consegue demonstrar e mudar também. Inclusive as nossas práticas de tecologia. Quantas coisas a gente pode fazer que reforçam... Vou dar aquele exemplo do evento. Lembra do formulário do... Assim. A gente foi se inscrever num evento de software livre que tava sendo organizado aqui na HUB. E aí a gente notou que no cadastro de participantes a opção sexo masculino já tinha selecionado a poder for o padrão. Nessa palavra. Bom, tudo bem, né? Mas a parte do público é um homem, né? Então faz sentido, né? Uma otimização padrão, porque isso significa que já era de, digamos, reconhecido pelos organizadores que esperam o problema de falta de mulheres. Os organizadores queriam ter mais mulheres, mas sem querer querendo, acabaram fazendo, reproduzindo um padrão do formulário que tornou o cadastro da mulher pelo menos um clique a mais. Necessário. Quer dizer, um clique a menos conveniente do que para o homem. Não faz nem sentido, né? Porque não tá nem o IA o que eu vejo. Então não tem uma desculpa, ligado assim, né? Foi feito ali basicamente uma coisa que a pessoa que fez nem recebe que ela tava sendo, agindo como pessoa, né? Mas tá. É, tá reproduzindo a opressão. Daí a gente vai pegar essa pessoa, xingar ela, etc. Não, ideia é que a gente consegue mudar o senho. Porque mesmo se eu pegar uma única pessoa que fez o cadastro e só mudar ela, é um avanço, mas não muda a opressão. Ela vai continuar evoluindo. Então, perceba que a maior parte do tempo as opressões se reproduzem de maneira inconsciente. Né? As pessoas ou de baixa consciência. As pessoas não sabem que elas estão oprimidas ou não sabem que estão atuando como opressora. Nesse conceito que a gente tá passando aqui. Até porque atuar como normal é a melhor forma de ser oprimido. As coisas pareçam normais, que daí você não tenha um... você tem as pessoas que defendem aquilo, que não parece aquele problema, que sempre é assim. Por isso que é histórico também. Se a gente não voltar um pouquinho pra trás da opressão a gente não consegue ver como ela se mudou. Deve parecer normal se a gente olhar só agora como as coisas são. Por exemplo, aqui na sala não tem ninguém oprimindo ninguém. Tá todo mundo de boas, aqui a relação neutra é... Geral. Olha, a qualidade da minha reposta é... Vamos dar um tempo aí, de descanso? [Voces em baixo] Não, dá pra fazer um intervalo.