A gente resolveu organizar essa aula hoje em função da dificuldade que muitas equipes tiveram no primeiro challenge, trabalhando em grupo. Algumas tinham processo, outras não tinham processo. Algumas tinham algo que era meio que um processo espontâneo, que surgiu a partir da própria experiência da equipe. E aí a gente pensou essa aula pra gente ter uma discussão bem eclética sobre processo de design, não tentando com essa aula sair daqui com o melhor processo, ou dizer quais são os corretos e os errados, porque não é bem assim que eu vejo o design. Eu vejo o design como uma multiplicidade de abordagens e também uma necessidade de você poder navegar nessa multiplicidade em vista das condições específicas em que o projeto se desenrola, as contingências. Então vamos começar antes definindo o que é metodologia, qual a diferença entre metodologia, método, processo, e também falar um pouquinho sobre o que existe de contra isso tudo, que é os movimentos de anti-metodologia. Bom, é muito comum os meus alunos me dizerem frases desse tipo assim, "eu não aguento mais ouvir falar de metodologia, cada professor vem, impõe a metodologia dele e nos obriga a trabalhar do jeito dele, que não é o nosso jeito". Daí eu explico, respondo para esses alunos que o que esse professor passou não é uma metodologia, mas sim um método, ou um processo. O que é metodologia? Segundo, metodologia não é um procedimento, em primeiro lugar, não é uma série de etapas. Isso não é metodologia, quando você estiver vendo série de etapas, você está vendo um método. Metodologia é um estudo crítico de métodos, a partir de uma perspectiva teórica, ou seja, enquanto você está decidindo qual método você vai usar, enquanto você está combinando métodos, quando você estiver modificando métodos, você está fazendo uma metodologia. Agora, se você só estiver aplicando um método já existente, você só está fazendo o método. Então metodologia é um estudo crítico. "Ah, mas o professor disse outra coisa, ele disse que ele tinha uma metodologia de design que era para usar aquela metodologia". Tudo bem, o professor pode continuar achando isso, mas tecnicamente está incorreto esse uso do termo. Ele não tem uma metodologia de design, ele tem um método de design. Tanto é que o livro, que é, digamos assim, a Bíblia do Assunto na área do design, que é o Design Methods do John Chris Jones, já coloca no título, não é Design Methodologies, é Design Methods, e ele explica essa diferença lá dentro do livro. Mas no Brasil, em geral, os professores são muito... não é só no Brasil, não é lá fora também. Usam os dois termos equivalentes. Eu gosto de fazer essa diferença porque eu gosto, na verdade, de pensar que não existe um método bom, existe sim um estudo crítico de métodos, e cada pessoa precisa desenvolver a sua metodologia, e aqui entenda-se como seu próprio estudo de métodos a partir da sua experiência, visão de mundo e perspectiva teórica. Então, a diferença é, um método é uma estrutura coerente de técnicas para atingir um resultado, é série de etapas, enquanto metodologia é uma abordagem, um estudo. Agora, o que é processo, que não está no slide aqui, que tem a ver com o que a gente vai falar hoje? Bom, método pode ser sinônimo de processo, mas existe uma outra visão sobre o processo, que é a visão do processo real, processo que de fato aconteceu, que não tem nada a ver com método. Qual que é a diferença? Quando se fala de processo, está falando de uma maneira de fazer que pode estar escrita no papel, mas que pode também ser praticada pelas pessoas, ou seja, mesmo que você diga que durante o seu challenge vocês não tiveram um processo, vocês tiveram um processo, que foi a bagunça que aconteceu. Aquilo é um processo também, um processo de bagunça. Então, eu gosto de pensar que você pode ter tido um processo, mas não teve um método, você não seguiu uma etapa, você não seguiu um step by step. Então, quando eu falo processo de design, eu prefiro pensar que é, você está falando o que realmente aconteceu, quando se fala de método você está falando de algo que estava escrito no livro, quando se fala de metodologia está o estudo do livro e dos processos e dos métodos que você conhece. Então, quais são os componentes principais de uma metodologia de design? Visão de mundo, base teórica e experiência prática. Essa experiência prática... Diga. Eu me perguntei, mas no meu caso eu peguei um processo, só que na cartilha falava dele como um processo, daí eu fui ler a ídola original e falava dele como uma metodologia e todo universo falava como uma metodologia. É porque o todo universo está errado. Aí eu achei que seria difícil a gente achar alguém que tivesse uma abordagem como um processo mesmo, não como uma metodologia. Pode acontecer também que, às vezes, esse processo que você viu no livro faz parte de uma metodologia. Isso é possível. Inclusive, ele foi revisado em outra ídola, e falava dele mais como um processo do que como uma metodologia. Ah, entendi. Mas a do livro mesmo era uma ídola de metodologia. É, esses temas na verdade é uma confusão geral, mas eu prefiro diferenciar. Eu acho que tem vantagem nisso. Principalmente por isso aqui, quando se fala em processos ou métodos, raramente se fala de visão de mundo. Isso fica muito implícito. Raramente se fala de teoria, de experiência prática, mas eu vejo metodologia como esses três coisas aí. Não tem nada a ver com um processo, um, dois, três, quatro. Visão de mundo, base teórica e experiência prática. E os três se alterando um ao outro. Vamos ver um exemplo de uma metodologia muito comum na desenvolvimento de software. Metodologia ágil. Poderia ter outro nome, mas eu estou agrupando aqui dentro de metodologia ágil. Os processos ou métodos de extreme programming, screen, lean, software development, getting real, e outros que se encaixariam dentro do desenvolvimento ágil. A metodologia ágil. Quais são os pontos em comum que tem todos esses processos e métodos que eu citei? Ver funcionando é melhor do que prever. Então, ao invés de você ficar montando documentação, você faz um protótipo e testa esse protótipo. Você evolui por interações. Você vai fazendo um protótipo bem simples, depois faz um protótipo um pouco mais elaborado. E cada vez você vai testando e vendo o que acontece. Diálogo com os usuários é uma maneira de receber feedback. A equipe é enxuta, o time tem o mínimo possível de pessoas, a divisão do trabalho costuma ser menor também, porque é uma equipe menor. E existe sempre alguma oportunidade de compartilhar conhecimento. No caso do screen, existem reuniões diárias chamadas huddle, onde você troca ideias sobre coisas que você aprendeu no dia anterior. Isso é metodologia ágil. Agora comparem com um método. Esses métodos que tem aí são métodos de design de interação. Mas poderia ser qualquer outra área relacionada a design ou desenvolvimento de software. O método é uma coisa bem mais específica. Veja, prototipação, teste de usabilidade, entrevista, shadowing. Não dá para desenvolver um projeto inteiro só com esse método. Então o método é um objetivo específico que você tem para atingir. É um método. Metodologia é uma visão bem mais abrangente. Quais são as minhas dicas para você desenvolver a própria metodologia? Vincular-se a uma corrente de pensamento abrangente. Perceber que um processo, uma maneira de fazer, um método, ele surgiu de algum lugar, surgiu de algum pensamento. Então tentar buscar esse pensamento, se tornar consciente dele, para você saber para onde vão estar surgindo os novos métodos, onde vão estar surgindo, e para onde está indo. E qual é a natureza desse pensamento, até para você adaptar os métodos e processos que você estiver trabalhando. Então pensando em metodologia, assim, um pouco particular de cada designer, a forma como eu busco referências, os lugares que eu busco as referências, ou até mesmo se eu vou buscar referências de outros trabalhos ou não, está dentro da minha metodologia particular de trabalho? Pode ser, mas você pode também adotar um processo, um método que tem um item lá que é buscar referências. Mas assim, as referências que você estiver buscando fora do projeto, que é uma coisa natural dos designers, estaria mais parte da tua metodologia de trabalho. Utilizar esse pensamento abrangente como uma base para tomar a decisão de maneira consciente, consistente. Então você tem uma abordagem, você tem um jeito de fazer, e você é consistente ao longo do tempo. Isso, na verdade, é o que vai criar a sua reputação, o jeito de trabalhar e a sua metodologia. Você pode falar isso. Experimentar sempre novas maneiras de fazer coisas antigas. Aproveita aqui no Beepid, vocês têm muita chance para fazer isso nos challenges posteriores. Óbvio que vocês vão reaproveitar coisas que já fizeram. Deu certo, mas tenta fazer coisas novas também. E projetar o processo de trabalho tanto quanto o produto. Porque esse processo, eu não sei que vocês tenham um perfil empreendedor, no primeiro aplicativo que bombar vocês vão sair do Beepid, nunca mais vão fazer aplicativo, não vão ficar só gerenciando esse aplicativo, que eu acho que não é o caso da maioria de vocês. Vocês vão provavelmente fazer vários aplicativos na maioria de vocês. Vocês vão querer utilizar o conhecimento de um processo de um projeto para outro projeto. Então você puxa esse conhecimento do processo para frente. Então prestem atenção no processo, levem em consideração e sejam perfeccionistas tanto quanto vocês são o produto, sejam perfeccionistas com o processo. É claro, óbvio que não vão gerar conflitos para implementar o processo de maneira correta, como está escrito no livro. Eu estou tentando deixar claro que eu prefiro que vocês reflitam criticamente sobre os processos e métodos e adaptem para o que for necessário de acordo com as contingências que o projeto for demonstrando. Eu acho que isso tem mais a ver com a realidade dos projetos de design. Eu vou pular esses slides aqui do meio, porque eles saem um pouquinho do foco dessa aula. Eu vou chegar no final quando falo sobre movimento anti-método. Então, assim como existe um movimento pro-método, que é capitaneado pelo John Chris Jones e as pessoas que criaram a metodologia ágil, na verdade a metodologia ágil está no meio e termo. É uma galera que já está reagindo a um excesso de formalização do desenvolvimento de software. A galera metodologia ágil fala "vamos diminuir a formalização, vamos até diminuir a documentação", que é uma das maneiras onde a formalização mais se torna um fadom. Só que aí existe uma galera que é mais radical ainda que o desenvolvimento ágil. Fala "não tem que ter método, vamos acabar com o método, vamos libertar o design". Eu vou mostrar alguns proponentes, inclusive o professor Ivan Mizanzuk e colegas que assinaram o manifesto do anti-design. Não foi ele? Não foi? Ah, tá, não foi. Vocês tiveram aula com ele já? Já. Ele comentou sobre o anti-design na aula? Vocês sabem o que é o anti-design? Não. Talvez que eu tenha que estar comentado. Seguinte, o professor Ivan Mizanzuk e colegas estavam no anti-design, acho que aqui em Curitiba em 2007, e estava numa conversa muito interessante que tinha o seguinte tema. O design não está ficando muito padronizado, sempre as mesmas fórmulas, as aulas os professores dão mesmo slide, 30 anos atrás e tal, e aí eles escreveram o manifesto anti-design, publicaram na internet, fez bastante sucesso na blogosfera na época, e aí tinha o texto dizia uma parte que eu tirei, muito interessante. "Diante do fato das brigas atuais das universidades seriam as mesmas há décadas, velhos relógios empoeirados cujas cordas foram arrebentadas pela força da pomposidade do hábito, torna-se necessária a criação de um novo campo de batalha, criar contrapontos, pontos de vista opostos, todo modelo requer um anti-modelo, um anti-design." - Isso é muito Ivan. - É muito Ivan, né? E aí o Ivan publicou isso aí na internet, mas ele me escreveu sozinho. E a galera que já estava junto com ele deu a ideia, por que a gente não queria um podcast para discutir isso aqui? E aí surgiu o anti-cast, e o anti-cast começou para discutir esse anti-design, mas depois acabou se perdendo no assunto do design, e hoje em dia o anti-cast é um podcast sobre política, acho que é mais ou menos essa minha, e afins. Mas na época ele começou a discutir o design, e depois ele acabou se dividindo. Na verdade foram criados vários podcasts na mesma rede, o anti-cast virou uma rede, e aí tem lá o que mais discute os temas desse anti-design, é o visualmente, mas ainda assim não tem mais essa abordagem revoltada que tinha no começo. Mas é engraçado porque eles acabaram até abordando teorias, mas daí não é o anti-cast. Não é o anti-cast, exatamente. Na verdade se perdeu um pouco, não sei por que, mas eu acho que talvez não levaram a sério. O professor Ivan dentro da Escola de Arquitetura e Design não é muito bem levado em consideração, ninguém ouve ele muito lá dentro da escola, estou falando entre os professores, talvez por isso. A nossa escola é uma escola bem modernista, então esse pensamento pós-moderno do Ivan tem uma certa dificuldade de se espalhar, mas eu sou apoiador, acho muito legal a iniciativa. E eu tenho um outro colega na mesma escola que também tem uma ideia parecida. Eu e ele criamos na mesma época ou talvez um pouco depois um conceito chamado desdesign, que é mais radical que o anti-design, que é um design que fala o seguinte, design é o problema do mundo, então vamos criar projetos que acabem com o design do mundo, ou diminuem pelo menos, porque o design está tornando a vida muito chata das pessoas. Tudo está projetadinho, tudo está previsível, tem um design demais na sociedade, nós precisamos destruir coisas ao invés de construir. E aí a gente começou a pensar um design que come pelas bordas, e aí chegou esse conceito desdesign. A gente não foi muito a fundo, nem escreveu manifesto, mas a gente começou a imaginar o que seria um desdesign. Por exemplo, tem um monte de prédio numa região do centro da cidade e não entra mais luz, não ventila direito ali, você percebe que a solução para melhorar a vida daquelas pessoas é demolir um prédio para poder abrir um pouco. E aí você faz um crowdfunding para as pessoas do bairro comprarem aquele prédio e demolirem, liberar o ar, então isso é desdesign. E a gente começou a pensar em várias maneiras de criar serviços e produtos para ajudar as pessoas a desautomatizarem a vida delas. Mas a gente não foi muito a fundo, também não levamos muito a sério essa proposta, mas está no cantinho da mente, um dia quem sabe conseguimos mais seguidores no nosso movimento. Lá na Europa já tem muito mais gente pensando em coisas assim e com projetos já desenvolvidos. Tem uma tese de doutorado do Yun You Li que fala o seguinte, que existe um problema sério no desdesign que é a influência do paradigma científico no projeto. Então todo mundo faz projeto e acha que está fazendo ciência e diz que está fazendo ciência. "Ah, meu método é científico, meu processo é científico", o Lin Startup fala muito isso. "Não, é um processo científico para criar uma startup". E ele fala o seguinte, "Não, o desdesign não é científico porque você não consegue controlar as variáveis, você não consegue controlar as reações de mercado, então é melhor você libertar, não tem método nenhum". "Chega, acaba com essa história de método que vem da ciência, vamos desenvolver projetos sem precisar de um método". Então isso é um movimento chamado Contro Método. E aí ele desenvolve vários projetos na tese dele e mostra que é possível desenvolver um projeto bem bacana sem ter um método. Isso não é um movimento só do design, tem um movimento parecido na ciência social também, na sociologia. E outra proposta menos radical, chama Design Incompleto, a ideia de que um projeto nunca termina e você projeta para que ele continue depois de um jeito que você não sabe qual vai ser, mas você deixa em aberto. Isso é muito feito por projetos open source, software livre ou design aberto, design open design. O design ele tenta entender como é que o mundo está mudando, quais são as tendências de mudança, como se fosse uma conexão sísmica, você começa a sentir a mudança do mundo, aí você bota sua mão ali, aí você tenta ajudar nessas mudanças, depois você tira a sua mão e deixa a mudança continuar lá, sei lá, fica a imagem da sua mão, a sua sombra da sua mão fica lá, ela continua de alguma maneira ajudando o mundo. Então a ideia é que você deixe o mundo dizer qual é o projeto. É uma ideia bem interessante, Leif Thamfors e René Christensen são os autores dessa, uma dissertação de mestrado que explica o design incompleto. E por fim, no Brasil nós temos uma proposta bem consistente, que é a arquitetura livre, o professor chama Caio Vassão que criou essa tese, ele bastante influencia o meu trabalho e ele fala o seguinte, que você pode desenvolver um projeto como se fosse uma pergunta e não uma resposta. Então você não projeta uma solução, você projeta um problema e aí você oferece esse problema para a sociedade. Diagramas que para você fazer isso você pode criar diagramas que não representam nada, para com isso tentar criar novas realidades. Você dá precedência para a informalização ao invés da formalização, então antes de você formalizar um sistema, você informaliza relações sociais para que você entenda como elas se manifestam de maneira espontânea, isso pode ser feito através de protótipos com materiais de baixo custo. Você usa bastante o corpo como base para o seu projeto, como fulcro, que é a palavra técnica que ele utiliza, que nada mais é do que base. Então você cria a partida que você pode fazer com o corpo e você usa múltiplas corpos, múltiplas vozes, várias tonalidades de cor, vários tamanhos de corpos, várias histórias de corpos. E aí ele propõe que isso se chama arquitetura livre, é uma tese doutorada na arquitetura, mas que repousa sobre temas muito relacionados ao design de interação. Bom, era isso que eu queria apresentar para a Diniz. Alguém quer comentar algo? Eu gosto muito das correntes que estão no método, porque eu estava conversando aquele dia quando eu peguei até o livro, e acho que o que eu peguei para fazer também é um pouco disso, do Bruce Asher, que eu peguei, de tentar dar aquela história, de ele tentar categorizar cada coisinha que não funciona, porque acabou virando um todo de 229 paradas, que na verdade não é isso, que é muito mais essa metodologia, que por exemplo, acho que cada uma é diferente aqui nessa sala, e é muito real, porque é tudo muito condicionado, o ambiente que você está, a fase de vida que você está, o que você vai produzir de modo criativo talvez seja muito diferente do que você está vendo em volta. Você vai fazer uma viagem, você vai dizer "nossa, vai produzir muito com uma cabeça nova". Você vai voltar cansado, você produz uma coisa muito pior, e a cabeça vai modificando, né? Sim. Tipo, se você quer produzir uma coisa às vezes mais criativa ou mais conservadora, e tal. Mas eu acho que método serve muito para quando você está mais travado, sabe? Ou você se sente travado, você sente empacado, então você vai procurar um método para você tentar se liberar, logicamente. Sim. É engraçado que é muito culturão, porque eu sempre lembro dos exemplos do livro que eu estava vendo, que ele falou que um bom design ocidental pode não funcionar visualmente lá no oriente, a mesma coisa de si mesmo. Tipo, lá no Japão eles têm muito a cultura da poluição visual, eles jogam o máximo de informação que eles puderem no mesmo espaço e que eles faltem, sabe? Para a gente já não funciona tão bem, se a gente tentar aplicar as vezes a metodologia que a gente usa lá, não vai funcionar tão bem para algumas peças. E sobre a questão de aplicar muita metodologia, eu trabalho com vários designers na empresa, e às vezes eles colocam, tipo, seis designers no mesmo projeto. E daí é engraçado porque o pessoal fica muito preso em executar uma metodologia, executar uma linha de processo, assim. E daí eles nunca consultam nem o usuário final, às vezes, tipo, a gente passa cinco dias projetando um sistema, e o chefe chega e diz que alguém foi lá conversar com o usuário mesmo, alguém foi lá conversar com o cliente, tipo, não, gente, mas a gente aplicou tal método, tá? Mas você sabe se isso realmente vai funcionar. O pessoal se acomoda muito, tipo, agora eu tenho um alvo seguro que eu posso seguir, mas esquece de fazer o básico, porque perguntar para o usuário se está bom, sabe? E aí geralmente não funciona. É porque provavelmente usando esses métodos eles estão numa zona de conforto, né? Quando um método não envolve uma validação externa, quando é apenas uma validação interna, ou seja, o próprio designer avaliu o que ele está fazendo, beleza, está super bom. E aí se alguém perguntar, se alguém quer reclamar, está aqui o meu processo, pode escrutinizar aqui, eu fiz de um jeito. Isso é uma validação fraca. É melhor do que você simplesmente está aqui o meu projeto, está aqui como se fez, não sei, não quero saber, tem raio de quem sabe. É pior, né? Tem que sempre ter um equilíbrio, né? Eu não concordo com a linha, por exemplo, de tirar totalmente as metodologias, porque eu acho que elas amarram o teu conceito, a tua execução, a linha, algo bem maior do que já foi pensado, estudado previamente, mas também aplicar a metodologia para aplicar também tem bastante problema. Tem até a questão que você falou de metodologia ficar meio que uma coisa sua, você tem a sua metodologia, mas não tem uma metodologia para o projeto. E por exemplo, a gente tem aula, são vários grupos, cada um está fazendo um projeto totalmente diferente, todo mundo tem que aplicar o mesmo método. E não faz sentido, daí você faz um negócio lá, as coisas por som, só porque assim você tem que anotar. Você perde muito tempo que poderia ser usado no seu projeto. Mas isso na educação de design é para você fazer um exercício, isso não seria um projeto. Agora o problema é quando a disciplina de projeto que vocês têm, ela tem um método definido. Acho que todos os projetos têm um método definido. Em geral, né? Todos têm. É uma pena, que é justamente na disciplina de projeto que vocês deveriam desenvolver a metodologia de vocês. Eu acho engraçado que um projeto assim, tipo, você pega, desenvolve uma metodologia sua, apresenta um resultado final e daí aquilo é questionado assim, sem defesa, sabe? Por que você fez assim? Eu acho que ela tem que, por exemplo, eu acho que é meio que o projeto, às vezes o resultado final nem é, se fosse, por exemplo, poder inserir um projeto experimental. E tipo, eu acho engraçado isso, porque as pessoas passam a pensar "ah, é diferente, experimental, que funciona, que não funciona". Mas no final você tem uma entrega final que consiste no que você apresenta e não é perguntado um pinho sobre o projeto, sobre o processo em si, sabe? Do tipo, como se realmente o processo final fosse mais importante do que a metodologia que você usou, não faz sentido algum, sabe? Você avaliar por um projeto final, se esse projeto, o nome da tua matéria é projeto experimental, sei lá, é um tanto quanto... É, o problema é que os professores eles não conseguem muito avaliar o resultado final, né? Eles avaliam mais o processo, porque aquilo que está dentro mais... Você acha? Eu acho, em geral eles focalizam mais no processo. Eu acho que é o contrário. Você acha que é o contrário? Eu acho que é o contrário. Eu também. Eu acho que é o processo, na verdade. Porque eles avalia mais? Sabe por que, Bruna? Pode até ser que você tenha essa impressão. Talvez alguns professores, principalmente ilustração, focalizem mais em resultado final. Mas o problema é que o professor, cada projeto é muito único, né? E aí você não tem base de comparação. O máximo que o professor pode fazer é comparar esse projeto com outros projetos da mesma turma. Mas há uma variedade grande. Agora, quando você tem um processo, você tem um negócio abstrato, genérico, padrão, canônico, você pode comparar em relação àquela tua instância e falar "olha, você não aplicou o processo". E aí o processo vira a tábua dos 10 mandamentos. Compriu, pecou aqui, cumpriu aqui. A maneira mais fácil de avaliar estudantes de design é essa. No processo. É, pelo processo. Quando você vê, normalmente, se eu comparar as opções na sua estudante de projeto, você vê que tem projetos de qualidade final muito diferentes que o lugar da Espanola. É, muito bem. E isso é bem injusto, na verdade. Porque, às vezes, você botou um esforço desgraçado, você botou um esforço desgraçado para caprichar no final, e aquilo não fazia parte do processo caprichar. Não é? Mas nos primeiros semestres, o genético não tem a menor na sua estética. Por isso que é bom... Você avaliar os dois ao mesmo tempo, talvez pode ser inicial. Por isso que é bom ter processo. Eu acho que o processo é uma maneira de você criar estruturas internas, você obrigar o aluno a trabalhar num processo, é uma maneira do aluno internalizar certas estruturas, que depois ele vai reconfigurar e construir as próprias. Eu vejo assim. Eu também, às vezes, obrigo meus alunos a trabalhar com certos métodos, processos, mas não gosto muito disso. Eu prefiro da maneira como a gente está trabalhando aqui. Mas aí também depende muito de que tipo de aluno nós estamos falando. Vocês têm capacidade de autonomia, tanto é que eu preferi que hoje, ao invés de eu falar todos esses processos, destacar alguns que estão no livro, eu achei que vocês mesmo apresentassem. Eu acho também que isso de ter o processo faz com que a pessoa não evolua. Na nossa sala de design tem tipo, se você segue o processo sempre, todos os nossos materiais de projeto sempre, certo? Você vai tirar nota boa. É verdade. Você evoluiu tipo um para o outro, você só seguiu o processo. Por isso que eu acho que em algum momento da carreira do designer, ele tem que matar o processo dele. Eu acho, em algum momento ele vai ter que, ou matar e criar outro, entendeu? Para se renovar, para se dar um update, para repensar e tal. Muita gente tenta fazer isso no PCC, e muitas vezes é barrado pelo professor e tal, a pessoa não deixa, e tal. Mas eu achei isso que é um negócio de você ver a fase que você está, assim. Porque na verdade o processo não é sempre mesmo. Ele vai sendo em... De acordo com o que você vai descobrindo de novo, né? Eu acho que design digital é muito isso. A medida que você vai pegando e... Porque é um curso que você não sai pronto para nada, né? Mas você sai entendido de quase tudo. Então, tipo, não, é verdade. Você tem que compreender gente sobre muitas coisas diferentes. Então você vai se modificando cada vez mais. Então você entra com uma ideia inicial e no final você, sabe, você consegue fazer uma parada muito mais holística, assim, e menos focada, mas que é uma coisa mais sua, assim. Sim. E eu acho que a chance que vocês vão ter é depois, ou fora da faculdade, para realmente desenvolver a própria metodologia. Porque, em geral, as universidades não dão esse foco, né? Eles jogam um popo ri de coisas e você que se vire para ver o seu jeito de fazer. Porque quando passa no TCC, que teoricamente é quando você teria a liberdade de fazer, você acaba tendo que seguir a metodologia, enfim, a maneira de visão de mundo ali do curso e tal, e outros quesitos que às vezes não te pedem de trabalhar da maneira como você melhor gostaria. No Bepid, vocês podem trabalhar da maneira que vocês gostam, mas vocês vão ter que negociar com os colegas de equipe. Porque, na verdade, tem que ser uma metodologia de equipe, né? E não de uma pessoa só. É isso que eu ia comentar aqui, assim, eu acho bem... Quando eu sento com um designer e a primeira vez que ele está, já vem a escutir a metodologia sem nem pensar no projeto em si. Não, não fazer assim para... Eu acho que adotar a metodologia envolve qual é o projeto, entender primeiro aquele ambiente ali que você vai trabalhar, as pessoas que estão envolvidas, porque, sei lá, quanto mais popular a idade tiver, pior ou melhor, dependendo do ponto de vista. Acho que tem que... É difícil falar esse negócio? E eu acho muito estranho, assim, tem uma galera que é muito focada em metodologia para se sentir seguro. E daí uma coisa, não só do designer, mas do artista em si, é começar a entender que no momento que ele entra em algum mercado que trabalha com produção e validar com outras pessoas, às vezes trabalhando junto, às vezes um cliente específico exige uma metodologia específica. Por exemplo, em jogos, às vezes você vai fazer uma terceirização para um estúdio que o cara quer que você trabalhe com o Scrum. E Scrum, para a arte, é dose. Aí você tem que conversar com o cara. Só para explicar, o Scrum, na manhã a gente vai ter uma aula sobre gerencia de projeto, depois a gente vai discutir um pouquinho sobre isso. O Vime, na verdade, vai tocar isso. Mas Scrum, ele divide bem... Ele é metodologia de projeção de projetos, mas ele também é um processo de design. Só que ele coloca, na verdade, os processos dentro da gestão de projetos. E torce! É bem complicado. O problema do Scrum é quando a galera resulta seguindo tudo à risca ali. É. Mas é interessante porque dá resultado também, né? Infelizmente. Infelizmente. O espaço tem um pouquinho dos tempos, sabe? É. O que funciona? Alguém mais quer comentar algo geral sobre métodos, processos, metodologia? Então vamos ver os processos que vocês prepararam. Quem quiser começar mostrando, compartilhando o videozinho.