É para a gente mostrar um pouco da nossa pesquisa que o professor Gonzá tem feito em design de interação que nos diferencia talvez aí de todos os pesquisadores que trabalham com o tema a gente tem uma proposta uma proposta bem ousada de desenvolver um design de interação genuinamente brasileiro tá aí a gente é tem feito isso já há muitos anos a gente vai mostrar um pouco dessa trajetória para depois chegar no toy hacking que é o exercício prático que vocês vão fazer hoje tá que é uma maneira de você intensificar o contraprojeto um contraprojeto mais agressivo que ele realmente entra dentro do objeto e transforma ele que é o que vocês vão fazer com os brinquedos mas antes o que vocês vão fazer e por que vocês vão fazer isso com os brinquedos tá então a gente vai explicar isso nessa breve apresentação então a gente chama de antropofágico por conta de raízes históricas desse dessa abordagem começa na história do brasil é com a chegada dos portugueses eles descobrem que os nativos brasileiros tinham rituais é antropofágicos que é antropô homem fágico comida então os nativos brasileiros algumas tribos não todas elas comiam seres humanos inicialmente foi pensado que eles eram selvagens não tinham modos nenhum não tinham é eram simplesmente bárbaros deveriam ser ser aniquilados né até o momento em que ficou é um dos é prisioneiros da tribo de uma tribo no no na baía é ele sobreviveu e voltou para contar a história ele não não morreu não foi comido esse é sobreviveu chama randstaden ele escreveu um livro alguém conhece o livro do randstaden ah é? é muito louco ele conta como é que é assim que é uma parte que ele avisa no começo que a parte pode ser meio romanceada né que ele tá lembrando o que aconteceu e tal mas é ele não é comido né ele ajuda o pessoal mas ao mesmo tempo ele mostra umas coisas tipo de respeito a religião por exemplo em nenhum momento eles tentam converter ele por exemplo que ele é atalho que se reembre e o pessoal acredita em outras coisas o pessoal respeita e ao mesmo tempo tipo fala assim "atomara que teu deus ajude a gente porque a gente tá perdido aqui que eles vão lá guerrear com o pessoal e tal" é bem legal então o contexto é o seguinte o randstaden ele é um náufrago os índios acolhem ele na tribo inicialmente ele acha que vai ser comido mas acaba não sendo comido e ele volta pra contar a história qual era o significado da antropofagia para os europeus então ele explica que os índios não comiam outras pessoas porque qualquer pessoa sente "ah tô com fome agora vou comer meu filho, vou comer meu..." não, eles comiam pessoas que eram de outras tribos que tinham sido capturadas numa guerra em especial os guerreiros mais fortes da outra tribo os guerreiros que mais tinham sido desempenhado bem na guerra eles comem a outra pessoa como gesto de honra eles querem que eles acreditam que aquele prisioneiro é aquela pessoa lá tão nobre, tão magnífica, tem habilidades tão incríveis que eles queriam comer, fazer parte deles isso acontece no outro caso também curioso, daí foi interpretado, depois não pode voltar caso curioso acho que talvez a deglutição mais o ato de canibalismo mais relevante pra a história do brasil foi quando o bispo de sardinha chegou no brasil pra catequizar os índios isso foi um pouco antes do rand stahler estar aqui na época foi interpretado como ato de selvageria mas depois da leitura do rand stahler as pessoas perceberam que os índios até gostaram do bispo sardinha, veio falar sobre cristo, sobre amor ao próximo veio falar de coisas maravilhosas e gostaram tanto que eles quiseram comer o bispo pra o bispo fazer parte da tribo e esses dois episódios, a descrição do rand stahler e a deglutição do bispo sardinha ficou na mente assim dos brasileiros por muito tempo muita gente negava isso como sendo um episódio negro da nossa história que a gente deveria esquecer, nossas raízes e os índios são todos selvagens e outras pessoas lá pelo século 19 começam a pensar, puxa vida, nós temos um país independente, o brasil o que nós temos de diferencial que nós temos que podemos construir uma identidade nacional e aí começa o interesse pela figura do índio que aparece aí em vários romances, na literatura, principalmente José de Alencar, vocês devem ter visto no segundo grau Policapco, Aresma, aquele pessoal que é um fanista brasileiro que vai buscar uma identidade e acaba encontrando um índio nativo uma referência no século 20 já começa a ficar um pouquinho diferente essa ideia de que o selvagem nativo, índio, ele era bom, ele era querido, ele era perpuro, perfeito, não corrompido pela sociedade ela já começa a mudar e os artistas da época, começo do século 20 eles começam a pensar, não, vamos fazer o índio 2.0, eles não sabiam esse termo mas vamos repensar esse índio frente à globalização e vamos misturar o índio com os outros, com as outras referências culturais que estão vindo de fora são uma nova leva de intelectuais brasileiros que estudaram na Europa, tiveram a oportunidade de estudar na Europa mas não quiseram ficar lá, permanecer lá e quiseram voltar ao Brasil porque eles achavam que o Brasil era melhor do que a Europa e aí, ao voltar ao Brasil, eles começam a misturar essas referências que eles encontraram lá com as referências locais e aí surge aí um movimento conhecido como modernismo brasileiro vários autores clássicos da nossa literatura se articulam, na literatura, pintura também as artes plásticas se articulam nesse momento volta de 1920, 1930 e esses movimentos artísticos anteriores, eles queriam propor uma identidade para o Brasil e para o brasileiro então uma identidade que tinha a ver com essa modernidade, que pudesse levar o Brasil para frente frente à artes literaturas mundiais pudesse colocar o Brasil nesse mesmo nível e aí eles fundam uma revista chamada "Revista de Antropofagia" o nome "Antropofagia" vem diretamente dessa menção a essa parte histórica do Brasil em que o índio comia aqueles que eles gostavam a gente tem uma cópia é raridade aqui da revista de Antropofagia na sua segunda edição que foi feita nos anos 70 primeira edição foi em 1928 em 1970 reeditaram, a gente tem uma cópia dessa que encontrei no Cebo do Rio de Janeiro foi de procurar muito, uma relíquia e a gente vai ler para vocês um pouquinho, só para vocês se ambientarem, então para nós é muito inspirador esse texto a gente vai ler agora de uma maneira ritualística por favor respeitem este momento, solenne vamos começar pelo vamos começar pelo começo Revista de Antropofagia nós éramos chipófagos chipófagos quase chegamos a ser diródimos hoje somos antropófagos e foi assim que chegamos à perfeição cada qual com seu tronco mais ligado pelo fígado, o que é dizer pelo ódio marchávamos em uma só direção depois houve uma revolta e para fazer essa revolta nos unimos ainda mais, então formamos um só tronco depois de estouros, cada um para o seu lado, viramos canibais, aí descobrimos que nunca havíamos sido outra coisa, a geração atual coçou-se apareceu o antropófago, o antropófago, nosso pai princípio de tudo, não índio o indianismo é para nós um prato de muita sustância, como qualquer outra escola ou movimento, de ontem de hoje de amanhã, daqui de fora, o antropófago come o índio e come o chamado civilizado, só ele fica lambendo os dedos, pronto para engolir os irmãos assim a experiência moderna, antes contra todos, contra os outros, depois contra os outros e contra nós mesmos acabou despertando em cada em cada, com viva, o apetite de meter o garfo no vizinho já começou a cor começou a cordial mastigação, aqui se processará a mortandade esse carnaval todas as oposições se enfrentaram até 1923 havia aliados que eram inimigos hoje há inimigos que são aliados, a diferença é enorme milagres do canibalismo no fim sobrará um randstaden esse randstaden contará aquilo que escapou e com os dados dele se fará a arte da arte próxima à futura é pois aconselhado as maiores precauções que eu apresento gentil da terra e de todas as terras a liberma revista de antropofagia e a reganha odentusa gente pode ir pondo o calim a ferver antonio de alcântara machado ali vem nossa comida pulando tá então, no meio da remida, essa é a primeira parte, a introdução aí a parte principal que tem a ver com acho que sintetiza toda essa ideologia contra cultural, porque é uma contracultura antecipando a contracultura americana mas aconteceu nos anos 20 que vai contra as influências, nessa época lembre-se a influência principal cultural no brasil era a francesa, ainda tinha resquícios do século 19 de uma influência meio colonial, de que tudo que era chique acontecia na frança então eles queriam mostrar que a gente não queria saber do chique, aqui era era um negócio selvagem mesmo, a gente era só que a gente selvagem, mas sofisticada essa é a ideia da antropofagia ideias que vão depois replicar ao redor do mundo né de mistura de culturas de interculturalidade, multiculturalidade, é um tema muito em debate na europa hoje e já estão contidas aqui né eles anteciparam na verdade várias dos pensamentos decoloniais que hoje são conhecidos ou anticoloniais, a propriação cultural descolonial, eles já estavam trabalhando esse tema lá nos anos 20, que foi descoberto pela por exemplo pela academia do grande norte do mundo, que é os estados unidos europa só muito depois, deslai pelos anos 50 um dos pontos que é mais interessante é que a utilização cultural do outro é vista como algo positivo você quer fazer isso você quer acelerar o desenvolvimento das ideias se misturando no outro não é um problema você juntar duas coisas não há pureza se você é possível você vai misturar mesmo e que faça isso mais, quanto mais se puder e você quebra com a ideia de autoria, que é uma das ideias mais fortemente arraigadas aí na arte do século 20 depois vai acabar gerando todo um mercado financeiro em cima da exploração dos autores, a obra pode ser muito ruim mas se tiver a marca do autor ela vale muito dinheiro a antropofagia quebra essa ideia de que todo autor é original, ela fala todos os autores estão sempre retrabalhando coisas que já foram feridas por outras pessoas, por isso eles dizem é a lei do mundo, a expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos, de todas as religiões de todos os tratados de paz é como começa o Manifesto Antropófego que é o principal texto desse movimento, escrito pelo Oswald de Andrade que era na época namorado, o noivo da Tarsila de Amaral que pintou o Abaporu que é hoje a obra de pintura brasileira com maior valor no mercado, mais valiosa e também faz parte do movimento, né? ela também faz parte do movimento vamos voltar para o Manifesto, depois eu falo da Tarsila vou pegar uns trechos que eu acho legal se quiser ir falando só me interessa o que não é meu lei do homem, lei do antropofago tem um aqui que é clássico, que é "to be or not to be" "that is the question" que é também essa coisa do misturar informal informal usar linguagem coloquial e linguagem especializada, mas também misturar e essa frase já é mistura do estrangeiro com brasileiro mistura tupico e inglês "o espírito recusa-se a conceber o espírito sem corpo o antropomofismo necessidade da vacina antropofágica para o equilíbrio contra as religiões de meridiano e as inquisições exteriores" o que é essa ideia de recusa-se a conceber o espírito sem corpo? o espírito sem corpo é quando você considera por exemplo que a existência humana vem apenas da partir do pensamento e o corpo é um suporte indesejável que deve ser transcendido através da morte ou através da tecnologia fazendo o upload da mente que é uma, aí já trabalhando com o imaginário atual o upload da mente para a net é essa ideologia que separa a mente e o corpo já estava sendo criticada aqui nos anos 20 pelo manifesto antropófico se a gente considera às vezes que o Brasil é especialista em memes e essa linguagem da internet que mistura coisas, talvez o manifesto antropofágico seja um pioneiro nisso porque ele já coloca na primeira frase aqui do manifesto que é "só antropofagia nos une" até como brasileiros socialmente, economicamente e filograficamente ou seja, em nível de filosofia, de economia e de sociedade se apropriar desse outro recalibal é o que nos identifica, o que a gente reconhece no outro também a cultura da gambiarra ou seja, esse jeito de a gente resolver as coisas já tínhamos o comunismo já tínhamos a língua surrealista a idade de ouro "catiti catiti, imara notia, notia imara e peju" então as ideias básicas do comunismo já estavam nas tribos indígenas se eu for ver bem o que você está fazendo? tem que ter que continuar sobre não, peraí, tem uma que eu gosto muito aqui, tem tudo a ver com a sua aula, Gonzato só não há determinismo onde há mistério mas o que temos nós a ver com isso? vocês lembram da aula de determinismo tecnológico do do Gonzato? quer botar um mistério nessa história? "antes dos portugueses descobrirem o brasil o brasil tinha descoberto a felicidade" essa frase aqui também que é muito citada, que é "Alegria é prova dos nobres" eu não entendo essa frase, me explica "Alegria é prova dos nobres" nessa contesta aqui ela diz sim, você quer saber se o brasileiro funciona ou se as coisas estão indo bem para o brasileiro é só ver se ele está feliz se ele está feliz é porque as coisas estão funcionando, ela é o "você tira a tema" da finalidade brasileira beleza, acho que deu já vocês têm alguma dúvida sobre sobre manifesto antropófago, revista antropofagia? Não? vocês quiserem dar uma olhada depois, vai estar disponível muito cuidado para não estragar, tá bom? vamos lá aprofundando a questão da antropofagia, uma análise de um caso específico que é a obra do Tassilo de Amaral, o Abaporu o Abaporu ele é descrito como a Tassila não explicou esse Abaporu de uma maneira muito clara não é uma obra que está pintando uma realidade como ela é mas uma realidade como ela poderia ser, ou como diferenciada uma ideia assim de representar a realidade de maneira talvez até meio surreal, ela flerta com o surrealismo que era um movimento forte, mas ela traz o surrealismo para dentro do Brasil com a paisagem brasileira, com o corpo brasileiro, a cor de pele brasileira e ela transforma esse corpo humano que parece um corpo masculino como se fosse um trabalhador, que tem a pé muito pesado, muito fincado no chão mas ao mesmo tempo ele está pensando e a cabeça dele está lá nas nuvens onde ele poderia estar, o que ele poderia ser o nariz ele puxa para baixo a ideia de talvez de um de um peso na consciência, alguma coisa que puxa ele para baixo e algumas pessoas discutem se isso aqui seria o sol rachando da caatinga ou se seria uma flor do cactos, uma flor bizarra tem várias interpretações possíveis, por isso que é tão interessante essa obra mas uma das interpretações mais fortes é que diz que a Tarsilo da Maral fez a versão do pensador brasileiro o pensador é a obra do Rodin de 1904, é uma ícone desse pensamento baseado em pensamentos, do pensamento de que o homem é cogito ergo sum, que é a ideia de Cartiana de que você é aquilo que você pensa, você é porque você pensa e não há nada mais na existência não ser o pensamento que tem a ver com essa difesão entre corpo e alma que a gente tinha falado anteriormente, ela pega e fala "não, olha só como a cabeça é pequenininha aqui ó" a cabeça é pequena, ela está dizendo "não, você pensa com o corpo" o que te dá, o seu pensamento do Abapuru vem pela sua conexão sensorial com o seu ambiente com o lugar onde você está, o momento que você está vivendo e o seu trabalho, principalmente nos anos 70, 60 e 70 esse movimento antropófago vai ser recuperado pelos artistas da Tropicália Gilberto Gil, Caetano Veloso lembra do nome, o seu outro nome? Dom Zé são artistas que viviam no momento da ditadura militar um cerceamento da liberdade de expressão, não podiam falar tudo que eles queriam falar e muitos deles tinham, tiveram a oportunidade de viver fora do Brasil como Gilberto Gil ficou em Londres até por uma pressão política ou exílio e depois voltaram ao Brasil trazendo essas referências internacionais, a movimentação de uma cultura global que estava acontecendo fora do Brasil eles trazem pro Brasil uma tentativa de conectar e manter essas referências da nossa cultura O Caetano, por exemplo, vai ser produzido da MPB Aguitar por exemplo, de uma maneira meio subversiva, não esperada e um exemplo é o Gilberto Gil que começa a se preparar de ritmos africanos ou de matriz africana como por exemplo ele é conhecido pelo uso do reggae então ele acaba difundindo reggae no Brasil também aqui nessa capa do CD do LP "Refazenda" ele aparece, o Gilberto Gil com a característica de várias culturas então ele está vestindo uma roupa de uma cultura ou comendo uma comida de uma outra cultura fazendo várias coisas que mostram que o brasileiro é um ser global e outro ponto também interessante é a ideia de rede na contracapa do LP, uma rede que conecta pessoas e lugares veja como o Gilberto Gil já estava pensando já na metáfora da rede enquanto uma questão social que ele vai acabar realizando quando ele se torna ministro da cultura nos anos 2000 o Gilberto Gil foi ministro da cultura durante 3 ou 4 anos primeiro governo do presidente Lula e ele estabelece um movimento chamado cultura digital junto com várias pessoas, obviamente ele não estava trabalhando sozinho que vão fazer um monte de de inovações na área de cultura digital que foram relevantes para o mundo todo, como por exemplo primeiro governo a apoiar, Creative Commons foi brasileiro graças ao Gilberto Gil o primeiro governo a tentar tornar todas as políticas públicas de software livre foi o Brasil não foi só por causa do Gilberto Gil, teve outras pessoas envolvidas também, mas ele foi um dos que mais apoiou e várias outras ideias como pontos de cultura que foi um programa de incentivo às culturas populares se manifestarem, se apropriarem da tecnologia digital como meio para se propagar considerando a mídia de massa e a restrição que a mídia de massa impõe nos artistas e esse movimento ele vai culminar com a aprovação do marco civil da internet em 2014 essas mesmas pessoas que estavam envolvidas com o movimento de cultura digital aprovam a lei mais avançada de liberdade da internet que tem no mundo, hoje até hoje não foi aprovada ainda uma lei que protege mais os seus direitos de navegação livre sem você ser rastreado, sem as pessoas saberem quem você é sem elas ficarem coletando seus dados, sem te avisar antes, tudo isso é proibido pelo marco civil e principalmente neutralidade da rede o que significa o que? você pode navegar qualquer site da internet gastar a sua banda em qualquer site independente qual site você está navegando sem a neutralidade as empresas de tecnologia, de tecla em comunicação poderiam cobrar preços diferenciados por sites diferentes eles querem mudar mas o marco civil foi um importante marco para impedir essas coisas de acontecer primeiro eles vão ter que revogar ou modificar o marco para poder fazer isso que você está falando então por exemplo, só para dar um por exemplo, corriqueiro, você gosta de youtube? beleza, vai pagar o dobro ou você não vai pagar nada para acessar o youtube mas se quiser acessar qualquer outro site não pode o operador vai decidir quais sites vão ser mais rápidos e mais devagar ou se tem um negócio simples e oferecer planos seria assim na verdade que são pecatados da mesma maneira o professor gonzato participou da mobilização que aprovou o marco civil foi uma das pessoas articulando o professor Ivan também estava envolvido ajudou também na divulgação eu estava na holanda na época, ajudei o que eu pude o professor Fabiano que já não é mais no curso mas também ajudou teve uma movimentação nacional muito grande para apoiar esse marco e agora a gente precisa de movimentação para defender como a Bruna mencionou existem pessoas querendo derrubar essa lei querendo fazer modificações e a gente tem que continuar defendendo ao mesmo tempo na mesma época que surge o movimento de cultura digital surge também os coletivos de arte coletivos de arte muitas vezes engajada uma tentativa de aliar sustentabilidade e ecologia com a criação de objetos e a objetos a partir de de reciclados e aí surge dois grandes grupos, o meta reciclagem tenta reaproveitar lixo informático e transformar em novos computadores e o coletivo gambiologia que faz obras impactantes como essa que a gente está mostrando aí para vocês tanto um quanto o outro trabalha muito com noção de gambiarra, vou mostrar um videozinho, uma entrevista rápida de dois membros desse coletivo coletivo gambiologia ainda existe, eles não estão tão ativos ou tão invógios como estavam nessa época, até 2008 até 2012, eles estavam expondo em vários lugares do mundo não foi só no Brasil tiveram uma relevância muito forte e além deles tem também a arte contemporânea, eles não são, digamos assim, membros aí do do circuito de arte contemporânea estabelecido assim eles são artistas um coletivo mais grassroots, mais povão mesmo, para colocar numa palavra isso, exatamente agora na arte contemporânea tem dois artistas aí que estão expondo até hoje, estão fazendo muito sucesso, inclusive expuseram aqui no museu Oscar Remaille várias vezes a Mariana Maianes e o Paulo Nemflidio que ambos são artistas da linha que a gente chama de arte e tecnologia que tentam usar a tecnologia como um elemento estético fundamental para suas obras e até questionar e tratar de temas tecnológicos nas suas obras eles vão se fundamentar no conceito de gambiarra para as suas obras então vamos ver uma entrevista com cada um deles, bem curtinha para vocês conhecerem um pouquinho mais o trabalho deles alguém já conhecia o trabalho deles? meu nome é Paulo Nemflidio toque sablástico, trabalho com esculturas que envolvem física, aleatória, somoridade, matemática eu me formei eletrônico mas sempre tive interesse em música, em desenho e acho que também inventar coisas quando fiz artes clássicas, depois acabei juntando tudo em todos os meus interesses o Speaker foi uma obra que me inspirei nos cantores de Jazz o Speaker faz isso num programa aleatório existem alguns elementos que vão se repetir são frases, sonoras que vão ter calma a aleatória eu acho que vem de uma vontade de querer que as esculturas tenham quase que uma vida própria nós temos uma gama de repercutório incluído na obra, seja uma cora, seja um som eletrônico e a própria obra vai decidir o que quer fazer com esses elementos o primeiro trabalho que eu usei, outro princípio da natureza para criar uma obra de composição sonora, foi a música dos dentes nessa obra eu criei uma espécie de mar, com som piano e quem criava a percussão dessas notas era um meclébismo acionado pelo vento, então foi uma forma de criar uma música a partir de um elemento natural o "Movimento das Armas" é um projeto que estou trabalhando no momento esse aqui é um protótipo é como um livro eletrônico que contém um display, conforme o movimento desse livro, ele vai passando palavra por palavra e formando frases que tem a ver com o universo da árvore é como se fosse água declamando poesia em primeira pessoa muitas vezes é uma necessidade quando você imagina algo você sente que aqui o epíximo é concreto essa daí estava no "MOM" uns dois meses atrás tá, vamos para a próxima entrevista agora com a Mariana Manhães Bosquim Mariana Manhães Meu nome é Mariana Manhães eu sou artista e coloco coisas no mundo eu sempre quis ser artista desde pequena nunca ensia arte contemporânea as pessoas perguntavam o que você queria ser, para ser pintora porque era um contato que eu tinha com o arte e aí um dia eu comecei a fazer "Parque Lágras" o curso da "Olha de Freitas" que foi a coisa mais importante para minha formação em 2005 eu lembrei de uma coisa que eu pensava quando eu era criança eu via assim, por exemplo, um jornal na televisão eu via um apresentador e eu imaginava que podia existir uma televisão que fosse exatamente o formato daquele apresentador então eu fiz uma série de fotografias chamada "Objetos Mórficos" são vários, tem o jogo de chá tem o brinquedo, tem nuva eu sempre achei legal animações top-notch uma coisa tão estranha aquele movimento meio quebrado eu sempre achei bonito eu tenho esses dois aninhos aqui e eu imaginei que eles podiam virar um lixo e aí eles vão respirando e tem um som estranho e isso é sempre eu as vozes dos trabalhos são lindas [som de avião] o que acontece na hora de produzir um desenho é que a gente não tem ninguém envolvido só eu e o trabalho então a gente é muito intimista e eu estava sentindo falta disso aqui a gente, por convenção chama de máquinas como o que a gente chama por convenção de desenhos eles são muito lindos eu começo com uma coisa, ponho uma coisa aqui, outra coisa ali pra mim isso é uma característica do organismo eu comecei de brincadeira a fotografar pedacinhos eu comecei a brincar com isso e aí eu publiquei numa rede social algumas pessoas falam "ah, que tá muito legal" e aí eu nem contei qual era o trabalho já eu mesmo fiz uma diagramação de um bivinio fiz um texto que eu achei que cabia pra fechar a história isso virou um trabalho eu não tenho uma roda de chino na jatelier porque eu preciso vir pra cá pra produzir então pessoal, a gente refletindo sobre esse cenário, antropofagia a nossa experiência, eu, o professor Gonzata e mais umas dez pessoas a gente escreveu um livro chamado "O Estilo Manifesto" chamado "Design Livre" que vocês podem baixar e ler se tiverem interesse depois tá gratuito, também podem fazer o download podem encomendar uma versão impressa umdesignlivre.org é um livro basicamente que manifesta um conceito de design brasileiro, aberto, mas mais do que aberto, um design livre e a gente teve a colaboração de muita gente na internet foi traduzido pro espanhol, pra uma comunidade em El Salvador eles fizeram eventos teve alguns encontros de estudantes de design no Brasil que leram, que fizeram algumas críticas aos professores por conta desse livro teve algumas pessoas que pegaram código fonte aqui na PUC a gente já tentou propor isso como tema pra chaneira mas não foi aceito e por aí vai então, digamos assim, é o lado mais ativista da nossa atividade acadêmica é um livro que trabalha com poesia, que trabalha com concretismo trabalha com antropofagia e aí, o conceito principal tá na... pode passar o próximo slide ah não, desculpa é isso aí o conceito principal é que o design livre a gente abre o processo de design enquanto que o software proprietário tanto o design quanto o produto tá fechado, você não sabe como foi feito nem se sabe como ele funciona no software livre, embora você saiba como funciona e possa abrir e olhar o que tem embaixo do capô você não sabe como foi projetado aquele carro aquele software e não tem acesso muitas vezes à participação no processo de criação daquele software no design livre a gente tenta abrir essas duas esferas então, processo aberto, produto aberto a interação que eu vou fazer com o mundo é essa ideia de participação do todo mundo, né? do outro, né? de você estar interessado no outro, tão interessado que o seu processo é aberto ao outro pra que você tenha essa interação no projeto mesmo e o design livre foi, esse livro foi um manifesto que sintetizou a experiência pedagógica e também de mercado que a gente teve no Instituto Flabberwudens, eu já mencionei o Gonzato foi um dos estudantes e depois tornou pesquisador, professor do Instituto a gente atuou fortemente de 2007 até 2012 e a gente fazia experimentos diversos, várias tecnologias, sempre buscando pensar essa interação com outro aqui Lego Mindstorms, Arduino foram um dos primeiros cursos a utilizar essas ferramentas com o objetivo de aprender design no contexto do design, no Brasil uma das atividades que a gente fazia muito, que era icônica, digamos assim, do Instituto Flabberwudens era o Toy Hack, né? você pegar e abrir um brinquedo, entender como ele funciona, misturar as partes vocês já vão fazer isso, e criar alguma coisa, uma obra a partir disso e aí a gente descobriu que um conceito interessante ah não, vou mostrar um exemplo, lembra desse Gonzato? esse é o projeto Toy Hack do Gonzato em sala de aula vamos ver, lembrar eu lembro é música por gesto? então, qual que é a ideia da equipe do Gonzato? ele não fez sozinho era um urso que emanava música e aí você controlava a música que ele estava emanando através de uma luva essa luva aí, ele pegou e conectou com a base que ele tocava no urso e aí, dependendo do gesto que você fazia, a ponta do dedo encostava numa japinha de metal, que a gente colocou e daí fechava o circuito e saía um som diferente mas podia fazer som dependendo do... mas tinha que estar fazendo carinho no urso pra poder funcionar dependia do urso, e o urso foi todo, coitado, foi todo transformado num coringa uma espécie de coringa, na época que aquele filme do Batman estava na moda e tal e aí o que a gente percebeu do trabalho de toy hacking ao longo dos anos com esse exercício é que os nossos estudantes eles descobriram qual era o discurso do brinquedo e subvertia esse discurso o brinquedo passava a falar uma coisa completamente diferente do que ele falaria, originalmente então aqui tem um exemplo que eu peguei num site chamado Humans of Late Capitalism um blog muito legal, um tumblr na verdade que é um brinquedo da atualidade, um self-stick pra crianças que não funciona direito, é só um espelho mesmo, é só uma brincadeira e aí você fica pensando, o que esse brinquedo está tentando ensinar pras crianças? Que tipo de brincadeira é essa que ele quer que as crianças brinquem? Então aí você tem a ideia da auto-exposição, da criança achar legal, se expor a ideia de que a criança tem que imitar os adultos a ideia de que a criança tem que se esconder através da máscara sei lá, tem... [ininteligível] isso, então tem várias ideias que estão perpassando esse produto, esse brinquedo e quando você faz o toy hacking você modifica essa mensagem [ininteligível] o que não está sendo dito aqui, por exemplo uma das coisas que não está sendo dita é que esse brinquedo não é pra homens melhor, não é pra meninos, não está sendo dito isso mas tem uma menina, e só tem menina ali nas fotos então é um brinquedo para meninas, mas não está sendo dito isso, não está escrito em nenhum lugar de maneira clara, esse é para brinquedo para meninas [ininteligível] vou mostrar um exemplo de um grupo de ativistas feministas americano fez para transformar brinquedos, o discurso desses brinquedos alguém já tinha ouvido falar desse Barbie Liberation Group? então sejam bem-vindos aí pegaram Jai Joe e Barbie e aí tiraram os negócios de fala da Barbie e colocaram no Jai Joe e tiraram o Jai Joe e colocaram na Barbie, só inverteram as falas por que a Barbie não pode falar uma coisa assim de guerra? por que a mulher não pode ir para a guerra? por que a mulher não pode ser mais dura? ou por outro lado o soldado Jai Joe não pode ser falar coisas bacanas e sensíveis e divertidas como a Barbie fala? vamos ver o que acontece só para quem não pegou o inglês aí, o que eles fizeram? foram nas lojas e colocaram sem ninguém ver essas Barbies e Jai Joe modificados e os consumidores compraram normalmente e aí depois obviamente que as pessoas começaram a reclamar e isso acabou aparecendo na mídia como assim eu comprei uma Barbie que fala mensagem de guerra? fala grosso e tal? vamos ver o que acontece aí no jornalismo então aqui está um exemplo de um toy hack magistral porque eles não fizeram só o hack a para eles eles pegaram e colocaram na mão dos consumidores até para gerar uma reflexão, uma arte engajada, extremamente engajada e que entrou para a história da arte eletrônica, da arte de tecnologia então a gente vai fazer daqui a pouco um exercício de modificação do discurso dos brinquedos vocês vão fazer isso parecido, não precisa ser exatamente esse discurso nem esse contradiscurso que eles construíram mas vocês vão ter que fazer essas perguntas aqui, tá? a gente volta a elas daqui a pouco para vocês verem quando forem trabalhar isso basicamente o discurso é aquilo que é dito e também aquilo que não é dito por exemplo, você pega o brinquedo, não está dizendo quem fabricou mas a fabricação e a autoria de quem fez e todo o circuito produtivo está ali materializado no produto e está afetando você por exemplo, quem fabrica, China, é a maior parte dos fabricantes chineses e eles utilizam recursos naturais que estão acabando eles não têm boas práticas de sustentabilidade as pessoas trabalham lá às vezes de maneira até, em regime parecido com escravidão tudo isso vem junto com o produto, não é dito, mas faz parte do discurso desse produto a gente vai voltar nessas perguntas daqui a pouco o que vocês vão fazer agora? como é que vocês vão fazer o toy hack? a gente vai ter três fases, não vou revelar as três agora, só vou falar da primeira na primeira fase vocês vão investigar o discurso desse objeto então você vai trocar o objeto com uma outra pessoa um objeto que seus colegas não conheçam, então todo mundo tem que ter um objeto que não conhece um objeto novo que você vai conversar com ele isso é uma espécie de um dating, a gente está chamando de namoro com objetos então você vai conversar em voz alta com esse objeto e vai fazer as perguntas que a gente mostrou agora a pouco, para entender o discurso dele quando você terminar de entender, você escreve o discurso numa folhinha de papel se você precisar de uma folhinha de papel a gente tem aqui, disponível e você vai tirar uma foto desse brinquedo e do discurso dele isso vai ficar documentado e você vai utilizar depois num vídeo que você vai entregar na próxima aula depois eu vou explicar, mas você tem que ter essas fotos todos os brinquedos tem que ter a foto do discurso dele beleza? depois que vocês trabalharem sozinhos, vocês vão se juntar em grupos, mas eu não vou adiantar a próxima etapa vocês tem que confiar na gente, pode ser? vocês já viram a apresentação sobre abordagem antropofágica vocês já devem ter percebido que ela é uma abordagem pouco convencional trabalha com elementos da cultura brasileira, carnavalescos até às vezes e a gente vai fazer isso aqui hoje também, beleza? lembrando que quem não quiser participar de alguma parte da atividade pode ficar observando também mas depois tem que entregar os trabalhos, enfim, fazia em algum outro momento beleza? então é isso pessoal, vamos lá, vocês tem 20 minutos aí pra descobrir o discurso do produto e tem que falar em voz alta, tá? todo mundo troca de brinquedo com um colega fala em voz alta e vai fazendo aquelas perguntas e é isso, gente, é isso pra vocês [música]