Ok, então vamos lá. Eu vou começar a minha palestra propriamente dita, tá? Ou melhor dizendo, a aula aberta. E vamos lá. Ok. Então, esse tema eu venho trabalhando já há muitos anos, porém, eu tenho me interessado mais por design de interação, design de interfaces, muitas vezes é um tema mais específico que eu trabalho e que eu nunca tinha gravado nenhuma aula sobre design de interface, embora eu já tenha dado essa aula em diferentes modalidades, em diferentes formatos há muitos anos, então por isso que eu escolhi começar por esse assunto aqui no Tão Longe e Tão Perto. Então, quando a gente fala de design de interface, logo vem a imagem do... da questão de que existe uma história da linguagem do design. E o design de interface se aproveita dessa história de trabalhar com linguagens que são consistentes em diferentes mídias, que você consegue perceber esses diferentes mídias. Então, aqui você tem um exemplo de linguagem em design de produto, em produtos industriais que foram criados embaixo, na parte de baixo pelo Dieter Rams, nos anos 60, 70, e tornaram essa empresa com um branding reconhecível pelo mundo todo, as pessoas reconheciam a Brown pela linguagem que ela utilizava. Agora, com o tempo, surgiram as linguagens digitais que a Apple começou a explorar a partir dos anos 90, de maneira mais intensa, e se inspirou no trabalho do Dieter Rams. Então, um dos grandes méritos do Johnny Ivey, que é um designer da Apple, ele se inspirou em vários elementos do... Tem algumas pessoas tendo dificuldade aqui com link, parecia que ele não bate papo, por favor, se o pessoal da... do Tão Longe e Tão Perto puder ajudar a colocar o link certo lá nas páginas que estão incorretas, eu agradeço. Bom, eu vou continuando aqui, qualquer coisa vocês me avisem pelo chat. Então, o Johnny Ivey, ele se inspirou na linguagem do Dieter Rams, você pode ver que existe uma similaridade visual entre os diferentes projetos, mas cada um com o seu branding diferenciado, então não é uma cópia, é uma releitura. Se é uma releitura, existe uma leitura, se é uma leitura é porque é um texto, se é um texto é porque faz parte de uma linguagem. Então, o que eu quero discutir nessa palestra é que o design, ele tem explorado muitas linguagens, através do... principalmente do aspecto visual, mas as linguagens digitais, a mídia digital traz linguagens novas, linguagens digitais que permitem que a gente se expresse em diferentes maneiras, com áudio, com vídeo, com corpo, com... vários, vários, vários canais de expressão que antigamente você fazia separadamente. Então, é muito bacana o que a mídia digital traz para o design, porém, falta ainda reflexão estética. Então, eu vou fazer uma reflexão estética sobre design de interfaces nessa palestra, começando pela definição do que é uma linguagem digital. Linguagens digitais são aquelas que utilizam o código binário como material para construir realidades compartilhadas. Então, nesse momento nós estamos falando através de um sistema todo baseado em código binário que transmite digitalmente a minha imagem para vocês. Eu estou usando um programa bem legal aqui para fazer esse "fade in, fade out" experimental aqui, nunca usei esse recurso numa live. Então, estamos experimentando as possibilidades expressivas, estamos trabalhando com estéticas de diferentes linguagens. Estou trabalhando com a linguagem audiovisual, estou trabalhando com a linguagem visual também, estou trabalhando com a linguagem interacional, porque a gente tem um bate-papo aqui, então, se vocês quiserem escrever qualquer coisa só para constar a interação. Eu estou lendo as coisas que vocês vão escrevendo, eu sei que isso pode me distrair um pouco em alguns momentos, mas eu prefiro por estar pelo aspecto experimental, que é uma característica da exploração estética, da maneira como os designers se relacionam com linguagens. Agora vem a questão da interface, a gente está falando sobre design de interface, o que eu quero dizer com design de interface? Interface é um ponto de intersecção entre diferentes linguagens digitais. Então, ela é caracterizada por você ter de um lado uma face e de um lado outra face. É legal que o ícone do Finder que a Apple utiliza, ele tem justamente esse rosto encontrando com outro rosto. Literalmente, o termo interface significa isso. Mas eu vou trazer aqui a definição de interface para falar de hibridação entre linguagens, intersecção entre linguagens diferentes, onde acontece tradução, interpretação, além de hibridação. Então, você tenta fazer uma linguagem ser compreendida através de outra linguagem. Se uma pessoa conhece uma linguagem, através da interface ela pode conhecer outra que ela não conhece ainda. Ela pode falar, ela pode ouvir, ela pode ler a informação numa outra linguagem. Então, eu vou dar agora alguns exemplos de linguagens digitais. O primeiro exemplo é o mais clássico, que é a interface que existe entre linguagem de máquina e linguagem de programação. Ali vocês veem o compilador como sendo transformar uma linguagem de programação que um ser humano entende numa linguagem que só o computador entende, linguagem máquina. E as interfaces de desenvolvimento, IDE, Integrated Development Environments, onde você programa, você também faz uma interface com seu pensamento. Então, você tem que pensar enquanto está escrevendo a linha de código. E aí tem o front-end, que é aquele que você mostra para um usuário final. Então, você programa e você tem que levar em consideração como é que o usuário vai interagir com essa linguagem. Então, é muito interessante como a interface não está só na parte gráfica, que a gente conhece mais, também está na programação. Também existem interfaces onde trabalham os programadores. Eles também estão interagindo com o computador, também existe interface ali. As interfaces mais conhecidas e que os designers trabalham é a interface gráfica, que é onde você tem uma intersecção entre linguagem interacional e linguagem visual. Mas também existem interfaces tangíveis, interfaces conversacionais que mesclam outros tipos de linguagens. Essa linguagem interacional é muito interessante porque ela desrespeita a maneira como a gente quer afetar outros seres humanos utilizando a mídia digital, as tecnologias digitais. Então, se você acessar esse artigo que eu estou mencionando aqui, que é o artigo que eu escrevi com o professor Rodrigo Gonzato da PUC do Paraná, vocês vão ver que ali a gente discute como que o vídeo, como que a interação via vídeo que os estudantes fazem para prototipar rapidamente uma interação, ela pode dar acesso a uma linguagem interacional. As pessoas podem perceber, os estudantes podem entender como que as pessoas interagem através da linguagem audiovisual. Então, a linguagem audiovisual intersecciona com a linguagem interacional num projeto de interações que visa uma tecnologia digital. E o que você vê aqui nessas imagens do lado esquerdo é uma interação futura com um sistema de realidade virtual que tem um assistente virtual. Em vez de você desenhar um assistente virtual, em vez de você programar, em vez de você fazer um mock-up, por que não filmar uma pessoa que faz esse papel de assistente virtual e ele responde do lado direito com uma interface que ele apresenta com toque para o usuário poder interagir em uma interface de desenho virtual? Então, vejam que essa hibridação, essa tradução de linguagens ela não está relacionada apenas com o processo de interação com o usuário, ela está relacionada também com o processo de criação. Então, essa tradução, hibridação que acontece no design de interface acontece também em tempo de criação. E quanto mais diferentes linguagens um designer, uma designer dominam, melhor para lidar com as linguagens digitais e com todo esse processo que eu estou mencionando. O Gibbons SIP é um designer e pesquisador super experiente que trabalhou no Brasil por muito tempo e ele formulou uma teoria de design de interfaces muito antiga. Já nos anos 90, ele falava que todo design, de uma certa maneira, é um design de interfaces. Então, ele tinha esse modelo que mostrava que a interface era aquilo que unia uma ferramenta projetada por um designer para agir de acordo com os interesses, a intenção de um usuário. Então, a interface seria esse meio de caminho entre uma ação que é para ser realizada e uma intenção, uma vontade, um desejo de um usuário. Esse modelo do Bon SIP, ele é bem simplista, mas ele é legal porque ele mostra que mesmo num produto físico você tem uma interface também. O Bon SIP já está de olho lá nos anos 90 nas novas linguagens digitais. E ele vai afirmar, então, que o designer de interfaces, que hoje a gente chama de UI, User Interface, ou Graphic User Interface Designer, além de traduzir, ele também vai interpretar e hibridizar linguagens digitais. Por isso, esse Bon SIP, ele é um autor da interface. Ele cria alguma coisa que as outras pessoas podem utilizar. Então, o Bon SIP, ele vai falar que o designer tem um papel especial nessa interação com a máquina ou com o computador, porque ele cria esses mundos. Porém, a minha opinião é um pouco diferente da do Bon SIP. E vamos ver por quê. Então, aqui vocês veem uma analogia entre design de interfaces e a literatura. Se as telas são textos, os textos não têm fim, porque na interface ela está sempre se transformando. Se os componentes da tela são substantivos, os substantivos se movem. E os comandos são verbos, os verbos fazem e desfazem, porque a interface tem sempre o voltar. Se as experiências são significados dos textos pela leitura, esses significados são diversos. Quando você está utilizando a internet e as mídias digitais, tem muitas pessoas diferentes e ela modifica cada vez que você usa, é diferente a sua interação com o jogo, por exemplo. Se os aplicativos são gêneros, no digital esses gêneros são movidos, estão em constante transformação e negociação pelos seus usuários. Então, essa tese de que o designer é autor, ela não é mais válida, eu diria, no contexto digital, porque existem muitas pessoas autoras dessas interfaces. Os textos estão modificando, estão se transformando. Os gêneros são movidícios. Um exemplo de gênero movidício, que é interessante aqui, que já existia as interações que o ex Spotify, Facebook e Tinder propõem e as suportam antes mesmo de existir esses aplicativos. Então, você podia procurar como ir de um lugar a outro da cidade através de um guia de impresso. Você podia pesquisar novas músicas num sebo com LP, que é o Spotify. Você podia sentar com seus colegas na rua para bater um papo no Facebook das antigas. E o Tinder era o programa do Silvio Santos, "Namoramizade". Então, as linguagens digitais não são tão diferentes das linguagens anteriores, elas vão trazer elementos dessas linguagens anteriores. Por isso que eu digo que elas hibridizam, elas traduzem. O designer precisa ficar atento, mas ele tem que entender que ele não é o único autor e que os usuários também estão traduzindo, também estão hibridizando, também estão transformando e criando coletivamente essa linguagem. Então, a linguagem digital, ela não... Então, como eu falei, o Design Interface não são os únicos criadores, porque as linguagens digitais são projetos coletivos, tal como as linguagens naturais, ou melhor, linguagens culturais. Dentro da computação existe esse termo, "linguagem natural" para se referir à maneira como as pessoas falam e o processamento dessa linguagem é um grande desafio para a informática. Porém, as linguagens naturais não podem ser chamadas naturais porque o ser humano nasceu com essa linguagem, ele criou. E você aprende essa linguagem com a forma que você vai crescendo, não é algo que está geneticamente embutido em você. Então, eu prefiro traduzir como "linguagens naturais", especificar esse tipo de linguagem que a gente está falando verbal como sendo uma linguagem cultural, que eu não criei, nem você criou, nem nós criamos individualmente. A gente também está trazendo uma história que vem da nossa cultura aqui do Brasil e a maneira como a gente foi colonizado pelos portugueses e por aí vai. Então, as linguagens digitais também estão sujeitas a isso, elas são projetos coletivos e existem sempre projetos coletivos disputas por realidades compartilhadas. Então, às vezes existem pessoas que querem que a linguagem seja de um jeito, a linguagem seja de outro e ao mudar essa linguagem, então isso vai transformar de várias maneiras o que está acontecendo. Eu queria só que confirmasse se estão ouvindo direitinho a palestra pelo chat, se está tendo alguma pausa no meio da... Porque eu estou vendo aqui que está tendo uma perda de dados quando eu faço a transmissão, se por acaso estiver causando alguma dificuldade, me avise no chat, tá ok? Vamos voltar então? Está tendo alguma perda? Está tudo bem, Barbara que respondeu aqui. Eu posso tentar diminuir a qualidade aqui da transmissão, se for o caso. Bom, eu vou continuar porque ninguém falou que está tendo problemas por enquanto. Tá ok? Então vamos lá. Então aqui nós temos a disputa que existe das linguagens, um negócio que acontece no Brasil, a gente fala do português, a gente fala das várias culturas, né? E a gente esquece às vezes que também existem várias línguas no Brasil, não só uma única cultura, existem várias culturas. A gente pode reconhecer isso, mas linguagens, 154 línguas, indígenas que estão ameaçadas, né? Porque conforme os povos indígenas são dizimados pelo desmatamento, pela mineração, pelos maus tratos que são oferecidos pelo nosso povo colonizador, descendentes dos colonizadores, elas vão sumindo, e com isso se perde diversidade cultural, diversidade linguística. Então existe uma disputa entre uma cultura que descende da colonização, que é a cultura que eu estou inserindo, e essas outras diversas culturas que estavam aqui antes, culturas humanas que estavam habitando o Brasil muito antes dos portugueses chegarem aqui. Então o que acontece dentro da dinâmica das linguagens é uma disputa entre uma língua franca que se impõe a diferentes vernáculos. Vernáculos são línguas faladas há muito tempo por gerações de gerações, línguas culturais, como eu estava falando. A língua franca é uma dessas línguas, um desses vernáculos que alguém pega e fala, essa aqui vai ser oficial, essa vai ser imposta a todo mundo, todo mundo vai ter que se adaptar e utilizar essa língua franca. Franca nesse sentido, todo mundo fala, pra poder formar uma nação. Então a língua franca surge na formação dos estados-nação na Europa e elas começam a se tornar obrigatórias através de dicionários, de leis, de língua oficial e tudo mais como um elemento fundamental do Estado, da gestão do Estado. E isso curiosamente acontece também na mídia digital, mas antes vamos ver como que isso se dá na arquitetura. Então também existe vernáculos na arquitetura, além dos povos indígenas terem línguas próprias, também tem projetos, também tem arquitetura própria. E aí você tem o exemplo das ocas, do povo Xingu como uma arquitetura vernacular incrível com sistema de resfriamento passivo, sem você precisar colocar um ar condicionado, você tem uma temperatura muito menor, muito menor do que fora da oca, em um ambiente que fica perto do Equador, então muito quente essa região e já tinha uma solução muito interessante que é um pé alto gigante, mas também o formato da oca tem todo um efeito sobre a circulação de calor ali dentro. Então isso é um exemplo de arquitetura vernacular. Agora existe também o design vernacular, e tem um projeto muito bacana que uma amiga minha desenvolveu, a Samia Batista, que é o Letras que Flutuam, eles foram documentar como que os abridores de letras em volta da ilha do Marajó, eles criavam esses magníficos letreiros que mostram o nome dos barcos que andam pelos rios da região amazônica, então isso é uma tradição naquela região, que eles têm que ser muito bonitos, muito bem trabalhados, só que o padrão estético pra quem adota uma língua franca no design é muito diferente desse padrão estético de um design vernacular, por isso a importância de documentar para que também esse tipo de tradição não se perca pelas hibridações e relações com as linguagens digitais que estão se espalhando pelo nosso país muito rapidamente. E pra comemorar o design vernacular digital eu trouxe um meme aí, graphic design is my passion, que tem muitas variações, é um meme muito engraçado, por si só eles têm essa linguagem de vernacular, por isso que esse meme é uma meta meme, ele tá fazendo uma crítica e um comentário engraçado, um humor a partir do design de vários outros memes, os memes eles têm essa característica de serem um projeto vernacular e não obedece às linguagens francas do design gráfico tradicional, por isso que esse meme fica tão engraçado, porque ele não tá usando a linguagem gráfica do design gráfico tradicional, mas por outro lado ele acha e se sente no direito de dizer que isso também é design gráfico, redefinindo aí a noção do que é design gráfico, o vernacular aí questionando a língua franca através do humor. O design de interfaces de usuário, UI, ele também tem os seus vernaculares, só que aqui tem uma coisa um pouquinho diferente, que é o seguinte, além de você ter a possibilidade de um designer criar uma interface usando referências vernaculares, ele não conhecer o design gráfico, por exemplo, é o que acontece muito na computação, os programas, em especial de desktop, eles são feitos por programadores, pessoas da ciência da computação que não tem um contato com o design gráfico, às vezes não tem noção nenhuma de design gráfico e mesmo assim produzem interfaces, esse pode ser considerado também design de interface vernacular. Agora, quando o usuário começa a utilizar essa interface, ele vai transformar essa interface na interface dele, então ele também vai organizar essa interface pra ele, customizando-a, ele não vai necessariamente utilizar os cânones do design de interfaces pra fazer isso, por isso que eu digo que o design de interfaces com o usuário, ele é extremamente vernacular, você não tem como estabelecer uma língua franca, a não ser que você tente de várias maneiras controlar essa língua vernacular, e é exatamente isso que está hoje em voga no design de interfaces e eu quero encaminhar a discussão justamente pra isso, o design moderno e a arquitetura moderna já se esforçaram pra impor uma língua franca, uma ordem universal sobre as diferentes formas de projeto através de um recurso chamado meta design. O meta design ele veio na arquitetura aí através dos guias ilustrados com as normas de como que você deveria construir ou projetar uma cozinha, por exemplo, aí tem esse livro do Neufert, é o mais famoso da arte da arquitetura, arte de construir, e aí você tem um guia que é muito prático, só que por outro lado, quando você vai ler esse guia, você vai ficar atendendo a reproduzir uma arquitetura que funciona pra um determinado contexto cultural, que reflete valores de uma cultura, quando você faz isso no Brasil, começa a ficar estranho você ter a mulher trabalhando na cozinha o dia todo, isso já é estranho hoje no dia na Europa porque já existe uma divisão de gêneros, mas no Brasil tem uma coisa diferente que não tinha tanto na Europa, que é a presença de uma empregada, uma pessoa contratada pra trabalhar e ela tem muitas vezes uma estatura diferente da sua empregadora, e isso não aparece nessa imagem aqui e enfim, o que acontece é que o MetaDesign impõe uma cultura sobre a outra, ele é meio etnocêntrico, ele considera que o valor de uma cultura, o valor da cultura original, é melhor, é superior ao valor da cultura de quem vai utilizar aquele guia, como se os vernaculares estivessem errados, MetaDesign não faz isso só ao redor do mundo, o que aconteceu é que as empresas que tem interfaces digitais começaram a perceber que elas podiam fazer isso utilizando recursos de interfaces também, MetaInterfaces que dizem como fazer outras interfaces, as UI's Guidelines, como o Material Design que eu estou mostrando aí na imagem, Material Design do Google e a Apple Inventer Face Guidelines e várias outras que cada sistema operacional criou, assim como os Design Systems que as empresas criam dentro dos seus objetivos de branding, os Templates são todos exemplos de MetaDesign que visam controlar esse vernacular, através de uma lógica de sedução, é mais fácil você criar uma interface usando esse modelo, e aí dessa maneira você vai embutindo, vai reproduzindo aqueles valores que estrategicamente aquela empresa que criou esse recurso de MetaDesign tinha a intenção de reproduzir. O problema do MetaDesign é que se ele for levado às últimas consequências e você impor o MetaDesign, padronizar tudo, não deixar muita liberdade, descrever tudo que tem que ser feito nos mínimos detalhes, é que a linguagem digital para de se desenvolver, então o vernacular é o que traz sangue novo, é o que traz refresco, é o que traz novidade, que traz inovação para uma linguagem digital, se você padronizar tudo, vai ficar todas as interfaces vão ficar iguais, isso é conhecido de maneira informal como fenômeno da McDonaldização, então aqui vocês estão vendo uma imagem de um restaurante McDonald's entregando um pedido através do drive-in lá na China, do mesmo maneira, com o mesmo visual, com o mesmo tipo de serviço que nos Estados Unidos, são culturas muito diferentes, mas no entanto a padronização que a empresa exerce sobre o serviço, sobre a identidade gráfica funciona muito bem para essa empresa, mas será que nós deveríamos transformar o nosso mundo num grande restaurante McDonald's, será que todas as linguagens deveriam ser iguais? Eu acho que não, e eu também acho que o motivo pelo qual a gente pode querer padronizar não é só porque a gente acha melhor, porque na verdade achar melhor por si só é um preconceito linguístico, no caso da fala, quando alguém usa um sotaque ou pronuncia uma palavra que tem uma definição no dicionário de um jeito, produzir diferente, como por exemplo "pobrema", ao invés de "problema", "pobrema" parece que é uma... tá falando errado, existe um preconceito linguístico relacionado a isso, porque não está falando errado, na verdade você está falando melhor, "pobrema" é mais fácil de pronunciar do que "problema", tanto é que as crianças quando aprendem essa palavra, muitas vezes falam "pobrema" antes de falar "problema". Então essa inovação que surgiu em algumas comunidades rurais do Brasil que falavam "pobrema" e continuam falando, ela muitas vezes teve uma conotação negativa, mas ela foi uma inovação tão grande quanto a palavra "você", a palavra "você" não existia antigamente no vocabulário português, na língua franca, era "voz-mecer", então "voz-mecer", imagina a gente falasse "voz-mecer" até hoje, se digitasse "voz-mecer", hoje em dia a gente já fala "v" e "c", que já é uma inovação também do vernacular que pode futuramente se tornar oficial, ou não, apenas uma abreviação. Então o vernacular ele está sempre sofrendo esse preconceito linguístico, só que esse preconceito linguístico não é somente porque é diferente, é porque tem um grupo social que fala, isso é que gera o preconceito, não é como fala que interessa, é quem está falando, quem é que fala "pobrema", "ah, é uma pessoa pobre", "ah, uma pessoa que mora no nordeste", "ah, uma pessoa que vem do interior", essa pessoa, eu não quero interagir com ela, ela é burra, é um preconceito, o preconceito linguístico tem uma base social, ele não é simplesmente uma questão linguística, isso também acontece nas linguagens digitais, então o que vocês podem ver, uma comunidade de Orkut, na época do Orkut, isso é bem antigo pra quem não teve a oportunidade de usar, a rede social mais famosa no Brasil antes do Facebook, e lá se utilizava ainda uma linguagem chamada "migocheis", e essa linguagem ela era falada inicialmente pra comunidade dos "emos", que são descendentes aí culturais dos punks, que tinham valores culturais diferentes e gostavam de se expressar de maneira bastante exagerada no caso da linguagem, da escrita, e por isso transformavam a linguagem pra enfatizar isso, e muita gente tinha preconceito contra o "migocheis", quando vi o "migocheis" na internet, falava "ah, já estão orkutizando", porque o Orkut virou um domínio predominante do "migocheis", muita gente falando, e aí a "orcutização" começou a se tornar um, na época da transição, quando o Facebook e o Twitter começaram a competir com o Orkut, as pessoas falavam "ah, agora que estava tão bom aqui no Twitter e no Facebook quando não tinha o povo, o povão, não estava chegando, estão agora orkutizando o Facebook, orkutizando o Twitter", o que é isso? É um preconceito linguístico contra uma população que não tem o acesso inicial às tecnologias, que vão entrar nessa rede social depois, e que muitas vezes são pessoas pobres, são pessoas negras, são pessoas indígenas, são pessoas que já sofrem outras opressões, e agora sofrem também preconceito linguístico na mídia digital. Isso aí vai levar a um outro preconceito, ou melhor, uma opressão que o professor Rodrigo Onzato, da PUC do Paraná, tem estudado, e junto comigo a gente tem discutido bastante sobre essa redução de um falante, uma pessoa que fala, a um mero usuário da língua. Então o usuário ele não transforma essa língua, ele só usa, ele só aplica, porque o falante, ele transforma a linguagem cada vez que ele está falando, a gente pode fazer brincadeiras com a linguagem, brincaguagens, isso é uma característica que no digital está se perdendo, por uma opressão que a gente tem chamada de usuarismo, que é transformar as pessoas em meros usuários das tecnologias e das linguagens do dia a dia. Isso é pior do que o que está retratado nesse quadro da Tassila da Amaral, que mostrava a industrialização no Brasil no começo do século 20, o nascimento do operário, operário-ariado, e o operário pelo menos ele produz alguma coisa por conta própria, ele tem força política, ele pode se organizar, ele pode fazer greve, ele pode fazer uma revolução até, mas e o usuário, o que ele pode fazer? A gente tem pensado bastante nisso, como é que um usuário sabe que ele é um usuário? Muitas vezes ele nem tem essa noção, as vezes as pessoas não percebem que elas estão sendo reduzidas aos usuários, por quê? Por causa de uma opressão que tem um fundamento preconceito linguístico, essa pessoa não está capacitada a ser um desenvolvedor, a produzir a sua própria existência do seu jeito, então eu vou projetar uma tecnologia para essa pessoa que é burra, que não sabe pensar, vou projetar uma tecnologia que emburreça ainda mais, ou que pelo menos dê aquilo que a pessoa quer e você extraia algum lucro a partir daquela exploração, daquele desejo. Então, o usuarismo é uma opressão que a gente tem tentado combater há muitos anos através do Teatro do Oprimido e de outras influências, Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, Augusto Boal, então a gente tem organizado alguns workshops em vários lugares do Brasil sobre esse assunto e num particular workshop que a gente organizou agora que não existe mais o VLogger Brasil, acho que era o nome, enfim, a gente organizou esse workshop, designers na época que trabalhavam com UX e UI participaram e eu perguntei, você já viu uma cena de opressão, mostra aí na sua vida, eles montaram essa cena aí, então tem sentado um designer no meio da cena e se você tem em volta dele cliente, desenvolvedor, gestor de projetos, até um amigo está mandando ele fazer de um jeito e fazer de outro aquele projeto que ele queria se expressar por conta própria, mas que ele não pode porque ele tem várias restrições vindo desses outros stakeholders, mas em especial do chefe, o chefe é que dá a palavra final e se o chefe falar "oprima o usuário" ele vai ter que oprimir o usuário, ele vai falar "coloca aqui esse dark pattern, coloca aqui esse recurso para enganar o usuário, vender uma coisa que ele não quer comprar" o designer vai ter que fazer porque ele também é um oprimido na relação de trabalho, mas o usuário também é um opressor, quer dizer, desculpa, o designer também é um opressor na relação de usuarismo porque ele incentiva, ele faz as coisas ficarem fáceis demais para que as pessoas não queiram produzir as suas próprias interfaces, produzir os próprios sistemas, não queiram customizar, então, quando a interface está muito fácil de usar o usuário continua sendo usuário, fazer a interface ficar um pouco difícil de usar às vezes é um recurso importante, necessário para que quebrar com o usuarismo. A gente vem discutindo, eu, o professor Gonzata e mais uma série de outras pessoas que participaram da redação desse livro de 2012, uma proposta chamada DesignLivre, inspirada no software livre, que tenta libertar as pessoas do usuarismo, se vocês quiserem baixar tem a versão gratuita desse livro no designlivre.org, tem várias discussões também nesse site, além desse livro que eu estou tentando resgatar agora nos últimos anos, então esse livro já tem 8 anos, mas a discussão continua atual, na verdade ela é mais atual do que naquela época, porque hoje a gente vive em um usuarismo muito mais intenso do que em 2012, a gente naquela época ainda tinha várias redes sociais, tinha várias possibilidades de customização, mesmo nessas redes sociais estão diminuindo, então o software livre ainda era utilizado naquela época mais amplamente, agora cada vez menos. Agora, utilizar software livre não é suficiente para fazer design livre, você pode no projeto interface, se quiser usar o software livre, começar a usar o Pencil Project, que é bem legal, ele compete bem aí com Figma, com Sketch e outros, e é um software livre que você, se você quiser contribuir, tá ruim, não tá funcionando bem o Pencil Project, vai lá, entra na comunidade e propõe mudanças, isso é uma coisa que você não tem a possibilidade de fazer no Sketch ou no Figma, ou talvez até tenha a possibilidade, mas você vai estar trabalhando de graça para essas empresas, porque elas não vão te pagar pelas sugestões de usuário que você fizer, e elas também não vão disponibilizar suas sugestões gratuitamente para outras pessoas, tal como fazem os projetos de software livre. Então é uma diferença muito grande contribuir para um projeto proprietário e um projeto livre. Então design livre também não é só você usar as ferramentas de software livre, tá, é bom, mas não é suficiente, o importante é que você também produza e modifique as ferramentas de design que você vai fazer, né, então na época de 2013 a gente teve uma ideia de criar uma ferramenta voltada para a prototipação de interfaces, parecida com o Pencil Project, só que com o conceito de linguagem por trás. O Pencil Project não levou em consideração o conceito de patterns, né, que é fundamental para a construção de interfaces, né, que são os componentes reutilizáveis dentro de um contexto de solução de um problema recorrente. E os patterns, eles são uma maneira de você documentar o design vernacular, então é uma história bem interessante, eu tenho até uma outra aula sobre composição de interfaces baseadas em padrões ou patterns, que vale a pena assistir quem quiser conhecer mais esse projeto Protopattern, mas ele era um projeto aberto, livre, quem quisesse participar, só não teve muita participação na comunidade de design no Brasil na época, como eu falei, não era tão forte o usuarismo, então poucos designers participaram nesse projeto, hoje que está mais forte talvez eu imagino que tenha mais gente querendo participar, quiser depois acessar esse site aí e participar, o projeto pode ser renovado das cinzas, né, porque ele faz parte de uma plataforma chamada Corais, que a gente desenvolveu lá em 2011, quando aí desistia o Instituto Faber Ludens, estava ativo, a gente criou uma plataforma de inovação aberta, a gente ia explorar esse design livre, num ponto de vista também da própria plataforma, então a plataforma permitia que você criasse projetos colaborativos e tinha um meta projeto, um projeto de transformação de outros projetos, melhor dizendo, projeto de transformação da própria plataforma, é o que a gente chama de meta design, abrir o código no nível meta, então não é só entregar o código fonte da Corais, tem lá o código fonte no GitHub, mas o mais difícil mesmo é que as pessoas que estão usando a plataforma, elas possam participar da transformação dessa plataforma, é o que a gente chama de meta design, aqui tem várias tarefas de coisas a fazer nessa plataforma, que se você quiser ajudar, você entra lá e você comenta, você participa e você pode também criar novas tarefas de desenvolvimento. Então toda a linguagem, pelo que esses últimos exemplos que eu mostrei para vocês demonstram, elas têm uma dimensão ética e consequente estética, então ética e estética estão muito ligadas, tanto é que uma palavra está dentro da outra, muitos designers discutem estética apenas sem pensar na parte ética, por quê? Porque estão reproduzindo uma ética que eles nem sabem que existe, mas que está ali, tudo que a gente mostra que é bonito, a gente também está dizendo que é uma coisa boa, isso é um julgamento de valor, uma maneira de vivenciar a vida que a estética traz. E eu tenho buscado, junto com outras pessoas também, principalmente meus colegas da UTF-PR, professores, estudantes, orientandos, buscando estéticas que valorizem as formas de expressão que já são culturalmente desenvolvidas por esses grupos sociais oprimidos, inspirado principalmente pelo trabalho do dramaturgo brasileiro Augusto Ual, que criou o Teatro do Oprimido e teve um livro muito legal, A Estética do Oprimido, que fala exatamente sobre isso, sobre como as pessoas podem se encontrar melhor através da arte e ao invés de não se considerar artista, "eu não sou artista, eu não tenho jeito para isso", o Ual fala "você já é artista, no seu dia a dia você já faz teatro, toda vez que você faz, desempenha um papel na sociedade isso já é teatro". E você tem uma série de expressões faciais que aparecem na capa que são absolutamente cotidianas e tranquilas que você já faz, que são especialmente teatrais, que você pode trazer para o teatro, mas não só teatro, por isso que ele chama de Estética do Oprimido, não Teatro do Oprimido, porque ele acredita que todos nós temos que ser artistas multimídia, temos que usar as várias artes diferentes para nos descobrir, para nos expressar e assim se libertar da opressão de que "eu sou feio, eu sou feia, as minhas expressões, a minha maneira de se expressar é feio", isso se reflete também no digital, existem várias interações que as pessoas estão tendo com as linguagens digitais que elas acham que elas estão erradas, porque vem uma mensagem do tipo "ah, você errou, você cometeu uma operação ilegal, o seu programa será fechado", isso é uma maneira de você oprimir o usuário e também fazer ele se sentir burro, e aí isso acomete principalmente pessoas que não têm tecnologia desde cedo na sua vida, não teve acesso, não tem dinheiro para comprar, ou às vezes não tem a ergonomia adequada para o seu corpo, então isso é uma maneira de exclusão que a gente precisa superar, então a Estética do Oprimido é uma maneira de superar exclusões que a gente tem buscado através de várias pesquisas, superar no design de interfaces e em vários outros tipos de design também. Agora, essa Estética não é moderna e nem pós-moderna, não se confunda, muita gente acha que o pós-modernismo é anti-opressivo, porque ele mistura várias linguagens, ele traz um experimentalismo, só que esse é um experimentalismo elitista, o pós-moderno muitas vezes é um resultado final que é lindo para quem é artista, mas é horrível para quem quer usar, quem quer ter aquilo no seu cotidiano. O que a gente precisa é uma Estética anti-moderna, os valores modernos é que provoca essa exclusão, porque lembram lá atrás no MetaDesign, que é a imposição de valores de uma cultura sobre a outra cultura, isso é o modernismo na sua essência, a Estética anti-moderna ela tem que buscar outros valores culturais e permitir que esses vários valores culturais coexistam, então eu tenho buscado bastante referências culturais distantes para inspirar essa Estética do oprimido no design de interfaces digitais, que é algo que ainda não existe muito claramente, mas os exemplos de projetos que eu mostrei para vocês, principalmente relacionados ao design livre, já são os primeiros esboços do que poderia ser. Eu gosto bastante de me inspirar a partir de filmes de ficção científica para o design de interface, então vou mostrar aqui para vocês alguns filmes de ficção científica que eu assisti nos últimos meses e que eu achei muito legal e que podem inspirar vocês talvez se tiverem interesse em experimentar estéticas do oprimido no design de interfaces. O primeiro deles é o Black Panther, que traz um afrofuturismo, uma visão de futuro a partir de referenciais da cultura negra afro-americana, e o Black Panther traz em um determinado momento uma cena em que tem uma projeção dos ossos de um paciente que está ali em tratamento e ele utiliza a holografia, que é um recurso que na maior parte dos filmes que são mais modernos, eles vão usar para fisbéticos, para esse holograma base do inimigo que você vai atacar, que não, o holograma é utilizado para curar uma pessoa que está enferma. Então é muito interessante como a inversão ou a mudança de uma outra referencial cultural já permite ver vidas mais modernas. Tem uma cena que foi lançada na Netflix, série de séries de televisão, de filmes, de animes que são interessantes para a inspiração no design de interfaces digitais, é só pesquisar lá no usabilidoido.com.br, e antes de fechar essa minha aula eu queria fazer o convite então para quem já conhece o Usabilidoido, que não conhece, eu tenho as minhas aulas gravadas, tem disponibilizado há muitos anos já, são mais de 100 aulas gravadas, estão hoje em dia no Spotify também como podcast, quem procurar por Usabilidoido lá vai encontrar essas aulas, e eu estou num desafio bem interessante que é transformar essas aulas em um livro, porque as aulas não têm um formato muito acessível, demora muitas horas às vezes para você ouvir e aprender sobre esses assuntos que eu estou ensinando os meus alunos, os meus estudantes, e às vezes eu também sinto a necessidade de oferecer um livro mais aprofundado sobre design de interfaces, porque no Brasil só tem livros iniciantes sobre esse assunto, ou livros muito acadêmicos, eu queria escrever algo que tivesse no meio do caminho, dentro da universidade tecnológica e as universidades públicas, nós temos que se dedicar primariamente a publicação de artigos científicos, isso significa que eu não posso me dedicar tanto à escrita de textos acessíveis como esse, por isso eu preciso da ajuda dos meus leitores, então se você quiser entrar, ouvir um podcast desse e transcrever, me ajudar com a transcrição dele, eu vou ficar muito agradecido, porque eu vou transformar isso num post de blog para outras pessoas que poderiam acessar gratuitamente, e também num livro futuramente que eu vou pretendo compilar a partir dessas aulas, essa aula aqui, ela vai estar disponível lá no Usabilidoido, e já vai ter, constar com link também para quem quiser transcrever, porque essa aula foi dada agora, algumas pessoas não puderam participar, imagino que outras pessoas que queiram ter acesso a esse conteúdo, então, por favor, entrem lá no meu blog usabilidoidoido.com.br, acessem o podcasts, que é a parte onde tem as gravações, e procure o link que vai dar num Google Drive para a transcrição, ficaria muito agradecido, inclusive publicarei um agradecimento formal se você me ajudar com isso, tá ok gente? Então se alguém tiver alguma dúvida, alguma questão que eu possa esclarecer agora aqui por fim nessa transmissão, a gente ainda tem mais cinco minutos aí, se precisar eu posso estender, então é isso, muito obrigado por todos que, todas as que tiveram aqui ouvindo essa conversa, se tiverem interesse, se for estudante da UTFPR que tá assistindo, quiser conversar comigo depois, possibilidade de colaborar com as pesquisas que a gente vem realizando, me procurem, tô vendo aqui que tem alguém perguntando sobre o link para o Proto Pattern, vamos ver se eu acho aqui, Proto Pattern, tá, achei, vou colocar aqui no bate-papo, então pessoal se alguém tiver alguma dúvida, temos aí mais alguns minutinhos, sei que é uma dificuldade muitas vezes quem trabalha em empresas que tem justamente esse objetivo de colonizar a vida dos outros, de explorar a vida dos outros e obter o máximo de lucro, mas a gente tem que buscar as brechas que nos são dadas para mudar o mundo pouco a pouco, trazendo novos valores, queria agradecer a equipe aí do Tão Longe e Tão Perto por ter me apoiado na organização, eu fiquei um pouco atrapalhado porque essa primeira live que eu faço sozinho aqui, e no começo não sei exatamente se deu muito certo toda a transmissão, eu acho que houve a divulgação de várias URL's por causa da configuração errada que eu fiz do YouTube, mas no final das contas pelo visto a gente conseguiu aí transmitir até o final, e eu vou dar uma olhada depois com calma, reassistir para ver se ficou bom, e se eu achar que deu certo vocês acharem, escrevam, dêem feedback talvez eu faça mais, tá ok gente? Muito obrigado, boa noite a todas as pessoas aí pela colaboração por terem assistido, ah pera aí, agora tem uma pergunta, jogos do teatro do oprimido para construção de interface e interações, isso aqui é um tema de uma outra aula que já tá gravada lá nos Habilidoido, tem alguns jogos, na verdade eu não falei dos jogos lá, é até difícil de falar um pouco dos jogos sem você fazer né, você precisa ter a vivência do jogo né, física né, você precisa estar mexendo o corpo para poder, não dá para fazer isso aqui ó, tô fazendo aqui com a webcam, né, você precisa ter o jogo de cintura para explicar o que é um jogo, mas eu tenho buscado o Centro do Teatro do Oprimido, que é um, eles têm feito algumas experiências aí de jogos durante a pandemia, ctorrio.org.br, eles têm uma página no Facebook também, então fica aqui a dica né, procura o CTO, porque eu não sei responder muito bem como fazer isso digitalmente. Tem mais uma pergunta aqui sobre como pensar mais, a Sofia pergunta como podemos pensar mais usuários e pessoas trabalhando em uma startup de tecnologia, é, tem que discutir propósito né, startups falam muito sobre isso, mas quando falam de propósito muitas vezes é uma discussão só sobre lucro e valor para os stakeholders ou para os potenciais investidores, mas propósito não é exatamente isso né, quando te falam de propósito estamos falando de impacto social, eu acho que impacto social é uma palavra bacana para começar uma discussão sobre, sobre a opressão, porque existe impacto social bom e impacto social ruim também, nem todo impacto social é bom. Tem uma pergunta da Bianca, Charnesque aqui, como conciliar as affordances com a questão da inovação e do efeito McDonald's? Eu imagino que a Bianca quer dizer o seguinte, se você fizer uma coisa muito diferente, quebrando os padrões as pessoas não vão reconhecer aquilo ali, como sendo uma seta cumprindo uma função padronizada, então a pessoa vai ter que reaprender de novo como usar aquela interface, isso é ótimo, não vejo problema nenhum nesse tipo de situação, é bom que as pessoas aprendam coisas novas, agora existem coisas que vale a pena as pessoas aprenderem porque são realmente novas e coisas que já são parecidas com coisas anteriores e aí elas estão sendo exploradas, estão sendo apresentadas de maneira diferente sem necessidade, então os padrões eles são úteis, mas eles também quando são impostos e só existem esses padrões, a maquinonalização, aí é o extremo, quando você só tem padrões, então tem que quebrar alguns padrões aqui e manter outros, como todo bom artista. Bom, chegamos às 19 horas, eu vou encerrar aqui então a transmissão, tá gente, muito obrigado pelas perguntas, pela participação e compartilhem essa aula com quem tiver interesse nela, se você achar que tiver um colega que está aí interessado em discutir criticamente design interface, passa esse link do vídeo, tá ok? Muito obrigado, boa noite a todas as pessoas e nos vemos aí nas redes sociais, falou! [silêncio]