Olá, design de experiências musicais. Música é uma forma de arte que proporciona experiências de vários tipos. Isso aí não é muito... um argumento muito difícil de aceitar. Vamos ver que tipo de experiências são essas. A gente pode separar entre experiências coletivas e experiências individuais. Então imagine todos os momentos em que você teve uma pira interessante, você viajou na sua vida, refletiu, mudou a sua perspectiva ou trabalhou um sentimento, curtiu a fossa individualmente ouvindo a sua música. Então isso é uma experiência. Quando eu estou falando design de experiência, estou falando disso. Agora, relembra os shows, os concertos, os festivais de música, as raves que vocês teve, as baladas, dançando com uma... Não dá para lembrar, né? Não dá para lembrar, melhor não. Mas, enfim... O que acontece é uma experiência também, mas uma experiência completamente diferente. Uma experiência de conexão, de você muitas vezes sentir que você faz parte da multidão, você é a multidão. Você já... muitas vezes nesses experimentos coletivos, de música coletiva, a gente tem um dos poucos momentos que a gente consegue perceber que nós não somos isolados, nós somos uma ilha, nós quando seríamos humanos somos sociais e nós celebramos isso ouvindo música. Possivelmente todas essas grandes reuniões humanas sempre são acompanhadas por música, mesmo essas passeatas aí, que agora está na moda no Brasil, passeata política e tal, desde 2013 toda hora o pessoal vai para as ruas, sempre tem uma musiquinha ou outra, umas musiquinhas mais chatinhas, chicletinhas do que outras, outras mais bacanas, mas experiências musicais. Então a música é um fator de conexão social muito forte, muito forte. Agora vamos ver dois tipos, outros dois tipos de experiência musical, a de fazer música e destacar ela do ouvir música, que a gente viu agora há pouco. Uma outra distinção, individual versus coletivo, agora fazer versus escutar. Então se lembre-se dos momentos em que você eventualmente ensaiou cantar no banheiro, tomando banho embaixo do chuveiro, aquele negócio de você estar só você e a música. E o quão a gente se sente satisfeito por ouvir na sua própria voz quando a gente não está preocupado que outras pessoas vão ouvir, quando a gente está preocupado que outras pessoas vão ouvir, porque ninguém quer cantar, mas quando a gente está cantando sozinho a gente se liberta desse preconceito de que a nossa voz é ruim, às vezes a voz é maravilhosa, mas a gente que não tem ainda a autoestima e a coragem de mostrar essa voz. Quando a gente faz isso coletivamente, existem maneiras de você cantar, fazer música coletivamente em que você não se sente constrangido, como por exemplo a jam. Alguém já participou de uma jam ou já foi numa jam? Então uma jam ela basicamente junta várias pessoas que estão interessadas em fazer música e com bastante respeito e tranquilidade as pessoas vão tentando dialogar nessa jam sem necessariamente uma pessoa se sobressair em relação às outras. É uma conversa através de música. E na jam, mesmo que você não saiba cantar, tocar um instrumento perfeitamente, eventualmente erros, isso pode até ser um efeito interessante dentro da jam, assim como é um efeito interessante quando você fala uma palavra errada, você comete um erro de português, as pessoas numa conversa normal elas relevam esses erros, assim como na jam. Então é uma experiência bem interessante de música, poucas pessoas conhecem, mas se algum dia se tiver a oportunidade vá ver uma jam que é uma coisa completamente diferente de um show. Você gostaria de compartilhar, vocês que já tiveram, nessa suma de uma jam? Basicamente o que evoluiu, estava um grupo de amigos, todo mundo gostava de tocar, todo mundo gostava de cantar e todo mundo era "quero saber, vamos fazer alguma coisa" porque a gente estava no processo de criar uma banda e a gente precisava de alguma coisa para poder fazer música nova, coisa do tipo, e também é uma forma legal que é como se fosse mais ou menos um brainstorm. Acabou, a gente não gostou desse aspecto. A gente teve um grupo de amigos que acabávamos sem todo fim de semana, fazia uma fogueira, bebia alguma coisa, todo mundo tocava um instrumento diferente, a gente sempre levava nossos instrumentos e ficava de madrugada inteira, tocando, bebendo, cantando a fogueira e por aí vai. E fora é projeto de banda também, e o legal da dianche é que você percebe que é quando você se solta, você esquece um pouco das teorias, esquece um pouco de tempo da música, você simplesmente sente o feeling da música e é pelo feeling que você vai. Foi a primeira vez que toquei no Madhien, foi uma das melhores sensações que eu já tive, porque você está completamente solto, entendeu? E você se sente conectado com todos que estão ali tocando, não tem como explicar, é muito mais da hora do que tocar uma música certinho e tal, fazer certinho. É verdade. É mais gostoso. Então, fica a dica. Procure participar de Madhien, arrume colegas que estejam a fim de improvisar, mas tem também uma experiência mais comum de música coletiva que muitas pessoas, a maioria das pessoas no Brasil já passaram em algum momento, que são as canções religiosas. Nós temos um país bastante religioso, cristão, e dentro da religião católica, ou mesmo das religiões evangélicas, você tem a música como um fator muito importante, não só de conexão coletiva, mas principalmente conexão com o divino, com essa outra energia que está em outro plano, digamos assim. E o quanto isso transforma a vida das pessoas, o quanto elas se sentem emocionadas, choram, às vezes até tem, é mais do que choram, esses cânticos, tem gente que desmaia e aí vai. Só que esse exemplo da religião está muito ligado à tradição. Você manter as tradições, manter os costumes, manter as culturas antigas, mas as experiências musicais podem servir também para transcender essas tradições, deixá-las para trás, questionar elas e perguntar, por exemplo, porque as mulheres não podem ficar sem a camisa, porque elas não podem mostrar os seios. Em Woodstock, que foi um dos grandes, maiores festivais de música da história, eu acho, da humanidade, você teve a música como fator de conexão entre as milhares e milhares de pessoas que estiveram lá, mas não só a música, mas uma série de valores culturais que estavam circulando naquele momento, a música apenas como uma síntese desse movimento hip. Existem vários tipos de experiências musicais de larga escala através de festivais tal como foi Woodstock, a gente conhece Woodstock, que é um marco histórico, mas existem N festivais de música que têm essa pegada coletiva de você sentir uma nova vibe, de trazer uma nova maneira de pensar o mundo e tal, um festival que se está espalhando pelo mundo que é o Holy, alguém já participou, alguém já viu? Participaram? E aí, como é que foi a experiência? O que vocês acharam? É extremamente sinestésica, é muito louco, porque, sei lá, geralmente quando você ouve música psicodélica, por exemplo, você fecha o olho e tal, você sente uma experiência sinestésica na tua mente, você vê cores e tal, e quando tem cor mesmo, é um imprimento muito grande na parada, então é muito louco. Esse festival tem origem na Índia, é um festival originalmente religioso em que se comemora uma brincadeira que um deus do amor, da Índia, tem vários deuses, o deus do amor se chama Krishna, e ele gostava de brincar, de fazer esse tipo de sacanagem com os amigos dele, que era pegar tinta, pó de tinta colorida e jogar nos colegas, daí o pessoal vai se pintando, basicamente, e nessa festa eles reproduzem esse ato desse deus aí do amor, quanto uma coisa que todo mundo pode participar. Então algumas cidades que têm essa tradição do Holy não acontece num lugar só fechado, isso acontece nas ruas, então você não pode nem sair das ruas se você não quiser brincar de Holy nesse dia, porque você vai ser pintado naquele dia. Então desde os anos, uns cinco anos para cá, esse festival tem sido exportado para outros países, no Brasil tem vários lugares que tem festival Holy, então é uma experiência muito bacana, eu já participei algumas vezes, e o mais legal que eu acho, particularmente, é a autorização para você tocar no corpo das outras pessoas estranhas, porque quando você vai jogar a tinta, uma coisa é você jogar, normalmente não colore muito a pessoa, agora se você pega e toca e passa a tinta no corpo da pessoa, aí fica legal mesmo a pintura, então todo mundo começa a fazer isso, aí você sente a vontade, e eu acho que existe obviamente uma questão de respeito, eu nunca presenciei nenhum problema de falta de respeito com o toque, pelo contrário, vi pessoas assim, uma vibe muito legal, porque quando se faz esse festival Holy, se lembra dessa história dele, que a proposta dele é pensar o amor, não pensar putaria, embora depois do festival aí já é outra história. Experiências musicais podem ser projetadas, como é que o design entra nessa história? Eu vejo esse tipo de experiência musical como uma performance emergente, isso aí é um termo que eu utilizo na minha tese de doutorado, eu vou explicar um pouquinho para vocês, isso tem muito a ver também com a dificuldade que eu tenho para me encontrar aqui dentro desse departamento, o design industrial, o design de modo de mais geral, ele tem uma história muito focada no desenvolvimento de objetos simples, objetos que concentram vários tipos de conhecimentos técnicas, e as técnicas elas ficam embutidas, endurecidas, estáticas, fixas, no objeto, disponível através de algumas funções para quem quiser utilizar. Aqui no caso do objeto complexo, que é o caso da performance emergente, o caso das experiências musicais, o objeto ele não é fixo, ele não é estático, ele não para nunca, ele sempre está mediando alguma coisa, alguma coisa está passando por ele, e é assim que ele é o objeto, ele não é um objeto quando ele termina das coisas, se colocar todas as informações, todos os requisitos, todas as técnicas, produziu, entregou, é consumido. Aqui não existe essa separação entre produção e consumo, porque toda vez que a pessoa está usando, ela está transformando esse objeto, você pensar uma experiência musical, ela é uma experiência fluida, tudo pode acontecer. Aqui um exemplo de objeto complexo, clássico, para explicar o que é um objeto complexo, a gente pode ver essa revoada de pássaros, no Brasil não é muito comum esse fenômeno, mas algumas vezes você pode visualizar isso em algumas partes do Brasil, o mais comum mesmo no hemisfério norte, isso aí são basicamente pássaros fazendo um aquecimento, antes deles fazerem aquela migração, aquele voo migratório para o sul, hemisfério sul, então eles começam a fazer esses voos para chamar a atenção de todos os outros pássaros, para eles se juntarem, formarem um grande swarm, não sei o nome disso em português, é revoada, para eles migrarem para o sul, e essa dança que eles estão fazendo no ar, ela é muito linda, é um negócio lindo, você olha e fala "Cara, como é que eles fazem para decidir qual é a forma que eles vão fazer?" Será que tem um pássaro lá na frente que é o líder que vai dizendo "Você para cá, você para lá, você para cá, você para lá?" Pois é, o mais curioso é que não tem isso, não existe um pássaro líder, não existe um pássaro rei, o pássaro rainha que determina o que os outros vão fazer, o que existe aqui, cada pássaro está executando um conjunto de regras bem simples, e quando todos eles fazem ao mesmo tempo isso no mesmo local, você tem essa emergência de um comportamento complexo, então o objeto complexo emerge de entidades muito simples, o cérebro de um pássaro não é capaz de conceber individualmente a complexidade desse movimento, mas o cérebro de todos esses outros pássaros sincronizado através de regras simples permite coletivamente que isso aconteça. Entre os seres humanos a gente utiliza o termo inteligência coletiva para falar dessa capacidade de organização através da complexidade, mas isso não acontece somente quando a gente está na internet, quando a gente está construindo conhecimentos abstratos, isso acontece o tempo todo na nossa vida, eu vejo objetos complexos e performances emergentes no meu cotidiano o tempo todo, isso aqui é uma foto de uma ocasião, de uma experiência musical que eu participei na cidade de Zada, na Croácia, eu fiz o doutorado da Holanda e viajei pela Europa conhecendo vários lugares, esse lugar me chamou muita atenção, porque aqui você tem um órgão tocado pelas ondas do mar, isso aqui é uma escada, tem umas entradinhas, uns buraquinhos, e aí a água vai entrando, na medida que ela entra, cada buraquinha, aqui tem uns buracos, cada buraco vai ter uma nota musical diferente que vai tocar, então conforme vai entrando a água, vai saindo, vai fazendo uma canção, isso depende obviamente da maré, mas também a performance emergente, depende também das pessoas que estão ali e depende também do que mais estiver acontecendo, quer dizer, você está ali sozinho em mar ninguém, ou você está ali sozinho com um grupo de pessoas, mas não ter aquele navio gigante ali no fundo, é uma coisa, com o navio é outra, porque o navio estava fazendo um mau barulho com a buzina dele, eu não estava conseguindo ouvir direito o mar, mas às vezes parava e daí dava para ouvir, isso é uma performance emergente, essa zona que a gente ouve na cidade, essa zoeira de barulho, isso são performances emergentes, elas não são controláveis, elas emergem das interações entre diferentes entidades simples, e o legal disso é que tudo pode acontecer, então mesmo um jogo como Guitar Hero pode ser transformado, pode ser parte de uma, pode ser um objeto simples dentro de um objeto complexo que é uma performance emergente, Guitar Hero tem regras bem definidas, você tem que apertar o botãozinho ali na hora certa que está descendo a marcação, se não você perde ponto, isso não tem muita coisa emergente aí, o que tem de emergente na maneira como esse festival de videogame fez, é colocar o Guitar Hero como uma performance de palco, então você ia jogar num palco e as pessoas assistiam você jogando Guitar Hero, e você podia fazer um duelo com um colega seu, eu estou duelando com um colega que estava fazendo doutorado junto comigo, um russo, que era sempre o meu antagonista nos jogos de videogame, então a gente ficou ali fazendo uma performance emergente, você não precisa fazer poses e movimentos para jogar Guitar Hero, esses inputs, esses controles, não levam em conta a sua movimentação, mas a gente fazia, porque ali não estava em jogo o Guitar Hero em si, mas estava em jogo a nossa rivalidade, então para quem assistiu o nosso duelo, com certeza foi muito interessante ver o russo, que é um rapaz extremamente cizudo e fechado, como a maioria dos russos, se abrir bastante ali naquele momento, e isso são as vantagens das performances emergentes, elas podem permitir qualquer coisa acontecer, pode ser uma coisa boa, pode ser uma coisa ruim, no caso quando eu estava assistindo ou ouvindo o órgão e o navio veio e começou a buzinar, obviamente foi uma experiência ruim para mim, mas aqui foi uma experiência boa. Bom, essa discussão sobre performance emergente faz parte, como eu anunciei no começo da oficina, da área de design de experiências, o que é design de experiências então? É uma área profissional nova, também é uma área emergente na academia, que trata de performances emergentes, e ela envolve vários conhecimentos de várias áreas, porque como o objeto é complexo, às vezes o objeto vai ser um produto, às vezes o objeto vai ser um serviço, às vezes o objeto vai ser uma interação, e na verdade a maioria dos casos vão ser vários objetos simples formando um objeto complexo, por isso que o design de experiências é uma área interdisciplinar que vai contar com conhecimentos da área de design gráfico, design de interação, interação manocomputador, design industrial, engenharia elétrica, engenharia mecânica, arquitetura, arquitetura da informação e até mesmo criação de conteúdo. Também é difícil de você encontrar uma definição muito clara de design de experiências porque ele está nessa área cinza entre outras áreas. Então o design de experiências tem uma diferença também de outras áreas do design, é que ele explora e aproveita tecnologias de ponta, com o objetivo de mediar experiências, interações e informações. Então vocês vão ver nos exemplos de projeto que eu vou mostrar a tentativa de usar o que tem de mais moderno na tecnologia disponível para músicas, para design de experiências musicais. Um ponto importante para vocês entenderem o processo do design de experiências é que ele enfatiza muito a prototipação. O quanto mais cedo você conseguir prototipar melhor, porque você prototipando você coloca nas mãos de uma outra pessoa, de um eventual usuário dessa experiência, uma pessoa que vai passar por ela e aí você pode ajustar sua experiência para que ela atinja os objetivos, satisfaça os desejos ou ela explore algum sentimento que a pessoa exibiu quando ela estava usando aquele teu protótipo. Então esse ciclo de prototipar, testar com pessoas reais que não sejam pessoas que projetaram o produto em si que você está testando, é fundamental em qualquer metodologia de design de experiências, que existem várias. Bom, vamos para a parte de projetos. Vou mostrar alguns exemplos de protótipos que os nossos estudantes, quer dizer, os meus estudantes de diferentes universidades fizeram. E não reparem que esse aqui é bem antigo, desde 2009 eu venho dando aula sobre esse assunto. Esse trabalho aqui foi elefantinho psicodélico. Essa estudante estudou a brincadeira de criança elefantinho colorido. Vocês lembram dessa brincadeira? Como é que é? Elefantinho colorido é bem simples. Uma pessoa que é o pegador fala "elefantinho colorido", daí os jogadores falam "quico", aí essa pessoa escolhe. Por exemplo, rosa. Aí todo mundo tem que pegar alguma coisa que tenha cor rosa. Aí pegou na cor rosa, a pessoa se liberta, como se fosse o pique. Mas se não pegar, o pegador pode pegar aquela pessoa. E daí ela converteu essa regra, extraiu a regra, abstraiu ela da brincadeira e aplicou na balada. E aí ela criou um conceito de um dispositivo que permitiria ao DJ avisar quando que todas as pessoas que tivessem a cor X teriam que ser tocadas. Não, pera aí. Era uma coisa diferente. Na verdade, as pessoas que tinham a cor X tinham que vir para o centro da pista de dança. E aí elas iriam dançar lá naquele minhão. Então, se você entra na balada, você recebe um brochezinho e esse broche identifica a sua cor. Aí de repente o DJ falou "elefantinho psicodélico", que ele mudou um pouquinho o nome, "amarela". Aí todo mundo que tem a cor amarela vai para aquele minhão. Ela teve essa ideia e a gente resolve. Falei para ela, "prototipo". Vamos ver se a gente consegue criar essa experiência. Gente, em 2009 fazer isso era bem difícil, mas a gente conseguiu fazer algumas coisas. Só um pouquinho aqui. O som não está saindo. Vou passar para vocês a proposta de atividade nossa hoje da oficina. A gente vai ter material aqui suficiente para desenvolver um projeto de música tátil. Não dá para a gente fazer esses projetos todos de tecnologia que eu mostrei para você avançada, que eu mostrei aqui para vocês, porque a gente não tem esses equipamentos disponíveis ainda. Não sei se um dia a gente vai ter. Mas a gente pode fazer coisas mais simples. Apenas com um smartphone e com um fone de ouvido a gente vai conseguir fazer uma coisa muito legal, que já experimentei com alunos aqui na minha disciplina de design de experiências. E agora eu estou espalhando através dessa oficina, que é o projeto "Música Tátil". Vocês vão escolher uma música, tem que ser instrumental, não pode ser uma música com vocal. E aí vocês vão traduzir essa música ou complementar essa música ou ampliar essa música, como vocês quiserem, através de estímulos tátis. Então uma pessoa vai vir, escutar essa música, ela vai colocar o fone de ouvido, você vai dar play e vai pedir para ela fechar os olhos. E aí ela vai experimentar, enquanto ela tiver ouvido, ela vai experimentar alguma estimulação tática, que vai ser coordenada, sincronizada com a música. Vocês vão ter que obviamente ensaiar isso antes. E aí, enquanto as pessoas estiverem passando por essa experiência, eu sugiro que vocês filmem elas passando por essa experiência e compartilhem. Depois não sei se a gente já tem um espaço do Algures, do evento, para compartilhar esses vídeos, ou se a gente cria um espaço nosso, até o final da oficina a gente decide. Mas a ideia é a gente poder ver os vídeos, porque esses experimentos não precisam ser feitos aqui nessa sala. Eles podem ser feitos em outros lugares aqui do bloco, acho que é até mais fácil, dependendo do caso, tem algumas experiências que vão ser portáteis, outras que não vão ser portáteis. Tem experiências que vão querer fazer num lugar específico aqui do campus e outras que podem ser em qualquer lugar. Eu vou mostrar um exemplo. Esse exemplo foi feito, como eu falei, na disciplina de design de diferenças, é uma interpretação da trilha sonora do jogo Journey, que é um jogo que eu particularmente gosto muito, e aí estão os meus estudantes testando o protótipo comigo. Os estudantes, cada um explorou um aspecto diferente da música para traduzir. No caso deles aqui, o que eles estão focando? Na tradução vocês conseguem perceber? Porque a música tem várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas eles selecionaram uma parte apenas para o movimento do violino e o baixo. Também tinham os slings, que acho que é um tipo de símbolo que eles batiam algumas coisas assim sincronizadas no corpo. Mas teve outras equipes que focaram no humor, e às vezes o humor da música estava alegre, eles estavam fazendo um movimento alegre ou gelado, daí mudava o humor para uma coisa mais densa, pesada, eles trabalhavam com a temperatura, o quente. Tinha outros estudantes que trabalhavam a questão da melodia, tentavam traduzir a melodia de diferentes maneiras. O mais fácil é traduzir ritmo, é pegar algum tipo de percussão e traduzir, mas explorem de diferentes maneiras. E eu recomendo que vocês façam vários experimentos, não façam a primeira ideia que vier na cabeça, experimentem diferentes maneiras de expressar a música. A ideia é que vocês façam vários ciclos de testes, e a cada vez vão aperfeiçoando mais a capacidade de sinestesia. Então para fazer esse exercício, uma habilidade que é muito importante para o design, que não se usa só no design de experiências, que é você utilizar a estimulação de um sentido para você estimular o outro sentido. E quando você estimula tato mais audição, você também estimula paladar, você estimula... Até mesmo você pode ver que os músculos do corpo são estimulados quando você está tendo essa estimulação multisensorial. E aí como inspiração eu vou trazer para vocês o cinema tátil de Jan Schoenkemeyer. Alguém conhece? Bom, se você não conhece agora você vai ter um impacto, porque ele é um diretor de cinema da linha surrealista. Oi. Eu queria perguntar, não sei se você viu, eu estou pegando uma notícia para o Spotify. Com o Spotify? Não, não conheço. Eles traduziram as músicas para ciclos plenários. Ah, que interessante. E foi um projeto gigante, eles pegaram muitos ingredientes e pegaram tudo pelo condidor do Spotify. Então quando você escuta uma música, ele gera uma receita que tem a ver com a música. Então eles pegaram cinco elementos da música, que era a nota musical, a duração, a sensação noçante, a positividade da música e alguma outra coisa. Daí colocaram com o condidor de ingredientes, a acidez ou a água na comida. E aí eles estão brincando com essa coisa da sinistra Z também. É, você tem que falar da música e falar da arte. Que legal. Muito legal. Vou guardar esse exemplo para a disciplina design de experiências, porque a gente tem uma outra aula que é sobre design de experiências gastronômicas. Então de repente dá até para... O site é sabordolúzicas.wifspotify.com Valeu pela dica. Mas voltando então para o Jan Schoenkwaier. Ele é um diretor de cinema tcheco que trabalha com surrealismo. E uma das características dos filmes deles é que ele, através da audição e da visualidade, que é o foco que teoricamente o cinema consegue nos impactar, ele tenta impactar o tato. Ele tenta fazer a gente sentir, através dessa sinestesia, o que está acontecendo nas cenas. Então percebam o exagero do uso do som e o exagero também visual. É muito bizarro as coisas que vocês vão ver, mas o legal é ver essa tentativa de explorar o tato, que é um dos sentidos menos explorados pela nossa sociedade e pelo design especificamente. Então como é que vai funcionar a oficina? Eu terminei de apresentar os conceitos principais. Agora eu vou trazer o material para vocês fazerem a experiência tato. Enquanto isso vocês podem formar grupos de três pessoas. Tem que ser pelo menos três pessoas, porque para manipular os materiais e tal, pode ser mais que três, mas acho que cinco já é demais. Três e cinco. E aí vocês vão escolher uma música instrumental e vão começar a discutir como que vocês vão traduzir. Enquanto isso eu vou estar trazendo o material. Aí vocês vão produzir o protótipo, testar entre vocês. Quando vocês quiserem começar a ter feedback, vocês vão lá fora e puxam alguém para cá para dentro. Um transeunt qualquer da universidade. Ou se você quiser levar, tiver algum portato, você leva e faz o teste lá. Até o horário do almoço, que é 11 horas, meio dia, vocês têm que fazer pelo menos um teste aqui dentro. E aí eu tenho que experimentar esse teste para dar feedback para vocês. Então todas as equipes têm que aproveitar a minha presença aqui na oficina para pegar esse feedback. Na volta do intervalo do almoço, vocês vão continuar a melhorar e vão testar com outras pessoas. E aí a gente vai fazer vários ciclos. Vocês vão lá, testam, traz para cá o que mudou, o que melhorou. Porque o design de experiências, a característica principal é você desenvolver uma proposta com base nas reações, nas emoções, nos sentimentos que as pessoas têm. Então é importantíssimo vocês fazerem esses vários ciclos. Não pense que o projeto termina quando você terminou a primeira experiência. Você tem que fazer várias para poder ter um aprendizado e compreender o processo como um todo. Beleza?