A proposta dessa apresentação é rapidinho dar uma introdução do histórico do Corais De onde ele veio, porque ele veio e principalmente deixar claro a ideologia por trás Lembra que eu falei que a tecnologia reproduz uma ideologia? Então, que saibam que a ideologia que vocês estão reproduzindo vocês estão usando o Corais, pelo menos [Música] Vou mostrar um pouquinho do contexto da minha pesquisa de doutorado rapidamente Meu sobrenome é Fan Amster, então esse é o rio Amster famoso, da onde vem a minha família E eu estou estudando na Holanda porque a Holanda tem uma cultura colaborativa muito forte Principalmente por causa da sua condição geográfica Que já há de muitos, muitos séculos existe um método chamado "Polder Model" Para evitar que a Holanda seja coberta pela água Então você tem os famosos moinhos, eles dependem da coordenação dos vários moradores dos "Polders" Então os "DICs" Se cada pessoa fizer a sua parte, tudo bem, mas se uma pessoa não fizer a sua parte na gestão da água Inunda todo mundo É um sistema que não permite uma gestão centralizada, porque a água falha de todo lado A água é horizontal, ela exige uma horizontalidade na sua gestão É interessante E a Holanda, depois de muito tempo do charco e tal Nos últimos séculos se desenvolveu bastante na questão tecnológica Um país pequeno, com pouco recurso natural Então eles investiram muito na indústria do conhecimento E hoje em dia uma questão que me interessou bastante é a discussão do "Open Design" Que a Holanda é um dos países que mais investe nessa área Eles publicaram um livro colaborativo há dois anos atrás "Open Design Now" Que consiste em repensar o design a partir dessa perspectiva de software livre E das novas ferramentas de produção Que estão disponíveis para você, não dependendo necessariamente de uma indústria Já viciada em modelos de negócio já ultrapassados Então aqui é um exemplo de um Fab Lab E na Holanda, acho que é o país que mais tem Fab Lab no mundo É muita coisa E o governo investe muito porque vê ali um potencial de inovação tremendo Só que nós estamos no Brasil, não estamos na Holanda Então quando a gente vai pensar em Open Design no Brasil A gente faz o canibalismo cultural, a antropofagia Repensar isso como design livre Também porque no Brasil, software livre, enfim, é chamado software livre Não open source Lá fora ninguém fala free software O pessoal só fala open source Por quê? Porque depende muito da apropriação que cada país, cada cultura fez O Brasil é privilegiado por ter apropriado como software livre Que é uma definição que vai muito além de código aberto Que está ligado também a uma ideologia de conhecimento livre De sociedade aberta e tal E aí o exemplo dos pontos de cultura que trabalharam muito O projeto Cultura Viva Que eu acho que tem a ver com esse movimento também do design livre Que a gente desenvolveu com esse discurso, essa apropriação no Brasil Aí só um detalhe, não confundir design livre com design usando ferramentas livres Muita gente fala, usa esse termo já, design livre Não, eu uso o GIMP Mas a pessoa faz tudo sozinha e não quer que dê em pitaco Design tem muito isso Eu quero fazer minha criação gráfica Eu já sinto que é no meu coração, que a minha personalidade foi atingida Tem muito isso na cultura do design Aí eu falo, bom, você está usando ferramenta livre, ótimo Mas você pode pensar também que a sua produção, o que você faz com essa ferramenta Pode ser também colaborativa, da mesma forma como é a própria ferramenta Então a gente desenvolveu uma ideia de design livre em três ciclos Código fonte, três ciclos abertos Então você tem um momento de abertura do código fonte, que é o básico, a base Você tem a abertura da documentação, como foi construído esse código fonte Como ele pode ser feito de outra forma, você entender como chegou nesse código fonte E também a cocriação, que é uma que o software livre não discute tanto A gente fala muito que o software tem que ser participativo, livre e colaborativo desde o começo Então esses são os três pilares do design livre Um exemplo que nos inspirou quando a gente estava querendo fazer o Corais é o Open IDEO Que é uma comunidade, a IDEO é um escritório de design famosíssimo Eles criaram uma forma de inovação aberta, qualquer pessoa podia participar dos projetos que eles estavam fazendo Principalmente com viés social Então a pessoa se cadastra, você diz quais são os conhecimentos que você pode ajudar Eles tem uma carta de demandas e eles fazem o match E você recebe algum tipo de tarefa para fazer dentro dessa dinâmica deles Esse Open IDEO faz parte de uma mudança na perspectiva do design de modo geral Do papel do design na sociedade, que está cada vez mais voltado para estimular a cocriação Isso é uma foto do meu apartamento lá em Enschede, na Holanda E eu tirei a foto porque os móveis que estão aí foi eu mesmo que montei Eu fui na IKEA, comprei o móvel de montada e montei o mesmo Depois que eu montei o mesmo eu senti que os móveis eram meus, muito mais do que quando eu pago para o montador Lá não tem montador, por quê? Porque é mão de obra muito cara E por outro lado acaba sendo, a desvantagem acaba sendo uma vantagem Você sente mais a pegada ao objeto quando você mesmo que fez Então a gente vê uma perspectiva de novo papel do designer Essa visão de que o designer é o design doer, o cara que faz o projeto sozinho Ele faz a logo lá, faz o cartaz, enfim, gera um produto para o usuário Que é o cara que vai só consumir A gente vê uma perspectiva do designer com outro papel, o design thinker Que é o cara que está pensando em estruturas, processos Ele não entrega um produto pronto, ele entrega uma metodologia, um processo, uma forma de trabalhar Para quê? Para designers amadores, para pessoas que estão produzindo realmente em contextos locais específicos Então eram mais ou menos essas ideias que estavam na nossa cabeça quando a gente criou o Coragem A gente estava desenvolvendo essas ideias dentro do Instituto Fábio Rudis Aqui tem umas fotos do Almanac 2010, com alguns projetos que a gente desenvolveu Só para citar aqui rapidamente A gente tentava desenvolver e explorar como que a tecnologia poderia ter uma dimensão mais humana Aqui no Brasil, voltada para as questões brasileiras E aí no lado esquerdo tem um jogo de Wii sobre a ditadura militar Então você torturava os presos para receber informações confidenciais, enfim, importantes E também você podia torturar por prazer, se você quisesse Ou você podia não torturar e perder o jogo, também tinha essa opção E tem do lado direito uma barriga, quer dizer, um sensor de barriga Não, peraí, como é que eu digo isso? Uma comunicação entre barrigas, entre a barriga da mulher que está grávida e do marido que não sabe direito o que é estar grávida Então essa conexão quando treme o bebezinho, treme a barriga do homem também Então esse é o tipo de projeto que a gente gerava no Fábio Rudis E esses projetos eram todos abertos, colocados na internet para quem quisesse ver como foi desenvolvido Então a gente tinha essa tática, ao invés de trabalhar com projetos fechados, monolíticos, atômicos, baseados em copyright Open, projetos abertos, modulares, usando plataformas digitais, material digital E investindo forte no copyright Então a ideia é de pensar um novo homem, um homem que está em frangalhos Mas que ele vai se metamorfoseando, se combinando para formar múltiplos contextos, múltiplas ideias Aí um exemplo de um projeto aberto que nos chamou a atenção A gente botava esses projetos no site e não sabia exatamente o que ia acontecer Depois de muito tempo a gente tinha um feedback Então esse foi um projeto que os alunos fizeram de redesign da tela de vendas do Mercado Livre Colocaram no site lá Depois eu encontrei o cara que é CTO lá do Mercado Livre dando uma palestra no evento Falou "Ah, Fábio Rudis, ah, boa" O projeto dos seus alunos já foi parar na mesa do CEO, cara Mexeu completamente com a nossa perspectiva de como fazer o design do site Então eles implementaram, copiaram, não deram nenhum tipo de crédito, nenhum tipo de retorno financeiro Não contrataram, não financiaram nossos projetos Mas a gente gostou, por quê? Porque a nossa proposta no Fábio Rudis era disseminar essa ideologia que estou falando aqui Ideologia de que, enfim, a humanização da tecnologia, funcionar para o usuário e tal E a gente é usuário do Mercado Livre também, então pra nós é benefício de uma outra forma também Daí, além do... enfim, o Mercado Livre não era o nosso parceiro Mas tinha outros parceiros grandes aí que procuraram o Fábio Rudis perguntando "Olha, nosso processo de experiência do usuário não é eficiente, a gente faz geladeira e o cara não consegue usar" "Ó, Rede Globo, né, queremos saber como usar o Design Thinking para gerar inovação" "Ou a WebGo, que faz um software de gestão financeira" "Como encaixar a experiência do usuário no desenvolvimento ágil?" Então são essas perguntas que as pessoas traziam pra gente E daí a gente começou a pensar em criar repositórios, né Que permitisse que as pessoas passassem da... Uma transição do conhecimento que está no livro, que está especificado genericamente Para o cinto do Batman, né Por que a gente fez essa analogia do cinto do Batman? Porque é preciso do Batman dar os métodos, os conhecimentos que ele sabe usar Só que o Batman não tem tempo para aprender a usar esses métodos quando ele está lá enfrentando Purimda Ele vai ter poucos segundos para decidir com o que ele vai tirar do cinto dele e usar na hora Ele não tem tempo para treinar Então é preciso criar espaços e momentos onde você treina Por isso que o Batman tem a caverna lá, onde ele... Ou mais recentemente, né, criaram aquele... Como é que é? Ausravu? Como é que é aquela parada? É, recentemente criaram essa ideia de que o Batman treinou no Tiber, não é isso? Então, ele precisa desse tempo para treinar essas ferramentas Então a gente quis criar no Corais um espaço onde os designers pudessem experimentar esses métodos, né Então a gente criou um baralho de métodos que são utilizados no design Esses são alguns protótipos, alguns rascunhos, né Vocês estão vendo aí o Gonzato que estava aí ontem Participando ativamente desse processo A gente desenvolveu o baralho com vários conhecimentos que eram relevantes para o design E eles eram usados para organizar um processo Por exemplo, vamos planejar esse projeto Cada cartãozinho desse é uma etapa no processo E isso era feito colaborativamente numa mesa com as pessoas que realmente vão executá-lo Então essas são as ideias iniciais, né A gente pegou e começou a desenvolver esse projeto do baralho de métodos dentro do Corais Ao mesmo tempo, né E aí o Corais cresceu porque começou a criar um espaço para um projeto que era de exemplo Foi um dos primeiros, esse do X-Carts Aqui um exemplo de um post do cara que trabalhava lá no Faber Lutz Postando a ideia dele de que isso deveria ser tipo um jogo e tal E aí um exemplo de outras ferramentas que a gente desenvolveu também A gente sentiu que precisava ter uma ferramenta para desenvolver texto colaborativo Para que as pessoas pudessem escrever o que elas achavam dos cartões, qual seria o conteúdo Então a gente começou a usar o WeatherPad, que fica colorido cada cor a uma pessoa diferente Então acho muito legal, fica um arco-íris e mostra claramente que esse texto foi construído por pelo menos 4 ou 5 pessoas A gente usava votação também, na verdade a gente tinha demanda, precisávamos votar Então vamos buscar um módulo que permita fazer isso para encaixar no Corais E aí a gente fez também um negócio que ainda não tem no Corais, mas que é possível no futuro Que é o que a gente chamou de Reality Show de Design A gente pegou uma galera que estava lá trabalhando no escritório, colocou eles em streaming E tweetando tudo o que eles faziam no fechamento desses cartões No dia que foi para fechar a gente postou e falou "ó, vai ter um Reality Show, quem quiser acompanhar online Quem quiser participar, que não está no escritório, pode vir e ver como a gente está fazendo" Então isso foi uma experiência bem interessante de design livre, que impulsionou, digamos assim E esse é o resultado final O detalhe interessante é que essa estrutura acabou indo para o Corais e se tornando mais abrangente Então cada cartão desses tem uma URL, um QR Code, para uma página dessas que descreve em detalhes o método de design E as pessoas que contribuíram E o que eu acho mais legal de tudo é os projetos do Corais que usaram esse método Quando você cria uma tarefa no Corais, você fala "precisamos fazer uma pesquisa com usuários" "Ah, qual método?" Ele pergunta-se "qual conhecimento relacionado?" Aí você fala "ah, o método é entrevista, vamos fazer entrevista" Beleza, ele cria um link na página de entrevistas e na página da tarefa Entre o conhecimento generalizado e o conhecimento local da sua execução da entrevista E eu acho que essa é uma das coisas que eu mais gosto no Corais Porque um projeto que desenvolve, aplica a essas entrevistas, o outro projeto pode se beneficiar também Então, essas basicamente eram as ideias iniciais que surgiram no Corais A gente fez isso também, depois que a gente percebeu que a gente tinha essa ferramenta Falamos "pô, vamos fazer um curso online" A gente já tinha vários cursos presenciais, as pessoas vinham de vários lugares do Brasil Mas tinha muita gente que não conseguia vir Então a gente lançou um curso online onde o projeto era feito no Corais Então aqui está um exemplo de um post de um aluno Ele abriu um projeto que era a reformulação do site da OnguiaPai Então cada aluno tinha um projeto sempre voltado para a OnguiaPai A gente selecionava a OnguiaPai que precisava melhorar no site E o trabalho do aluno era reformular aquele site dessa OnguiaPai Depois a gente submetia para a OnguiaPai para ver se ele quisesse usar o material ou não E o legal é o seguinte, o cara está falando ali "Nós precisamos fazer o 7g para esse site aqui, fazer um diagrama que organiza" Só que está conectado ali, conhecimento relacionado, 7g Clicou ali, vai para aquela página generalizada que já mostrei para vocês Então aqui estão as interfaces da educação à distância, do Fabio Nunes Então ele tinha um Moodle tradicional Porém com algumas customizações focalizadas na questão da autonomia De incentivar o aluno a desenvolver a própria gestão do curso dele E tinha a ferramenta de videoconferência, chamada Big Blow Button Essa ferramenta hoje tem uma integração com o Coraj Já existe a possibilidade de você ter, por exemplo, no Coraj uma ferramenta de videoconferência Isso aqui não é software, é no navegador mesmo Você consegue ter várias câmeras Você falou até 30? Até 30 se você tiver um puta servidor que aguente o tranco Mas a gente não tem, por isso que não está online Por isso que não está lá hoje Então o Coraj serviu, digamos assim, como uma ferramenta que a gente descobriu no Fabio Nunes De pedagógica mesmo, para compartilhar conhecimento dos alunos Esse aqui é um exemplo de um projeto que foi desenvolvido no Coraj Que não é online, mas que o aluno colocou tudo o que ele ia fazendo no Coraj Isso aqui é uma coisa muito bacana, é um sistema para idosos Uma Smart TV para idosos Deixa eu voltar lá, que eu acho que vale a pena ver de novo É uma Smart TV para idosos com um controle que é mais intuitivo do que normalmente os idosos estão acostumados Quer dizer, nós não estamos acostumados com aquele pra cima pra baixo, é um saco Então a gente desenvolveu essa bolinha Você fala, como é que faz isso, cara? De onde vocês tiraram essa ideia? Foi muito difícil fazer? O cara não manja nada de engenharia elétrica, nada de engenharia eletrônica, nada de engenharia escambal Ele é um designer como eu que não tem a parte técnica Porém a gente faz gambiarra Então o cara pegou um mouse, abriu o mouse, usou a rodinha do mouse para fazer o dial Usou os botãozinhos do mouse para fazer o... E como é que ele fez aquela caixa ali? Bom, aí ele teve que pegar o conhecimento de uma pessoa que sabe mexer com isso Ele estava em uma cidade chamada 2 Vizinhos, interior do Paraná E ele, quem que vai me ajudar a fazer essa caixa? Aí ele descobriu um mecânico, um cara que fazia mecânica de carro E o cara, tipo, a gente pode fazer queimando plástico aqui, não sei o que O cara desenvolveu uma técnica, eu tenho um vídeo do cara mostrando como é que ele fez Lá, sei lá, fez uma molde de plástico muito improvisada na oficina dele Isso é um conhecimento que esse meu amigo não tinha E que se ele estivesse em uma cidade grande também não teria Porque na cidade grande as pessoas não estão acostumadas a fazer as próprias coisas E isso eu acho muito legal, né? E aí está lá, todo documentado, todas as entrevistas que eles fizeram com os idosos E isso foi um exemplo interessante, porque qualquer um que vai desenvolver um projeto parecido Pode se valer disso, né? E aí quando a gente chegou em 2012, a gente quis escrever um livro sobre isso, sobre essa experiência Então a gente juntou, trancou todo mundo no Faber Nudels, numa sala, por uma semana E falou "vamos escrever um livro contando essa experiência" Que é o livro do Design Livre, que está aqui, uma edição impressa, já bastante utilizada E foi assim, foi escrito a 12 mãos, não, 24 mãos Contando, cada um tem duas 12 pessoas participaram, 5 presenciais e mais 7 pessoas à distância E a gente usou o Coraj para desenvolver o livro, para escrever o livro Usando o Etherpad e outras ferramentas que estavam lá E o resultado final foi impresso pelo Clube dos Autores Que eu acho que é uma editora fantástica, que você coloca lá o livro, imprime, vende Recebe os lucros que você quiser A gente decidiu não ter nenhum lucro, então você só paga o custo de impressão Se quiser comprar o livro Mas foi uma experiência bem legal esse livro Aí um exemplo aí, umas imagens de como que foi desenvolvido A gente tinha um método, a gente adotou um método chamado BookSprint Que é o desenvolvimento de um livro como se fosse software Escrever um livro como software A gente usava o contador de tempo ali do lado esquerdo, aquele cozinheiro Para fazer os ciclos, porque chega uma hora que você está produzindo muito Perde a produtividade, se distrai de alguma forma Então a gente fazia assim, fazia 5 minutos de solto, fazer qualquer coisa Fumar um cigarro, levantar e tal Depois 25 minutos de produção concentrada, sem falar Só escrevendo no Ederpeller E todo mundo escrevendo o mesmo texto Esse é um detalhe importante E aí criava uma certa sensação de pertencimento a uma inteligência coletiva Porque tinha esse ciclo, aí ficava um ciclo para "pum, vamos fazer outra coisa" Que também é chamado Pomodoro Technique no desenvolvimento de Agile Porque eles usam pomodoro, mas enfim, a gente usava o cozinheiro Mas o legal também é que a gente contou com a participação via videoconferência Aquela ferramenta que eu já mostrei para vocês De várias pessoas online Uma das pessoas mais conhecidas no movimento de cultura digital Que eu acho que por meio dela, de alguma forma conheci o Jatobá A Drica Veloso Não sei se foi por meio dela Ela estava no Orca Digital também, né? Eu acho que foi ela que trouxe o coragem para o Orca Digital E foi implementado para Orca e fez o sucesso Eu acho que foi Então, foi assim que surgiu esse livro O livro cresceu e virou um site, o designlib.org Que é onde continua a discussão do assunto Qualquer pessoa pode se cadastrar e começar a postar lá também O legal é que o pessoal, é o Salvador, que é esse país aí que está tentando virar hoje A referência em conhecimentos livres na América Latina Eles pegaram o livro, traduziram para a realidade deles E, enfim, colocaram outros Acrescentaram poemas visuais que não tinham no livro original Fizeram um site também, designlibre.org Está aí o exemplo Usaram a mesma metodologia para tradução Na verdade não precisou de uma semana, foi só um final de semana Sentaram todo mundo lá e traduziram o livro Quer dizer, a metodologia que a gente usou é replicável Foi essa a realização Então, essa é a estratégia do Corais De ele ser um ponto de encontro para laboratórios, para salas de aula Startups e comunidades E daí alguns elementos que tem dentro do Corais que fazem essa conexão A árvore do conhecimento, que está ligada aos Wax Cards, cartõezinhos Cada cartãozinho tem um conhecimento respectivo lá Os projetos colaborativos E os projetos fechados Que muitas startups, enfim, empresas já tem no Corais lá Não querem compartilhar Então a ideia é que no futuro isso seja cobrado Como uma forma de sustentabilidade para o Corais Um serviço premium, digamos assim Mas o DNA do Corais é o design livre Essa é a ideologia que rege o desenvolvimento do Corais Só para ter uma ideia do tamanho do Corais hoje 145 projetos livres, abertos Não vou mencionar os privados Não são muitos, a maioria livre E 1.622 membros Espalhados pelo todo o território nacional E o detalhe interessante é que antes do Jatobá essa área aqui era vazia Então ele trouxe uma galera aí Uma galera mesmo Para o Corais Voltando para o Faber-Ludens Então esse processo de descoberta do software livre Do design livre Também gerava várias discussões de formas de coisas Que a gente queria mudar no próprio Faber-Ludens Então a gente fez aí em 2012 Depois de escrever o livro e tal A gente tentou montar uma forma de organização em rede Para o Faber-Ludens Sem ter uma gestão centralizada Sem ter um chefe, sem ter um coordenador A ideia de núcleos, então teria vários núcleos Núcleos de políticas públicas, desenvolvimento comunitário Núcleos de produtos, consultoria, pesquisa Educação à distância, minicursos E todos esses núcleos integrariam Usando a ferramenta que a gente usava na época já O Basecamp Onde seriam tomadas as decisões Basecamp é muito parecido com o Corais, só que é fechado E ninguém tem acesso Mas era a forma como a gente se organizava Só aqui, esse modelo de gestão em rede que a gente propôs Na gestão que estava atualmente na direção do Faber-Ludens Não foi interessante Eu já estava na Holanda naquele momento Então acabou que a gente não foi aceito essa proposta E o que eles queriam, na verdade, eles queriam organizar melhor a casa E tornar uma instituição mais robusta, tradicional E o que aconteceu foi o que a gente descreve como... Bom dia! A famosa tragédia dos comuns Você tinha o Faber-Ludens Ele se baseava na ideia de que você estava construindo um comum Um recurso de conhecimento sobre design livres Abertos, a gente usava a licença Creative Commons Para os projetos dos alunos E muitas pessoas contribuíam, que não eram alunos também E colocavam conteúdo O site do Faber-Ludens tinha 7 mil páginas Era um espaço muito interessante para você aprender Só que esse espaço não foi construído com base em pagamentos remunerados Era realmente da colaboração das pessoas O que o pessoal da gestão do Faber-Ludens queria fazer? Eles queriam transformar em uma empresa Que iria explorar, digamos, o potencial mercadológico que esse know-how acumulado tinha Só que a gente defendia Não, esse know-how acumulado foi acumulado em comunidades E nós não podemos privatizar, colocar uma cerca ali nesse Commons Só que o pessoal não entendia, digamos assim, essa relação Eu acho que vale a pena citar aqui Trabalhar com design livre, software livre Não é simplesmente usar ferramentas Ou simplesmente fazer uma coisa, uma ação isolada Trabalhar com design livre, software livre É entender também como funciona a dinâmica de comunidades colaborativas Então a tragédia dos Commons é uma questão discutida nessas comunidades Porque acontece E aconteceu O pessoal botou a cerquinha ali na comunidade Então o Faber-Ludens mudou de logo, mudou de identidade Virou uma escola de cursos Que é bacana, não tem nada contra, digamos assim Mas não era o que eu estava afim de desenvolver Por isso o Corais que começou no Faber-Ludens acabou se desvinculando E passando aí buscando um apoio no ambiente de movimento Com o Jay lá que vocês conheceram até a noite Eu tenho uma pergunta, esse modelo do consensus que fizeram Licença Opa, bom dia Bom dia, beleza Como que ele é? Podia me perguntar? Claro, claro Vamos voltar lá então Olha, eu não posso falar muito porque não foi aplicado, entendeu? Quem na verdade pode falar muito é o Jatobar Porque o que eu vi, eu fiquei impressionado que a gente fez o Corais Como eu falei, muitas surpresas aconteceram Lá pelas tantas o Jatobar posta lá um modelo de gestão em rede Que é um negócio que a gente estava tentando fazer no Faber-Ludens Infintivamente a gente não sabia como Isso aqui foi uma coisa que não tinha muita referência Como que você faz para pensar uma organização Quando você não depender de um chefe? Porque uma coisa que acontecia é que como eu estava muitas vezes Tinha mais tempo disponível porque, enfim, meu arranjo produtivo Me permitia, dava aula aqui, dava aula acolá Tinha mais tempo livre para me fechar no Faber-Ludens Os outros colegas não tinham esse tempo Então acabava o pessoal achando "não, o Fred é o cara que decide" Eu falo "não, eu não decido porra nenhuma" Eu só estou aqui empurrando as coisas porque eu tenho mais tempo Então vamos tentar pensar esse... A partir do momento que eu fui para a Holanda A pessoa "a casa caiu, o Fred não está aqui" Não, espera aí, a gente tem um sistema robusto de colaboração Que deveria continuar, né? Então foi essa tentativa de pensar isso Um sistema mais robusto que não depende de uma determinada pessoa Mais distribuído Então, a gente pensou o seguinte As questões que vão ser decididas Tem que passar por um período de discussão antes Você não pode tomar uma decisão de larga escala Sem passar por uma discussão ampla que envolva os diferentes núcleos E tem a questão do envolvimento O grau de envolvimento Você tem grau de envolvimento marginal com os voluntários Os alunos dos cursos Do conselho fiscal E dos parceiros de negócio E você tem as pessoas que podem transitar Podem vir e participar um aluno Pode se tornar um cara que vai cuidar das políticas públicas, por exemplo Então era uma ideia de permeabilidade nessa rede Mas eu acho que o principal mesmo É a lógica de você colocar o objeto que está se trabalhando no centro Ao invés de botar uma pessoa Porque se bota uma pessoa e a pessoa sai Ou a pessoa se apropria do objeto Ela faz um monopólio facilmente Então a gente queria criar uma estrutura onde fosse impossível Uma pessoa se tornar essencial Para a estrutura funcionar Só que não foi aceito Infelizmente, então eu não posso contar muito mais De como se faz isso na prática Então, as lições aprendidas com o design livre Não depender da colaboração para avançar Você falou tanto de colaboração Pois é, mas o problema é que às vezes a colaboração demora um tempo Então eu acho que uma coisa que a gente percebeu É que vai tocando e vai chamando Vai tocando e vai chamando, uma hora o pessoal entra E aí acessa e vê E a coisa não pode ficar parada esperando Para que a pessoa colabore Você vai tocando e na verdade a colaboração vai acontecer Quando a pessoa sentir que tem alguma coisa importante e valiosa ali no meio Normalmente isso acontece quando já é tarde demais E aí você revê, porque já passou Dentro da medida possível Uma coisa legal também Sempre deixar um próximo passo incompleto Que é aquela sacada da wikipédia Acho que hoje em dia não tem mais tanto Mas no software deles tem o lance de você criar um link Sem criar a página que descreve aquele link Um link vermelho Você clica o link vermelho e descreve a página nova Então você deixa uma espécie de dica Continue por aqui Se você quiser colaborar, continue aqui Isso é bem difícil de fazer Na wiki tudo bem, você tem um padrão para isso Mas como é que você faz isso? Você vai fazer um projeto gráfico, uma arte gráfica Que é uma coisa que a gente faz no design Aí o que a gente descobriu? Vamos fazer tocho Vamos começar tocho, fazer um negócio feio mesmo Para que alguém se indigue e continue o negócio Trabalhar com rascunho, com coisa feia mesmo No começo, claro E eu acho que também tem isso em outras questões Por exemplo, você vai fazer uma ação Joga ela no começo com ideias alucinadas Joga uma ideia totalmente inviável Justamente já pensando que alguém vai falar "Não, isso não dá para fazer" Você já joga ideias que você sabe que vão ser rejeitadas De propósito, para que a galera pegue e continue Então a gente trabalha muito com essa ideia da hipótese extrema Se a gente vai fazer uma ferramenta para a rede social Vamos imaginar que isso vai ser utilizado para o terrorismo E a gente começa a pensar Os terroristas vão fazer isso, vão destruir a torre Eiffel Os caras que não gostam de terroristas já vão ficar ali A gente nem gosta de terroristas, a gente só colocou ali Para começar a discussão Então no design tem muito isso Nunca começa com uma imagem com uma página em branco Joga uma tinta nessa página em branco Faz ela já servir de material para a sua discussão E o terceiro ponto, o mais difícil, eu diria Colocar o ego em segundo plano Essa questão é difícil Porque a gente é criado em uma sociedade Que focaliza muito o indivíduo A gente aprende desde o começo a ser indivíduo No Brasil não é um dos países que tem uma cultura Focada no coletivismo Você vai falar com o pessoal da China, da Índia Eles têm uma cultura diferente da nossa Só que por outro lado a colaboração para eles também é diferente Eles não conseguem fazer colaboração do mesmo jeito que a gente Para eles é cooperação Você tem lá o cara com a visão, o cara que é o líder, o ex-arquitítico Todo mundo trabalha, digamos assim, coordenado Muito pouca comunicação E a coisa acontece muito rápido Só que falta a questão da inovação A China tem esse problema A inovação muitas vezes surge do indivíduo Em relação ao coletivo Então essa dinâmica de manter o individualismo Dentro do coletivismo e vice-versa Eu acho que é uma coisa que o brasileiro tem uma chance muito grande Por outro lado a gente é menos individualista do que o americano Por exemplo, a cultura americana é muito forte, o individualismo E é difícil para eles conseguir trabalhar com essa cultura livre Dentro do contexto local que a gente tem aqui Então pensar ecologicamente Essa é uma questão que vem principalmente dessa nova fase Junto ao Instituto do Ambiente e Movimento Eles estão trabalhando bastante com essa inspiração Para a gente pensar esses sistemas não como tecnologia informática Mas como tecnologia orgânica Pensar isso como plataforma mesmo de ecossistemas Então é isso, pessoal.