Então, eu vou falar um pouquinho sobre uma articulação entre discussões que estão presentes hoje no discurso da inovação na educação, o design de disciplinas, que é uma abordagem que a UTF-PER tem investido bastante, e eu vou falar como se se relaciona ou talvez não se relaciona, e talvez precisar se relacionar mais com a disciplina do design, que é aquela que a gente desenvolve dentro do DADIN, mas que também é desenvolvido em outros departamentos, como na arquitetura, nas engenharias também existe pensamento projetual, também existe design, de uma maneira ampla. Bom, a aprendizagem ativa é o contexto que eu estou querendo discutir. O design de disciplinas é uma das abordagens que estimula o estudante estar no centro, no protagonismo do seu processo de aprendizagem. É um método que foi apropriado por pesquisadores que estão na Pontics Universidade Católica do Paraná, que visitaram a Universidade Canadense, trouxeram da Dama Guild esse método, adaptaram e aplicaram bastante sucesso na reformulação de vários cursos dentro da PUC do Paraná, trouxeram aqui para a UTF-PER também, houve algumas oficinas de design de disciplinas, basicamente consiste um workshop em que professores de diferentes áreas se juntam e pegam feedback, um dos outros também, sobre como montar um bom plano de ensino que seja focado em competências, que são práticas, competências que o estudante vai precisar aplicar aquele conhecimento numa determinada situação, em vez de simplesmente receber o conteúdo. Então, existem algumas técnicas que são utilizadas nessas oficinas, duas delas estão aqui, que é o mapeamento conceitual dos temas que seriam tratados dentro da disciplina, e do lado direito você tem o texto da emenda, que é um texto de uma emenda focada em competências, ele tem uma série de características, uma estrutura comum que é ensinado através dessas oficinas, e é uma oficina em que você recebe feedback de professores de outras áreas também, se eles compreendem, se não compreendem, se o aluno vai compreender, se coloca no lugar do estudante. Então, resumindo de maneira bem simplificada, esse seria o design de disciplinas, ele surge num contexto de transição de uma parada de uma educação baseada na transmissão de conteúdos, para uma aprendizagem, uma mudança também de foco do ensino para aprendizagem, focada no desenvolvimento de competências, então não adianta só ter o conteúdo, você precisa ter a competência para usar aquele conhecimento numa determinada atividade prática. Apesar de utilizar o termo design, a minha provocação aqui dessa fala, infelizmente essa área de design de disciplinas, essa prática, essa oficina e essa discussão não se referem diretamente a toda a experiência que existe com a aprendizagem ativa nas disciplinas de design. Então, a disciplina de design ela é estudada, é uma fonte de inspiração para filósofos da educação, para pesquisadores nas ciências cognitivas há muito tempo, o Ateliê de Projetos, assim como definido por Donald Schaum, que é um desses pesquisadores, escreveu um livro maravilhoso sobre educando o profissional reflexivo, ele diz que o Ateliê de Projetos é a maneira mais comum para você aprender dentro das disciplinas de design, lembrando a arquitetura, as artes, o design, as próprias engenharias podem caber dentro dessa visão mais ampla do design. E aí você aprende com um mestre das artes, um mestre do ofício, alguém que é especialista em fazer, esse cara não é só um professor, ele é um instrutor que vai te mostrar junto com você, através de uma prática reflexiva, como que você pode aprender a pensar como um designer numa determinada situação. Hoje em dia, a gente vê uma tendência bem forte de promover um Ateliê expandido, que vai além das fronteiras, dos muros das universidades e envolve também comunidades e grupos de pessoas que também querem pensar como designer ou querem pensar junto com designers. O chamado design link, que é um tema que hoje está na moda, que eu abordei também numa oficina na semana passada, aqui na formação docente, ele promove que outras pessoas participem do processo de consensualização, criação de projetos. Essa imagem aqui é de um projeto de TCC, de um estudante do Desenho Industrial, um curso de design, que envolveu mulheres carfericultoras do norte do Paraná na redefinição da sua identidade e a maneira de se relacionar com a capital na venda de produtos que elas produziam. Então esse processo, ao invés dela pensar sozinha e trazer uma solução pronta, ela construiu a partir das necessidades e desejos e também histórias de vida que essas mulheres traziam dentro do projeto. Então no dadinho a gente já tem a aprendizagem ativa, como vocês viram por esse projeto, que promoveu a estudante uma busca, um interesse por encontrar as raízes, as origens da sua família que vinha dessa região do norte do Paraná e que levou também a produção de um projeto bastante relevante para a cidade de Curitiba. A gente tem tradição já de aprendizagem ativa. Praticamente todas as nossas disciplinas envolvem algum tipo de desenvolvimento de projeto, porém a gente hoje está se articulando até numa tentativa de melhorar ainda mais a nossa capacidade de estimular o protagonismo dos nossos estudantes e a gente está se articulando com esse conhecimento, com essa proposta do design de disciplinas. Tivemos várias oficinas dentro do dadinho entre os professores para revisar a matriz curricular do curso de design do Bacharelado, para ele estar adequado para esse novo paradigma de aprendizagem ativa, principalmente dando atenção para a estrutura das mentas, a estrutura curricular, para ela ser focada em competência. Então, isso aqui é só uma das oficinas, como vocês podem ver, bastante ativa. Os próprios professores também discutem bastante e colaboram com a própria proposta do design de disciplinas. Porém, uma coisa que não acontece aqui, que eu vou mostrar daqui a pouco, é a participação dos estudantes, que foi um experimento que daí eu fiz na minha disciplina. Bom, algumas tensões dessa aproximação entre o design de disciplinas e a disciplina de design. O conhecimento táctico é tratado como algo explícito que pode ser verbalizado e escrito dentro de uma emenda e fixado também, depois cobrado, utilizado como recurso numa rubrica para você padronizar, de alguma maneira, controlar e ver em que ponto nós estamos no processo de aprendizagem daquele estudante e de todos os estudantes. Dentro da disciplina do design, as linguagens são vistas de uma maneira bastante diferente, até a própria palavra design, dar sentido às coisas. E dar sentido significa que o sentido não vem junto com as coisas, ou seja, não vem junto com a palavra. E os sentidos são múltiplos. E essa multiplicidade de sentidos que você descobre quando você se apropria de uma linguagem é uma das grandes capacidades e competências que a gente desenvolve nos nossos estudantes. Para eles perceberem o que eles podem fazer com a linguagem como um instrumento de liberdade, não um instrumento de controle da sua atividade ou da atividade do outro. E quando você aplica essa redução do uso da linguagem dentro do contexto de uma disciplina acadêmica, você está também reduzindo a capacidade do estudante de ter sua própria autonomia, de desenvolver novas competências que não estavam previstas pelo professor e que também não estavam previstas talvez por ninguém, porque aquela situação que o estudante enfrentou, por exemplo, essa estudante que foi lá fazer uma pesquisa, um projeto, na Norte do Paraná talvez tenha exigido, ou de fato exigiu, competências que não existiam nem mesmo na prática. Então elas representavam a inovação que a estudante trouxe no seu projeto, que documentou que foi motivo também de valorização dentro do projeto de pesquisa dela. E também a atenção principal, na verdade, dessa discussão da disciplina do design, o design de disciplinas, é que muitas vezes dentro do design a gente reconhece que a indisciplina, ou seja, questionar a disciplina, é um recurso muito interessante para você buscar inovação, buscar mudança, buscar ruptura, buscar a transformação de padrões que já estão bastante caducos na nossa sociedade. Então se você procurar dentro das nossas práticas, das nossas discussões dentro do design de disciplina, a gente vai ter muitas coisas que tem a ver com saber a hora certa de quebrar regras, que é o tal da indisciplina. Existe até uma conferência que está acontecendo nos próximos dias na Alemanha, exatamente sobre o design indisciplinado. Existem várias outras além dessa, não é uma questão de momento. Enfim, agora eu vou mostrar um pouquinho um relato de um caso específico de uma disciplina, em que a gente trabalhou também em disciplina do design como uma discussão. Essa disciplina é uma optativa do bachelá em design que foi ministrada junto com o professor eu e o professor André Luca em 2019. O professor André Luca tem a sua opinião sobre a disciplina, eu tenho a minha, eu vou trazer aqui a minha perspectiva. E a gente teve estudantes de diversos períodos, principalmente no penúltimo. A gente fez o plano de ensino de acordo com o design de disciplinas, a Imenta foi escrita usando aquela fórmula mágica e você enfatizar no final, principalmente, quais são as competências que você precisa desenvolver, e aí tem aquele pensamento também das competências de funções superiores, enfim. A gente usou aquela formolazinha, mas mais como um ponto de partida, porque o interesse nosso principal não era tanto que a disciplina atingisse o objetivo que nós queríamos, a gente queria que os estudantes se apropriasse da disciplina para entender a inovação social, que é o tema dessa disciplina, como um processo emergente que depende da participação das pessoas que estão envolvidas no projeto. Então a gente começa a disciplina se apresentando e construindo a sua perspectiva a partir de um corpo, então essa primeira atividade da disciplina a gente pediu para que cada um colasse três post-its em diferentes partes do corpo. O primeiro post-it é "Quem é você?", o segundo "Qual é a sua dor?" e o terceiro "O que você quer neste curso?" Eu não colei para vocês, tem algumas coisas engraçadas, aí esses são os post-its que eu colei no meu corpo, vocês podem imaginar onde que eu colei o segundo post-it, enfim. Uma reflexão do momento que a gente também estava vivendo, da fala do nosso, enfim, deixa pra lá quem falou isso, mas que fazia um diálogo com essa fala que tinha a ver também com o tema da disciplina, que é a desigualdade social, por isso existe a inovação social como uma proposta também de distribuir os ganhos, as possibilidades de inovação para toda a sociedade. Na sequência a gente propôs aos estudantes, eles acolheram a ideia de que a disciplina seria construída e planejada ao laulo, com a participação deles. E para começar a gente mostrou o nosso plano de ensino, dissemos "Temos o plano B, se algo der errado, mas a gente prefere embarcar nessa jornada junto com vocês, e se por acaso a gente tiver algum problema a gente volta ao plano B, mas o plano A é que vocês sejam protagonistas dessa jornada de aprendizagem, então vocês digam o que vocês querem aprender e vamos coletivamente discutir. Então, cada um colocou num postit uma ideia de um assunto que gostaria de aprender dentro do tema da disciplina Inovação Social, e os professores também acrescentaram postits Após fazer esse brainstorm, a gente organizou esses postits no Parian, chamado Matriz de Ransfeld Que divide conhecimentos entre aqueles que a gente já sabe que sabe, aqueles que eles sabem que não sabem, aqueles que a gente não sabe que sabe e aqueles que a gente não sabe que não sabem Essa matriz de Ransfeld é muito utilizada na gestão do conhecimento para demonstrar que existem perspectivas interessantes e viáveis para você lidar com conhecimentos na área de incerteza Quando você não sabe o que você vai conhecer se você embarcar na jornada Então a gente espalhou esses postits e depois de fazer essa discussão, qual vai ser a próxima aula? Qual postit que a gente vai focar na próxima aula? Ao fazer essa negociação, nossos postits foram acrescentados, alguns foram tirados, um mudou de lado outro mudou de outro e a gente fechou numa organização em que se alguém sabia alguma coisa dentro desses postits, essa pessoa poderia compartilhar com os outros colegas da sala Decentralizando a fonte do conhecimento ou a autoridade do conhecimento que está centrada no professor Quebrando também a expectativa dos alunos de vir assistir a aula Então, dentro de uma comunidade de aprendizagem, que é um conceito que a gente usa na inovação social Se uma pessoa sabe algo, todas ficam sabendo, porque potencialmente você pode ter acesso ao conteúdo através daquela pessoa Então os estudantes se organizaram, deram as aulas um para os outros, promoveram atividades práticas de interação entre eles e chegaram à conclusão de que o que estava acontecendo nessa disciplina era mágico e eles queriam compartilhar isso com outros estudantes do curso de design que saiam fora deste curso E eles resolveram escrever um manifesto, um formato que eles escolheram para comunicar o que estava acontecendo as ideias que estavam vindo e também essa mudança de paradigma do professor com mais um dentro de uma comunidade de aprendizagem, gerou eles um interesse de escrever um manifesto sobre uma nova perspectiva de design Mas como você pode ser um bom escritor se não é um bom leitor? Então antes de escrever o manifesto, a gente chegou a uma conclusão que a gente tinha que ler o manifesto porque tinha vários estudantes no curso de design que nunca tinham lido um manifesto político na vida E foi muito bacana a gente fazer essas leituras desses manifestos, a gente leu vários manifestos inclusive aquele, mas eu estou mostrando na imagem esse aqui, que é o manifesto antropófago do Oslão de Andrade, esse aqui politicamente mais interessante, mostrar agora neste momento que o estudante não só faz a leitura com entonação como ele encarna o personagem do Oslão de Andrade e menciona aquela célebre frase que abre o manifesto antropófago com um indumentário perfeito com uma coisa perfeita, "To be or not to be, that's the question" Fazendo uma referência aí à frase também famosa do Hamlet, trazendo com apropriação cultural esse conteúdo para dentro da nossa situação brasileira A gente leu vários manifestos, depois a gente começou a pensar como que vai ser o nosso manifesto e além de pensar somente em palavras, pensar em sentimentos, expressar esses sentimentos através de diversos materiais que são característicos de várias linguagens que a gente desenvolve e domina dentro da área das disciplinas do design Depois a gente construiu um manifesto vestível utilizando como referência os parangolés do Heliod Poeticica e os estudantes escreveram nesse manifesto algumas frases que eles queriam que tivessem dentro do manifesto que vieram de bate pronto, que vieram de dentro, vieram rápidas, frases fortes, impactantes A gente vestiu esses manifestos, todo mundo da sala vestiu o manifesto, dançou, fez a sua performance e na sequência em algum determinado momento as meninas, as estudantes, as mulheres dessa turma perceberam que elas eram maioria nessa disciplina, que era a primeira vez no curso de design que isso acontecia Então elas resolveram se abraçar e tirar uma foto nesse momento de reconhecimento também de que as mulheres estão muito mais encajadas com essas questões sociais dentro do curso de design, por exemplo e demonstrando através dessa foto, registrando esse marco Na sequência a gente decidiu, elas decidiram na verdade, que elas queriam colocar esse público, publicar esse manifesto e imediatamente a gente deu um rolê para usar um termo que eles usam aqui, dentro do campus aqui no Sete Centro e chegamos a conclusão de aquele, sei lá, esse é o Leonardo da Vinci, ou aquela figura ali que mistura meio que um artista e um engenheiro que a gente já sentiu que ele seria a pessoa perfeita para vestir esse manifesto, até pela essa mistura de arte, ciência, tecnologia que ele representa vestimos, tiramos uma foto com ele e deixamos o manifesto vestido e ficamos na dúvida quanto tempo vai durar essa obra de arte aqui no nosso campus nessa intervenção que a gente fez, que é uma intervenção não destrutiva, uma intervenção que acrescenta novos sentidos que traz questões para discussão, que infelizmente no dia seguinte foi retirada sem ninguém saber quem retirou isso também fala um pouquinho do contexto onde a gente está propondo essas discussões e também o fato de eu ser novato da universidade Depois disso os estudantes decidiram que eles queriam escrever um manifesto digital para ampliar a publicação dessas discussões A gente utilizou ferramentas digitais, pré-escrita, colaborativo, todo mundo ao mesmo tempo escrevendo sem uma ordem, sem uma divisão do trabalho e tendo que lidar com as diferentes visões também parando para discutir cada ponto onde havia discordância e mantendo o descenso como sendo uma coisa saudável dentro de uma democracia sem necessitar obrigar todos a concordar com tudo que está ali Pensamos em públicos que esse manifesto seria direcionado, pensamos com as mãos, construindo os modelos para esses públicos trabalhando com as tecnologias digitais analógicas o tempo todo fazendo essa transição porque dentro da tecnologia digital não tem mais colaboração do que nas analógicas, o que depende mesmo é como as pessoas se apropriam das tecnologias Daí trazendo um viagem sedesta, que eu também gosto bastante, que a Silmara já falou E aí o manifesto, o descenso, daquela própria maneira como a gente escreveu o manifesto, se tornou o título A partir do momento que eles percebiam que era possível fazer alguma coisa coletivamente sem ter que obrigatoriamente engolir e aceitar tudo que todo mundo dizia, ou seja, uma ditadura da maioria que a democracia não era isso, que a democracia também era o descenso, que o descenso era importante Eles resolveram refletir no próprio manifesto como isso poderia ser um novo paradigma para o design, para a prática de desenvolvimento de projetos E aí está o resultado em termos de visuais, tem várias questões tensas aqui que geram discussões até no próprio curso de design em especial questões gráficas, mas isso é intencional, faz parte das discussões e o meu interesse é gerar descenso também Por fim, eles ficaram com a sensação de que a disciplina estava acabando e eles queriam continuar participando dessa experiência Como é que eles poderiam manter essa experiência depois da disciplina acabar? E como é que eles poderiam, por outro lado, realizar o que o manifesto se propunha? Então os estudantes começaram a pensar na UTFP é como um contexto para uma intervenção de inovação social mapear um ecossistema de todas as entidades que estão próximas da UTFP, as comunidades, as pessoas, as ideias, os projetos que já acontecem nesse dia E na sequência a gente imaginou ações possíveis utilizando, como eu falei, pensar com as mãos, usando brainstorming e chegamos à conclusão de que a gente precisava construir um projeto de extensão para estar associado a essa disciplina, transformando essa disciplina numa disciplina extensionalista com um projeto que os estudantes seriam protagonistas Eles deram o nome desse projeto de COIS, fazendo um questionamento, uma brincadeira, também uma adaptação da nossa paradigma que dessa universidade, de toda a instituição, todo órgão tinha que ter uma sigla de cinco letras, e aí colocaram a sigla de cinco letras mais indefinida possível, a COIS, justamente para fazer uma afirmação sobre essa imposição, sobre essas regras e ao mesmo tempo seguir as regras, aproveitando toda a riqueza que a habilidade da linguagem nos permite e realizando essa liberdade de comunicativa que o Zair enfatiza bastante Então COIS significa, por enquanto, colaboratório de inovação social e autonomia E aí, nos últimas semanas, que faltava ainda uma determinada disciplina, eles fizeram uma espécie de pesquisa preliminar das áreas de coação desse colaboratório se dividiram em grupo através de Open Space Technology e fizeram várias intervenções aqui no campus Uma delas, que eu estou trazendo aqui, são uns cartazes espalhados pelo campus, que perguntavam o que te incomoda nessa universidade deixa sua opinião aqui ou nos outros papéis como esse que estão espalhados na universidade A primeira coisa que os estudantes pensaram, alguém vai arrancar, que nem arrancar aquele manifesto investível que a gente colocou no David Mas o que aconteceu foi que eles pensaram nisso, já tendo a experiência, e escreveram, se por acaso alguém arrancar, está escrito embaixo, não nesses, mas em outros Se alguém arrancar, saberemos que foi censuro, ninguém arrancou Muito bem, então a gente teve um espaço aberto para discussão e essa discussão foi bastante rica, várias pessoas escreveram Várias pessoas riscaram em cima, mas ao riscar também ficou a história do que estava sendo discutido Então a gente pode ver que foi um debate bastante forte, um pouco agressivo às vezes, mas é um debate que precisa ser feito Um tema que apareceu mais forte em todas as cartazes que a gente espalhou pela universidade foi assédio e machismo Então são temas que estão sendo tratados inclusive nesses dias, a gente vai ter uma mesa redonda, acho que isso para discutir assédio Mas eu acho que não é um problema de fora da sociedade, porque aqui dentro a gente perguntou na comunidade, qual que é o problema da comunidade Aqui dentro da universidade que a assédio apareceu, apareceu machismo, então é um problema nosso também E é um problema que o Coisa vai tentar de alguma maneira se lidar com ele Por fim, terminada a disciplina, e também fica a dúvida dos professores, colegas aqui, como é que você avalia o estudante Como é que você dá uma nota para ele num sistema de aprendizagem totalmente emergente, com a participação Claro, a gente também ficou na dúvida, porque eu particularmente nunca tinha tido essa experiência de abrir tanto uma disciplina A participação como é esse caso Então a gente resolveu devolver a pergunta para os estudantes, e aí, o que vocês acham justo, o que vocês acham coerente a gente fazer Dá 10 para todo mundo, e a primeira resposta foi não, a gente acha que seria melhor, a gente gostaria de ter um feedback de vocês também Sobre a nossa participação na disciplina, a gente perguntou como, com que critérios, e a gente começou a conversar Eles definiram uma lista de critérios, e a gente propôs que eles escrevessem um texto refletindo sobre a participação deles Naquela disciplina, e a gente ia avaliar com base nos critérios que eles nos definiram, a gente o fez, demos uma nota E a gente voltou para discutir com eles se a nota era justa, ninguém questionou, e a nota ficou Então foi um processo de avaliação compacto com os estudantes que foi, na minha visão, coerente com a proposta da disciplina Então algumas provocações finais, essa fala justamente é para a gente repensar um pouco como a gente está se apropriando desse discurso do design de disciplinas Que vem de uma outra origem, de um outro lugar, de um outro país, e como nosso contexto talvez não faça tanta relevância Também a questão de transferir de uma universidade privada para uma universidade pública essa abordagem sem um pensamento Eu acho que é um risco muito grande, é algo que a gente veio discutindo, e também chegamos a uma conclusão que a gente precisa adaptar E o que eu vejo como sendo contribuições interessantes da indisciplina do design O ateliê, a ideia de ateliê, não precisa chamar ele ateliê, pode ser laboratório também, é o mesmo nome Mas a prática do ateliê aqui é característica, é uma comunidade de aprendizagem, pessoas aprendendo com peer to peer Mas às vezes aprendendo também com professores que são mais experientes É uma aprendizagem coletiva e uma aprendizagem também encarnada, onde o corpo e a presença do professor, a presença do estudante é fundamental E aí fica também, implica-me que o professor tanto quanto o estudante, precisam ter autonomia para desenvolver os seus projetos Experimentar coisas como essa disciplina que a gente fez, saindo um pouco das expectativas, saindo um pouco da estrutura do design de disciplinas Ou mesmo da própria estrutura da universidade, em alguns momentos, talvez fazendo alguns atos aqui dentro que tenham sido lidos como pau brúrdia Mas isso é importante também para a gente pensar o que é inovação, a inovação que a gente quer é uma inovação incremental Aquela inovação que reproduz, repete aquilo que a gente já tem consumido na sociedade, a gente quer uma inovação conceitual Uma inovação que mude as nossas práticas, que repense a nossa sociedade E por fim, uma recomendação muito simples, que é permitida dentro da nossa estrutura atual, pelo que eu entendi, nós temos um prazo para desenvolver um planejamento com os estudantes Participar em um prazo para colocar isso dentro do sistema acadêmico, então a gente pode, a gente tem o incentivo para fazer o tal do co-design de disciplinas Que seria basicamente o nome que eu daria para algo que está acontecendo aqui É isso, muito obrigado [Aplausos] Não sei o que está acontecendo.