Vamos falar sobre acessibilidade e corpo consciente. Esse conceito de corpo consciente tem a ver com essa relação que o corpo é consciente, de que ele tem uma mente, mas ele tem outros aspectos fisiológicos, simbólicos, psicológicos, sociais que fazem parte deste corpo. Então o corpo não é só a mente, o corpo consciente ele é inteiro. Esse é um conceito que a gente tem desenvolvido aqui na PUC, principalmente com uma colaboração com um professor chamado Rodrigo Gonzato, a partir do trabalho do professor Paulo Freire, patrono da educação brasileira, que trabalhou com a noção de opressão. E a noção de opressão, no livro "Pedagogia da Oprimida", ele explica que é uma negação constante, historicamente é feita a um determinado grupo social, uma negação do desenvolvimento daquele grupo, desenvolvimento humano, desenvolvimento psicológico, desenvolvimento cognitivo, por aí vai. Aquela pessoa, por fazer parte daquele grupo social, ela infelizmente não vai poder se desenvolver por causa de um preconceito, e isso basicamente é uma relação de opressão. Então não importa se aquela pessoa tem capacidades, ela é considerada incapaz por fazer parte de um grupo social. As opressões mais discutidas hoje em dia são opressões de gênero, opressões de cor de pele, de raça, de etnia, de religião, são opressões relações entre grupos sociais que muitas vezes não são justas, são injustas essas relações. E inspirado no trabalho do Paulo Freire, o Augusto Boal escreveu um outro livro chamado "Teatro do Oprimido", em que ele coloca o papel do corpo como fundamental para compreender as opressões e também para se libertar das opressões. Então ele diz que as pessoas que estão oprimidas no seu dia a dia, constantemente, elas acabam criando certos hábitos corporais e a postura delas vai se modificando por conta dessa opressão. Então se a pessoa recebe muito, constantemente, uma mensagem da sociedade, de outros grupos sociais, de que ela não é capaz de se desenvolver, ela não só não se desenvolve cognitivamente, mas também não se desenvolve corporalmente e ela tende a ficar retraída. E aí o teatro ajuda as pessoas a soltar essa opressão e combater a opressão a partir daquilo que é mais concreto que a gente tem na nossa existência humana, que é o nosso corpo. Então o teatro, ele solta, ele liberta aqueles músculos que estão restritos e sujeitos a uma disciplina de comportamento que às vezes não é aquela disciplina que vem a partir do desejo, a pessoa está sendo imposta para se comportar de uma maneira muitas vezes subalterna em relação ao opressor. Então o teatro do oprimido traz várias abordagens práticas, a gente apresentou um artigo, eu e o professor Gonzato, que eu já mencionei no IHC ano passado, em que a gente propõe esse conceito de corpo consciente como abordagem de projeto para interação humano com o computador. A gente diz que corpo consciente é aquele que reconhece criticamente seu condicionamento e sua liberdade. E eu vou falar um pouquinho sobre como que a gente tem implementado esse conceito um pouco abstrato e essas relações que eu mostrei anteriormente, de uma maneira bem prática, no ensino e na prática de interação humano com o computador, com foco específico na opressão da deficiência, a opressão relativa aos deficientes. A deficiência em si não é uma pressão, mas o preconceito com a deficiência é uma opressão que sofrem as pessoas que têm alguma variação corporal. Muitas vezes a deficiência pode ser severa e causar várias dificuldades de interação na sociedade, mas às vezes a deficiência pode ser uma coisa bem sutil, como por exemplo uma deficiência cognitiva, que aqui na PUC é um caso muito comum, a gente tem estudantes às vezes que têm uma dificuldade de prestar atenção ou fazer os trabalhos de determinado jeito e que sofrem bastante preconceito aqui na sala de aula. Então esse é um problema comum que a gente enfrenta, eu já trabalhei com alunos surdos também, ainda não trabalhei com alunos cegos aqui, mas sempre tem um problema muito sério de formação de equipes, quando a gente passa com um trabalho em HC, normalmente o design de interação, a disciplina que eu dou aqui na PUC, precisa fazer trabalho em grupo, porque precisa criar junto, o processo é pedagogicamente coletivo e a gente tem esse problema do preconceito, então refletindo sobre isso, a gente começou a trabalhar a questão da opressão explicitamente com os nossos estudantes, eu vou mostrar alguns resultados. Basicamente a opressão do deficiente é negar que ele é capaz de fazer e se desenvolver certas coisas que ele é capaz sim, mas que as pessoas acreditam que não é por causa do preconceito. E o design e arquitetura e também a computação, vale lembrar, materializam esses preconceitos que a gente tem na sociedade através de barreiras de acesso, quando materializa o preconceito ele se torna duro, é bem mais difícil de mudar, porque você vai ter que fazer ali uma mudança, não só da mentalidade das pessoas, mas você vai ter que fazer uma mudança física. E aqui tem uma barreira de acesso numa rua, uma pessoa cadeirante não consegue passar facilmente por essa ponte graças a uma uma construção que não pensou, não levou em consideração que essa pessoa ia andar. O preconceito básico dos cadeirantes é, os cadeirantes não passam por aqui, cadeirante não anda na rua, cadeirante não faz isso, cadeirante não faz aquilo, nem precisa pensar nele. Então a obra foi feita sem essa consideração, graças ao preconceito. Só que no caso do digital, que é o que concerne a interação com o computador, essas barreiras são ainda mais severas, porque o digital permite que essas pessoas que têm uma redução motora, que têm uma redução de mobilidade, tenham acesso a serviços fundamentais que a sociedade oferece muito mais facilmente, se fosse possível o acesso pelo meio digital. Mas, por exemplo, uma pessoa que ela usa uma cadeira de rodas, muitas vezes ela não vai ter um problema de interagir com o computador, mas se ela for, tiver a cadeira de rodas e for cega, ela vai ter muito problema. Se ela tiver baixa visão, vai ter muito problema. Se ela tiver, se ela for surda, não oralizada, vai ter muito problema para ler textos. Surdos, não é todo surdo que consegue ler um texto em português, até porque eles têm outra língua. Então essas barreiras digitais são severas. Para isso existe uma disciplina chamada acessibilidade, que não existe só em HC, acessibilidade existe também na arquitetura. É uma disciplina que discute, e também no design de produtos, discute que barreiras de acesso existem e que padrões nós podemos estabelecer para evitar essas barreiras de acesso. E ela produz normalmente normas técnicas, tanto para produtos, como para ambientes construídos, quanto para ambientes digitais. No caso do digital, existem as normas definidas pela W3C, que é a World Wide Web Consortium, WCAG, são as referências em acessibilidade mais importantes no mundo digital, que definem como fazer para um website ser acessível para uma pessoa que tem algum tipo de deficiência. Eu participei da fundação de um grupo muito forte, que promoveu a acessibilidade aqui no Brasil, foi o grupo Acesso Digital, formado pelo Horácio Soares, Lê das Feutas, e o Marco Antônio de Queiroz, mais conhecido nas comunidades web como Mac, que infelizmente já faleceu. Esse grupo, ele produziu um vídeo em 2007, que, hoje eu não faço mais parte do grupo, mas eu ajudei nessa época na sua fundação, que circulou a web e foi bastante impactante, convenceu muitas pessoas de que a questão da acessibilidade era uma questão importante para todos, e não só para as pessoas que eram, que são cegas, né? E eles discutem qual o benefício social de você investir nisso, né? Então, esse grupo foi bastante ativo na época que começou-se a discutir a acessibilidade na web no Brasil, e começou a surgirem também as regulamentações governamentais da necessidade... Eita, YouTube maluco. Começaram a surgir as regulamentações governamentais que exigiam acessibilidade aos sites governamentais, e que hoje é... melhorou muito o cenário, principalmente os sites governamentais, mas ainda não chegou a maior parte dos sites comerciais, porque ainda não se identifica uma oportunidade de mercado. Aqui eu estou propondo para vocês, que serão futuros profissionais, que a questão da acessibilidade não seja só uma questão comercial, seja também uma questão ética, porque às vezes você, com o acesso de um e-commerce, de uma loja, um produto totalmente comercial, você ajuda uma pessoa que não poderia fazer uma ação sem aquela tua interface. Ela pode, por exemplo, comprar, dar um presente para alguém que ela quer, ou comprar um produto que ela precisa muito. Isso, às vezes, é um número muito reduzido de pessoas, mas que você faz uma grande diferença e que não tem um benefício diretamente financeiro, mas que, obviamente, é um benefício ético interessante. É um dever ético, me dá a dizer, para quem pode fazer isso. Agora vamos falar sobre outro conceito, tecnologias assistivas, basicamente, tecnologias que ajudam pessoas com deficiência a realizar atividades com maior autonomia. Elas oferecem recursos para estender as capacidades corporais dos usuários. Então, nesse caso, vocês viram o Mac usando, e a leda, melhor dizendo, usando o ledor de tela, que é um software que você instala no computador e ele lê todos os textos, vocaliza text-to-speech o que está aparecendo na tela. Então, essa pessoa que não consegue ler, ela tem uma capacidade de ler através do software. Então, estende a capacidade corporal dela. Eu tenho desenvolvido com meus estudantes de design, em várias situações diferentes, o conceito de tecnologia assistiva humana, que traz benefícios não só técnicos, como benefícios corporais. Então, você passa a fazer uma coisa que você não podia fazer e essa coisa é muito mais legal e divertida. Então, um conceito um pouco diferente da tecnologia assistiva, como na maior parte das pesquisas em engenharia ou computação é feito, né? A gente faz coisas bem divertidas. Eu vou mostrar aqui um exemplo do ouvido visual, projeto que tenta tornar a audição de ruídos e de música tangível para uma pessoa surda através de um robô. Um robô em formato de cachorrinho de pelúcia. [som de robô] Obviamente, é um protótipo, não se trata de um produto finalizado. O conceito é que é diferenciado. Você colocar uma tecnologia assistiva na mão de uma criança no formato de brinquedo e conectar essa criança de maneira afetiva com o seu mundo ao seu redor, trazendo a dimensão afetiva que o som tem na cultura das pessoas que ouvem, né? É uma ideia muito interessante e um requisito, digamos assim, não funcional que normalmente na pesquisa em acessibilidade não se leva em consideração. Agora, um outro projeto que leva um outro requisito, que na verdade nem é um requisito, né? Estar na moda. Por que a tecnologia assistiva não pode também estar na moda? Em vez de ser um objeto que deixa claro que aquela pessoa é deficiente, por que não um objeto que mostra que aquela pessoa é cool, ela tá com o último gadget da moda, um gadget desejável, que até uma pessoa que não tem deficiência gostaria de ter. Então, no caso, o Pulse é uma pulseira para deficientes auditivos que ela visualiza o som através de um equalizador, mas ela também transforma o som em input, output ráptico, ou seja, ela treme de acordo com o som pra dar algum tipo de feedback do mundo ao redor daquela pessoa. Então, esse projeto, o foco principal dele não foi tanto a parte técnica, mas principalmente a parte visual do projeto, pra que ele fosse atrativo e acrescentasse a indumentária da pessoa que utilizasse. Nenhum desses produtos são comercializados. São apenas conceitos que foram desenvolvidos por estudantes nas minhas aulas. Eles ainda não chegaram, não fizeram ainda o caminho da... do empreendedorismo, digamos assim, que é uma outra questão que eu tô lidando, eu nem vou falar sobre isso, mas é uma das questões que eu tô lidando aqui na minha pesquisa na PUC. O terceiro conceito é o design inclusivo, ou design universal, que são sinônimos. Basicamente, projetar soluções integradas e flexíveis para todos os tipos de corpos diferentes. O objetivo é promover a inclusão social dessas pessoas que normalmente não são atendidas por projetos que padronizam as necessidades da maioria, ou seja, pegam um padrão de corpo normal, dito normal na sociedade. Tá, um tamanho médio, a cor de pele branca, a faixa de renda mais elevada, então você projeta pra aqueles, na verdade, aquilo ali nem é a maioria, acaba sendo a minoria da sociedade, né? Mas é aquilo, a minoria que fala mais alto e acaba se impondo como maioria. Então, no design inclusivo, você tenta trazer pessoas diferentes para interagirem. Esse caso é um jogo, esse sim tá publicado na App Store, quem tiver iOS pode baixar. Foi desenvolvido lá pela Apple Developer Academy, o BPD, que a Regina comentou. Os estudantes estavam interessados em fazer um jogo que um deficiente visual pudesse jogar junto com uma pessoa que não é deficiente, de maneira tranquila, fluida, que os dois pudessem ter uma interação muito divertida com o jogo. E aí eles criaram um jogo pra iPhone que o deficiente visual pode colocar um fone de ouvido e jogar o jogo apenas com o som, enquanto a outra pessoa joga o jogo apenas com o visual, sem ter o som. Tá, então ela não tem acesso ao som. Parte da informação que você precisa pra ganhar o jogo está no áudio, parte da informação está no visual. Se os dois não se conversarem e sincronizarem essa troca de informação, eles não conseguem vencer o jogo. No caso, o objetivo é você andar por um labirinto escuro, onde você não enxerga nada e tem um monstro rondando. Então quando o monstro se aproxima, a pessoa que tá ouvindo começa a ouvir "ruuuuuh" e ela fala pra outra pessoa "não vai por aí, vai pro outro lado!" Aí você vira pro outro lado e de repente "barulho de água, você vai cair na água!" "Não, não, vira, vira, vira!" Então a pessoa vai virando e ela vai usando o feedback visual dela junto com o feedback auditivo pra tomar suas decisões. Esse jogo dá pra vocês baixarem, se quiserem. E o último conceito é o design participativo, projetar com a participação de várias pessoas. Então você não projeta sozinho, você traz as pessoas diferentes, você faz isso em grupo, como eu falei anteriormente, como uma questão importante pra entender a outra pessoa, né? E leva em consideração pontos de vista diferenciados. A grande vantagem do design participativo é você reconhecer que existe uma relação entre design e democracia. Que você pode projetar sozinho pra um monte de pessoas e impor essas pessoas a utilizar aquela sua tecnologia ou você pode trazer essas pessoas pra determinar conjuntamente, através de um processo democrático, como vai ser aquela tecnologia. E isso que eu faço com os meus estudantes, junto com o professor Gonzato, também, que é meu colega na disciplina de design de interação, a gente utiliza o teatro do oprimido, que é uma das práticas do Augusto Boal, pra projetar novos novos dispositivos, novas interações, novos cenários de tecnologia. Aqui, no caso, os estudantes estão encenando uma peça onde tem um personagem que teve a mão decepada num acidente de trabalho e aí ele tá usando uma mão robótica e eles estão estudando a consequência dessa mão robótica, dessa prótese na interação social desse desse personagem. No começo, ele é vítima de preconceito, ele não recebe as mesmas propostas de trabalho, o mesmo valor de salário que as outras pessoas que não têm prótese, ele se candidata a vereador, ganha a eleição com uma campanha bastante apelativa e daqui a pouco, no cenário, ele acaba se tornando um figurão que promove a troca de braços biológicos, braços de prótese, porque eles são mais eficientes, acaba virando o jogo na história que eles elaboraram. Então, um cenário de ficção científica, né, mas que tem a ver com nossa realidade. Então, a gente elaborou um filme, um curta-metragem para contar essa história, foi a entrega final desse trabalho dos estudantes. Curitiba, o paraíso das próteses. Cidade dos maiores centros de desenvolvimento de próteses no mundo. Pessoas do mundo inteiro utilizam para esportes, lazer, beleza, moda, entre outras coisas. Mas será que essas próteses passaram de ferramentas de auxílio para peças sociais de desejo essenciais para cada indivíduo? A grande pergunta é, qual é o limite desta tecnologia e quem tem direito a elas? Eliseu Aranha foi o primeiro atleta que lutou pelo direito de igualdade entre pessoas com deficiências físicas nos esportes. O esportista foi um atleta que teve seu auge no final dos anos 60. Até que durante uma viagem com a família, ele se envolveu em um acidente de carro. Ninguém chegou a falecer no acidente, mas o esportista teve que amputar a sua perna. Meu pai sempre me contou sobre a carreira dele, né, sobre como foi difícil encontrar espaço e apoio depois do acidente. Mas isso, bem antes das próteses, dessa situação toda chegar nessa proporção. Ele brigou, ele correu atrás para mostrar que, mesmo com próteses, ele era tão bom quanto alguém normal. Mas ele ficou extremamente triste quando quando o preconceito, quando a situação toda do preconceito acabou se invertendo. E as pessoas sem próteses passaram a sofrer o mesmo preconceito que as pessoas com próteses tinham. Pessoas conseguem levantar toneladas sem derramar uma gota de suor, atingir velocidades absurdas, mas há algum tempo que pessoas vêm questionando essas novas capacidades, enquanto que outras as incentivam. A gente tomou consigo do nosso movimento Eliseu, porque ele foi que leu a cara para dar início a isso tudo. Ele foi uma figura importante para ter esse preconceito de inferioridade. E é isso que a gente tenta trazer no nosso movimento. As pessoas devem usar próteses porque precisam, não usar como uma espécie de esteroides ou artigo de luxo. Pessoas não deveriam se mutilar só pela estética. A questão é que as pessoas estão pagando para serem amputadas. Essas próteses perderam o seu propósito faz muito tempo. Essas coisas, como próteses, elas roubam nossos empregos, elas cansam menos, elas custam menos para as empresas. Não é justo que as pessoas fiquem para trás só porque elas são normais, só porque elas não conseguem levantar 200 quilos, porque elas não conseguem servir um relatório em um segundo. Deus não fez essas alterações. Deus fez a gente com limites. A gente tem que respeitar esses limites. Se você concorda com esse pensamento, você bem-vindo no grupo humanista. As grandes indústrias de próteses começaram a ganhar força nos anos 80. Eram adquiridas por uma pequena parcela privilegiada da sociedade, até que começaram a surgir pessoas oferecendo versões mais acessíveis às próteses caseiras. Foi então quando a empresa Optimus Body decidiu disponibilizar suas próteses para o grande público. Começaram a cair no gosto do povo e logo outras pequenas empresas enxergaram uma oportunidade de empreendedorismo. Próteses personalizadas, concursos de beleza de próteses, exposições artísticas envolvendo próteses, entre outras coisas. Nós, Optimus Body, queremos que as pessoas consigam se sentir bem com elas mesmas, que atinjam seus objetivos e melhores resultados. E queremos poder acompanhar você nessa trajetória. E em relação aos escândalos sobre como elas aumentaram as diferenças entre as pessoas? E a suposta denúncia de como elas começaram a ser utilizadas? Informações vazadas mostram gravações de supostas conversas entre Alcides Arruda e o médico Olavo Piraja, no qual Alcides incentiva o médico a amputar os membros dos pacientes que chegam com algum ferimento independente da gravidade. Então, eu tô com um paciente aqui que vai precisar de umas muletas pra recuperação. Doutor, amputa que é melhor. É melhor pra todo mundo. Mas amputa. Não é necessário. Não é necessário, mas é melhor. Amputa que é melhor. É, me passa a sua conta depois que a gente compensa qualquer problema. Essas situações relacionadas ao pederíco já foram devidamente solucionadas no Tribunal de Justiça, e nós, ótimos, não temos nenhuma relação com isso. Curitiba atingiu a cidade com o maior número de usuários de próteses por número de habitante, e os dados mostram que isso só tende a aumentar, assim como os conflitos. Essa questão parece estar longe de ter um final que agrade a todos. Isso é tudo que vamos fazer. É melhor por Curitiba. Por Curitiba. Por Curitiba. Por Curitiba. É, então o que eles estão tentando especular e entender com esse vídeo? Não é um vídeo real, não aconteceu isso aqui, tá? É uma especulação. Um futuro possível para mostrar que por mais que a gente traga uma tecnologia assistiva, como a prótese, e ela seja, permita que a pessoa até seja mais eficiente do que uma pessoa que não tem prótese, toda essa mudança tecnológica vai estar embutida numa mudança social, cultural, vão ter conflitos, vão ter disputas, vai ter política, vai ter economia, e a pessoa que projeta esse tipo de artefato, esse tipo de interface, ela tem que estar consciente disso. Basicamente, essa é a lição principal que a gente tenta passar para os nossos estudantes de design aqui da PUC. A responsabilidade. Então, conclusões da minha fala. Preconceito com deficientes é uma opressão histórica, não é uma característica de uma pessoa só que está sendo preconceituosa, é uma coisa de grupos sociais, tem história. A acessibilidade não é só uma questão técnica, mas também cultural. A tecnologia assistiva não soluciona problemas, mas pode ajudar a solucionar. E o design participativo é uma maneira de tornar o corpo dos nossos estudantes, ou de qualquer projetista, mais consciente de si próprio, do que ele é capaz de fazer, das suas liberdades, dos seus condicionamentos, e também das capacidades, das liberdades, dos condicionamentos de outras pessoas, principalmente das pessoas que são diferentes daquela que está projetando. É isso.